Tiques motores ou vocais ocorrendo com frequência e intensidade podem ser casos da síndrome de Tourette. A doença foi descoberta pelo médico francês Georges Gilles de la Tourette. De acordo com a ciência, trata-se de um distúrbio neuropsiquiátrico, que geralmente se inicia na infância.

Recentemente, o participante do reality show Big Brother Brasil (BBB), Antonio, conhecido como ‘Cara de Sapato’, revelou que foi diagnosticado com a síndrome. Nele, as manifestações são sutis, e se manifesta com exposição à situação de estresse.

No entanto, a neurocirurgiã Ana Maria Moura, diretora de Relações Interinstitucionais da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, explica que há casos muito graves da doença. Com pessoas que não conseguem se controlar para falar e repetir palavras e gestos obscenos involuntários. Ou terem compulsões por mania de limpeza, passando o dia inteiro lavando a casa, por exemplo.

A médica recorda de uma criança de 9 anos que precisou ser operada. “Ela tinha tanto tiques, que colocava tanta forçar no pescoço, que um disco entre uma vértebra e outra saiu, provocando uma hérnia de disco, ao comprimir a médula espinhal”, cita, emendando que a paciente perdeu os movimentos das pernas e não conseguia mais andar.

Em outros pacientes, a neurocirurgiã ressalta que a patologia pode ser menos agressiva. “A síndrome de Tourette pode ficar um período menos intensa”, ressalta. “Então, na pessoa a doença pode se desenvolver com seis ou sete anos, por isso, a gente não opera tão cedo, porque se espera que as medicações e fisioterapias farão efeitos, com a pessoa aprendendo a lidar com a doença”, acrescenta Ana Maria.

Casos mais graves da patologia são tratados apenas com cirurgia | Foto: reprodução
Casos mais graves da patologia são tratados apenas com cirurgia | Foto: reprodução

“Ela [paciente] tinha tanto tiques, que colocava tanta forçar no pescoço, que um disco entre uma vertebra e outra saiu

Ana Maria Moura, neurocirurgiã

Tratamento mais severo

Sem respostas aos tratamentos com medicamentos, Ana Maria destaca que a alternativa é a cirurgia. O procedimento consiste em um implante de eletrodos em estruturas intracerebrais, chamados na medicina de núcleos da base do cérebro. Esse sistema é conectado a um marcapasso, que estimula as estruturas cerebrais.

O tratamento é conhecido como de estimulação cerebral profunda ou DBS (“deep brain stimulation”). Isto é, pode trazer alívio para casos selecionados mais graves, pois a condição neurológica não tem cura.