O uso de fármacos por pessoas saudáveis para melhorar o desempenho no ambiente de trabalho, também conhecidos como “smart drugs”, está ganhando destaque no cenário corporativo. Uma pesquisa realizada com profissionais de grandes empresas do país revela que 90% estão convencidos de que alguém em sua empresa recorre a esses medicamentos para lidar com o estresse no trabalho.

Apesar de 92% acreditarem que o uso desses medicamentos terá consequências negativas a longo prazo, 38% consideram que a ingestão dessas substâncias é uma questão privada e não das empresas.

No levantamento conduzido pelo núcleo de pesquisas da Bossa.etc, dos 260 executivos que receberam o questionário, 62 responderam, sendo 57% diretores e membros de conselho de empresas, e 27% delas com faturamento acima de R$ 20 bilhões. O tema ainda é tabu na maioria das empresas, com metade dos pesquisados acreditando que existe uma aceitação explícita ou tácita para o uso de fármacos no ambiente de trabalho.

Entre os entrevistados, 74% acreditam que os funcionários cujos gestores fazem uso desses fármacos para aumentar o desempenho podem se sentir coagidos a usá-los também. Além disso, 64,5% acreditam que o uso de “smart drugs” proporciona uma “vantagem injusta” em relação aos profissionais que não as utilizam, o que pode alterar os padrões de meritocracia da empresa. Adicionalmente, 61% consideram que a exigência crescente dos gestores é determinante para o consumo desses medicamentos.

A maioria desses executivos utiliza drogas para melhorar algumas características de cognição humana, como atenção, funcionamento executivo (planejamento, desinibição e resolução de problemas), memória e aprendizagem por meio da alteração de neurotransmissores. Entre os remédios mais comuns usados por pessoas saudáveis para melhorar o desempenho estão aqueles destinados ao tratamento de doenças neurodegenerativas, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e narcolepsia.

Muitos executivos relatam usar os fármacos apenas durante a semana e não nos fins de semana ou férias, concentrando seu uso no ambiente de trabalho. Segundo a pesquisa, um dos motivadores para o uso dessas drogas é a pressão por resultados no trabalho. Relatos indicam que ao usar as “smart drugs” conseguem produzir com mais energia, mas sofrem com a privação do sono e a falta de apetite.

Smart drugs

Consideradas verdadeiros potencializadores da cognição, as smart drugs são drogas utilizadas por indivíduos que buscam aprimorar seu desempenho, concentração e ampliar a capacidade mental para se destacarem tanto no trabalho quanto nos estudos. Entre elas, destacam-se a ritalina, o adderall, o modafinil e compostos à base de cafeína e ômega 3, como suplementos que combinam produtos exóticos. Sua popularidade, por fim, é surpreendente.

A promessa de inteligência em cápsulas, que evita sintomas decorrentes de fadiga como desatenção e sono, é tentadora para aqueles que enfrentam pressão para apresentar um desempenho excepcional e se destacar por suas habilidades intelectuais. No entanto, o problema reside no fato de que muitas dessas drogas só podem ser obtidas com receita médica, já que são classificadas como tarja preta e podem causar efeitos colaterais indesejados em indivíduos saudáveis.

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