O secretário estadual de saúde, Rasível Santos, informou ao Jornal Opção que o Instituto CEM não vai mais ser responsável pela administração de nenhuma unidade de saúde no estado até o dia 26 de julho. A Organização Social de Saúde (OSS) estava à frente do Hugo e outras policlínicas no interior goiano. Rombos financeiros, ameaças judiciais de abandono de hospitais e apresentação de documentação falsa foram alguns dos motivadores para o rompimento. 

Conforme afirma o secretário, foi preciso acionar contratação emergencial para quatro unidades de saúde do interior. Hospitais estaduais em Quirinópolis, Formosa, Posse e Goianésia precisaram ter suas gestões substituídas em caráter emergencial já que a OS até então responsável estava falhando com pagamentos básicos, pondo em jogo a qualidade do serviço prestado à população. O chefe da pasta afirmou ainda que outras três unidades estão em fase de transição, e que as relações com o Instituto CEM devem ser completamente rompidas até o dia 26 deste mês. 

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A partir de agora, uma negociação para acerto de contas após fim do contrato deve acontecer entre a O.S. e a Secretaria de Estado da Saúde. O objetivo é entender a destinação dada pela OS aos repasses já realizados pelo governo estadual. Caso os fins dados a essa verba não sejam rastreados, a Secretaria de Saúde deve acionar judicialmente a OS para que “haja algum tipo de ressarcimento aos cofres públicos”.  

A reportagem entrou em contato com o Instituto CEM para maiores informações, mas não obteve resposta até o momento de publicação desta matéria. O espaço segue aberto. 

Hugo 

Como noticiado pelo Jornal Opção, o Hospital de Urgência de Goiás (Hugo) teve a gestão substituída no início do mês passado. O grupo Israelita Albert Einstein assumiu, no início de junho, a gestão do Hospital, substituindo o Instituto CEM. No dia 17 do mesmo mês, funcionários do Hugo protestaram em frente ao hospital pedindo acerto de direitos trabalhistas atrasados.

“Eles [Instituto CEM] foram arrolando dívidas e a gente não sabe para onde o dinheiro”, resumiu o secretário. Dívidas parceladas com fornecedores, uso indevido do fundo reservado para pagamento de rescisões e atraso nos salários dos servidores foram alguns dos motivos que levaram à rescisão dos contratos. “Nós já repassamos dinheiro para o Icem e eles não estão arcando com os compromissos deles. Nós não devemos um centavo”, resumiu o secretário. 

O secretário afirma que havia uma conta específica com verbas para rescisão trabalhista. “Você viu isso nitidamente, de setembro [de 2023] até fevereiro deste ano, dos doze milhões [que haviam nessa conta] restaram quinhentos e dez mil”, afirmou. Como os funcionários denunciaram que os valores dos direitos trabalhistas não foram pagos, a pasta não sabe exatamente a destinação dada à verba já repassada.

“Se você tinha doze milhões na sua conta, que você podia mexer a hora que você quisesse, e você tinha que pagar a rescisão, porque você usou o dinheiro do custeio para pagar a rescisão?”, o secretário questionou a OS diante do Ministério Público do Trabalho (MPT). 

Sobre a situação do Hugo, o secretário compartilha: “no dia dezessete de maio, uma sexta-feira, me mandaram um documento falando que, se até na segunda, não passasse trinta e dois milhões de reais pra eles, eles iam abandonar o hospital. Eu falei assim, eu tô lidando com terrorista?”. Apesar dos repasses regulares já terem sido feitos, a OS solicitava mais recursos com ameaças de abandonar o Hugo.  

Rasível afirma que 70% dos servidores do Hugo que possuíam dividendos a receber foram pagos. “Deu pra pagar setenta e um por cento dos profissionais, a gente pagou do menor pro maior”, explicou. O secretário coloca que o rombo estimado dos últimos três semestres da gestão do Instituto CEM é de, no mínimo, R$30 milhões. Esse valor não considera as dívidas parceladas com fornecedores. 

Atualmente, a gestão do Hugo é feita pelo grupo Israelita Albert Einstein. Rasível afirmou que 88% dos funcionários da última gestão foram recontratados, com os devidos pagamentos legais cumpridos.