Encerradas as convenções, o Tocantins poderá contar com pelo menos 11 candidatos ao Senado, numa das eleições mais disputadas para o cargo. Estão concorrendo Kátia Abreu (pP), Professora Dorinha (UB) Lúcia Viana (PSOL), Eula Angelin (DC), Ataídes Oliveira (Pros), Mauro Carlesse (Agir), Claudemir Lopes (Patriota) e Carlos Amastha (PSB). Faltam ainda integrar a lista definitiva os nomes a serem indicados por Paulo Mourão (PT) e Osires Damaso (PSC), que deixaram a ata de suas convenções em aberto para a inclusão dos nomes dos candidatos ao Senado.

A disputa pela única cadeira do Senado nestas eleições ganhou clima de guerra nos últimos momentos da convenção. Em Palmas, o ex-prefeito de Palmas e presidente do PSB, Carlos Amastha, deu um “olé” no técnico de futebol e ex-treinador da Seleção Brasileira, Vanderlei Luxemburgo, pré-candidato pelo partido, e teve o seu nome aprovado por unanimidade como o candidato ao Senado pela legenda, deixando Luxemburgo perdido, desorientado em campo.

Mais uma vez a tentativa de virar senador pelo Tocantins vira pesadelo para Luxemburgo. Em 2010, quando tentou ser candidato pela primeira vez, terminou sendo acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de fraude na comprovação de domicílio eleitoral. Luxemburgo não conseguiu ser candidato e ainda teve seus direitos políticos suspensos por oito anos. Na época, Luxemburgo era filiado ao PT.

Desta vez, Luxemburgo se sentiu usado. Em carta aberta, classificou a decisão de Amastha de “autoritária” e “rasteira” e anunciou a desistência de postular outro cargo político nestas eleições. Luxemburgo considerou inaceitável entendimento com “traidores”, dizendo que não teria problema nenhum em ser candidato a qualquer outro cargo, desde que o projeto fosse construído conjuntamente.

Amastha, que articulava aliança com o PSC do deputado Osires Damaso, de última hora levou o PSB para a base do ex-prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (PL). Nos bastidores, dizem que Amastha, temendo não ser eleito deputado federal, buscou a candidatura ao Senado. Ou seja, melhor perder para o Senado disputando numa chapa forte do que não ser eleito deputado federal disputando numa chapa pouco competitiva.

Em Lavandeira, no sudeste do Estado, o senador Irajá Abreu protagonizou outro episódio desta disputa. Com mais quatro anos de mandato pela frente, ele montou todo um cenário e se lançou candidato ao governo pelo PSD. O projeto vinha sendo organizado desde que anunciou apoio ao Damaso, mas vinha sendo mantido em suspense com a ideia de buscar um consenso das oposições. Irajá mira o Palácio Araguaia, mas na verdade vai trabalhar para tentar manter a sua mãe, senadora Kátia Abreu, no plenário do Senado. 

Eleita em 2006 e reeleita em 2014, Kátia busca o terceiro mandato para representar o Tocantins no Senado da República. Ela saiu na frente na disputa, mas perdeu força ao ser rejeitada pela coligação governista e decidiu ser candidata isolada. Na convenção do pP na quinta-feira, 4, disse que não tem governador, mas tem apoio de mais de 50 prefeitos. Se vencer a eleições, a senadora terá conquistado um feito notável será a sua terceira eleição consecutiva para a Câmara Alta que lhe dá a condição de permanecer 24 anos no Senado.

O ex-senador Ataídes Oliveira (Pros) tentar voltar ao Senado. Foi eleito em 2010, como suplente de senador na chapa de João Ribeiro. Em 2013, com a morte de João Ribeiro, Ataídes assumiu. No ano seguinte, disputou a eleição para o governo do Estado, ficando em terceiro lugar. Em 2018, foi novamente candidato ao Senado, mas apenas com o quinto lugar e 13,34% dos votos. Agora, volta às urnas em candidatura isolada, mas garante que reúne o apoio de mais de 800 vereadores de todo o Estado.

O ex-governador Mauro Carlesse (Agir), depois de realizar três grandes eventos no Estado, decidiu lançar candidatura ao Senado. Garante que está elegível e que volta às urnas para tentar “ajudar o Tocantins”. Em seu pronunciamento durante a convenção, pediu para as pessoas esquecerem a história de afastamento, pois isso é passado e que o mais importante é o que vem pela frente. Seu partido não terá candidato a governador nem apoiará nome de outra coligação.

Carlesse corre o risco repetir Marcelo Miranda. Após a cassação em 2009, o emedebista insistiu em ser candidato ao Senado em 2010, para mostrar que ainda tinha força política. Foi eleito senador, mas não tomou posse. A vaga foi ocupada pelo terceiro colocado na disputa, Vicentinho Alves. Nestas eleições, Miranda, que brigava novamente pelo direito de disputar o Senado, já rebaixou o seu projeto eleitoral, para deputado estadual.

Lúcia Viana (PSOL), Eula Angelin (DC) e Claudemir Lopes (Patriota) disputam o cargo pela primeira vez. Eula já concorreu ao governo do Estado em 2014. Claudemir Lopes foi vereador em Palmas pelo PT e entra na disputa como candidato isolado, mas seu partido integra a base do governador Wanderlei Barbosa. Lúcia Viana é estreante na política.

Quem também está no páreo é a deputada federal Dorinha Seabra (União Brasil), considera a mãe do novo Fundo de Manutenção do Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Em seu terceiro mandato na Câmara Federal, agora será candidata a senadora. Um nome forte, sobretudo, pela capilaridade de voto, tem apoio em todos os municípios do Estado e a credencial de uma boa atuação como secretaria da Educação durante mais de uma década. A educação é uma bandeira que ela sempre defendeu com firmeza na Câmara dos Deputados.

Não há como separar a disputa para o Senado das postulações para o governo do Estado. A senatoria integra a chapa majoritária e passa a ser estratégica na aglutinação de forças. Dorinha soma para a chapa governista e ajuda a máquina partidária que o governador conseguiu montar. A disputa até as urnas não vai diferente da briga que se viu até agora.