Estudo projeta que câncer que matou Preta Gil deve crescer 36,3% no Brasil
05 agosto 2025 às 17h25

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Um levantamento divulgado pela Fundação do Câncer, nesta segunda-feira, 5, Dia Nacional da Saúde, revela uma projeção alarmante: o número de mortes por câncer colorretal no Brasil deve crescer 36,3% até o ano de 2040. A doença, que vitimou a cantora Preta Gil aos 50 anos, é considerada altamente prevenível, mas ainda é diagnosticada tardiamente na maioria dos casos.
Segundo o estudo, publicado no 9º volume do boletim Info.Oncollect, 78% das pessoas que morreram em decorrência do câncer colorretal foram diagnosticadas nos estágios III ou IV, os mais avançados da doença. Essa realidade evidencia falhas graves nas políticas públicas de rastreamento e diagnóstico precoce. Atualmente, o Brasil adota uma abordagem oportunística, sem convocação ativa da população-alvo para exames preventivos.
A pesquisa, baseada em dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, aponta que as regiões Sudeste e Sul devem registrar os maiores aumentos absolutos de óbitos. A Região Sudeste, por exemplo, pode ter um crescimento de 34% das mortes. Nacionalmente, a estimativa é de aumento de 35% entre os homens e 37,6% entre as mulheres.
Outro dado preocupante é o percentual de mortes em estágio IV, especialmente elevado nas regiões Centro-Oeste e Sul. Entre os homens, os índices chegam a 58,5% e 56,3%, respectivamente. Já entre as mulheres, os percentuais são de 59,4% no Centro-Oeste e 57,5% no Sul.
A taxa de sobrevida no Brasil também é inferior à de países que adotam programas estruturados de rastreamento. Enquanto essas nações registram até 65% de sobrevivência cinco anos após o diagnóstico, o Brasil apresenta índices de 48,3% para câncer de cólon e 42,4% para câncer de reto.
Especialistas alertam para o crescimento de casos entre pessoas com menos de 50 anos, como ocorreu com Preta Gil, reforçando a necessidade de ampliar o acesso ao diagnóstico precoce. Os principais fatores de risco incluem idade avançada, histórico familiar, consumo excessivo de carnes processadas, sedentarismo, obesidade, tabagismo e alcoolismo.
Para Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer, que foi entrevistado pelo G1, é urgente fortalecer políticas públicas que promovam tanto a prevenção primária — com incentivo a hábitos saudáveis — quanto a prevenção secundária, por meio de programas estruturados de rastreamento populacional.
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