Eleição para o Senado projeta disputa equilibrada

12 junho 2022 às 00h00

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Ex-governador, ex-senador, senadora, treinador de futebol e deputada federal estão na disputa da única cadeira que ficará disponível

A deputada federal Dorinha Seabra Rezende (União Brasil), ainda não se pronunciou publicamente sobre alinhamento com ex-prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (PL), principal nome das oposições a polarizar com o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) na disputa pelo Palácio Araguaia. Nos bastidores dizem que a aliança entre PL e UB está consolidada e que só falta ser anunciada. Dizem ainda que Dorinha desponta como principal nome na briga pela cadeira do Senado. A deputada também tem sido cortejada por aliados do governo.
Considerada a mãe do novo Fundo de Manutenção do Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), Dorinha está no seu terceiro mandato na Câmara Federal e trabalha sério para alcançar o Senado. Indiscutivelmente um nome com enorme capilaridade de voto, tem apoio em todos os municípios do Estado, tendo em vista a boa atuação como secretária da Educação, durante mais de uma década. Educação é bandeira que sempre defendeu com firmeza na Câmara dos Deputados. Analistas avaliam que Dorinha não apenas concorre em pé de igualdade com demais pré-candidatos, como sonha muito para a chapa de oposição. Dorinha tem tudo para surpreende positivamente nesta disputa.
Quem também surge com possibilidade de mudar o eixo da disputa é o treinador de futebol e empresário Vanderlei Luxemburgo (PSB) deixou de ser um paraquedista na política do Tocantins para se tornar um puxador de votos. Pelo menos é o que defende o ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), defensor da candidatura do treinador ao senado pelo Tocantins. Amastha conta que Luxemburgo tem potencial para ser puxador de votos nestas eleições e contribuir com a eleição do maior número de deputado federal e estadual, e naturalmente conquistar a cadeira de senador. Um sonho que o treinador acalenta desde 2008 quando aproximou do então prefeito Raul Filho e buscou até uma filiação ao PT.
O empresário e ex-senador Ataídes Oliveira (PROS) desiste da corrida pelo Palácio Araguaia para tentar voltar a ocupar uma cadeira no Senado Federal. O empresário chegou à conclusão que para o governo do Estado, estava entrando tarde demais, mas para o Senado não. Ataídes chega à disputa garantido que vai vencer as eleições, independente de adversários credenciados, de coligações partidárias que ainda não conseguiu organizar e de apoio de “chefetes” políticos que ele não tem. O ex-senador confia no trabalho que vem desenvolvendo, diálogo direto com os verdadeiros líderes do povo, os vereadores.
O empresário chegou ao Senado em 2013, na condição de primeiro suplente do senador Joao Ribeiro, que foi reeleito em 2010, formando chapa com o governador Siqueira Campos, em sua quarta eleição para o governo do Estado. João Ribeiro morre em 2013, no terceiro ano do novo mandado. Ataídes assume o mandato e permanece até o final, em 2019. Neste período disputou, sem sucesso, pelo menos duas eleições.
Em 2014 foi candidato a governador. Era um ilustre desconhecido do eleitor. Um senador que o Tocantins não sabia que tinha. Entrou na disputa para marcar posição e se tornar conhecido, por uma necessidade premente, justificar o exercício do mandato. A eleição polarizada entre o governista Sandoval Cardoso e o oposicionista Marcelo Miranda, que venceu a disputa, não abriu brecha para outros concorrentes. Ao menos cumpriu a missão. Terminou em terceiro lugar, tendo obtido 24.874 votos, correspondendo a 3,54% dos votos. Estreia nas urnas em carreira solo, satisfatória. Poucos votos, mas numa boa colocação.
Em 2018, Ataídes volta às urnas, agora como candidato ao Senado. Termina a disputa em quinto lugar, entre nove candidatos. Conquista 170.012 votos, 13,34% dos votos válidos, ficando à frente do ex-deputado Paulo Mourão (PT). Lembrando que os dois senadores eleitos não ficaram lá muito distantes de Ataídes.
Eduardo Gomes, o mais votado, que tinha o ex-governador Siqueira Campos como suplente, obteve 248.358 votos, o que corresponde a 19,48% e Irajá Abreu, o segundo colocado, conquistou 214.355 votos, equivalente a 16,82% dos votos. Em termos percentuais, Ataídes não foi eleito, mas foi bem votado. Esse dado pode ser importante para a disputa de agora. Em tese, se Ataídes repetir a votação da última eleição tem chances de se eleger. É que nesta eleição a votação será mais equilibrada, pois os pretensos candidatos têm grande potencial de voto. Quem ultrapassar 15% dos votos estará no limite da eleição.
O ex-governador Marcelo Miranda (MDB) é outro pretenso candidato ao Senado que acredita que tem boas chances de vencer as eleições. Ele avisa que não está fora da disputa, pelo contrário, mantém o nome e avalia que o jogo está aberto e acredita que tem todas as condições de liderar a corrida e vencer. Se conseguir emplacar sua candidatura será um nome competitivo com chances reais.
Eleito três vezes governador, três vezes deputado estadual, duas das quais presidiu a Assembleia Legislativa. Miranda foi eleito uma vez senador, mas não pode tomar posse. Na época estava inelegível, após ter o mandato de governador cassado em 2009, por uso da máquina na reeleição de 2006. Miranda teve o diploma negado com base na Lei da Ficha Limpa. Em seu lugar assumiu Vicentinho Alves, terceiro colocado na disputa. A condição política do ex-governador agora não é muito diferente da condição daquela época, teve o seu mandato de governador cassado novamente em 2018, mas acredita que desta vez se for eleito, tomará posse. Se nos tribunais é uma dúvida, nas urnas é um nome com forte apelo em todo o Estado, em função dos mandatos de governador, oportunidade que teve de plantar obras em todo o Estado.
A senadora Kátia Abreu (PP), eleita em 2006, reeleita em 2014, tenta pela terceira vez consecutiva conquistar o direito de continuar representando o Tocantins no Senado. A senadora leva certa vantagem na disputa, por compor chapa com o governador Wanderlei Barbosa (REPUBLICANOS), mas segundo analistas o apoio governista apenas compensa o seu alto índice de rejeição. A senadora conta com uma forte estrutura partidária composta pelo PP, PSD, AVANTE E PRTB. Kátia não se importa muito com a concorrência. Sabe que quanto mais dividir os votos, mas chances tem de ser reeleita.
A senadora chegou a insinuar que contaria com o apoio do presidente Lula. O PT do Tocantins desconhece o compromisso de Lula com a senadora tocantinense, mas não tem como desconhecer a lealdade da líder ruralista ao PT, no caso, ao governo Dilma Rousseff. Foi uma das que mais combateu as manobras políticas para desalojar a petista do poder.
Em recente entrevista a uma emissora de rádio do Tocantins, Lula reconheceu a relação de respeito e admiração pela líder ruralista, mas condicionou o seu apoio ao comprometimento da senadora com a candidatura ao governo do Estado do petista Paulo Mourão. Como isso é muito difícil de acontecer, tendo em vista o apoio declarado da senadora à reeleição do governador Wanderlei Barbosa, se pode dizer que a senadora Kátia não tem apoio do Lula, ao menos nesta eleição.
Se vencer a eleição Kátia terá conquistado um feito notável. Será a sua terceira eleição consecutiva, o que lhe dará a condição de permanecer 24 anos no Senado. Lembrando, Kátia divide o plenário com o filho Irajá Abreu (PSD), eleito o senador mais jovem do Brasil, em 2018. Façanha da mamãe Kátia, que revela a força da sua máquina eleitoral na sua enorme capacidade de varrer pra dentro.
Não há como separar a disputa do Senado das postulações para o governo do Estado. A senatoria integra a chapa majoritária e passa a ser estratégico na aglutinação de forças. Mas nestas eleições com tantos nomes potencialmente fortes, a própria divisão dos votos faz equilibrar a disputa. Todos têm as mesmas chances. Nesta pulverização dos votos quem ultrapassar os 15% pode comemorar, pois estará brigando pela cadeira. Neste equilíbrio de forças, tanto faz compor uma chapa de governo ou não.
Como podemos ver a eleição para o Senado reúne alguns dos nomes mais experimentados da vida política do Tocantins. O ex-governador Marcelo Miranda (MDB), a senadora Kátia Abreu (PP), o ex-senador Ataídes Oliveira (PROS) e a deputada federal Dorinha Seabra Rezende (UB), com exceção de Luxemburgo, são os nomes com vasta experiência na vida pública do Tocantins e testados nas urnas. Não estão sozinhos na corrida. Outros nomes ainda devem surgir. Esses são os nomes que já se apresentaram.
Um dado é certo. Desses, quem vencer a eleição, está automaticamente credenciado a disputar o governo do Estado em 2026, ou influenciar diretamente na eleição do próximo mandatário do Estado. O nível da disputa valoriza o cargo, a representação e o voto do eleitor. Pelo menos para o Senado a disputa acirrada qualifica o eleito.