Disputa pelo Palácio Araguaia terá oito candidatos
07 agosto 2022 às 00h01
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Encerrou-se na sexta-feira, 5, o prazo legal para realização das convenções partidárias às eleições de 2022. O Tocantins contará com oito candidatos ao governo: Wanderlei Barbosa (Republicanos), Ronaldo Dimas (PL), Paulo Mourão (PT), Irajá Abreu (PSD), Osires Damaso (PSC), Karol Chaves (PSOL), Ricardo Macedo (PMB) e Luciano Castro (DC).
A grande novidade ficou por conta do lançamento na última hora da candidatura do senador Irajá Abreu pela aliança com PRTB e Avante, partidos que até quinta-feira à tarde integravam a base de apoio de Osires Damaso e na sexta-feira embarcaram no novo projeto. Irajá realizou a convenção no interior, no pequeno município de Lavandeira, sudeste do Estado, onde, segundo aliados, ele teve a maior votação proporcional para o Senado, em 2020.
Irajá chega causando certo desconforto. Pode ter inviabilizado a candidatura do deputado federal Osires Damaso (PSC), de quem foi aliado até um dia antes de se lançar. O deputado organizou seu projeto contando com os três partidos que manifestaram apoio à candidatura e na última hora o abandonaram, o que levou o deputado a suspeitar de que o apoio fazia parte de uma estratégia para esvaziar seu projeto. Damaso garante que segue em frente, mas corre o risco de não conseguir montar a chapa majoritária até o encerramento do prazo legal. Nos bastidores, dizem que deputado já teria desistido de concorrer ao Palácio Araguaia e vai tentar a reeleição.
A advogada Karol Chaves, candidata pela federação PSOL/Rede, também é uma novidade. Ela foi a primeira candidata a ser lançada oficialmente, escolhida em convenção realizada no último dia 31, em Palmas. A chapa da advogada tem como candidato a vice-governador Sílvio de Souza e como candidata ao Senado Lúcia Viana e garante que fará uma campanha propositiva, buscando pautar temas como a defesa dos direitos das mulheres, indígenas, quilombolas comunidade LGBTQIA+ e por maior visibilidade da mulher na política. Karol ressalta que a candidatura faz parte da tradição do PSOL de marcar posição.
É difícil avaliar o impacto da candidatura do senador Irajá Abreu, que chega agora de última hora e que foi recebida com surpresa pelo meio político. Vai levar um tempo para se saber para onde essa candidatura vai caminhar. O mais provável é que termine ocupando o espaço que vinha sendo articulado pelo deputado Osires Damaso. De qualquer forma, não deve alterar muito o contexto da disputa no momento.
Nesse sentido, a campanha começa com a possibilidade de manutenção da polarização entre o governador Wanderlei Barbosa e o ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas. Dimas começou a corrida liderando, mas nos últimos dias perdeu a posição para o governador Wanderlei, que larga na frente nesta nova fase da corrida, que tem um período curto – menos de dois meses para o primeiro turno e, em caso de disputa no segundo turno, quatro semanas a partir de então.
O governador foi quem mostrou mais força para alcançar o segundo turno e até mesmo vencer as eleições. Seu crescimento nestes oito meses de pré-campanha, desde que começou a aparecer, mostra o tamanho de seu potencial. Wanderlei escolheu nomes de prestígio eleitoral para compor chapa – Professora Dorinha (UB) para o Senado e Laurez Moreira (PDT) para a vice – e conseguiu montar uma poderosa estrutura partidária que soma uma dezena de legendas. Mas, primeiramente, precisa garantir vaga no segundo turno e de preferência chegar lá com uma votação expressiva para se impor como favorito que ainda não é.
O ex-prefeito de Araguaia Ronaldo Dimas (PL) enfrentou certa dificuldade para montar uma chapa competitiva, como desejava. No final, mostrou que tem prestígio para brigar pelo comando do Palácio Araguaia. Conseguiu articular aliança com dois grandes partidos, o PSB do ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, que aceitou compor a chapa majoritária como candidato ao Senado, e o MDB do ex-governador Marcelo Miranda, que indicou para a vaga de vice-governador, o ex-deputado Freire Júnior. Ainda vai ser preciso muito trabalho para aparar as arestas dessa composição feita às pressas, mas, indiscutivelmente, Dimas conseguiu dar a volta por cima.
Mourão conta com o fator Lula em seu favor. O ex-presidente tem demonstrado que fará o possível e impossível para tentar levar Mourão ao comando do Palácio Araguaia. Se o ex-presidente vencer no primeiro turno, como indicam algumas pesquisas, Paulo Mourão não só tem chances de ir para o segundo turno, como se torna um concorrente forte, com o presidente eleito em seu palanque.
O médico Luciano Castro e a advogada Karol Chaves correm por fora nesta disputa. Luciano aposta tudo na possibilidade de se tornar um fenômeno eleitoral, ao ser identificado como o homem que provocou a queda do ex-governador Mauro Carlesse (Agir 36). O médico tem consciência de que sua postulação pode contribuir para levar a decisão para o segundo turno. Se isso acontecer, seria a sua vitória e se manteria no jogo em apoio a um dos candidatos no duelo final.
Osires Damaso é um candidato que segue surpreendendo. Começou a campanha quase que sozinho, em algum momento teve a sua pré-candidatura inflada pelo apoio – que se revelou “artificial” – oferecido pelo senador Irajá Abreu (PSD) e terminou como começou, quase sozinho. Mas, mesmo assim, conseguiu realizar a convenção e homologar sua candidatura. Damaso vai de chapa puro sangue. Ainda terá tempo para reformular seu projeto político e continuar na disputa. Se conseguir rearticular o apoio que recebeu nos últimos dias, pode continuar sonhando em conquistar vaga no segundo turno.
Uma análise mais criteriosa da pré-campanha mostra que a máquina administrativa ainda tem um peso ainda muito forte na decisão da maioria dos eleitores do Estado, que estão de alguma forma ligados ou são influenciados pela decisão dos líderes políticos, deputados, prefeitos e vereadores. Wanderlei pode ser mais um que se torna imbatível ao ter a oportunidade de se sentar na cadeira de governador. Wanderlei se viabilizou politicamente corrigindo os erros de Carlesse, mas, sobretudo, se apropriando de sua obra, o que lhe permitiu surfar numa tradição do Tocantins, que vem do norte de Goiás, onde todos querem sempre ser governo. O resultado das eleições dirá.