Laurez Moreira expõe sua trajetória política, os legados da sua gestão como gestor de Gurupi, como também os planos para o processo eleitoral de 2022

Laurez Moreira é tocantinense, natural de Dueré-TO. É graduado em direito e foi vereador da sua cidade natal, além de deputado estadual pelo Tocantins, eleito em 1994 e reeleito em 1998 e 2002. Já no ano de 2006, foi eleito deputado federal, sendo posteriormente, reeleito em 2010. Sua principal bandeira de luta sempre foi municipalismo. No parlamento federal foi um dos deputados que mais destinou recursos para os municípios do Tocantins. Sua trajetória política tem seguimento quando foi eleito, em 2012, prefeito da cidade de Gurupi-TO e reeleito em 2016. 

Nessa entrevista exclusiva ao Jornal Opção Tocantins, Laurez Moreira, expõe sua trajetória política, os legados da sua gestão como gestor de Gurupi, como também os planos para o processo eleitoral de 2022. 

O Sr. possui um histórico político no Tocantins, muito vasto tem exercido os cargos de deputado estadual e federal e, também, prefeito da cidade de Gurupi por dois mandatos, cuja aprovação ao final de 2020, foi acima de 80%. Como o senhor avalia essa questão, como também a sua trajetória política? Quais foram os diferenciais?
Iniciei minha vida pública como líder estudantil, quando fui estudar direito em Uberaba. Fui presidente de diretório acadêmico e, naquela época, havia no Brasil, principalmente dentro das Universidades, um movimento estudantil muito forte pela anistia. Defendemos isso nas praças públicas, lutamos pela nossa liberdade no final da década de 70 e início da década de 80. Depois engajamos na luta pelas “Diretas Já” e contamos com a participação efetiva da sociedade nesse movimento de redemocratização do país.

Esses dois movimentos foram os que mais marcaram o movimento estudantil naquela época. Comecei fazer política partidária e, mesmo estando em Uberaba, ainda assim registrei candidatura na minha cidade, Dueré, consegui ser eleito, mesmo estando a 1.200 km de distância. Tive o prazer de obter 10% dos votos para vereador. Então, por estas circunstâncias, sempre estive envolvido com as atividades políticas.

E no que concerne aos seus outros mandatos?
Me elegi três vezes deputado estadual e, depois, mais duas vezes como deputado federal. Além disso, exerci também o cargo de Secretário de Estado de Industria, Comércio e Turismo, criando vários programas interessantes e importantes, como o “Programa Prosperar”, que incentivava a abertura de empresas. Fui responsável pela implantação do primeiro distrito industrial de Palmas. 

Na experiência enquanto prefeito de Gurupi, por dois mandatos, entre 2012 e 2020, tive o prazer de fazer uma gestão que avançou em todas as áreas, conseguindo bons resultados para o município. Assumimos a prefeitura com muitas dificuldades e dívidas. A cidade estava passando por muitos problemas e, após muito trabalho e dedicação, conseguimos fazer uma gestão que foi exemplo para o Tocantins, cujo resultado final culminou com uma aprovação de 95% por parte da população.  

Não havia nenhuma creche e construímos várias, como também CMEIs. Fizemos uma boa política na saúde, construindo oito Unidades Básicas de Saúde e ainda dois CAPS , além de um Centro de Especialidades odontológicas e de reabilitação oral. Posteriormente, após alguns anos, reformamos as unidades básicas de saúde.

Atualmente, Gurupi é única cidade do Estado em que todos os prédios públicos são iluminados e alimentados por energia solar, como também, uma das poucas do Brasil cuja zona urbana está totalmente georeferenciada. Deixamos a cidade com cara do modernismo, com iluminação LED. Construímos e fizemos obras em todas as áreas, um belo mercado municipal e, ainda, articulamos para que empresários se estabelecessem na região, viabilizando a construção de um shopping. Reativamos, também, o distrito Agroindustrial da cidade.

Por tudo isso, os oito anos de administração me dão muito orgulho. Além disso, Gurupi é uma das cidades do Tocantins que mais tem servidores concursados, prestigiando a meritocracia, deixando de lado a politicagem na indicação de ocupantes dos cargos públicos. Limitei, ao máximo, a lotação de cargos comissionados e estipulamos ainda que 40% dos cargos que recebem funções gratificadas sejam ocupados por  funcionários de carreira.  Foi uma maneira de valorizá-los. Além disso, revitalizamos o plano de saúde dos Servidores Municipais que estava em estado precário e se tornou um exemplo de gestão, uma vez que pagávamos todas as nossas obrigações rigorosamente em dia. 

Por fim, o Instituto de Previdência enfrentava, no início da minha gestão, uma situação muito delicada, pois tinha 21 anos de existência e apenas R$ 13 milhões em caixa. Ao final da gestão, o balanço indicou que o Instituto contava com R$ 114 milhões de reais no caixa, pagando também em dia os salários dos servidores aposentados, como também o parcelamento da dívida anteriormente contraída.

E quanto a Unirg que é uma faculdade que está sob a administração do município?
Construímos um belo prédio para abrigar a faculdade, uma estrutura física excelente e, após muitos esforços, transformamos numa universidade, o que permite a expansão para outros municípios do Estado do Tocantins. Fizemos isso para a cidade de Paraíso do Tocantins,  onde a Unirg irá gerir o curso de medicina. Essa condição é de uma outra dimensão a essa Universidade, que já se tornou referência para todo o Estado.

A boa gestão na cidade de Gurupi, durante oito anos, está relacionada ao fato do Sr. ter exercido cargos de deputado, estadual e federal?
Sem sombra de dúvidas, a experiência ajudou muito. Ao exercer os mandados passa-se a conhecer os meandros da captação de recursos em Brasília, bem como as pessoas e os órgãos, com que se pode contar para obter verbas. Há, nos mais diversos ministérios, recursos para que serem aplicados em infraestrutura, saúde, educação e políticas públicas para os municípios. 

Mas também é necessário saber elaborar os projetos, contar com uma boa equipe técnica, bem estruturada  e ter conhecimentos, visando fazer com que os recursos sejam efetivamente viabilizados e liberados. Muitos deles até são programados, todavia, não são efetivamente pagos. Há muita burocracia nesse meio. É preciso saber lidar com isso. 

Quando me candidatei à Prefeitura de Gurupi, eu já vinha me preparando politicamente há muitos anos para exercer mandato, uma vez que os cargos de deputado me deram muita experiência. Só é possível apresentar boas estatísticas e resultados se houver preparação prévia. Minha meta era fazer uma boa gestão, uma boa administração, que se tornasse referência, não só para o Tocantins como para todo o Brasil. 

Quando assumi a gestão do município, a avaliação era letra “C” e quando entreguei a nota era AAA, a melhor classificação em termos fiscais, junto à Secretaria do Tesouro Nacional.  Para se ter uma ideia, o Estado do Tocantins atualmente é letra “C” e, por mais que tenha feito esforços, não consegue sair desse patamar.  Posso dizer, por fim, que fiz uma gestão com seriedade e respeito ao dinheiro e aos gastos públicos.  

Se a sua administração foi tão interessante, marcada pelo sucesso e aprovada pela população, porque o Sr. acredita que  não conseguiu eleger o seu sucessor, transferindo-lhe os votos?
Penso que cada político tem uma característica diferente e, muitas vezes, ao registrar a candidatura apresenta-se um projeto que é aceito ou não pela população. Todas as vezes que disputei eleições obtive êxito, mas eu não posso garantir que isso ocorra com os meus indicados à sucessão. Em 2012 disputei a eleição municipal de Gurupi com o atual governador do Estado do Tocantins e ganhei dele, mesmo lutando contra a força do poder econômico e mais: com mais de 6 mil votos de frente. 

O Gutierres, candidato escolhido pelo nosso grupo, talvez tenha errado na estratégia. Também é possível que ainda lhe falte experiência para disputar o pleito majoritário, porque posso garantir que é um homem de valor e um bom gestor público. Além disso, é muito importante a vocação política para conversar com eleitorado e convencê-lo. Outro fator, que naturalmente influiu nessa eleição, foi a força do poder econômico, uma vez que o Palácio Araguaia apoiou a candidatura oposicionista e influenciou muito no resultado das urnas.

Uma espécie de pré-campanha eleitoral para 2022 já se iniciou e vários políticos do Tocantins manifestaram seu desejo de disputar cargos no próximo pleito. O grupo ao qual o senhor pertence tem muitos candidatos e seria interessante que o Sr. explicasse como será essa confluência de interesses para encaixar todos eles mesmo tempo, uma vez que vários deles, inclusive o Sr., pretende ser candidato ao governo do Tocantins…
Em que pese ter exercido cargos no legislativo, meu perfil é executivo. Assim como preparei, por longos anos, para administrar cidade de Gurupi, também me preparei para governar o Estado. Acredito que meu histórico me credencia. Afirmo: sou pré-candidato a Governador em 2022, porque  faço política por vocação. Respeito o direito dos colegas em pleitear o cargo, mas acredito que à medida que o processo vai ser afunilando, as convenções vão chegando e as decisões devem ser tomadas. Acredito que participar do processo político não é um direito, mas sim um dever do cidadão de bem.

Porque o Sr. quer ser governador do Tocantins? Qual seria o diferencial?
Na minha visão, o Estado está mal administrado pela atual gestão. Vejo um potencial de desenvolvimento muito grande, todavia, inexplorado. As atividades econômicas  – que mais tem desenvolvido no país, que é o agronegócio – é o ponto forte do Estado do Tocantins. Entretanto, essa atividade – uma das únicas pujantes no Tocantins –  praticamente não depende de incentivos governamentais e vem se desenvolvendo sozinha. A agricultura e a pecuária, que são as matrizes da nossa economia, infelizmente não podem contar com o governo, que não tem feito muita coisa para fortalecê-la. Para se ter uma ideia, nós somos grandes exportadores de milho, soja e carne, que são atividades que sobrevivem sem ação governamental. Já na área do Hortifrutigranjeiro, somos importadores de tudo que consumimos, praticamente porque o órgão de extensão rural – que deveria dar suporte ao pequeno e médio produtor – não tem estrutura para atendê-los. Muitas vezes não se tem equipamentos ou profissionais e quando se tem um ou outro, falta condições de trabalho. Nós temos que mudar  essa realidade no Tocantins.

A bem da verdade, não há uma política de desenvolvimento por parte do governo estadual, como também não há programas, mesmo havendo muito potencial a ser explorado. Nos pontos turísticos do Estado, por exemplo, não há infraestrutura governamental que atraia  pessoas dispostas a gastar. As obras desses locais, são apenas aquelas que Deus deixou, não havendo ações do governo para que fosse possível tirar uma fotografia e levar de recordação.

Em relação a essas forças de oposição, entre os quais  o ex-senador Ataídes Oliveira, o ex-prefeito Carlos Amastha e o ex-governador Marcelo Miranda, qual é o estágio de entendimento entre esse grupo, visando a composição de uma chapa?
Estou conversando com todos aqueles que estão insatisfeitos com o governo atual. Temos que nos unir, nos fortalecer e formar um grande grupo, visitando os municípios, prefeitos e vereadores. É necessário apresentar soluções para os problemas e, também, um projeto de governo robusto, visando mudar o atual cenário. Precisamos viabilizar o Tocantins como referência no contexto nacional  porque, como já disse, tem muito potencial a ser desenvolvido. Somos maiores que vários Estados e até maior que vários países e há um potencial logístico incrível que precisa ser melhor explorado. Na minha visão está faltando  gestão.

O Sr. pensa, neste caso, em se tornar o candidato desse grupo político?
Sim, estou me preparando há vários anos para isso e sou pré-candidato ao governo. Logicamente, ninguém ganha eleição sozinho e, por isso, vamos conversar com todos os pré-candidatos que tem a mesma vontade, para encontrarmos o melhor nome. O clamor popular também é importante e tentarei demonstrar aos companheiros que tenho melhores condições para exercer o cargo. Posto isto, creio que o meu nome seja capaz de aglutinar oposição e as lideranças políticas. É necessário levar em conta a máxima que diz que a “política é a arte do possível”. Assim sendo, todas as articulações e discussões com os interessados, como também a própria população, devem ocorrer.

Hipoteticamente o Sr. fosse eleito governador e, considerando seu histórico com a região centro-sul do Estado, quais seriam os seus projetos para o “Bico do Papagaio” uma região do norte, árida e muito abandonada, que sofre há tanto tempo por falta de políticas públicas?
Devo dizer que dentre as vezes que disputei mandatos eletivos de deputado, tive excelentes votações do Bico do Papagaio. Conheço muito bem aquela região, que tem muita influência do norte e nordeste. Posso dizer que me identifico muito, porque minhas raízes, paternas e maternas, são dos Estados do Piauí e Maranhão. Exatamente por ter atuado no parlamento estadual e Federal, conheço muito os anseios daquele povo. Naturalmente, é necessário discutir projetos desenvolvimentistas para aquela região, não apenas com as lideranças políticas mas também com as comunidades envolvidas. 

Penso que, assim como o restante do Tocantins, a cadeia produtiva naquela região deve basear-se no agronegócio e acredito que deveríamos seguir modelos que já deram certo em outros locais. Poderíamos começar pela produção de grãos; depois, investimentos na criação de pequenos animais e, por fim, a industrialização das cidades, fazendo com que essa cadeia produtiva se desenvolva, além de gerar emprego e renda para a população.  O meu sonho é que o Tocantins deixe de ser um exportador de “commodities” e passe, também, a ser exportador de proteína animal.

Em relação a filiação partidária, o Sr. pretende correr concorrer a esse cargo, em 2022, por qual partido?
Isso ainda está  sendo discutido e articulado e, até o momento, não foi definido. No momento oportuno, me filiarei a uma sigla que tenha a mesma linha ideológica que a minha. É fundamental fazer uma boa escolha, pois o sucesso de uma eleição está intimamente ligado à escolha do partido.

Há uma discussão no Congresso Nacional a respeito da alteração da Lei eleitoral para as eleições de 2022, entre as quais, a possibilidade dos partidos voltarem se coligar. Especificamente sobre o voto distrital, qual é a sua opinião?
Sou plenamente favorável ao voto distrital, uma vez que o eleitor tem condições de votar e eleger alguém que esteja realmente próximo da comunidade, além de conhecer os problemas dela,  como também, trazer bons resultados e ações práticas. 

O atual modelo de eleição no Brasil é injusto. Os candidatos que fazem política por convicção enfrentam sérios problemas por não conseguem percorrer todo o Estado. Paralelamente, aqueles que tem grande poderio econômico, que fazem da política um negócio, conseguem se eleger com facilidade. Na grande maioria das vezes, os candidatos mais abastados contratam lideranças nas localidades onde ele sequer é conhecido e acaba por obter muitos votos, sem ter quais serviços prestados para aquele povo. 

Já o voto distrital, na minha concepção é um voto mais consciente. O eleito é um representante daquele distrito, daquela comunidade, daquela região e isso vai obrigá-lo a mostrar serviço, dar satisfações, no exercício do mandato. Por tais circunstâncias, acredito que o Brasil deve adotar, urgentemente, o modelo e sistema do voto distrital. Na minha visão, o conceito de Senado é a representação do Estado, enquanto o conceito de Câmara de Deputados é a representação do povo.