Influenciadora criada por IA preocupa rivais de carne e osso
02 janeiro 2024 às 11h06
COMPARTILHAR
Aitana Lopez é uma influcenciadora digital que com seus cabelos cor-de-rosa, conquistou mais de 200 mil seguidores nas redes sociais, tornando-se uma sensação virtual. No entanto, a ironia reside no fato de que Aitana é totalmente fictícia, uma criação de inteligência artificial (IA) conhecida como uma “influenciadora virtual”. Aitana foi criada usando ferramentas de inteligência artificial, uma das centenas de avatares digitais que entraram na crescente economia de criadores de conteúdo de US$ 21 bilhões.
Empresas como a The Clueless, agência com sede em Barcelona, exploram essa nova fronteira da publicidade, capitalizando em avatares digitais para promover produtos e marcas. As marcas pagam quantias consideráveis, cerca de U$ 1 mil por postagem, para que influenciadores virtuais, como Aitana, promovam seus produtos nas redes sociais.
Essa tendência levanta não apenas preocupações sobre a potencial canibalização da renda dos influenciadores humanos, mas também questionamentos éticos sobre a transparência na comunicação online.
Os defensores da criação de influenciadores virtuais argumentam que estão desafiando um mercado inflado, surpresos com as altas taxas exigidas por influenciadores humanos. A pergunta que surge é se a criação dessas personalidades digitais, muitas vezes mais acessíveis financeiramente para as marcas, é uma forma legítima de disruptura ou uma ameaça ao profissionalismo humano.
A análise de parcerias entre marcas de luxo e influenciadores virtuais, como Kuki, revela uma capacidade surpreendente de alcançar um público maior a um custo significativamente menor em comparação com anúncios tradicionais. Essa eficiência financeira é, sem dúvida, atraente para as marcas, mas até que ponto isso influencia efetivamente o comportamento de compra dos consumidores é uma questão em aberto.
A falta de regulamentação sobre a transparência dos influenciadores virtuais também suscita preocupações. No Reino Unido, por exemplo, não há regras que obriguem essas criações de inteligência artificial a divulgar sua verdadeira natureza. Em contrapartida, a Índia já adotou uma abordagem mais transparente, exigindo que influenciadores virtuais revelem suas origens de IA.
O dilema ético não se limita apenas à transparência. A representação de influenciadores virtuais levanta questões sobre diversidade e inclusão. Muitas dessas criações, como Lil Miquela, apresentam características racialmente ambíguas, o que pode ser interpretado como uma estratégia de marketing para atingir um público mais amplo. A crítica se concentra em como essa abordagem pode, na verdade, ser uma forma de marketing vazia, projetando uma imagem progressista, mas muitas vezes sem envolver indivíduos reais de diferentes origens.
Leia também: