Prefeito de Goianorte diz que administração do ex-prefeito Raimundo da Silva Parente foi desastrosa, razão por que o denunciou nos órgãos de controle

Prefeito de Goianorte, Luciano Pereira de Oliveira | Foto: Divulgação
Reeleito com 72,32% dos votos no pleito de 2016, o prefeito de Goianorte, Luciano Pereira de Oliveira, está filiado ao PSD e é considerado um fenômeno das urnas no Estado do Tocantins. Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, ele expõe as dificuldades herdadas do seu antecessor e os avanços de sua gestão à frente do município.
Sobre o processo político de 2018, ele avalia que será um dos mais disputado dos últimos tempos e declara seu apoio ao deputado Cesar Halum (PRB) para a disputa do Senado Federal. Sobre as pré-candidaturas ao governo, Luciano diz que ainda não definiu seu apoio.
O sr. foi eleito a primeira vez em 2012 pelo PSB, migrando para o PSD em 2016. Como se deu essa mudança e quais foram os maiores desafios de sua gestão?
Obtive 1.973 votos pelo PSB nas eleições de 2012. Assumimos um município quebrado, sucateado, completamente combalido. Representei a esperança de um povo, naquele momento. Não tínhamos crédito sequer para comprar uma caixa de fósforo a prazo nos comércios local e estadual. Os salários dos funcionários estavam atrasados e o maquinário da prefeitura sem funcionar. Posso dizer que a gestão do ex-prefeito Raimundo da Silva Parente foi desastrosa.
Acertei tudo isso. Creio que fiz uma gestão exemplar, visto que fui reeleito em 2016, quando recebi 2.500 votos, já pelo PSD. Isso representou 72% dos votos válidos, num sinal claro que a população confiou no meu trabalho.
A quais fatores o sr. atribui essa significativa votação?
A reorganização da coisa pública e da máquina administrativa foi o marco da gestão. Após tomar posse, esqueci a política e tratei de cuidar da administração direta do município. Foram seis meses de sofrimento, com sérias e drásticas reduções de custos e de pessoal. Não tínhamos nenhuma certidão negativa e isso trazia vários transtornos para obtenção de recursos públicos.
Para se ter uma ideia, consegui terminar a construção de uma creche, a qual a gestão anterior havia iniciado e desviado todo o recurso – mais de R$ 1 milhão – e a obra continuava inacabada. Era uma questão de honra para a minha gestão. Com a autorização da Câmara Municipal, destinei verbas mês a mês do tesouro municipal para concluir a obra e a entreguei em julho de 2016. Consegui, portanto, mesmo recebendo Fundo de Participação dos Municípios (FPM) de 0,6% (pequeno porte), pôr fim àquele “elefante branco” que existia em nossa cidade, e consequentemente, beneficiar várias famílias.
O sr. denunciou os desmandos do ex-prefeito aos órgãos de controle?
Sim, perfeitamente. Tanto o Ministério Público quanto o Tribunal de Contas do Estado do Tocantins têm ciência do que houve, como também já tomaram as providências pertinentes ao caso.
Ele (ex-prefeito) está completamente enrolado e praticamente inelegível. Me resguardei de tudo, uma vez que nem sequer recebi os balancetes da gestão anterior e como havia provas de desvio de recursos federais, denunciei, também, à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.
Quais são as fontes de riqueza que contribuem para existência e crescimento do seu município?
Basicamente produção de leite, pecuária de corte e agricultura de soja e milho. São mais de 90 mil bovinos criados no nosso território, que tem 1.800 km². Já a fronteira agrícola se expandiu muito nos últimos cinco anos e, hoje, há aproximadamente 4 mil hectares cultivados.
No que concerne à bacia leiteira, verifica-se no inverno, a produção de cerca de 27 mil a 30 mil litros de leite por dia. No verão, período de estiagem, esse número é reduzido em aproximadamente 30% a 40%, mesmo assim, é suficiente para garantir a subsistência de grande parte da população local.
O que seria necessário para fomentar e aquecer ainda mais a economia da sua cidade e região?
O asfaltamento da TO-164, que liga Goianorte à cidade de Dois Irmãos seria uma excelente via de escoamento de nossa produção, uma vez que nos possibilitaria chegar à BR-153, pela cidade de Miranorte ou até mesmo por Paraíso do Tocantins, uma vez que nossa única saída para aquela rodovia é por Colmeia.
Saindo para a direita, teríamos, também, acesso ao Estado do Mato Grosso. Esse é um dos compromissos firmados pelo deputado Cesar Halum com a nossa região, que se viabilizará, segundo ele, por intermédio de uma emenda de bancada.
No que concerne às áreas da educação e saúde, quais foram os avanços havidos em seus mandatos?
Construímos uma escola de seis salas no assentamento Santa Rita, terminamos uma creche, reformei e reativei duas escolas desativadas. Na rede municipal, assumi com 320 alunos e no último censo (2017), já contávamos com 1.049 alunos. Conseguimos, ainda, 6 ônibus escolares e temos 60 professores.
Na saúde, não faltam remédios na farmácia básica. Conseguimos manter médicos e enfermeiros 24 horas nos postos de saúde, que, diga-se de passagem, estão devidamente equipados.
Reitero que não há quaisquer atrasos salariais por parte do município em ambas as áreas.
Como o sr. ressaltou, seu município sobrevive de uma quota porcentual de 0,6% do FPM. Como garantir realizações e uma boa gestão se há provas claras que esses recursos não são suficientes para proporcionar o básico à população?
O FPM basicamente quita a folha de pagamento. Temos que pedir socorro aos senadores, deputados federais e estaduais, através das emendas parlamentares. O deputado Cesar Halum, por exemplo, tem garantido recursos ao nosso município, principalmente no custeio da saúde e pavimentação asfáltica.
Já o deputado Irajá Abreu (PSD), que é presidente estadual do meu partido, também tem feito esforços para ajudar a nossa região, através da destinação de emendas, como equipamentos médicos para equipar o postinho municipal de saúde, aquisição de ônibus escolares, tratores, e também para pavimentação asfáltica.
E quanto aos deputados estaduais, quais estão vinculados à sua gestão?
Há uma convivência muito boa com todos. Contudo, os mais próximos são os deputados Vilmar Oliveira (SD) e Luana Ribeiro (PDT), que tem conseguido direcionar emendas, mesmo que pequenas, para o nosso município. Compreendo que a alçada deles é muito menor que aquela dos parlamentares federais, mas agradeço o empenho de ambos, principalmente no que se refere a verbas para assistência social, cultura e lazer, bem como, custear a festa do aniversário da cidade (1º de junho), uma data marcante para nossa comunidade.
O sr. assumiu, recentemente, a coordenação da pré-campanha do deputado Cesar Halum ao Senado Federal, na região do médio Araguaia. A candidatura decola, e mais: é possível transferir-lhe alguns votos nesta região?
A luta não é somente minha e sim de uma comunidade que anseia por melhorias. Os prefeitos e os vereadores do interior ainda têm certa influência perante os eleitores. Acredito que conseguiremos sim, convencer a população que o Halum fez muito pela nossa cidade, enquanto deputado federal, e fará muito mais, caso seja alçado ao cargo de senador. Essa representatividade já é, inclusive, reconhecida por grande parte do eleitorado, que está consciente dos benefícios que o parlamentar proporcionou para nosso município.
A região do médio Araguaia compreende Goianorte, Colmeia, Guaraí, Itaporã, Couto Magalhães, Juarina, Pequizeiro, Bernardo Sayão e Colinas do Tocantins. É nessa área que vamos buscar apoio para Halum. E o prefeito de Dois Irmãos, que faz parte da microrregião do Cantão, já declarou apoio ao nosso pré-candidato.

“Os políticos têm de se adaptar à modernidade. hoje não é possível fazer mais nada escondido. até mesmo as classes C e D têm smartphones com acesso às redes sociais e as notícias se espalham com velocidade impressionante” | Foto: Bruno Fortuna / Fotos Públicas
O deputado Halum realmente tem o perfil para assumir o cargo de senador da República?
Não tenho qualquer dúvida. Vejo qualidades ímpares, uma vez que é um “cabra” (sic) honesto, sincero, trabalhador, compromissado e pensa no Estado como um todo e não apenas na região que o elegeu. Além disso, é necessário ressaltar que ele, diferentemente da grande maioria dos políticos profissionais, não está envolvido em qualquer escândalo de corrupção ou crimes contra a administração ou a ordem tributária. Esse vai ser o diferencial do Cesar Halum nesta eleição, porque sua ficha é limpa. Esse fator vai ser analisado e colocado na balança pelo eleitorado.
Na condição de coordenador da campanha dele na sua região, como o sr. vislumbra o fator internet e redes sociais nas próximas eleições?
A globalização chegou aos mais diversos rincões e nós, políticos, temos que nos adaptar a essa modernidade. Hoje não é possível fazer mais nada escondido, uma vez que até mesmo a classe C ou D possui smartphones com acesso às redes sociais. As notícias, boas ou ruins, se espalham com uma velocidade impressionante.
Além do apoio declarado ao Halum, o sr. já se posicionou ou se alinhou a algum candidato ao governo do Estado?
Ainda não fui procurado por nenhum deles, nem tampouco firmei compromisso com os pré-candidatos declarados. Ainda está totalmente indefinido o meu apoio, para o cargo de governador. Inobstante a isso, também tenho que conversar com meus vereadores e lideranças da região para escolhermos o melhor nome.
Na condição de prefeito eleito pelo PSD, caso a senadora Katia Abreu, genitora do deputado Irajá, seu aliado, se candidate ao governo, o sr. não estaria obrigado a apoiá-la?
É uma situação complicada, mas hipotética, por enquanto. Não é possível tratar desse tema neste momento. Após as definições das candidaturas, caso o deputado Irajá peça o apoio para Katia, vamos conversar e debater o tema com muita tranquilidade, sapiência, mas principalmente, expor nossas necessidades e acertar eventuais propostas e conquistas para a nossa comunidade.
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