Eduardo Siqueira, Ricardo Ayres e Dulce Miranda podem entrar na disputa pela prefeitura de Palmas
19 março 2023 às 00h41
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A lista dos pretensos candidatos à Prefeitura de Palmas em 2024 não para de crescer. O ex-deputado Eduardo Siqueira Campos (UB) é o mais novo nome a figurar na lista, que já ultrapassa uma dezena. Siqueira começou a ser citado em sondagens que circularam nas redes sociais, o que indica possivelmente a existência de um trabalho articulado, senão por ele, por aliados que desejam seu retorno aos palanques. Algo muito difícil, mas não improvável.
O ex-deputado, que encerrou o mandato na Assembleia Legislativa em janeiro, anunciando retirada definitiva da cena política, não se pronunciou ainda sobre essa nova postulação. O nome não está sendo colocado como se o ex-deputado já tivesse tomado a decisão de disputar, mas como possibilidade. Siqueira Campos, o pai, sempre quis que Eduardo entrasse para a história como o construtor de Palmas. Ainda no lançamento da pedra fundamental, no dia 20 de maio de 1989, Eduardo foi nomeado presidente da Novatins, espécie de Novacap, empresa responsável pelos estudos que embasaram o projeto de Palmas.
Eduardo Siqueira Campos foi o primeiro prefeito eleito de Palmas, em 1992. Fez um governo considerado realizador. É lembrado pela construção do Espaço Cultura José Gomes Sobrinho, complexo cultural que conta com teatro, cinema, biblioteca e escola de arte. O prefeito iniciou a construção do traçado urbano e ajardinamento da cidade e construiu ainda o Ginásio de Esportes Ayrton Senna, entre outras obras. Foi ele quem iniciou o plantio de flores nos canteiros da cidade, seguindo trabalho pioneiro iniciado em Goiânia, na gestão Nion Albernaz, pelo arquiteto urbanista Airton Lelis (pai do ex-deputado Marcelo Lelis), que posteriormente viria a morar em Palmas.
No final do governo, Eduardo perdeu um pouco o ritmo da gestão. Esteve afastado em algumas ocasiões para cuidar da saúde e deixou a imagem de cansaço com o cargo. Em suas ausências, o governo era comandado pelo vice-prefeito Adagsmar Araújo.
Eduardo tem experiência e trabalho prestado em Palmas. Mas não será fácil ser candidato. Seu grande desafio não é só a falta de prestígio eleitoral que se agrava com o tempo, ou apoio partidário, mas sobretudo vencer o desencanto com a vida pública. Eduardo exerceu dois mandatos de deputado estadual, meio arrastado, sem foco e sem interesse. Em plenário, parecia deslocado. Discurso prolixo, meio vazio e excessivamente rebuscado. Além do mais, Eduardo deixou de concorrer à reeleição porque desejava encerrar a carreira. Vale lembrar que, nos dois últimos pleitos, Eduardo foi um dos últimos em número de votos, entre os eleitos.
Se pretender mesmo retornar ao comando da Prefeitura de Palmas, Eduardo tem condições ao menos de mobilizar o siqueirismo, que ainda tem certa força em Palmas, mas dispersa e sem líder, pulverizada entre vários herdeiros – Eduardo Gomes (PL), Mauro Carlesse (Agir) e alguns bolsonaristas que vêm ocupando o espaço da direita conservadora no Estado. É certo que o siqueirismo ainda não morreu, mas já não tem mais quase nenhum apelo eleitoral. A postulação de Eduardo em Palmas vai mostrar o tamanho real do siqueirismo.
Outro nome que passa a integrar a lista de pretensos candidatos ao Paço Municipal de Palmas é o do deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos). Ele acaba de assumir o comando do partido na capital, seguindo o acordo com o Palácio Araguaia para articular sua candidatura pela base governista. É um nome indiscutivelmente competitivo, principalmente pelo peso da máquina estadual. Já entra na disputa concorrendo a uma vaga no segundo turno. Ricardo Ayres é de família tradicional, bisneto do médico Francisco Ayres, o Dr. Chiquin, de Porto Nacional, que na República Velha exerceu sete mandatos de deputado federal pelo norte de Goiás.
A ex-deputada Dulce Miranda (MDB) é um nome que também começa a figurar entre os pretensos candidatos. Embora não tenha conseguido se reeleger, Dulce se mantém como uma liderança forte, foi muito bem votada e seu nome tem boa aceitação em Palmas. É uma máquina para trabalhar, tem disposição, organização e sensibilidade. Pode ser o nome para reorganizar o MDB, que já foi o maior partido do Estado e tem força decisiva em Palmas. Na legislatura passada, tinha a maior bancada na Assembleia Legislativa; hoje, não possui um deputado sequer. O ex-governador Marcelo Miranda, que preside o partido, era tido como puxador de votos que poderia ajudar a eleger mais uns três deputados, mas sequer ficou na suplência.
A relação de pretensos candidatos já conta com o ex-prefeito Carlos Amastha (PSB), que ainda no ano passado anunciou desejo de voltar ao comando da capital; o deputado estadual Professor Júnior Geo (PSC), que não descarta a possibilidade de concorrer novamente às eleições para prefeito; e a deputada Janad Valcari (PL), que já está em campanha. Os três são considerados nomes competitivos, em função da performance eleitoral.
Nomes que obrigatoriamente também devem ser incluídos nesta lista, ainda que não tenha havido nenhuma manifestação neste sentido: secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Marcelo Lelis (PV); deputada estadual Vanda Monteiro (UB); deputado federal Eli Borges (PL); e professor Alan Barbiero (Podemos). Todos disputaram as eleições de 2022 e certamente devem ser convocados novamente a entrar na disputa.
Os empresários Joseph Madeira (MDB) e Fabiano Parafuso (sem partido), como aconteceu em outras eleições, foram convidados a disputar. Fabiano esteve ensaiando o projeto em 2016, mas desistiu antes mesmo de ser lançado candidato. Joseph Madeira, que preside a Associação Comercial e Industrial de Palmas (Acipa), na eleição passada entrou na disputa. Na última hora, declinou da posição de cabeça de chapa, como defendia o então vice-governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), e aceitou ser vice do deputado Eli Borges. Eli ficou em 3º lugar, tendo obtido 13% dos votos úteis.
Segundo turno
A grande novidade da eleição de 2024 em Palmas é que haverá segundo turno pela primeira vez. A cidade já alcançou o contingente de 200 mil eleitores e isso vai mudar o nível da disputa. Das oito eleições municipais na história de Palmas, candidatos governistas venceram três e a oposição venceu cinco. Agora o embate possivelmente não seja mais entre governo e oposição, tendo em vista que o segundo turno favorece o crescimento de candidatos propositivos, que conhecem os problemas da cidade e sabem propor soluções.
Com o segundo turno, o candidato com maiores chances de vencer não é necessariamente o que lidera as pesquisas, mas o que consegue polarizar com o líder e alcançar o segundo turno, quando é outra a eleição e se pode articular o apoio dos outros candidatos que ficaram para trás. Eleição em dois turnos diminui a influência da máquina administrativa e de recursos financeiros. Conforme se dê o embate no primeiro turno, muitas vezes o terceiro colocado nas pesquisas eleitorais surpreende e acaba indo para o segundo turno e vencendo as eleições. Como em outras capitais, é possível que Palmas eleja, a partir de 2024, outro tipo de gestor, que não seja unicamente político.