Anvisa aprova remédio inédito contra insônia

16 setembro 2025 às 17h26

COMPARTILHAR
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o lemborexante, medicamento vendido sob o nome comercial Dayvigo pela farmacêutica japonesa Eisai. É uma nova opção para o tratamento da insônia, com mecanismo de ação inédito no cérebro e considerado por pesquisadores da Universidade de Oxford como o fármaco com melhor perfil de eficácia, aceitabilidade e tolerabilidade entre 36 alternativas avaliadas em estudo publicado no The Lancet.
Ao contrário dos benzodiazepínicos e das chamadas drogas Z, amplamente utilizados no Brasil e associados a risco elevado de dependência e efeitos colaterais, o lemborexante atua bloqueando os receptores de hipocretina — substância responsável pela vigília — e não diretamente no neurotransmissor GABA, que “desliga” o sistema nervoso. “Ele bloqueia o que nos mantém acordado, ao contrário de induzir artificialmente o sono”, resume o neurologista Lucio Huebra, do Hospital Sírio-Libanês.
A aprovação no Brasil é válida apenas para adultos, com dose recomendada de 5 mg ao dia, ingerida minutos antes de dormir, respeitando ao menos 7 horas de descanso antes do despertar. A dose pode chegar a 10 mg conforme avaliação médica.
Nos Estados Unidos, onde foi aprovado em 2019, a caixa com 30 comprimidos custa em média US$ 300 (cerca de R$ 1.600). No Brasil, a definição do preço depende da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A Eisai afirmou ao Globo que “se prepara para a introdução no mercado brasileiro”, mas ainda não há data de lançamento.
Segundo especialistas, o remédio pode preencher uma lacuna terapêutica no país, já que mantém a arquitetura do sono e demonstra baixo potencial de dependência, ao contrário de alternativas como o zolpidem, cujo consumo ultrapassou 15 milhões de caixas em 2023, segundo a Anvisa.
Apesar da novidade, médicos reforçam que o tratamento da insônia deve priorizar mudanças de hábitos e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC-I), considerada padrão-ouro internacional. O uso de medicamentos, recomendam, deve ocorrer na menor dose eficaz, pelo menor tempo possível e sempre sob supervisão médica.
Leia também:
Insônia fatal: neurologista goiana explica doença incurável e que pode levar à morte