O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acometido por erisipela e internado desde o final de semana segue sem previsão de alta, até esta quinta-feira, 9. Os primeiros registros da doença dele foram feitos após as eleições de 2022. Mas quais são as especificações desta enfermidades e riscos? O dermatologista Antônio Macedo, ouvido pelo Jornal Opção, explica que há tratamento, mas se não houver cuidados, em casos raros, pode levar a óbito.

Em geral, a erisipela, geralmente causada pela bactéria Estreptococo, entra no corpo do paciente através de lesões na pele, como cortes pequenos, picadas de insetos e até mesmo micoses. No entanto, na ausência de tratamento adequado, a bactéria pode se espalhar para os vasos linfáticos e afetar os tecidos subcutâneo e adiposo. O que pode ser perigoso.

“A erisipela é uma infecção bacteriana que acomete a pele. Os locais mais comprometidos são justamente as pernas”, acentua o especialista. A maioria dos casos é registrado em pessoas mais idosas, mas não há restrições de idades. “Geralmente, não precisa internar, só quando a doença está bem comprometida”.

De acordo com Macedo, os principais fatores de risco para a doença são algumas comodidades, como diabetes, obesidade e problemas de circulação. “Na nossa pele já tem a flora bacteriana, normalmente, tem. Mas quando surge uma porta de entrada, a bactéria penetra. É o caso, por exemplo, do ferimento na pele, às vezes na frieira entre os dedos”, explifica.

O especialista ressalta o porquê do efeito ‘sanfona’, de vai e volta, da doença no caso do ex-presidente. “Geralmente, é porque não está sendo bem tratada, às vezes ele [Bolsonaro] não está seguindo os cuidados direito e isso é chamada de erisipela de repetição, que começa a comprometer o sistema linfático, o que deixa a perna inchada, o que pode durar por muito tempo”, alerta.  

“Quando a infecção não é bem tratada, a bactéria penetra na circulação e pode levar a quadro mais sérios, como infecção generalizada. Então, além do repouso, a pessoa usa antibiótico, geralmente a gente usa penicilina”, frisa. Depois desta fase, o médico cita que é receitado os cuidados básicos. “Tratar aquela ‘porta de entrada’, como feridas na perna ou nos dedos dos pés, cuidar da obesidade; em casos de diabetes, tratar a diabetes; quem tem problemas circulatórios deve usar um meia elástica, geralmente, para medir a compressão”, salienta.

Primeiros sintomas

O dermatologista destaca que os primeiros sinais da doença começam a aparecer com poucos dias após a infecção bacteriana. “É uma infecção que surge dentro de poucos dias, a pessoa começa com vermelhidão na perna, dor e inchaço”, atesta. “É uma vermelhidão bem delimitada, quente, que vai inchando. Algumas vezes, pode surgir bolhas também, parecido com uma queimadura”, compara.

Na sequência, o paciente pode apresentar febre, calafrios e mal-estar. No entanto, Macedo ressalta que o diagnóstico é clínico, ou seja, é preciso a realização de exames. “O paciente com esta situação, passa por uma avaliação e, se contestado, é colocado de repouso, medicado com antibióticas e elevação de pernas para melhorar a circulação”, enfatiza. O especialista chama a atenção do tratamento correto para evitar que a doença não fique mais grave. “Às vezes surgem também necroses no local, que precisa ser limpado e fazer compressas frias”.

Morte

Segundo ele, se não houver um tratamento efetivo, a doença pode até matar. “Há risco da infecção cair na circulação e espalhar pelo corpo. São raros casos, mas tem casos de óbitos. Nesses casos que a infecção não foi bem tratada, não foi bem cuidada, pode acontecer de espalhar e levar a óbito. Mas são raros os casos. Não é frequente levar a óbito”, destaca.

Tratamento:

  • Uso de antibiótico, receitado pelo médico;
  • Repouso com perna elevada;
  • Compressas frias;
  • Em caso de necrose, fazer o desbridamento;
  • Em caso de bolhas, fazer compressas frias de permanganato de potássio
  • Em casos de erisipela de repetição, tratar eventuais ferimentos da pele; e
  • Cuidar da diabetes, obesidade. Se tiver problemas circulatórios nas pernas é importante a ida ao médico angiologista.
  • Essa erisipela de repetição compromete os vasos linfáticos e faz com que a perna aumente de volume (linfedema).

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