Deputada estadual garante que seu partido, o PR, se organiza para disputa no maior número possível de municípios 

luana
Vinnie Parente

Gilson Cavalcante

A deputada estadual Luana Ribeiro (PR) afirma que o seu partido tem como meta, até o início do segundo semestre deste ano, a estruturação e o fortalecimento da legenda em todo o Estado, com vistas a disputar as eleições de 2016 no maior número de municípios possível, principalmente em Palmas. A parlamentar, que é vice-presidente da Assembleia Legislativa e presidente do diretório do PR da capital, diz ao Jornal Opção que os republicanos ganharão musculatura para desenvolver uma política de alianças que fará a legenda ter bons nomes para disputar as eleições de 2016. “Não existe nada definido ainda sobre as eleições de Palmas. Ainda temos um longo tempo para discussões, mas nós estamos abertos para o diálogo com todas os grupos políticos”, pondera a parlamentar, que disputou a prefeitura de Palmas em 2012.

Para ela, a experiência foi um aprendizado. “Talvez eu mudasse algumas coisas, mas ainda não sei responder se gostaria de disputar novamente a prefeitura. Ainda é cedo para se avaliar o cenário político, com vistas às eleições de 2016. Existe muito tempo ainda para as conversações e entendimentos. Mas em política, tudo é possível e provável, como dizia o meu pai, o senador João Ribeiro. Então, o ‘já ganhou’ é bem próximo do ‘já perdeu’. Política é muito dinâmica e tudo pode acontecer até 2016. Ainda há muita água para rolar debaixo da ponte”, avalia.

Aos 36 anos, Luana foi eleita com 20.906 votos para o terceiro mandato como deputada estadual. Iniciou sua vida pública em 2006, concorrendo pela primeira vez a uma vaga na Assembleia Legislativa. Em 2010, foi a segunda deputada mais bem votada e a primeira da sua coligação.

Suas principais bandeiras são segurança pública, saúde e educação. É de sua autoria o Projeto de Lei que reduziu de 40 para 30 horas a jornada de trabalho dos profissionais da saúde e do projeto que garante aos portadores de deficiência visual o direito de receber o boleto de suas contas de água, energia elétrica e telefone em Sistema Braille. Luana teve um papel importante também na federalização do Hos­pital de Doenças Tropicais (HDT), em Araguaina. “O hospital será federalizado com a garantia de que os servidores não serão demitidos neste processo de transição e nem os serviços paralisados”, sustentou. Luana é campeã em apresentação de matérias legislativas.

O PR está estruturado e preparado para disputar as eleições municipais de 2016?
Nosso partido está com novo presidente regional, o senador Vicentinho (Alves). Ele me falou que vai reestruturar o PR nos municípios tocantinenses. Agora, como estou na presidência do diretório metropolitano de Palmas, nós vamos fortalecer o partido na capital para que tenhamos bons nomes para disputar as eleições de 2016.

O PR pode fazer uma aliança com o prefeito Carlos Amastha (PP), que deve disputar a reeleição e, até o momento, tem feito uma administração que agrada a população?
Não existe nada definido ainda sobre as eleições de Palmas. Ainda tem um longo tempo para discussões, mas nós estamos abertos para o diálogo com todas os grupos políticos.

A sra. não pensa em alçar voos mais altos como postular uma cadeira na Câmara Federal?
É difícil falar isso nesse momento. Eu tinha muitos sonhos, muitas expectativas na política e eles estavam diretamente ligados ao meu pai, o senador João Ribeiro. Eu vivo e posso dar o melhor para a sociedade. Eu não fico planejando muito. Claro que está nos meus planos hoje ter vida para criar os meus filhos. É isso que peço todos os dias a Deus. Se Deus achar que está no meu caminho, no meu destino alçar voos mais altos na política, eu estou pronta. A vida vai nos lapidando, vai nos moldando e eu posso dizer – a minha primeira legislatura foi em 2006 – que hoje eu estou muito mais pronta do que naquela época. Muito mais madura, muito mais fortalecida, mais capacitada para representar a sociedade. O que a população tocantinense achar que mereço, eu vou aceitar. Mas hoje eu estou muito mais focada em corresponder às pessoas que me elegeram e às que não votaram em mim também. Quero que elas se sintam representadas. O amanhã a Deus pertence.

A sra. disputou a prefeitura de Palmas em 2012, com o apoio do PMDB. Ainda sonha em ser prefeita da capital?
Disputei a eleição em outras circunstâncias. Mas foi um aprendizado, uma grande honra disputar a prefeitura de Palmas. Foi uma escola incrível. Eu faria tudo novamente. Talvez mudasse algumas coisas, mas ainda não sei responder se eu gostaria de disputar novamente a prefeitura da capital.

A sra. acha que em 2020 seria mais viável postular a prefeitura de Palmas, tendo em vista que é quase impossível tomar a reeleição do Amastha?
Não vejo dessa forma, não vejo tão longe. Eu vivo o hoje e o que a população achar que eu mereço, vou respeitar e considerar. Não vou dizer que vou ser a melhor parlamentar da Assembleia, mas eu quero cumprir minha missão dentro do Parlamento. É claro que é uma honra disputar a eleição de uma capital como Palmas, uma cidade nova, planejada. Mas eu não sei se isso está mais nos meus planos políticos.

Mesmo porque o presidente regional do seu partido (senador Vicentinho Alves) já manifestou interesse em filiar o ex-prefeito Raul Filho ao PR para que a legenda tenha um nome competitivo para a disputa.
Eu não cheguei a conversar com o senador Vicentinho sobre esse assunto, mas todas as lideranças de nossa capital, todas as forças políticas são bem-vindas ao nosso partido. O que nós queremos é fortalecer o PR em Palmas, assim como nos outros municípios. Eu quero ter uma participação muito dinâmica e decisiva nas eleições municipais do ano que vem. Eu sou muito de base, gosto de estar próxima à população e isso me faz muito bem. Então, eu quero respaldar os municípios nas eleições de 2016.

O vereador Lúcio Campelo, que é do PR, foi um crítico contumaz do prefeito Amastha no ano passado, mas no início deste ano se aproximou do gestor para, logo em seguida, voltar à sua bateria de críticas contra ele. Existe uma orientação do partido nesse sentido?
Eu não sei como tem agido o vereador Lúcio Campelo. É ele que tem que falar. Mas não há nenhuma orientação do partido nesse sentido.

Dificilmente o prefeito Amastha perde a reeleição, pelo menos é o que se avalia até agora. A sra. comunga dessa tese ou acha que tudo vai depender da política de alianças daqui até as convenções partidárias do ano que vem?
Ainda é cedo para se avaliar o cenário político, com vistas às eleições de 2016. Existe muito tempo ainda para as conversações e entendimentos. Mas em política, tudo é possível e provável, como dizia o meu pai, o senador João Ribeiro. Então, o “já ganhou” é bem próximo do “já perdeu”. Política é muito dinâmica e tudo pode acontecer até 2016. Ainda há muita água para rolar debaixo da ponte.

A sra. diz que em política tudo é possível e provável. O PR não poderia fazer uma aliança com o PT, PMDB e PP como acontece em nível nacional, para costurar um entendimento nas eleições municipais do ano que vem e mantê-la para 2018?
O Partido da República em âmbito nacional deixa os diretórios estaduais à vontade para fazer suas alianças regionais. Ele (o PR) não faz muitas imposições nos estados e municípios, a não ser que tenha mudado a política do partido. Eu acho que quem determina é o presidente do partido e aqui no Tocantins o nosso presidente é o senador Vicentinho. Vejo-o com muita vontade de estruturar e fortalecer o partido.

Cláudia Lelis como vice-governadora mostra um avanço. Precisamos de mais mulheres na política”
“Cláudia Lelis como vice-governadora mostra um avanço. Precisamos de mais mulheres na política” / Foto: Manuel Lima

Como a sra. avalia todos esses problemas em torno do Decreto Legis­lativo, apresentado pela Mesa Dire­tora da Assembleia, para sustar os efeitos das medidas do Executivo que extinguiram os benefícios concedidos pelo ex-governador aos servidores públicos?
Tudo começou lá atrás, quando o governador Marcelo Miranda fez um decreto derrubando uma lei. Isso é inconstitucional, porque decreto não derruba lei. Portanto, a Assembleia fez um decreto suspendendo o decreto do governador.

A bancada de oposição deve sofrer alguns desfalques por esses dias, considerando que alguns parlamentares ditos “independentes” decidiram acompanhar a base aliada do governo. Como a sra. analisa esse momento?
Não só a oposição, mas nós temos um bloco de independência que foi formado na Assembleia para que fizéssemos a presidência da Casa e a Mesa Diretora. Tivemos êxito nesse projeto e, dentro desse bloco de independência, já existiam deputados que estavam conversando com o governo e sempre deixaram claro que não descartavam a hipótese de compor com o governo, mas tem também deputados que são de oposição.

Não seria um sofisma a denominação de “independentes”, que hora votam com o governo e em outras situações não?
O que foi importante e saudável para a democracia foi a eleição da Mesa Diretora independente, feita pela Casa, pelos parlamentares (sem a interferência do governo). A intenção foi essa. Os parlamentares escolheram, na sua maioria, o presidente desse Parlamento.

O líder do governo na Casa, deputado Paulo Mourão (PT), chegou a cogitar que o Decreto Legislativo seria uma manobra da oposição para levar o governo a incorrer em erros para, em seguida, pedir o impeachment do governador, caso ele concedesse os benefícios autorizados pela Casa, no ano passado, infringido assim a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Não houve nenhuma manobra política da oposição nesse processo. Nós estávamos guardando os direitos dos servidores públicos. Direitos trabalhistas adquiridos. O governo fala em LRF, mas todos os dias saem nomeações no Diário Oficial de comissionados. Há algo que não está batendo. Por exemplo, o quadro de pessoal da Polícia Civil, segundo o presidente do sindicado que representa a categoria, Moisemar Marinho, os benefícios concedidos impactam primeiro na folha de pagamento dos servidores, o que não vai falir o Estado e nem vai infringir a LRF. O que nós temos que ter é coerência com os atos.

Mas o governo anterior não encaminhou a Lei Orçamentária Anual (LOA) para a Assembleia prevendo recursos para fazer face às despesas com os benefícios concedidos.
Na realidade, o governo anterior (Sandoval Cardoso) não conseguiu enviar o orçamento. É diferente. Não conseguiu porque não tinha mais a quantidade de votantes (deputados), muitos já estavam trabalhando na base do governador eleito Marcelo Miranda. Portanto, o governador anterior não tinha era condições de colocar o orçamento para ser votado. Mas todo governador que entra (assume o mandato) até prefere colocar o orçamento do formato da sua gestão. Agora, o Tocantins passou e passa por uma crise política e, infelizmente, quem paga o preço por isso é a sociedade.

A sra. se refere à crise de má gestão administrativa ou de liderança política?
Crise político-administrativa e de liderança. Temos um governo que começou com muitas dificuldades com os servidores públicos, mas eu observo que as categorias estão abertas e prontas ao diálogo e tudo tem que ser conversado e entendido entre governo, servidores e sociedade. Inclusive, nós vamos realizar uma audiência pública na terça-feira, dia 10, para debatermos a questão de segurança pública no nosso Estado.

A destruição de ônibus em Ara­guaína tem alguma ligação com o movimento que ocorreu também em Palmas?
A Polícia Civil está investigando esses episódios. Acho que é a ela que tem mais propriedade para fazer essa avaliação. Mas eu ouvi um promotor de Justiça falando que todos esses fatos estão interligados. Uma questão que acompanhei pela imprensa e que nos preocupa muito. É por isso que acho que o governo tem que tomar medidas urgentes e enérgicas para contornar a situação e proteger a nossa população.

Existe uma movimentação da bancada feminina no Congresso de aumentar a participação das mulheres nos Legislativos nacional e estaduais. A sra. acha que ainda há muito preconceito de gênero na política brasileira e tocantinense?
Sempre tenho lutado por isso. A participação da mulher na política é importante e necessária. Eu sempre digo que a mulher não é melhor em nada do que os homens e vice-versa. Juntos, somam esforços e são o equilíbrio da nossa sociedade. Agora, a participação feminina é mais tímida na política porque o sistema é bruto. É muito difícil você deixar seus afazeres com a família. Ao contrário do que muitas pessoas pensam de que político não trabalha é equivocado. Político trabalha muito. Acredito que a mulher tem que trabalhar três vezes mais que o homem para se firmar na política. Não é fácil, é uma tarefa árdua. Eu sonho ainda em ver a Assembleia Legislativa com uma maior participação feminina, bem como as Câmaras de Vereadores, as prefeituras, os governos, em todas as instâncias. Defendo que a participação feminina seja aumentada. Na legislatura passada, por exemplo, nós tínhamos quatro mulheres deputadas e nessa, temos apenas três. Eu acredito que as mulheres têm que ser mais unidas também. Nós somos a maioria do eleitorado (51%) e as mulheres tem menos representação na política. Então, nós temos que conscientizar mais as mulheres e chamá-las a participar da política. Não é fácil, mas é muito gratificante. Nesses anos que estou na política, pude observa que o homem tem uma forma de agir e a mulher tem outra. A mulher pode ser dura, mas ela não perde a ternura, o que é algo do instinto feminino. Precisamos da participação efetiva da mulher na política.

Por força da lei, que impediu o ex-deputado Marcelo Lelis (PV) ser candidato a vice de Marcelo Miranda, o Tocantins conta hoje com uma vice-governadora, Cláudia Lelis, esposa de pevista. Isso já é um avanço?
Isso é um avanço sim. É muito saudável para nossa sociedade. Aqui na Assembleia, sou vice-presidente da Casa. No nosso grupo só tinham homens e somente eu de mulher. Foi uma escolha do grupo e eu fiquei muito honrada e muito lisonjeada porque meus colegas decidiram me indicar por acharem necessária a participação feminina na Mesa Diretora. Achei muito gentil da parte deles.