o vereador Júnior Brasão fala das suas experiências, partidarismo e propostas

O Vereador de Palmas, Antônio Vieira da Silva Júnior, é popularmente conhecido popularmente como Júnior Brasão. É maranhense de João Lisboa (MA), radicado em Palmas/TO desde 1992, quando migrou para a capital para residir no Jardim Aureny III, onde fixou residência até os dias atuais. 

Trabalhou na construção civil e ajudou erguer aquela que seria a última capital planejada do século XX. Foi aprovado no concurso da Polícia Militar do Tocantins ainda em 1993, cuja patente atual é sargento. Graduou-se em Serviço Social pela UNOPAR. Naturalmente, tornou-se um líder comunitário, mesmo sem exercer nenhum cargo político, vez que nutre grande preocupação com os mais humildes.

Nesta entrevista ao Jornal Opção/Tocantins o vereador Junior Brasão fala das suas experiências, partidarismo, propostas, além de outras prioridades do seu mandato.

Sua eleição foi uma surpresa para muitos, é fato. Poderia discorrer sobre sua história política?
Na verdade, eu nasci na política. Meu pai foi vereador no Maranhão em João Lisboa, cidade perto de Imperatriz. Chegando em Palmas, ainda em 1993, trabalhei na construção civil, construindo a rede pluvial da cidade da capital. Prestei o concurso da Polícia Militar e obtive êxito. Posteriormente me formei em Assistência Social pela UNOPAR e me envolvi na política junto com Sargento Aragão, cuja luta pelos direitos dos policiais militares era mais do que necessária. Fizemos reivindicações  salariais e lutamos por melhores condições de trabalho. Lideramos uma greve que teve, inclusive, repercussão nacional.

Com o decorrer do tempo, o Sargento Aragão desfacelou o grupo e perdemos a reeleição para deputado estadual. Contudo, antes disso, já havíamos conseguido que ele fosse eleito como vice-prefeito na chapa do ex prefeito Carlos Amastha, com o qual permaneço após a retirada do sargento da política. 

E como iniciou sua vida política propriamente dita?
Independente de fazer parte de movimentos classistas, permaneci fazendo meu trabalho social no Jardim Aureny III, vivenciando os problemas da comunidade e tentando solucioná-los. Em 2015, fizemos uma linda campanha para conselheiro tutelar da minha esposa, Adriana Brasão. Ela foi a mais votada da capital e obteve aproximadamente mil votos.

Moramos há quase 30 anos no mesmo setor e isso é um diferencial. Veio a campanha de vereador em 2016, eu disputei e fiquei com a segunda suplência com quase 1.300 votos, filiado ao partido Podemos. Já em 2018, participei ativamente da campanha a governador do Estado, encabeçada pelo ex-prefeito Carlos Amastha. 

Depois disso, me filiei ao PSB para caminhar junto com aquele líder. Nas eleições de 2020, me elegi, por esta sigla, vereador de Palmas, após obter mais de 1.350 votos, certamente pelo fruto do meu trabalho diuturno, como também pelo pioneirismo. 

A sua decisão de se filiar ao PSB, está ligada à diretriz de centro-esquerda ou presidente estadual, Sr. Carlos Amastha?
Tenho formação militar e, também, fui comerciante na capital. Me posiciono mais ao centro, no que se refere a ideologia partidária. Estou filiado ao PSB pela estreita relação que tenho com o ex-prefeito e atual presidente do partido no estado do Tocantins, Amastha. 

Essa linha de centro esquerda que o partido adota em nível nacional não está muito configurada no Tocantins, tendo em vista que até mesmo o maior líder da sigla é um empresário de sucesso por esta nesta região e defende o capitalismo.

Em relação a eleição Municipal de 2020, ocorrida em pleno período pandêmico, como o senhor lidou com os entraves naturais que houveram, em razão dos decretos que proibiram reuniões e comícios?
Na verdade tenho um trabalho social prestado, como já disse, no Jardim Aureny III. Durante muitos anos, portanto, as pessoas passaram a me conhecer e, acredito, reconheceram o meu trabalho comunitário. Trata-se de uma população gigante, afinal é o maior bairro do Tocantins, que percorri durante quase trinta anos, a bordo de uma viatura, monitorando todas as ocorrências havidas por lá. 

Acompanhei os movimentos sociais da classe e daquela comunidade. Então, considero que minha campanha foi a longo prazo e não esteve atrelada aos 45 dias definidos pela lei eleitoral. Assim sendo, foi uma campanha um pouco diferente das outras, em relação às redes sociais. Foi uma campanha baseada no contato estreito com a comunidade e com os moradores dos bairros. Em razão da pandemia, fizemos pouquíssimas e pequenas reuniões – respeitando o distanciamento – e por fim, me convenci que a população queria um nome que representasse aquele setor da cidade.

A sua candidatura tem como base eleitoral apenas o próprio Jardim Aureny III ou a Polícia Militar também esteve comprometida com a sua eleição?
Na verdade ambos. Tanto parte da população do Jardim Aureny III, quanto parte da Corporação da Polícia Militar depositaram confiança e votos na minha pessoa, permitindo que eu chegasse ao Parlamento Municipal de Palmas. Em 2016 eu já havia obtido excelente votação dentro do bairro, entretanto, devo reconhecer que Polícia Militar também foi uma força gigante para essa conquista. 

Nestas circunstâncias, posso dizer que os dois públicos são os responsáveis pela minha eleição, na medida em que ambos tem admiração pelo trabalho que venho prestando ao longo dos anos. Conseguimos obter votos em toda a cidade, mas o peso para que a eleição fosse bem-sucedida estava no Jardim Aureny III.  

Uma vez empossado, qual é a sua experiência após esses cinco meses de mandato, e quais foram os avanços neste novo contexto político-partidário na sua vida?
No exercício do mandato senti, ainda mais, o peso da carência do nosso povo e a ânsia por mudanças, visando melhor qualidade de vida. Como disse, sou oriundo do regime militar –  muito rígido por sinal – e tenho tentado aplicar esses princípios durante o meu mandato. Tenho por objetivo atender não apenas a população que me elegeu, mas também toda comunidade palmense.

O parlamento municipal foi renovado e minha obrigação é retribuir, com ações, os votos que me trouxeram até a câmara, sem a força do capital econômico. Foi um voto de sentimento e, por isso, peço a Deus todos os dias, forças para continuar honrando os votos, buscando melhorias e condições dignas para o nosso povo sofrido que vive, principalmente, nas periferias da cidade. 

O Sr. acredita que as pessoas estão desestimuladas da política?
As pessoas perderam a magia de acreditar o parlamento, seja ele municipal, estadual ou federal. Tenho como função tentar reverter isso junto a população, de forma tal, que eles acreditem novamente que a única forma de mudar a situação atual, é através da política. Não vim para cá para fazer política por fazer, mas sim fazer uma política séria e, após o cumprimento do mandato, ser avaliado pelo povo.

O que é que o Senhor planejou de diferente para esse mandato? De que forma o seu estágio na Câmara Municipal pode contribuir para a melhoria da vida das pessoas?
As pessoas buscam por empregos nos órgãos municipais, mas logicamente, não é possível atender a todos. Além de ter atuado na polícia, também foi empresário durante algum tempo na capital. Vejo, realmente, que o emprego é o gargalo do povo palmense. 

Precisamos sair dessa dependência do poder público e dar sustentabilidade às empresas, permitindo que elas possam gerar emprego e renda.  Tenho proposto projetos e alguns requerimentos no sentido de fazer com que os comerciantes do município sejam mais valorizados, além de fomentar e permitir que eles possam se reerguer nesse período pós-pandemia. Acho que a Câmara tem esse papel e, neste caso, é preciso trazer essa discussão para o debate em plenário. 

Em relação à condução da pandemia em Palmas, por parte da gestão Municipal, qual é a sua avaliação?
Tenho visitado, rotineiramente, os postos de saúde. Inicialmente verificamos a falta de materiais, medicamentos e equipamentos de proteção individual. No entanto, com o decorrer do tempo, percebemos que essas falhas foram parcialmente supridas e percebo que a estrutura de atendimento já está diferente, quer seja com oxigênio ou fármacos, que seja com servidores.

Não tenho a pretensão de fazer uma oposição severa ou radical, mas sim debater de forma consciente. Sou apenas independente e votarei em todos os projetos – independente de quem seja o autor, o Poder Executivo ou algum colega – caso ele seja benéfico para a sociedade.

Uma “pauta-bomba” ameaça explodir no plenário da Câmara nos próximos dias, que é o reajuste da tarifa do transporte coletivo. Qual é o seu posicionamento acerca do tema?
Vamos ter que sentar com a concessionária do serviço público e conversar. É necessário alinhar, porque não vejo – no momento – nenhuma possibilidade de reajuste da tarifa, exatamente em razão dos trabalhadores estarem desempregados e passando por dificuldades tremendas, em função da pandemia decorrente do coronavírus.

Esse é um assunto polêmico, que tem que ser enfrentado, mas não vejo como um momento oportuno para o aumento de passagens. Caso não haja justificativas plausíveis, certamente votarei contra.

No tocante ao âmbito administrativo da Câmara Municipal de Palmas, o Sr. está participando de quais comissões internas?
Estou como titular de três comissões: administração pública, segurança pública e, também, da cidadania direitos humanos. Dentro desse contexto de segurança pública, sendo representante da Polícia Militar e das forças de segurança, pretendo apresentar projetos que beneficiem a guarda metropolitana de Palmas. Há muitos anos não se faz concurso para essa área e, logicamente, há um déficit de pessoal. 

Também é necessário direcionar emendas para aquisição de equipamentos, entre os quais – prioritariamente – viaturas e armamentos. Em breve, chegará à câmara o projeto de reposição inflacionária salarial havida no período. Não se trata de reajuste salarial – pois isso foi vedado pelo governo federal durante a pandemia – mas apenas e tão somente a reposição das perdas. A prefeita já está finalizando o projeto de lei para que isso ocorra e quero dizer que considero essa reposição mais do que justa e necessária. Dessa forma, quando chegar ao plenário, certamente votarei a favor.

Equipar a guarda metropolitana basta?
Não, os projetos sociais são muito relevantes. Não adianta colocar viaturas e mais pessoas armadas na guarda Metropolitana, caso não haja projetos sociais. A violência só diminui se houver tais ações. Se fizermos um retrospecto, percebe-se que quando havia “Pioneiros Mirins”, “Projeto AMA”, entre outros, várias crianças foram educadas naquele berço e não foram consumidas ou abraçadas pelas drogas. Esses projetos sociais foram extintos e temos que retomar, pois é necessário envolver os nossos jovens em cursos técnicos, caso contrário, os perderemos para o mundo das drogas.

Além disso, vou propor a ampliação de escolas de tempo integral, porque além de mantermos as que já existem é necessário construir outras, em comunidades que ainda não usufruem desse benefício.

Por fim o espaço está aberto para suas considerações finais…
Quero transmitir à população de Palmas essa confiança, após a expressiva a votação em 2020, dizendo que o mandato está baseado na esperança de dias melhores. Estou empenhado em defender o segmento da Polícia Militar e as comunidades mais carentes, reforçando que, tudo na vida, está baseado na transparência e na necessidade. 

Não podemos perder a essência da dignidade. Estou firme no propósito de ajudar a população palmense a viver dias melhores. Tenho certeza que nessa nova legislatura poderemos fazer diferente, com novas ideias, novas perspectivas e novos ideais.