A quinta vítima da crise da Saúde em Goiânia morreu na madrugada desta terça-feira, 26. João Batista Ferreira, de 54 anos, morreu devido às complicações de uma pneumonia pouco tempo depois de ter sido transferido para o Hospital Sagrado Coração de Jesus em Nerópolis. Ele ficou quatro dias internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Itaipu na espera de um leito de UTI na rede pública, o que não foi possível dentro da capital do estado. 

João Batista começou a passar mal na segunda-feira, 18, e teve piora nos sintomas no dia seguinte. Inicialmente, o homem que trabalhava com fretes foi para a UPA do Buriti Sereno, mas foi encaminhado de volta para casa. Na quarta-feira, 20, ele foi para a UPA do Jardim Itaipu, onde permaneceu até o domingo, 24. Um dia após ser transferido, o paciente não resistiu e veio a óbito.

Importante lembrar que na capital existem 312 leitos de UTI contratados, mas 20 deles estão paralisados por falta de pagamento. João é a quinta vítima da crise na saúde de Goiânia. Apesar da coordenação de esforços entre secretaria municipal e estadual de saúde, a ausência de leitos na capital está impactando severamente a qualidade do atendimento de emergência. 

Equipe de transição do prefeito eleito Sandro Mabel (UB) já realizou reuniões com a atual gestão de Rogério Cruz e com representantes do governo estadual para encontrar soluções para a crise generalizada na Saúde da Capital. 

Importante destacar que o secretário municipal de saúde de Goiânia, Wilson Pollara, foi preso na manhã desta quarta-feira, 27, durante operação do Ministério do Ministério Público (MP). O secretário executivo da pasta, Quesede Ayres Henrique, e o diretor financeiro, Bruno Vianna Primo, também foram detidos suspeitos de associação criminosa e pagamento irregular em contrato administrativo no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). 

Leia também: Secretário de saúde de Goiânia é preso em operação do Ministério Público

Após mortes de pacientes que esperavam por vaga na UTI, equipe de Mabel se reúne com  Wilson Pollara para discutir crise na Saúde

Luiz Felipe Figueredo 

Nesta semana, o quarto paciente vítima da ineficiência da rede pública de saúde da capital morreu devido aos atrasos para conseguir vaga na UTI. Luiz Felipe Figueredo, técnico de informática de 30 anos, faleceu na UPA do Jardim Novo Mundo na manhã de sábado, 23, três dias após a solicitação para leito de UTI ter sido feita. Laudo médico apontava quadro de meningite. Paciente teve diversas convulsões enquanto internado e também quadro de infecção. 

Tanto a Justiça quanto a Defensoria Pública de Goiás foram acionados para garantir vaga na UTI para o técnico de informática, o que não aconteceu antes que o paciente viesse a óbito. 

Luiz Felipe l Foto: Reprodução.

O Jornal Opção solicitou posicionamento da Secretaria Municipal de Saúde sobre as mortes de João Batista e Luiz Felipe, mas não obteve resposta até o momento de publicação desta matéria. O espaço segue aberto. 

Outros casos

Nesta mesma semana, outros três pacientes da rede pública de Goiânia morreram em situação semelhante. 

Severino Ramos Vasconcelos Santos, de 63 anos, morreu no sábado, 23, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Itaipu. Em nota, a SES-GO afirma que o paciente havia “uma necessidade relativa à fratura ortopédica fechada” e reforça que a responsabilidade para atendimento dessa demanda era do poder municipal. Apesar disso, a pasta estadual buscava alternativas em sua rede, já sobrecarregada devido às faltas do Paço Municipal. 

O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) emitiu decisão obrigando o município de Goiânia a encontrar vaga em UTI para o paciente em caráter de urgência, ou, em caso de negativa, o próprio SUS deveria arcar com os custos do leito. 

Na decisão, foram dadas quatro horas para transferir o paciente, e em caso de descumprimento, uma multa de R$ 5 mil por hora seria aplicada, com limite de R$ 50 mil. A vaga não foi encontrada e o paciente morreu cinco dias após ser internado na UPA. 

Outra paciente que morreu na espera de vaga em UTI foi Katiane de Araújo Silva, de 36 anos. A vendedora autônoma foi diagnosticada com dengue hemorrágica. Segundo relatos de familiares à mídia, a mulher começou a apresentar sintomas mais sérios no dia 15 de novembro e foi internada no dia 19. O pedido de vaga na UTI foi feito na madrugada do dia 20 e a paciente veio a óbito no dia 22. 

Em nota, a SMS disse apenas que “o óbito de Katiane de Araújo Silva está sendo investigado pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) do município”.

Também na mesma situação, esteve Janaína de Jesus, de 29 anos. A jovem faleceu na UPA do Jardim Itaipu três dias após sua internação, enquanto aguardava vaga na UTI. O prontuário da jovem também indicava falecimento por dengue hemorrágica, mas a nota da SMS diz que “conforme laudo médico, Janaína de Jesus faleceu em decorrência de complicações causadas pela diabetes Mellitus”. A pasta afirma que vai investigar a causa da morte mais a fundo. À TV Anhanguera, familiares de Janaína contam que buscaram o Ministério Público para conseguir a vaga na UTI, mas não houve tempo hábil antes do falecimento da jovem.