Apesar dos indicadores positivos, violência contra o povo Yanomami ainda é preocupante
06 agosto 2024 às 10h05
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O Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE), do Ministério da Saúde, divulgou boletim sobre saúde dos yanomamis. O número de mortes gerais caiu quando comparamos os dados do primeiro trimestre deste ano e o do ano passado. Em 2024, foram 74 mortes de yanomamis registradas, contra 111 em 2023.
Apesar dos indicadores positivos, o número de mortes violentas aumentou cerca de 20%, indo de 15 no primeiro trimestre de 2023 para 18 no mesmo período deste ano. Independente dos esforços do Governo Federal, os territórios Yanomami continuam sendo alvo de ações violentas, seja de fazendeiros, garimpeiros ou grupos criminosos que adentram os biomas próximos aos territórios indígenas.
Na saúde
Desde o início do terceiro mandato do presidente Lula (PT), existe força tarefa direcionada às comunidades Yanomami. A partir de então, tanto os dados ligados à doenças e desnutrição, quanto dados ligados à violência, mostraram aumento, já que houve atuação contra a subnotificação.
Em janeiro de 2023, foi declarado estado de emergência na saúde pública dentro desses territórios. A partir disso, houve intensificação da atuação de profissionais da saúde nesses locais. Atualmente, são 1.497 profissionais atuando em 34 Unidades Básicas de Saúde Indígena.
Em 2023, as Infecções Respiratórias Agudas (IRA) foram apontadas como a principal causa de mortes dos yanomamis, com 22 óbitos. Segundo o novo boletim, esse número caiu para 9. Ao mesmo tempo, foi registrado aumento de 136% nos atendimentos de casos de IRA nas comunidades.
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Quando falamos em malária, os territórios Yanomami registraram 8.896 casos no primeiro trimestre de 2024, número 35% maior do que o do mesmo período no ano anterior. Entretanto, os óbitos advindos da doença foram reduzidos pela metade. Também vale destacar que, em 2024, houve crescimento de 83,1% no número de exames feitos para diagnóstico de malária nos territórios yanomami em comparação com o período anterior.
Houve também força tarefa específica para vacinação. As vacinas voltadas a um público específico (como crianças de até cinco anos, por exemplo) tiveram aumento significativo. De um ano a outro, as doses aplicadas foram de 8.048 para 11.872.
A aplicação dos imunizantes voltados à população geral também mostrou crescimento. O número de 2023, que chegou na casa dos 2.225, saltou para 6.636 em 2024.
O boletim reúne informações de janeiro a março deste ano, e traz dados sobre malária, déficit nutricional, síndromes gripais, imunização, além das ações assistenciais e de infraestrutura desenvolvidas pelo Executivo Federal.
Clique aqui e veja a edição de 2023 do boletim.
Veja abaixo a edição de 2024 do boletim.
Contaminação por mercúrio
Uma pesquisa realizada com indígenas do povo Yanomami, do subgrupo Ninam, de nove aldeias localizadas em Roraima, mostrou que todos os participantes estão contaminados por mercúrio. Os maiores níveis de exposição foram detectados em indígenas que vivem nas aldeias localizadas mais próximas aos garimpos ilegais de ouro. Os pesquisadores identificaram a presença do metal pesado em amostras de cabelo de cerca de 300 pessoas analisadas, incluindo crianças e idosos.
O estudo Impacto do mercúrio em áreas protegidas e povos da floresta na Amazônia: uma abordagem integrada saúde-ambiente foi conduzido pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), que contou com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA).