Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), juntamente com especialistas de cinco outras instituições, descobriram novas facetas da chikungunya. Além de descobrirem a sua capacidade de disseminação pelo sangue, eles ainda viram os seus efeitos devastadores em diversos órgãos, inclusive no cérebro. O estudo foi publicado na revista científica Cell Host & Microbe.

Por conta da descoberta, os cientistas destacam a necessidade urgente de revisão dos protocolos de tratamento e monitoramento da doença. Os resultados indicam que o vírus pode romper a barreira hematoencefálica, alcançando o sistema nervoso central e causando danos neurológicos graves, que podem resultar em sequelas permanentes ou até mesmo em óbito. 

Outra descoberta significativa foi a detecção do vírus em amostras de líquor cefalorraquidiano, evidenciando sua capacidade de afetar o sistema nervoso e potencialmente chegar ao cérebro. Além disso, o estudo revelou que o vírus pode causar uma série de complicações, incluindo problemas na circulação sanguínea, fragilidade vascular, desequilíbrio imunológico e acúmulo de líquido nos órgãos.

Realizado no Ceará, um dos estados mais afetados pela chikungunya, o estudo também destacou uma mudança no padrão de sintomas, com a doença manifestando-se de forma mais complexa do que o previamente observado. Anteriormente reconhecida como uma enfermidade febril aguda, agora se observa um espectro mais amplo de sintomas, incluindo problemas articulares agudos e crônicos.

O estudo contou com a colaboração de especialistas de diversas áreas, incluindo virologistas, médicos, epidemiologistas, físicos e estatísticos, provenientes de instituições como as universidades do Kentucky (Estados Unidos), de São Paulo (USP), do Texas Medical Branch (Estados Unidos) e Imperial College London (Reino Unido), além do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen).

Chikungunya em Goiás

Até o momento, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou 961 casos de chikungunya em Goiás até o mês de fevereiro. Nenhum óbito ainda foi confirmado em 2024, mas seis mortes estão sob investigação. No último ano, dez pessoas morreram por conta da doença.