Tiago Andrino diz que atuação remodelar a legislação e os regimentos. Foto: Aline Batista

Tiago Andrino é natural de Itajubá-MG. Mudou-se para Palmas em 2009, após convite do empresário e então pré-candidato a prefeito da capital Carlos Amastha. Após a posse do gestor em 2013, assumiu o cargo de secretário Municipal de Governo e foi um dos idealizadores do evento religioso Palmas Capital da Fé.

Andrino tem um histórico de militância política no movimento estudantil em Santa Catarina. Antes de se tornar bacharel em direito em 2008, chegou a ser vice-presidente Sul da União Nacional dos Estudantes (UNE) e membro da Federação Nacional dos Estudantes de Direito.

Com apenas 23 anos, foi candidato a deputado federal em Santa Catarina, obtendo pouco mais de 12 mil votos, 6 mil deles na grande Florianópolis. Em 2014, já no Tocantins, foi novamente candidato a deputado Federal pelo PP, alcançando 36 mil votos e a suplência na Câmara dos Deputados.

No ano de 2016, foi eleito vereador em Palmas, pelo PSB, com 2.499 votos. Em 2018, candidatou-se, pelo mesmo partido, a deputado federal e, após obter 22.538 votos, tornou-se primeiro suplente da chapa Renova Tocantins.

Qual é a sua avaliação acerca da sua trajetória política, incluindo a disputa da primeira eleição – ainda em Santa Catarina – até a última ocorrida em 2018, no Tocantins?
Minha vida política começou muito cedo, quando ainda tinha 17 para 18 anos e me engajei em movimentos sociais e estudantis, me preparando para, um dia, discutir as grandes questões do Brasil. Entendo que as discussões desses temas estão no Congresso Nacional. Assim, aliado às minhas pretensões de rediscutir o Brasil, nada mais natural e lógico que tentar me tornar deputado federal. Se um dia conseguir o intento, meu objetivo será quebrar a cultura dos privilégios políticos.

Considero a eleição de 2014 como um marco na minha carreira política, com mais de 36 mil votos. Eu era representante de um grupo político que estava muito bem avaliado à frente da Prefeitura de Palmas. Contudo, partidariamente ainda não estávamos consolidados. Filiado ao PP – comandado pelo deputado federal Lázaro Botelho – a candidatura protagonista não era a minha e, sim, a dele. Aliado a isso, a escolha do palanque e das siglas coligadas – nacional ou estadual – foi dele e não do nosso grupo. Erámos como se fôssemos estranhos no ninho porque, a bem da verdade, não havia liberdade ou identidade ao partido no qual eu estava filiado.

Por tais razões, me senti um tanto quanto isolado naquela eleição. Apesar do resultado ter sido magnífico – aproximadamente 11 mil votos apenas em Palmas – a candidatura foi muito complicada, uma vez que as questões partidárias vincularam e influenciaram muito o resultado final.

E quanto ao pleito de 2018?
Essa última eleição trouxe um novo cenário, contudo, outras dificuldades. Em que pese ter sido muito bem votado em 2016, quando me elegi vereador de Palmas e iniciei um trabalho diferenciado no parlamento municipal, com enfoque para as medidas de contenção de gastos no próprio gabinete e apresentação de bons projetos, comecei 2018 perdendo o meu pai e isso me abalou demasiadamente.

Uma vez refeito emocionalmente, me engajei na campanha suplementar para governador do Estado do Tocantins ao lado do companheiro Carlos Amastha. Entretanto, outra mudança de percurso ocorreu, quando sofri um acidente automobilístico que me imobilizou por longos meses e ceifou a vida do correligionário Junior Coimbra. Por tais razões, fiquei basicamente sete meses fora da política, em pleno ano eleitoral.

Esse cenário de crise e de dor fez parte da trajetória da campanha de 2018. Todavia, essa vontade de discutir as questões do Estado do Tocantins me colocou na disputa novamente, a partir de setembro. Se o resultado não foi exitoso, posso dizer-lhe que essa eleição foi gratificante. Eu contei com o apoio do meu grupo político, estava bem referendado e o melhor: no partido que eu tinha afinidade.

Apesar de obter menos votos que em 2014, ainda assim considerei que foi uma campanha muito comprometida com ideais e obtive um grande feito, mesmo porque consegui manter os mais de 11 mil votos na capital, mesmo o Amastha não sendo o prefeito da cidade.

Há uma vinculação da sua imagem ao ex-prefeito Carlos Amastha?
Total, o Amastha é um grande amigo, que me conheceu quando eu ainda militava no movimento estudantil e contribuiu muito para a evolução da minha carreira. Temos vínculos e considero natural haver essa correlação entre nós, por parte do eleitorado.

E isso traz resultados positivos?
Considero como excelentes. O Amastha é um grande administrador e empreendedor. Uma figura fantástica e leal. O fato de ele ter perdido duas eleições para o governador não o desqualifica. Há alguns erros, porém, muitos acertos. Trata-se de um político moderno, enfim. No pleito suplementar ele enfrentou um adversário que já estava no poder e, exatamente pelo pouco tempo como governador, tinha pouca rejeição. Ele enfrentou, nessas circunstâncias, alguém que já entrou na disputa com aproximadamente 30% dos votos. Aliado a isso, contávamos com poucos recursos para a campanha extraordinária, mesmo porque o PSB estava preparado para priorizar candidaturas próprias em São Paulo, Pernambuco e Espírito Santo nas eleições ordinárias de outubro.

Por tudo isso, considero que a obtenção de mais 120 mil votos na suplementar e mais 200 mil votos na ordinária foi muito expressivo e representa o legado da excelência em gestão que fizemos em Palmas. Eu faço parte desse processo, me orgulho disso. Sinto, também, que as pessoas, apesar de me vincularem a ele, têm tido a oportunidade de conhecer o Tiago Andrino pelas próprias posturas, características e condutas.

Quando o senhor se posiciona como um político que quer discutir grandes questões e sabendo que suas pretensões políticas vão além de ser vereador em Palmas, qual o seu posicionamento sobre um dos gritantes problemas do Estado atualmente, a ponte de Porto Nacional?
É preciso deixar claro que quando eu me refiro a grandes questões, estou rejeitando a velha política do “toma lá, dá cá” e optando pela primazia da justiça social, ampliação da educação em tempo integral, rediscussão dos problemas sociais, eficiência do programa Bolsa Família, luta constante contra o empobrecimento humano, preocupação com os recursos hídricos, entre outros temas relevantes para o bem estar das pessoas e das comunidades.

Quanto ao seu questionamento, há sérios problemas com as pontes no Estado do Tocantins. Algumas superfaturadas e com baixa qualidade, outras em frangalhos por falta de manutenção e mesmo algumas maiores do que o necessário. Ainda há outras ligando nada a lugar nenhum. Faltou visão estratégica aos nossos governantes porque esse tipo de problema, que envolve infraestrutura, turismo e desenvolvimento econômico, jamais poderia ter sido relegado ao descaso. Um absurdo e desrespeito com a população o fato daquela ponte chegar ao estágio que se encontra hoje.

Qual a sua percepção acerca da gestão da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro?
Vejo com muita expectativa, mesmo porque foi uma escolha do nosso grupo político, que incluía, estrategicamente, o PSDB. Ela cumpriu com tranquilidade um papel de transição, em meio ao caos econômico e político de duas eleições no mesmo ano. Ela agiu com descrição e conseguiu superar vários obstáculos.

Agora é o início de uma nova etapa, executando o próprio orçamento, com base no plano de governo que nós construímos juntos e que já demonstrou que é um projeto de sucesso. A população reelegeu o Amastha como prefeito de Palmas exatamente em razão deste plano de governo. Basta que a prefeita continue nesse caminho, cumpra as promessas e os projetos que idealizamos. Esse cuidado com a educação de tempo integral, com a atenção na saúde básica – que é referência para o Tocantins –, com essa zeladoria para com a cidade, com iluminação pública de qualidade e com o combate à poluição sonora, entre outros, tem que ser mantido. Vejo, portanto, amplas possibilidades de sucesso no governo Cinthia Ribeiro.

Logo após a abertura do ano legislativo, o senhor discursou da tribuna da Câmara de Vereadores conclamando o parlamento a rediscutir o Regimento Interno e também a Lei Orgânica do município. Por quais razões esse debate é importante?

Essa defesa de transformação do Legislativo e da sociedade é uma das minhas bandeiras permanentes. Já percebi que não basta trocar pessoas. É necessário trocar o modelo, atualizar a legislação e os regimentos, modernizar, acabar com o improviso ou interpretações dúbias.

Sou defensor de um parlamento totalmente transparente, participativo, com projetos de iniciativa popular com apenas 1% de assinaturas, por exemplo, ao invés dos atuais e inviáveis 10%.

Quais foram os seus grandes legados após esses dois anos de mandato?
Tenho orgulho de defender uma nova cultura política, contudo, posso mencionar especialmente essa defesa constante pelos direitos das pessoas com deficiência, principalmente os auditivos. Essa pauta é importante quando se fala na lei de inclusão e fiquei muito feliz ao ver a primeira-dama do Brasil disposta a contribuir e abraçar essa causa. Participo de associações que zelam pelos direitos dos autistas, como também destinei várias emendas parlamentares para ajudar pessoas portadoras de deficiência.

Creio que é importante destacar também a incansável luta pela regularização fundiária. Participei deste processo na condição de secretário municipal e também como vereador. Regularizamos várias áreas como parte do Jardim Taquari, Lago Norte, União Sul, Água Fria, Santo Amaro, etc.

Tenho muito orgulho do meu trabalho como presidente da Comissão de Urbanismo da Câmara de Palmas, como também o protagonismo na revisão do Plano Diretor da cidade, defendendo a acessibilidade, o plano de arborização, além das questões sobre o adensamento da cidade, com a consequente redução dos vazios urbanos.

Por fim, considero de extrema valia a regulamentação da lei da ficha limpa municipal. Além de proibir pessoas com ficha suja de assumir cargos de secretários, superintendentes e diretores, a nossa legislação proíbe, ainda, que empresas envolvidas em corrupção firmem contratos com o município. Foram 16 pontos que ampliaram muito o leque de abrangência da legislação.

O senhor pleiteou a presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Como o senhor pretendia contribuir com a normatização das leis no exercício do cargo?
Sou o único advogado da Casa e entendi que poderia contribuir com esse controle de constitucionalidade. Apresentei meus argumentos, contudo, os votos não foram suficientes. Faz parte do jogo democrático. Aceitei.

Meus votos na comissão sempre foram embasados na norma e nunca com fulcro em interesses políticos. Todas essas matérias que porventura passam por ali e se transformam em leis ruins causam um alto custo para a sociedade. Por isso, não tenho direito de fazer de conta que não vi. Não é o meu perfil. Durante esse tempo que exerço o cargo de vereador, já devolvi mais de R$ 500 mil para a Casa Legislativa, abrindo mão de privilégios.

Vejamos o caso específico da franquia de 30 minutos nos estacionamentos de shoppings e supermercados, cuja liminar judicial impediu a aplicação da norma. Na Comissão de Constituição e Justiça fui contra o projeto, pois sabia de sua inconstitucionalidade, contudo, fui voto vencido. Não deveria ter ido a plenário porque feria o controle de constitucionalidade, na medida em que a regulamentação é matéria de Direito Civil e, portanto, a competência é federal e não do município.

Quais são as perspectivas para os dois anos que ainda lhe restam como vereador de Palmas?
Penso que agora é o momento de consolidar e ter a consciência tranquila que realmente cumpri os desafios do mandato. Ainda analiso as propostas que fiz na campanha, verifico se obtive sucesso e, por fim, observo se ainda falta algo para ser pleiteado ou proposto. Tenho força de vontade, vivacidade, foco e estou me preparando ainda mais, ingressando em pós-graduações, lutando pelo mestrado, na tentativa de me qualificar cada vez mais. Tudo que se refere à inovação e empreendedorismo na área social, tenho tentado aprender, porque precisamos de pessoas melhores a cada dia, não apenas nos parlamentos, mas também na sociedade civil organizada.

Atualizado às 11h