SSP cria delegacia especial para combater violência de torcedores
04 abril 2023 às 15h02
COMPARTILHAR
Órgãos de segurança do Estado apresentaram medida para conter a violência nos estádios de futebol. Uma delegacia especializada no combate ao mau torcedor — aquele que usa o nome de clubes para cometer crimes violentos contra torcedores adversários — foi criada e já cumpre mandados de prisão, busca e apreensão contra integrantes de torcidas organizadas. O Grupo Especial de Proteção ao Torcedor (Geprot) pretende intensificar a segurança dos frequentadores de estádios com tecnologias como o reconhecimento facial.
A Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) anunciou o novo grupo em entrevista coletiva nesta terça-feira, 4. Funcionando dentro da Delegacia Estadual de Investigação Criminal (Deic), no setor Cidade Jardim, em Goiânia, o Geprot vai centralizar as investigações de crimes praticados contra o torcedor. De acordo com o Delegado Geral da Polícia Civil de Goiás, André Gustavo Corteze Ganga, os torcedores nem podem ser chamados assim, mas de “delinquentes travestidos de torcedores”.
“Teremos uma atuação repressora contra esses grupos que querem cometer atos violentos contra o bom torcedor”, disse o delegado. André Ganga esclarece que quem associa a prática de crimes ao futebol acaba desestimulando a ida das famílias aos estádios. O Coronel André Henrique Avelar de Sousa, Comandante geral da Polícia Militar de Goiás, afirmou que a união dos esforços dará respostas rápidas à sociedade. “São criminosos que estragam a festa que o futebol proporciona, infelizmente em todo o Brasil. Porém, nós garantimos, em nome do Governador de Goiás, que a mão do Estado será dura, será forte contra esses criminosos.”
Geprot já está em atuação
A primeira ação coordenada pelo GEPROT foi realizada na manhã desta terça-feira, 4, com a operação “Fim de Jogo”, nas cidades de Trindade, Goianira e Aparecida de Goiânia. Nesses municípios, foram cumpridos mandados de prisão, busca e apreensão contra integrantes de torcidas organizadas investigados pelas práticas dos crimes de associação criminosa, roubo majorado e tentativa de homicídio.
Os presos, integrantes de torcida organizada, são acusados de roubar a camiseta de um torcedor rival e agredir covardemente um frentista de um posto de gasolina no setor Bueno. As investigações tiveram início dia 20 de março de 2023 e resultaram na prisão de quatro indivíduos. Houve ainda a apreensão de material ligado à torcida organizada.
Coletiva
Em entrevista coletiva, o secretário de Estado de Segurança Pública de Goiás, Coronel Renato Brum, avaliou que chegou o momento desse projeto sair do papel e ser colocado em prática. “Não que a Polícia Civil deixasse de atuar, mas faltava a proximidade das instituições ao combate a esses infratores, que não são torcedores”. O secretário diz ainda que agora terá a possibilidade de fazer a separação do joio do trigo, com resposta dada de forma imediata. “Não aceitaremos nenhum marginal tumultuar e colocar um terrorismo nas ruas de nossas cidades e continuar a afugentar os torcedores de bem dos estádios. Isso não vai acontecer mais, acabou. Vamos identificar todos eles e tirá-los do meio da sociedade”, reiterou.
Brum destacou que o Estádio Serra Dourada hoje é seguro para o torcedor e que as outras praças esportivas como, Serrinha, Oba e Antônio Accioly estão também se adaptando quando o assunto é segurança dentro de suas dependências. Ele explica que hoje a maior parte dos problemas acontece fora dos estádios. “Nós faremos o que sabemos fazer de melhor: a segurança pública, ou seja, a segurança das pessoas de bem do nosso Estado”, assegura.
O Major Wildey Coelho Bezerra, subcomandante do Batalhão Especializado de Policiamento em Eventos (Bepe) reconhece que o combate ao crime infiltrado nas torcidas organizadas é um desafio. “Os jogos de futebol são a principal demanda que nós temos porque é um calendário cheio durante todo o ano”. Para Bezerra, a criação do Geprot soma na tarefa de prevenção, monitoramento e, em especial, na solicitação de medidas cautelares junto ao Ministério Público para fazer com que se cumpram as prisões.
“Com a unificação das informações, conseguiremos celeridade nas respostas de que precisamos”. Ele esclarece que, dentro dos estádios, o Bepe tem conseguido manter o controle da situação. No entanto, fora deles, acontecem os confrontos entre torcedores das torcidas organizadas e até mesmo contra o torcedor comum, que não pertence a nenhum grupo. Ele ainda ressalta que quase sempre estes “torcedores” já tem passagem por vários crimes.
André Pitta, Diretor Executivo da Federação Goiana de Futebol (FGF) informou que os clubes buscam parceria com a Secretaria de Segurança Pública para que possam desenvolver mecanismos de segurança para que as famílias voltem aos estádios de futebol. Ele garantiu que será intensificada a adoção de mecanismos de segurança, como o cadastro de torcedores por meio do reconhecimento facial. “Vamos tentar elevar o nível de segurança no que está ao nosso alcance que é dentro dos estádios”. Questionado o porquê de não estar presente nenhum representante dos três grandes clubes da capital, Pitta afirmou que os clubes são representados pela federação.
Cilas Gontijo é estagiário do Jornal Opção em convênio com a UniAraguaia, sob a supervisão do editor PH Mota.