Maternidades de Goiânia entram em disputa acirrada com 25 OSs interessadas na gestão

08 julho 2025 às 08h14

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A gestão das três principais maternidades públicas de Goiânia — Dona Íris, Célia Câmara e Nascer Cidadão — será alvo de uma concorrência direta entre 25 Organizações Sociais (OSs) interessadas em substituir a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da UFG (Fundahc), que atualmente administra as unidades.
Entre as entidades que buscam assumir o controle estão OSs já atuantes em Goiás, como AGIR, Idtech, INDSH (com atuação em Anápolis) e Patris (de Luziânia), além de organizações de fora do estado, como a Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo (SP) e a Partner, de Mato Grosso. O chamamento público foi oficializado no Diário Oficial e inicia o processo para qualificação das interessadas.
Crise com a atual gestora
A substituição da Fundahc ocorre em meio a um impasse entre a fundação e a Prefeitura de Goiânia. A instituição afirma que sofre com atrasos sistemáticos nos repasses, acumulando uma dívida de R$ 148,5 milhões, que inclui encargos trabalhistas, débitos com fornecedores e obrigações fiscais.
Em contrapartida, o prefeito Sandro Mabel alega que o custo atual é insustentável. Segundo ele, só a Maternidade Célia Câmara custa cerca de R$ 20 milhões por mês, enquanto outras instituições afirmam conseguir operar com valores entre R$ 8 milhões e R$ 11 milhões. Para o prefeito, os serviços prestados estariam “abaixo das expectativas”, o que justifica a troca.
Além disso, uma auditoria do Ministério da Saúde teria identificado falhas sérias na administração da unidade, incluindo suspeitas de ausência de recursos no fundo rescisório, o que comprometeria o pagamento de acertos trabalhistas no caso de rescisão contratual.
Impacto e serviços oferecidos
As três maternidades da rede municipal são responsáveis por mais de 60% dos partos realizados em Goiânia, com uma média de 880 nascimentos por mês. Elas também ofertam atendimentos ambulatoriais, exames, partos de alta e média complexidade, além de UTIs neonatais e bancos de leite. Juntas, realizaram mais de 134 mil atendimentos em 2024, segundo dados da própria Fundahc.
Apesar das críticas da gestão municipal, uma pesquisa recente apontou índice de satisfação de 88% entre as usuárias dos serviços, o que indica uma avaliação positiva por parte da população atendida.
Próximos passos
As propostas das OSs agora serão analisadas tecnicamente pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A expectativa é que, nas próximas semanas, o processo avance para a seleção da nova entidade — ou entidades — responsáveis por gerir as maternidades.
A mudança ocorre num momento de instabilidade e levanta questionamentos entre servidores e especialistas sobre a continuidade dos serviços, os impactos na assistência às gestantes e o risco de desassistência durante a transição.
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