Quatro mulheres trans e travestis foram eleitas para a Câmara dos Deputados e as Assembleias Legislativas no pleito de 2022. Dentre elas, Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) se tornarão as primeiras deputadas federais transgênero da história do Congresso Nacional.

Em Sergipe, Linda Brasil (PSOL) se tornou a primeira mulher trans para a Assembleia Legislativa do estado. No Rio de Janeiro, Dani Balbi (PCdoB) também foi eleita a primeira mulher trans para o cargo de deputada estadual.

A ascensão das representantes LGBTQIA+ na política importa porque tem o potencial de mudar os rumos da história que vem sendo construída no país para a comunidade. Segundo informações da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), só no ano de 2021, 247 projetos de lei contra os direitos LGBTQIA+ foram listados em tramitação no Congresso Nacional.

O resultado do último domingo, 2, além de acender um ponto de mudança na política atual, celebra os 30 anos do movimento trans no país. A data é marcada pela primeira conquista eleitoral dessa população, quando Kátia Tapety se tornou a primeira travesti em um cargo político no país ao se eleger vereadora em Colônia do Piauí (PI) no ano de 1992.

Apesar disso, o país avançou pouco nas discussões e promoções de políticas para LGBTQIA+ em três décadas. Nos últimos 13 anos o Brasil liderou a lista de países que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. A intolerância atinge, também, outras minorias da legenda. Segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB) em parceria com a Aliança Nacional LGBTI+, uma pessoa LGBTQIA+ foi morta a cada 29 horas no Brasil, em 2021, sendo as pessoas negras as maiores vítimas.

Conheça as parlamentares eleitas:

Erika Hilton (PSOL) – São Paulo

Vereadora eleita na cidade de São Paulo no pleito de 2020, Erika teve 256.903 votos para o cargo de deputada federal nestas eleições, o que faz dela a nona parlamentar mais votada no estado de São Paulo, além de ter sido a mulher mais votada entre as candidatas do PSOL. Erika entrou na política em 2018, quando fez parte da Bancada Ativista, primeiro mandato coletivo eleito na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Duda Salabert (PDT) – Minas Gerais

Duda Salabert se lançou em 2018 para a disputa de uma vaga no Senado, mas acabou não sendo eleita. No entanto, em 2020, entrou para a Câmara de Vereadores de Belo Horizonte como a mulher mais votada, com quase 12% dos votos válidos. Neste pleito de 2022, Duda conseguiu 208.332 mil votos e foi eleita deputada federal por seu estado. No domingo, 2, ela compareceu em sua zona eleitoral vestida com um colete à prova de balas. Segundo a assessoria de candidata, o uso do colete foi uma exigência da escolta de Duda, que recebeu nove ameaças de morte durante a campanha. Somente nos últimos 30 dias, foram cinco.

Linda Brasil (PSOL) – Sergipe

Linda Brasil foi eleita deputada estadual com 28.704 votos, a primeira mulher trans a ocupar o cargo em Sergipe. Em 2020, ela já tinha marcado a história ao ser eleita a primeira vereadora trans de Aracaju.

Dani Balbi (PCdoB) – Rio de Janeiro

Conhecida como a 1ª professora trans da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a roteirista e doutora em literatura foi escolhida como a primeira deputada transexual da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Nas redes sociais, ela comemorou os mais de 65 mil votos.