Dorinha e Kátia mantêm disputa acirrada pelo Senado
11 setembro 2022 às 00h00
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Muita coisa aconteceu desde que a campanha eleitoral começou e muita coisa ainda pode acontecer até 2 de outubro, na reta final da disputa pela cadeira do Senado nestas eleições de 2022, considerada, de longe, a mais disputada da história do Tocantins para o cargo.
Dos 12 nomes iniciais, restam agora 9 candidatos, sendo que 4 – Kátia Abreu (pP), Professora Dorinha (UB), Carlos Amastha (PSB) e Ataídes de Oliveira (Pros) – concorrem com chances reais de vencer o pleito. Os outros 5 – Andreia Schmidt (PMB), Lázara Castro (DC), Lúcia Viana (PSOL), Pastor Claudemir (Patriota) e Vilela do PT (PT) – disputam sem quase nenhuma chance, marcando posição ou reforçando a chapa majoritária de seus partidos ou coligações.
O ex-governador Mauro Carlesse (Agir) e o senador em exercício Bispo Guaracy (Avante) abandonaram a competição, renunciando à candidatura, por motivos de ordem pessoal com motivação política.
Carlesse jogou a toalha mais uma vez, aos 45 minutos do segundo tempo, antes do julgamento da ação de impugnação do pedido de registro de sua candidatura. Alegou perseguição política e cuidado com sua integridade. Nos bastidores, dizem que evitou o desgaste de ter o registro de candidatura negado pela Justiça Eleitoral. O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu indeferimento por considerar que o ex-governador está inelegível por ter renunciado ao cargo para fugir do processo de impeachment.
O senador Guaracy renunciou por discordância ideológica com a escolha do seu partido em nível nacional. O deputado federal André Janones (MG), presidente da legenda, desistiu da candidatura à presidência da República para apoiar o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bispo Guaracy explicou, na época, que sempre foi um homem de direita e que tinha dificuldade para acompanhar a decisão do seu partido.
O radialista Vanderlan Gomes (PRTB) também está fora da disputa, pois teve o pedido de registro da candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral por não encaminhar a documentação exigida.
Outros pretensos candidatos que prometiam engrossar a briga pela cadeira – Marcelo Miranda (MDB) e Vanderlei Luxemburgo (PSB) – ficaram pelo caminho antes de iniciar a campanha. Miranda mudou de projeto: em nome da tentativa de reeleição da esposa, deputada Dulce Miranda (MDB), à Câmara Federal, aceitou disputar cadeira da Assembleia Legislativa; já Luxemburgo foi atropelado por Carlos Amastha (PSB) e perdeu a indicação do partido para disputar o cargo.
De todos os que desistiram da disputa apenas Carlesse já tinha ultrapassado os dois dígitos de intenção de voto e pode alterar o contexto da disputa com a sua saída. Contudo, ainda é cedo para avaliar para onde vão migrar os eleitores que declararam votar no ex-governador.
Em tese, quem mais ganha com a renúncia de Carlesse é a senadora Kátia Abreu, visto que o eleitor do ex-governador é acima de tudo, anti-Wanderlei, por considerar que o governador se apropriou da obra de Carlesse, inclusive a estrutura política que o apoiava. Nesse caso, supõe-se que o eleitor do Carlesse vota em qualquer candidato, menos os governistas. Mas é preciso observar que Carlesse tinha a senadora Kátia Abreu como sua grande adversária, a quem vinha combatendo de forma enfática. Fazia críticas inclusive à sua atuação no Legislativo, a qual não teria o Tocantins como beneficiário.
Amastha comemorou a renúncia do ex-governador, apontando que em Gurupi só resta agora Osvaldo Stival na disputa para o Senado – o empresário compõe sua chapa como primeiro suplente. Amastha avalia que, sem Carlesse na disputa, Stival pode liderar os votos de Gurupi para sua chapa. A fala de Amastha reflete a percepção que o principal colégio eleitoral do sul do Estado passa a ser estratégico para a disputa do Senado, tendo em vista o equilíbrio, em termos de intenção de voto, entre os principais candidatos.
Na prática, Dorinha foi quem mais ganhou com a renúncia de Carlesse até agora. Conquistou o apoio da prefeita de Gurupi, Josi Nunes (UB), que integra seu partido, e do prefeito de Axixá, Auri-Wulange Ribeiro Jorge (PTB), dois dos maiores entusiastas da candidatura de Carlesse. Se Dorinha pode comemorar a adesão de prefeitos pró-Carlesse, Kátia comemorou o apoio da prefeita de Palmas, Cínthia Ribeiro (PSDB), que num primeiro momento buscou negociar com Dorinha. Dizem que a negociação não avançou porque Dorinha não tinha colégio eleitoral para repassar para o candidato a deputado Eduardo Montoan (PSDB), esposo da prefeita. Por outro lado, Kátia retirou as candidaturas a deputado estadual do seu partido, o pP, para facilitar as negociações.
Kátia Abreu ainda ganhou o apoio do vice-prefeito de Gurupi, Glaydson Nato (PL), que anunciou adesão à sua campanha. A disputa caminha para a fase final como começou, polarizada entre a professora Dorinha Seabra Rezende e a pecuarista Kátia Abreu. A única coisa que mudou é que agora Dorinha aparece liderando as pesquisas e trabalha para ampliar a distância. Dorinha tem muito para onde crescer. As pesquisas de intenção de voto indicam que Wanderlei tem 44%, enquanto Dorinha tem apenas 24%. O marketing eleitoral da campanha tem tentado colar a imagem da professora ao governador. Até agora, a estratégia não deu muito resultado.
Kátia, que liderou a corrida até o inicio da campanha, passou para o 2º lugar. As últimas pesquisas de intenção de voto, apontam Dorinha com 24% e Kátia com 21% das intenções de voto. Kátia tem a desvantagem de ter o maior índice de rejeição, mas dispõe de uma máquina política bastante eficiente e tem trabalhado muito para continuar representando o Tocantins no Senado.
O que se pode concluir é que a eleição para o Senado ainda está aberta. E esses últimos acontecimentos podem determinar os rumos da eleição. Dorinha tem a vantagem de ser governo e compor chapa com o governador Wanderlei Barbosa, que tem chances de vencer as eleições no primeiro turno. Kátia tem a vantagem de ser candidata isolada e poder obter voto em todas as chapas ao governo, de Irajá Abreu (PSD) a Paulo Mourão (PT).
Pelo que se observa, o acirramento da disputa entre Kátia e Dorinha só tende a aumentar com a aproximação do fim da campanha. Como as duas ainda têm muita munição para gastar nesta reta final, fica difícil fazer projeção. Ataídes e Amastha torcem para esse acirramento, acreditando que a polarização pode abrir espaço para a terceira via. É esperar para ver o que vai acontecer.