“Chapa dos meus sonhos é Kátia Abreu, Wanderlei Barbosa e Edison Tabocão”
22 maio 2022 às 00h00
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Presidente do PRTB prevê uma eleição disputada para o governo do Estado com decisão no segundo turno
O presidente do PRTB, Freed Lustosa, prevê uma renovação expressiva no plenário da Assembleia Legislativa por conta das novas exigências da legislação eleitoral, que, segundo ele, vão permitir que as pequenas legendas, como o PRTB, que antes não tinham força para eleger deputado, possam sonhar em ocupar cadeiras no Legislativo Estadual. “O PRTB vai ser um instrumento de canalização de renovação política no Tocantins. Estou cansado de ver os mesmos nomes, sem credibilidade nenhuma e ainda querendo mais mandato. A gente precisa ser um instrumento para que a população tenha mais opção”, defende o dirigente partidário.
Freed Lustosa cita ainda outro fator: o número de candidatos que pode ampliar as possibilidades dos pequenos. “Na eleição passada, tivemos cerca de 300 candidatos a deputado estadual. Este ano, com a obrigatoriedade dos partidos de lançar chapa, nós vamos ter o dobro de candidatos. Então, se têm muitos candidatos na rua, vai haver uma pulverização dos votos, revelando a dificuldade de alguém ultrapassar 20 mil votos”, comenta, enfatizando que essa exigência cria condições de competividade dos pequenos partidos que terão, no conjunto, votos para eleger deputado.
Quanto à corrida ao Palácio Araguaia o dirigente acredita que o equilíbrio entre os candidatos vai inevitavelmente levar a decisão para o segundo turno. “Não existe eleição ganha. Esse processo de renovação, o eleitor do Tocantins é muito rigoroso, principalmente nas grandes cidades. Não vai ser fácil para o governo, não vai ser fácil para a oposição. Quem tiver um grupo coeso, forte, propositivo e que tem credibilidade com a população pode vencer as eleições”, defende Freed Lustosa, revelando que tem mantido diálogo com o governador Wanderlei Barbosa, com vistas a integrar o partido às bases do governo.
Freed Lustosa é empresário da área de publicidade, tem 38 anos, chegou em Palmas ainda criança e cresceu com a cidade. “Sou da época da 112, onde a água chegava de carro-pipa, então sou apaixonado por Palmas”, confessa. Freed iniciou na política em 2012, como assessor do ex-deputado Alan Barbieiro, na direção do PSB. Disputou as eleições para a Câmara de Palmas em 2020 e tem planos de voltar às urnas em 2024. Nesta entrevista ao Jornal Opção, ele fala sobre as pretensões do PRTB, sua integração ao bloco de partidos do clã Abreu e as conversações para integrar a base do governo.
Como o PRTB está se articulando para estas eleições?
Olha, eu recebi um convite de um secretário de Estado de Goiás, que é o Denes (Pereira) presidente do PRTB de Goiás há mais de 15 anos. Ele falou que a direção nacional tinha vontade de substituir o presidente no Tocantins. Eu falei, aceito o desafio. Conversei com a presidente (Odiléia Fidélis) em São Paulo, isso em 13 de janeiro deste ano, então eu tive três meses para montar uma chapa para deputado estadual e federal. E graças a Deus nós conseguimos montar. Nós fizemos uma “chapinha” com 25 nomes para estadual que é o máximo que se pode lançar, com sete mulheres, dentre eles tem nove pré-candidatos com capacidade de alcançar de 1.500 a 3 mil votos e acredito que quatro brigam para tirar de seis a 10 mil votos. Estou fazendo o meu melhor. Todos sabem desta possibilidade. A extinção das coligações foi muito bom, porque fortalece o partido. A união dos votos vai fazer com que a gente chegue a um representante ou até dois, na Assembleia Legislativa.
“Eu acredito que o senador Irajá é um fenômeno político”
Tem alguma expectativa quanto a eleição de deputado federal?
Para a Câmara Federal nós fizemos a mesma metodologia. Não colocamos ninguém com mandato e dispomos de nove nomes, três mulheres com potencial enorme. E como eu tenho o pensamento de que política se faz com convergência, eu procurei alguns políticos com mandatos e teve um que me chamou muita atenção. Que eu tenho uma simpatia muito grande que é o senador Irajá (Abreu). Eu acredito que o senador é um fenômeno. Ele conseguiu um primeiro mandato de deputado federal muito novo, desbancando quem tinha mandato na época, foi reeleito com votação expressiva e foi senador da República, ganhando de Ataídes (Oliveira), César Halum, Vicentinho Alves. Quando a gente conversou, ele propôs uma parceria e aí nós criamos um bloco que inclui, PSD, PP, PRTB, AVANTE e PSDC. Somos cinco partidos sob a liderança do senador Irajá e a senadora Kátia Abreu.
Qual é a meta do bloco?
O senador Irajá tem quatro anos no Senado e já é o secretario da mesa, o cargo que é o prefeito do Senado e a senadora Kátia Abreu dispensa comentário, porque é uma mulher que ficou viúva com 23 anos, foi presidente do Sindicato Rural de Gurupi, foi deputada federal, ministra da Agricultura, presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), então uma mulher com aquela coragem, com determinação e ela é muito dedicada, muito estudiosa, defende o agronegócio, defende o empreendedorismo é uma vencedora. Então a coisa mais importante para o PRTB é sair fortalecido neste processo, porque a gente tem 12 vereadores, inclusive dois são de Araguatins, dois de Formoso do Araguaia, inclusive um é o presidente da Câmara; nós temos o primeiro suplente de senador que é o Marcos Souza. Tenho convicção que esse bloco de partidos vai sair fortalecido e vai vencer as eleições.
Não tem uma meta ainda estabelecida, esse é um debate para a convenção?
O meu líder é o senador Irajá, o que ele tocar, com certeza ele vai levar para as bases que somos nós, para tomar a decisão. Eu estou torcendo para que se feche aliança com o governador Wanderlei e estou torcendo para que o Edison Tabocão possa ser o vice-governador. O cara que era borracheiro e virou um megaempresário. Um cara organizado, simples, é a chapa dos meus sonhos: senadora Kátia, Edison Tabocão e o governador Wanderlei Barbosa. Só que não depende só da gente, depende várias situações. A oposição com Osires Damaso, Ronaldo Dimas e Paulo Mourão força o segundo turno. Não existe eleição ganha. Esse processo de renovação, o eleitor do Tocantins é muito rigoroso, principalmente nas grandes cidades. Não vai ser fácil para o governo, não vai ser fácil para oposição. Quem tiver um grupo coeso, forte propositivo e que tem credibilidade com a população vai sair fortalecido.
Quais os fatores que podem decidir esta eleição?
O eleitor está impaciente. Ele não quer escutar ladainha, conversa fiada. Ele quer resultado. Cadê a rodovia que precisa ser asfaltada, cadê a iluminação pública, cadê a água, cadê a energia, cadê o fomento. Cadê o setor industrial. O poder público precisa produzir mais resultado e falar menos. Como eu venho do setor privado, política para mim é um sacerdócio. Se eu não participar os outros participam, então é muito melhor a gente ser fator de protagonismo no processo e convidar pessoas que tem espírito de renovação. Eu sou uma pessoa que não gosta de político profissional. Nos primeiros anos do Tocantins foram feitas as grandes obras, nos últimos 15 anos me aponta uma obra grande? A gente não consegue continuar um mandato de governador. Isso é inadmissível. A gente fica envergonhado neste processo.
O PRTB tinha como maior referência o vice-presidente, general Hamilton Mourão, que já deixou o partido. O que ele ainda influencia na organização do partido?
Olha que interessante: nosso fundador do partido, Levy Fidélis, foi ao Rio Grande do Sul convidar o Hamilton Mourão para se filiar no partido e articulou a sua candidatura a vice com Jair Bolsonaro. Na época o PSL tinha quatro deputados federais e nós tínhamos um deputado federal. Essa chapa com tempo mínimo, com dois partidos, elegeu presidente da República. Me sinto na responsabilidade de convidar pessoas que realmente possam entrar na política e ficar. Então o general Mourão é um grande nome, mas temos ainda a Janaína Paschoal que foi a deputada federal por São Paulo, a mais votada da história. Ela está no PRTB vai disputar o Senado por São Paulo; nós temos o Nikolas Ferreira, eleito vereador de Belo Horizonte (MG) com 23 anos, nós temos vários nomes em nível nacional que estão fazendo um belíssimo trabalho. Nós temos 34 partidos registrados no TSE, eu acho muito. Acredito que tem uns 28 funcionando. Dos 28 tem 22 no Tocantins que não conseguiram montar chapa para deputado estadual e federal. Então eu me sinto privilegiado por pegar o partido e em três meses conseguir montar uma chapa, sendo que outros presidentes de partidos não conseguiram.
Nestas eleições no Tocantins alguns partidos estão optando em formar chapas sem detentores de mandato. O que está acontecendo, é uma exigência dos eleitores ou dos pré-candidatos que não querem mais servir de escada para políticas carreiristas?
Essa opção fortalece os partidos que tem grupo, que tem coletivo. A pessoa que ganha eleição acha que o mandato é dela. Ela acha que o partido só serve para cumprir burocracia. Esse tipo de deputado está com os dias contados. O chapão com nove deputados, é impossível eleger os nove. É questão de matemática. Se o coeficiente é 30 mil votos, se nenhum deles tirar 30 mil votos, para eleger vai precisar dos votos de outro. Outro detalhe, na eleição passada tivemos cerca de 300 candidatos a deputado estadual, este ano com a obrigatoriedade dos partidos de lançar chapa, nós vamos ter o dobro de candidatos. Então se tem muitos candidatos na rua vai haver uma pulverização dos votos, revelando a dificuldade de alguém ultrapassar 20 mil votos. Vai ter os que chegam a 20 mil votos, vai. Na eleição passada foram cinco, este ano acho que não passa de dois. No nosso caso, que fizemos a “chapinha”, o candidato com seis mil votos vai eleito.
Pode ser eleito?
Não, vai ser deputado. Porque não temos 24 companheiros que estarão dando suporte. Tipo 500 votos, mil votos, 2 mil votos; somando tudo, os votos vão pertencer ao partido e ele vai ficar muito grato porque, se estivesse em qualquer outro partido, não teria essa oportunidade. Nós temos um exemplo muito claro: a Cláudia Lelis foi eleita com 6 mil votos e o Gutierres (Torquato), com 14 mil, ficou primeiro suplente.
Eu não apoio o ódio, a criminalização da política, eles contra nós ou nós contra eles, o bem contra o mal, esse discurso é fascista. Temos que defender o consenso.
Esse grupo de partido ao qual o PRTB participa é um grupo tradicional e com certeza terá presença nas próximas eleições. O grupo tem pretensão para 2026?
A presidente do partido Odinéia Fidélis me deu carta branca para organizar o partido no Tocantins. Nós vamos entregar a presidência do partido nos municípios para quem realmente tem projeto para disputar a prefeitura. Já temos um pré-candidato a prefeito, que é de Cristalândia, Marcelo Aguiar, ex-presidente da Adapec, três vezes presidente do Conselho de Medicina Veterinária, um nome técnico que nunca participou de uma eleição e que acredito que é um nome muito bom para a gente construir. O PRTB vai ser um instrumento de canalização de renovação política no Tocantins. Estou cansado de ver os mesmos nomes. Sem credibilidade nenhuma, e ainda querendo mais mandato. A gente precisa ser um instrumento para que a população tenha mais opção.
Quais outros nomes que constam na lista de pré-candidatos pelo PRTB?
Nós temos o Negão da Distribuidora, um pré-candidato a deputado estadual muito forte, Pastor Leo, da igreja Manancial, Elmecy Duarte que foi superintendente do Palmas Shopping durante 25 anos, campeã brasileira de fisiculturismo, são nomes desse calibre que têm credibilidade, que tem sua profissão que se certa forma influencia a sociedade e que nunca disputou eleição. Porém, na minha concepção, são as melhores opções que a população pode ter para ter um voto decente.
Qual é o seu projeto político?
Este ano não quero disputar eleição. Eu quero ser o maestro. Vou ficar disponível na coordenação da majoritária, da proporcional, ser líder desse grupo de cinco partidos que tem o senador Irajá, presidente do PSD; a senadora Kátia Abreu, presidente do PP; Paulo Carneiro, que é presidente do Avante e o Artur Maia que é presidente do PSDC. Então, meu desejo é ser protagonista desse momento político no Estado.
Palmas completou 33 anos, você cresceu nesta cidade e acompanhou a trajetória dessa cidade. O que mais te marcou em Palmas.
Eu sou apaixonado por Palmas. Estudei no CEM Tiradentes (Centro de Ensino Médio) na época era um colégio militar. Servir à bandeira, sete horas da manhã, aquilo me marcava muito. E apanhava o ônibus para ir para o Aureny I, a gente morava lá. Teve um episódio do programa de TV Casseta & Planeta que me marcou. Mostrou a verdade nua e crua de Palmas, naquela época. Muita poeira, muita casa pau a pique, só os corajosos tiveram a capacidade de vencer os desafios de vir a Palmas trazer suas famílias, seus negócios para que Palmas hoje pudesse ter esse tamanho, 300 mil habitantes e a tendência de Palmas é se consolidar, no mercado, na economia, no turismo, então eu fico feliz em fazer parte desta história.
Que mensagem o senhor deixa nestes 33 anos de Palmas?
Palmas obrigado. Pelas oportunidades, pelo primeiro emprego, vendedor de picolé. Obrigado por tido a oportunidade de ter feito uma faculdade aqui. Sou muito grato pelo que a cidade nos ofertou, pelas amizades, a vida em família, com segurança. É gostoso viver aqui.