Dia do Orgulho Nerd: com espaço conquistado, o que ainda há para celebrar na data?

25 maio 2023 às 17h56

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Há alguns anos, o dia 25 de maio é lembrado como o Dia do Orgulho Nerd. Entre os motivos que justificam a escolha da data estão o dia de estreia do primeiro filme Star Wars nos cinemas, em 1977, e o consagrado Dia da Toalha, celebrado a partir de 2001. Naquele ano, fãs dos trabalhos do autor Douglas Adams – criador de O Guia do Mochileiro das Galáxias – comemoraram um dia em homenagem ao autor, duas semanas após sua morte.
De lá pra cá, muitas coisas mudaram no cenário ao redor do termo. Em meados da década de 80, o nerd era explorado pelo cinema hollywoodiano como estereotipado e, muitas vezes, vítima de bullying e ataques. Hoje, ainda que tenha mantido estereótipos de fortes interesse em assuntos como ciência, RPG, quadrinhos e filmes, os nerds passaram a ser abraçados por essa mesma indústria. Hoje, heróis antes reservados a páginas de quadrinhos são responsáveis por movimentar as maiores cifras nas produções de cinemas e séries, por exemplo.

A evolução dos temas, coloca em xeque a necessidade de um dia de celebração do Orgulho Nerd. Isso porque, se antes era interessante buscar uma representação para um grupo que era mais visto como chacota do que como exemplo, hoje os interesses e hobbies dos nerds são ponto central de discussões no mundo do entretenimento. Nesse sentido, no entanto, pode ser mais importante olhar para a data como motivo para refletir sobre a importância da inserção dos temas nerds em debates que, de fato, ajudem a provocar transformações positivas.
Tecnologia e impacto social
Parte disso está, principalmente, nos setores da sociedade que conectam jovens e ciência. Há 25 anos no mundo e a 15 no Brasil, a Campus Party é uma das responsáveis por promover essa conexão. Vindo para a quinta edição em Goiás (terceira de forma presencial), a Campus Party é um evento que visa promover conhecimento e inclusão digital por meio de de encontros entre atores locais e nacionais, como empresas, instituições de ensino, comunidades, parceiros de mídia e instituições públicas, no intuito de fomentar novas iniciativas no cenário tecnológico.
A edição 2023 será a terceira realizada presencialmente para o público goiano e acontece entre os dias 7 e 11 de junho. Para o head da Campus Party Brasil, Ricardo Queiroz, o evento acompanhou a transformação do conceito do nerd no país, conseguindo se manter relevante como espaço de discussão que propõe avanços importantes para a sociedade. Vale lembrar que, antes da consagração de eventos de cultura pop e entretenimento nacionais – como os também gigantes CCXP e Brasil Game Show (BGS), por exemplo – a Campus reunia grande parte dos públicos interessados nos temas, mesmo que com maior foco em ciência, tecnologia e inovação.
“Temos o mesmo público, em momentos e comportamentos diferentes. Esta é a grande diferença. Nos outros eventos, o público comparece mais como fã, pelos seus hobbies, aqui ele trabalha o futuro como profissional, enquanto busca uma evolução”, destaca Ricardo. “A Campus tem o papel de olhar para grandes tendências e grandes revoluções, e isso ainda é muito atual”.

O porta-voz do evento destaca a importância do espaço especialmente para reunir jovens que possam ter o primeiro contato com oportunidades na área e, a partir daí, caminhar para um olhar mais aprofundado para a importância de debates e discussões de cunho nerd e geek como opção profissional. “Quando a gente olha para a ciência ou tecnologia, às vezes ela não é muito atrativa, então criamos iniciativas para trazer a juventude”, explica.
Entre algumas ações de destaque, por exemplo, Ricardo cita o Campus Kids, que aproxima o público mais jovem de conhecimentos de robótica e lógica de programação, para criar uma proximidade com a área, e o PrinterChef, que propõe um olhar para a alimentação do futuro. Nesse programa, acontece uma competição gastronômica com alimentos feitos com proteínas impressas que ganham formas após serem cozidas, fritas ou assadas, como qualquer alimento, a fim de pensar alternativas para o futuro da gastronomia.
Goiás
Em Goiás, a organização da Campus Party tem parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Goiás (Secti), que também possui forte atuação na formação tecnológica dos goianos, especialmente do público jovem. Por meio das Escolas do Futuro de Goiás (EFGs), por exemplo, a secretaria oferece cursos como Desenvolvedor Python, Lógica de Programação, Produção de Games e Interação Virtual, Desenvolvimento de Jogos Digitais em Dispositivos Móveis, Sistema de computação, Modelagem 3D com blender e Modelagem 3D para prototipação. Os cursos são alguns dos mais de 90 oferecidos pelas EFGs — atualmente, são mais de 8 mil vagas abertas para diversas modalidades em formação tecnológica, mas também em artes e outras áreas.
“Nossa intenção é formar um exército de programadores em Goiás. Os jovens goianos querem aprender a programar para se inserir ou se recolocar no mercado de trabalho. Existe demanda e vamos prepará-los para competir no mundo e na economia do futuro”, diz o secretário José Frederico Lyra Netto.
A Secti ainda tem outras iniciativas de inserção no mundo da tecnologia, como os cursos de robótica dos Laboratórios Include, programa de tecnologias avançadas que nasceu numa Campus Party; e o Sukatech, que oferece cursos de informática e manutenção de computadores. A pasta lançou recentemente também o Goianas na Ciência e Inovação, programa que visa incentivar a entrada, a aceleração e o desenvolvimento de meninas e mulheres nas áreas da ciência, da tecnologia e da inovação em Goiás.

A edição 2023 da Campus Party Goiás já está com ingressos à venda. As entradas podem ser adquiridas no site . Por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), o maior festival de tecnologia, empreendedorismo, ciência e inovação do mundo será realizado no Shopping Passeio das Águas, em Goiânia, entre os dias 7 e 11 de junho. Essa é a quinta edição da Campus Party , sendo a terceira presencial.
Personas nerd no Brasil
Para traçar um perfil do público nerd no Brasil, a plataforma de educação Alura fez um mapeamento com base em sua base de alunos, que inclui mais de 90 mil pessoas. De acordo com o levantamento, a maior parte desse grupo geek (52%) é formada por pessoas com idade entre 25 e 34 anos; 22% têm entre 35 e 44 anos de idade e 20% são pessoas mais jovens, de 18 a 24 anos.
De acordo com a Alura, a maioria do público geek (86%) se diz aficionada por computadores de alta performance; 66% amam filmes de ficção científica ou fantasia e 54% também são fãs de séries dos mesmos gêneros. Já 47% do público que se considera geek também tem o heavy metal como o estilo musical preferido. E 22% desse grupo tem, como hobby, fazer compras.
O levantamento classificou cinco grupos principais entre os nerds brasileiros:
Persona 1 (28% dos entrevistados): Pessoas de 25 a 34 anos, público feminino, profissionais de negócios, fãs de séries de drama
Persona 2 (27% dos entrevistados): Pessoas de 25 a 34 anos, público masculino, entusiastas de computadores de alta performance, fãs de jogos de estratégia e aventura
Persona 3 (15% dos entrevistados): Pessoas de 18 a 24 anos, fãs de heavy metal, indie rock, rock alternativo e hip hop
Persona 4 (14% dos entrevistados): Pessoas de 18 a 24 anos, público masculino, fã de futebol, fãs de jogos de aventura e estratégia, amantes de basquete e de games esportivos.
Persona 5 (14% dos entrevistados): Pessoas de 34 a 44 anos, gamers casuais, entusiastas de notícias de entretenimento, fãs de quadrinhos e animação.