Vacinação infantil despenca em Goiás
03 maio 2023 às 18h16
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A cobertura vacinal da febre amarela entre crianças em Goiás está em 74% e da tríplice viral em 83,3%. Os dados foram apresentados pela gerente de imunização da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Joice Dorneles. Os números estão bem abaixo do índice recomendado pelo Ministério da Saúde (MS), que é de 95%.
“É preciso elevar esses índices e fazer que com as famílias procurem as salas de vacinação para se proteger. Precisamos vacinar o maior número de pessoas no menor tempo possível”, comentou a gerente de imunização. Ela lembrou, inclusive, que o sarampo – doença que estava praticamente erradicada no Brasil – voltou por conta das baixas coberturas vacinais, principalmente no período pós-pandemia.
Como uma das medidas para reverter esse quadro, Joice recomenda que os municípios façam uma busca direta do público infantil. “Pontualmente, alguns municípios levam a vacina pra dentro das escolas”, exemplificou. No ano passado, Goiânia e Aparecida de Goiânia fizeram ações desse tipo, inclusive. No entanto, para este ano, ainda não há previsão para que a medida se repita, apesar da possibilidade não estar descartada.
Saúde na escola
Diante desse cenário, a Prefeitura de Goiânia tem ampliado as ações de saúde nas escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis). Para efetivar a matrícula dos filhos neste ano letivo, os pais tiveram que apresentar o cartão de vacinação. O objetivo é proteger as crianças e adolescentes de doenças que podem ser evitadas por meio da vacina, em uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
E a exigência funciona da seguinte forma: no ato da matrícula, é preciso levar uma cópia ou um certificado de conformidade preenchido por um profissional de saúde. “Os pais têm 30 dias para apresentar o cartão de vacinação da criança completa. Se isso não é feito, a escola cobra”, afirmou a responsável pelo Programa Saúde na Escola na Secretaria Municipal de Educação de Goiânia, Marislei Brasileiro.
“Legalmente, não podemos impedir que a criança frequente a escola. Mas, se não tiver o cartão completo, nós encaminhamos o caso para Conselho Tutelar”, explicou Marislei. E com razão. Afinal, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) fala do direito à vida e à saúde e que isso deve ser uma prioridade da família.
O cartão de vacinação ou a declaração de conformidade emitida pelas unidades de saúde cobrados nas escolas devem conter os registros dos 17 imunizantes que integram o Programa Nacional de Imunização. BCG, Hepatite A e B, Poliomielite, Febre Amarela, Sarampo, Caxumba, Rubéola, Difteria, Tétano e Pertussis (DTP) são apenas algumas das vacinas que precisam estar em dia.
Marislei explica que as unidades de ensino estão abertas para discutir o assunto e os professores trabalham o tema com os alunos. A ideia é combater a enxurrada de desinformação que bombardeia as famílias, que acabam ficando receosas de vacinarem os filhos. “Com a Covid-19, o movimento antivacina ampliou e as pessoas disseminam informações que não são verdadeiras”, acrescentou a gerente de imunização da SES-GO.
Segundo Marislei, nos últimos dois meses, foram realizadas capacitações nas escolas da rede municipal com profissionais da área de saúde, que ofereceram orientações para alertar sobre a importância da vacina. Além disso, as escolas fazem reuniões frequentes com os pais para conscientizar sobre os cuidados com a saúde da criança, incluindo a vacinação. “A vacina é segura e o importante é garantir que as crianças sejam vacinadas”, arrematou Joice.
Estudo
Estudo divulgado em abril “Escola: Uma aliada da vacinação infantil”, coordenada pelo Instituto Locomotiva, mostra que pelo menos 6 em cada 10 mães relataram que já atrasaram a vacinação dos filhos ou deixaram de imunizá-los por causa da distância entre sua casa e o local da aplicação; perda da carteirinha; ou dificuldades para se lembrar as datas das doses. Além disso, 56% afirmaram que a correria e as demandas do dia a dia acabam comprometendo a vacinação. Esse estudo ouviu pessoalmente duas mil mães de crianças e adolescentes com idade até 15 anos em todas as regiões brasileiras.
O mesmo documento mostra que a maioria das mães entrevistadas, 79%, gostaria que a escola ajudasse a lembrar das doses previstas no calendário e 82% delas gostariam que a instituição de ensino onde o filho está matriculado enviasse mais comunicados sobre vacinação. E, 76% delas responderam que vacinar os filhos dentro da escola iria ajudar na redução de tempo e custo de deslocamento.