O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) foi rápido, coerente e responsável. Não apenas veio ao público de imediato condenar os ataques terroristas do dia 8 de janeiro, em Brasília, contra os três Poderes – Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF) – como colocou as forças de segurança do Estado à disposição do governo federal. Assim também o fizeram outros governadores.

Senadores, deputados, prefeitos, presidentes de outros Poderes, representantes de entidades da sociedade civil acompanham as manifestações do governador e também condenam os atos de violência. Pelo que se vê, Wanderlei busca exercer sua liderança na construção da pacificação nacional, afastando riscos de rupturas e reafirmando o compromisso com a ordem pública e o fortalecimento da democracia. E, assim, cresce no conceito de líder.

O governador também foi ágil no cumprimento às determinações do STF de desocupação da área do quartel-general do Exército, ocupada por manifestantes, e reforçou as forças de segurança para evitar interdições de rodovias, novas ocupações e a possibilidade de atentados no Estado. Sem muito alarde, Wanderlei parece assumir papel importante na construção da governabilidade. Se o governador ainda precisava de intermediários para chegar ao presidente, como ele próprio parecia sugerir, agora não mais. Tem caminho livre, que está sendo bem pavimentado com posições claras e firmes.

O governador Wanderlei Barbosa caminhava a passos largos para uma aproximação previsível do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por motivos meramente administrativos, mas também por questões políticas. O Tocantins, como se sabe, é um Estado altamente dependente do governo federal. Embora tenha surgido no siqueirismo, Wanderlei tem histórico de militância em partidos progressistas. Foi fator determinante, como presidente da Câmara de Palmas, para a oposição conquistar a Prefeitura de Palmas, com Raul Filho em 2004, e reeleição em 2008. Raul foi eleito pelo PPS e reeleito pelo PT.

Do ponto de vista político, Wanderlei não perde nada com a aproximação. Seu vice Laurez Moreira, provável sucessor, é do PDT, partido da base do presidente. Além do mais, o bolsonarismo no Tocantins é liderado por seus adversários, que foram derrotados.

Em seu pronunciamento de posse, o governador já dava sinais de que buscaria a aproximação. Falando aos deputados da base do presidente Lula, anunciou que na primeira oportunidade trataria de propor um trabalho em parceria com o governo federal. Logo após a posse, três deputados de seu partido – Ricardo Ayres, Toinho Andrade e Alexandre Guimarães – iniciaram conversação para apoiar o governo. O caminho aos poucos estava sendo pavimentado.

O governador Wanderlei Barbosa se elegeu sem precisar se vincular a nenhum candidato a presidente da República. Poderia ter até terminado as eleições como começou, neutro, sem revelar preferência por Lula ou Jair Bolsonaro (PL). Teria preservado a admiração dos dois grupos. Mas nos últimos momentos do segundo turno, pressionado por líderes do agronegócio, deputados da sua base e até por familiares, decidiu declarar apoio ao presidente Bolsonaro, criando uma certa antipatia com líderes petistas em função de ter garantido ao então candidato Lula, dias antes, que não apoiaria ninguém. O episódio se encerrou nas eleições.

Wanderlei Barbosa tem enorme senso de oportunidade. Se tornou governador não por acaso. Por saber o momento certo de puxar para si a responsabilidade de tomar decisão e ocupar espaço, Wanderlei não só busca uma aproximação com o presidente Lula, como vem demonstrando que pode exercer um papel de maior relevância entre novos os aliados. Nesta trajetória parece seguir os passos do governador do Pará, Jader Barbalho (MDB), considerado um dos governadores mais próximos do presidente Lula, e um dos mais prestigiados. 

Ainda que fosse por questões ideológicas, Wanderlei não teria nenhuma condição de se manter na oposição. É certo que apoiará o governo Lula e quanto mais cedo, melhor. Os atentados criaram a urgência que o governador precisava para assumir cada vez mais um papel de destaque neste processo de pacificação nacional e retomada do desenvolvimento. Nenhum tocantinense assumiu lugar no primeiro escalão do governo Lula até agora, o que deixa o governador mais tranquilo para uma parceria de Estado que contribua com a governabilidade.