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A ex-presidente Dilma Rous­seff (PT) admitiu que pretende disputar o pleito de 2018 — para o Senado ou mesmo à Câmara, a princípio pelo Estado onde tem seu domicílio eleitoral, o Rio Grande do Sul. Como não teve os direitos políticos cassados no processo de afastamento que ocorreu no Congresso Nacional, a petista está livre para se candidatar.

Até aí, nada de estranho, afinal, em que pese os declarados erros havidos durante o seu mandato, ela é uma mulher pública, e ficou provado que possui votos em seu reduto eleitoral, da militância petista e de boa parte das classes mais pobres e miseráveis da população, por força de uma maciça disseminação do programa Bolsa Família.

Ocorre que, segundo os bastidores da política, a senadora Kátia Abreu (PMDB), defensora de primeira hora da ex-presidente, de quem foi ministra da Agricultura, articula a mudança de domicilio eleitoral de Dilma para Palmas, a partir do segundo semestre de 2017. A finalidade, claro, é atender a lei eleitoral e viabilizar a candidatura da petista ao Senado Federal pelo Estado do Tocantins.

Nessa jogada de Kátia, a chapa majoritária para concorrer com a eventual candidatura à reeleição de Marcelo Miranda (PMDB) seria formada pelo ex-aliado e ex-líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado estadual Paulo Mourão (PT), ao governo, além de Dilma (PT) e o prefeito Amastha (PSB), ao Senado.

Quanto ao primeiro pré-candidato, a postulação é vista com normalidade. Em relação aos outros dois, há alguns parênteses a serem pontuados. O primeiro deles é que ainda há dúvidas se Dilma realmente “topa” a transferência de domicílio eleitoral, ao melhor estilo de Juscelino Kubitschek, que se elegeu senador por Goiás na década de 1960, após deixar a Presidência da República, e José Sarney, o mesmo pelo Amapá, por três vezes, a partir de 1990.

O segundo problema é a barreira denominada Tribunal Regio­nal Eleitoral do Tocantins (TRE-TO). Esse pequeno “entrave” já barrou o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo, uma vez que não ficou suficientemente comprovado por documentos – aos olhos daquela Corte – que o “boleiro” estava, verdadeiramente, domiciliado no Estado do Tocantins.

O terceiro senão reside no fato de Amastha ainda não ter certeza se sua candidatura será possível, em razão da PEC que tramita no Congresso Nacional que barraria os “estrangeiros”, como também, pelo fato de ser obrigado a renunciar ao comando da Prefeitura de Palmas, um ano e três meses após ter sido reeleito. Teria ele coragem de deixar a população de Palmas, que lhe outorgou mais um mandato, – nas mãos da vice-prefeita Cinthia Ribeiro, que é tutelada pelo correligionário senador Ataídes Oliveira, ambos do PSDB?

Cá entre nós, ao que parece, essa suposta chapa não passa de uma conjectura, um verdadeiro factóide, que muito provavelmente não se transformará em realidade. São muitas barreiras a serem transpostas, muitos problemas para serem resolvidos, muito desgaste, enfim.

Mas na política, às vezes, as coisas mais improváveis acontecem. Quem sabe, a “esperteza” da senadora Kátia Abreu não entra nesse rol? (Dock Júnior)