Em Palmas, todo dia tem um fato novo que sugere que a pré-campanha à sucessão municipal segue de vento em popa, apontando pretensões e novas possibilidades. Os principais pré-candidatos estão todos no mesmo nível, isolados e dependendo de definições para afunilar entendimentos. Pela movimentação dos últimos dias, já é possível desenhar alguns cenários, ainda que provisórios e prematuros. Na verdade, já tem muita gente em campo trabalhando seriamente, mas quando instados a falar sobre o processo, dizem que só vão se preocupar com o assunto no ano que vem.

A prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) resolveu assumir protagonismo na sua sucessão e decidiu convidar alguns pretensos candidatos para uma conversa amistosa. A chefe do executivo recebeu em seu gabinete no início da semana, nada menos que quatro candidatos – Professor Júnior Geo (Podemos), Vanda Monteiro (UB), Ricardo Ayres (Republicanos) e Felipe Martins (PL) – todos da base do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), embora, alguns eleitos por partidos de oposição.

Com a movimentação, fica claro a preocupação da prefeita em demonstrar que o Palácio Araguaia e o Paço Municipal estarão no mesmo palanque em Palmas, contanto que o candidato escolhido não seja a deputada Janad Valcari (PL) que faz parte da base do governador, mas é mais que adversária da prefeita, é inimiga declarada.

A reunião da prefeita com pré-candidatos não repercutiu bem no Parlamento Municipal, onde tem alguns aliados que também se incluem na lista de pré-candidatos e não foram convidados. Para lançar um candidato competitivo, a prefeita precisa necessariamente contar com uma boa chapa de candidatos a vereador e para alcançar esse objetivo vai precisar contar com a boa vontade dos parlamentares da sua base de apoio. Esse alinhamento com os vereadores é também muito importante porque pode sair da Câmara o candidato a vice, abrindo mais espaço para novos postulantes ao legislativo municipal.

A prefeita evitou demonstrar preferência e deixou a mensagem que o seu candidato em Palmas terá que ser o nome alinhado com o Palácio Araguaia. Nas eleições de 2022, ficou acertado que o candidato a prefeito e o vice serão escolhidos em comum acordo entre o governador e a prefeita. Conforme entendimento, a previsão é de que em fevereiro comece o debate interno em busca do nome de consenso. Pelo que se observa, há uma certa cautela em impor nomes e o motivo seria a busca por um candidato com chance de vitória.

Não será fácil chegar a esse nome de consenso. Cinthia pode apoiar qualquer nome indicado pelo Palácio Araguaia com exceção da deputada Janad Valcari (PL) e do ex-prefeito Carlos Amastha (PSB). Wanderlei não descarta apoio a deputada Janad Valcari, que integra a base do seu governo  e tem o apoio de um segmento importante de Palmas que é o público evangélico. A deputada inclusive conta com a simpatia do irmão do governador, vereador Marilon Barbosa (UB). E Amastha tem uma chance remota de ter o apoio do Palácio Araguaia.

Quem é quem no processo

O ex-prefeito Carlos Amastha (PSB) é o pré-candidato de oposição com maior chance de polarizar com o candidato governista num eventual segundo turno. Como em 2012, Amastha deve ser o candidato contra tudo e contra todos, contra o Paço Municipal e o Palácio Araguaia. Cenário muito parecido com o que viveu em 2012 e saiu das urnas como um fenômeno eleitoral. Na ocasião, ele enfrentou candidatos dos governos do Estado e de Palmas, divididos. Agora tudo indica que o Palácio Araguaia e o Paço Municipal estarão juntos em torno de um mesmo nome.

Amastha é o pré-candidato mais qualificado nesta disputada de 2024. Tem trabalho prestado e capital político acumulado em duas eleições incontestáveis. É verdade que acumula três derrotas nas últimas disputas: em 2018 para governo do Estado; em 2020, quando apoiou ao seu afilhado Tiago Andrino para Prefeitura de Palmas; e em 2022 para o Senado. Mas é preciso ponderar que a boa votação para o governo do Estado em 2018 mostra que o ex-prefeito ampliou a sua base de apoio para todo o Estado.

Eduardo Siqueira Campos (UB) não é nem governo e nem oposição. Gostaria de ser governo, tem elogiado o governo Wanderlei Barbosa pelo rigoroso controle fiscal, mas é ignorado pelo Palácio Araguaia. Eduardo caminha por fora, no espaço da terceira via, que já tem outros nomes mais competitivos. O ex-prefeito tem pouco capital político no momento para liderar uma nova força política. Além do mais, tem problema com legenda. O comando do União Brasil (leia-se: senadora Dorinha Seabra) tem compromisso com a deputado Janad Valcari.

Eduardo realiza movimentação buscando ao menos superar a bolha siqueirista. Não está fácil. Eduardo é um pré-candidato do que restou no siqueirismo em Palmas. O ex-prefeito Carlos Amastha anunciou que retira a sua postulação para apoiar Eduardo se ele estiver melhor nas pesquisas no momento da escolha dos candidatos. Pouco provável que isso venha acontecer. Amastha sabe que as pesquisas o favorecem e nunca deixará de ser candidato. Com esse aceno, Amastha quer, na verdade, garantir o apoio do ex-prefeito e o direito de ser herdeiro do siqueirismo na capital.

O deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos) não perde um evento em Palmas e sugere que trabalha muito para ser o escolhido do Palácio Araguaia. É o nome que mais vem se empenhando para merecer a indicação. É do Republicanos e tem boa relação com a direção nacional do partido, em Brasília. Ayres tem tradição, postura política, atuação, mas não é um nome que empolga as camadas populares. O deputado está fazendo a sua parte. Não será nenhuma surpresa se for o escolhido.

O deputado Junior Geo (Podemos), já tomou uma decisão importante para ocupar um lugar entre os nomes mais competitivos no pleno de 2024: será candidato. O deputado ficou em segundo lugar na eleição e não tem nada a perder. O parlamentar pode vir a ser o candidato do governo, embora não seja o melhor nome em termos de manutenção do poder. O representante do Podemos é um nome bom para vencer as eleições, mas seguramente ao alcançar o poder não vai ser um governista de carteirinha. Seguramente vai querer montar sua estrutura de poder.

Geo pode até vir a ser o nome escolhido, mas se governistas estiverem em busca apenas da vitória. Com apoio da prefeita e do governador, o deputado vira um candidato quase imbatível. Se a questão for ampliar o poder, parlamentar não será uma boa opção para os governistas.

Ao decidir lançar projeto solo, Geo demonstra que não espera nada do governo e encaminha para ocupar a terceira via, com chances reais de brigar para chegar ao segundo turno. Se acomodou um pouco na base do governo e perdeu a verve combativa de 2020, mas está mais maduro e menos ingênuo para acreditar que será o escolhido. Já mostrou que tem apelo popular.

A deputada Janad Valcari (PF) avança na consolidação do seu nome na disputa pela Prefeitura de Palmas e aumenta a tensão com os possíveis adversários. São dois fatores que intrigam os concorrentes. O abuso do poder econômico com a promoção do Caminhão de Prêmios da Janad, que faz a alegria dos moradores da periferia de Palmas e assusta os legalistas que acompanham o processo político.

Para muitos, o que a deputada já fez com distribuição de presentes é o suficiente para ter candidatura negada pela corte eleitoral ou, em caso de vitória, não conseguir tomar posse. Os adversários apontam ainda outro problema legal: a origem do dinheiro empregado na aquisição dos prêmios, incompatível com a renda da parlamentar.

O que os adversários não querem admitir é que com estes truques populistas de Papai Noel fora de época é que a deputada está se tornando um nome comentado na periferia, juntamente onde os pré-candidatos mais bem posicionados têm dificuldade de entrar. Janad é vista como opção para os governistas próximo do governador, que defendem a indicação de um nome do clã Barbosa para a vice. Alguém que não tenha essa assinatura, mas que integra a família. Janad com algum herdeiro do Fenelon na chapa é vista como imbatível. O problema para a construção desta chapa é que a prefeitura Cinthia estaria em outro palanque, talvez na terceira via.

Nomes prováveis

Há ainda nomes que obrigatoriamente devem ser incluídos nesta lista ainda que não tenha havido nenhuma manifestação neste sentido. O vereador José do Lago Folha Filho (PSDB), presidente da Câmara de Palmas, no seu quarto mandato de vereador, é uma possibilidade que tem sido aventada.

O Secretário Geral do Governo ,Jairo Mariano (PDT), ex-prefeito de Pedro Afonso, anda ensaiando a pretensão de disputar a eleição na capital. Ao que parece, quer colocar seu nome para ver no que vai dar. É próximo do governador Wanderlei Barbosa e comprovadamente um bom gestor. Não tem apelo popular e é filiado ao partido do vice-governador, Laurez Moreira. Se Jairo for eleito prefeito de Palmas, seria algo como antecipar a transferência do poder ao vice.  

O secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Marcelo Lelis (PV), muito bem votado em outras disputas, também é um nome a ser considerado. A deputada estadual Vanda Monteiro (UB), quinta colocada na eleição passada, com 8.66% dos votos, ainda está no páreo. Com a eleição em dois turnos, a deputada não perde nada em disputar. Ajuda a reeleger o vereador Márcio Reis, seu marido, e de quebra pode negociar apoio no segundo turno.

Ainda devem ser incluídos nessa lista o deputado federal Eli Borges (PL) e o professor Alan Barbiero (Podemos), que disputaram as eleições de 2020 e certamente são convocados a entrar na disputa novamente. O deputado federal Vicentinho Júnior (pP) vem sendo cogitado candidato desde de 2016 e confessa que, se houver convocação do povo, não foge à luta. O deputado Valdemar Júnior (Republicanos), também é um nome lembrado com frequência nas listas de especulação. Os dois últimos são cotados tanto em Palmas como em Porto Nacional.

Os empresários Joseph Madeira (MDB) e Fabiano Parafuso (sem partido), como aconteceu em outras eleições foram convidados a disputar. Fabiano esteve ensaiando projeto de candidatura em 2016, mas desistiu antes mesmo de ser lançado candidato. Joseph Madeira, que preside a Associação Comercial e Industrial de Palmas (Acipa), na última eleição entrou na disputa. Na última hora declinou da posição de cabeça de chapa, como defendia o então vice-governador Wanderlei Barbosa e aceitou ser vice do deputado Eli Borges. Eli ficou em terceiro lugar, tendo obtido 13% dos votos úteis.

Em Palmas, são muitos os pretensos candidatos até aqui e a tendencia é que a lista continua crescendo. A cidade este ano ultrapassou o contingente de 200 mil eleitores, condição que garante segundo turno. Com segundo turno favorece o surgimento de mais candidatos, visto que todos têm possibilidade de ser reconhecido no segundo turno, conforme a votação que receberam. Neste sentido, 2024 promete ser a eleição mais disputada de Palmas e a que tudo indica pode eleger o melhor projeto. Então, que vença o melhor.