Socialista não mostra desânimo com coligação pequena para sua candidatura ao governo e afirma que os goianos têm nele uma nova via política

Cezar Santos

artigo_jose maria e silva.qxdVanderlan Cardoso (PSB) é o primeiro nome oficialmente colocado co­mo candidato ao governo estadual, já que seu partido foi o primeiro a realizar convenção. Ele vê nisso um fator de vantagem em relação aos demais adversários.

Pelo que o candidato expressa, sair na frente lhe dá alguma garantia na corrida sucessória. Por conta disso, ele não se mostra abalado nem com o fato de ter um pequeno arco partidário para sustentar seu projeto de chegar ao Palácio das Esmeraldas: apenas seu PSB, PRB e PSC; o PTN está na bica de entrar.

Vanderlan deixa transparecer certa mágoa com a imprensa e o meio político em geral, que sempre o davam como vice de alguém, que estaria negociando composição de chapa ora com o PMDB de Iris ou de Friboi, ora com o PSDB de Marconi Perillo. “Nunca discutimos esse assunto de compor para ser vice de alguém. Desde que comecei o trabalho político no PSB, há mais de um ano, sempre deixei bem clara a minha posição.”

O socialista lembra que saiu do PMDB justamente porque lá seria mais difícil ser candidato devido ao grande número de lideranças — ele não diz que a sombra de Iris Rezende é grande demais para deixar outro nome alçar candidatura. “Não que eu tenha sido boicotado, mas seria mais difícil eu ser candidato no PMDB. E no PSB eu tive a garantia para isso. Colocamos um objetivo, estamos trabalhando em cima dele e até já apresentamos nosso plano de metas para a sociedade.”

Sobre uma suposta dificuldade do PSB para formar chapas, Vanderlan não admite problemas. Pelo contrário, lembra que já foi apresentado o nome para o Senado, o procurador federal Aguimar Jesuíno, indicação da Rede. Ele diz que para a vice tem alguns nomes, que estão sendo discutidos com os partidos. Especula-se o nome do deputado estadual Francisco Gedda, cujo partido, o PTN, realizará convenção na terça-feira, 24. “Até o dia 30 teremos nosso vice definido”, diz Vanderlan.

Com relação à chapa de deputado estadual, Vanderlan diz que os três partidos já somam 123 pré-candidatos. E para deputado federal são 18 do PSB, 8 no PSC e 4 no PRP, ou seja, 30 nomes. “São mais de 150 nomes para lançarmos candidatos a deputado estadual e federal. Então não temos dificuldades. Aliás, vejo outros partidos com essa dificuldade, não é o nosso caso. A chapa mais fácil de fazer deputado federal hoje é a nossa.”

O candidato do PSB lembra que o polêmico radialista Jorge Kajuru virá mesmo para ser candidato a deputado federal pela coligação. Já o ex-secretário Jorcelino Braga, presidente do PRP goiano, não será candidato, limitando sua atuação apenas como um dos articuladores do projeto, na coordenação e no marketing.

E quanto ao ex-governador Alcides Rodrigues (PSB), sobre quem se especulou que poderia ser candidato a deputado federal ou mesmo ao Senado? Vanderlan diz que Alcides ainda não se definiu, o que vai fazer até a data legal. “Ele é muito discreto, não quer entrar em polêmica antes do prazo. De qualquer forma, ele está engajado no nosso projeto.”

Sobre a adesão do PDT de Flávia Moraes à base marconista, Vanderlan mostra conformismo com a situação, uma vez que eles mantiveram conversações durante meses. Mesmo considerando que uma parte do PDT é simpática à sua candidatura, como o prefeito de Senador Canedo, Misael Pereira, Vanderlan afirma que não há frustração de sua parte. “Respeito a decisão dela, política é assim mesmo.”

O socialista admite, porém, que ficou surpreso, ao dizer que o meio político goiano poderia esperar que Flávia aderisse a qualquer candidatura, menos à do PSDB. “Mas foi uma decisão deles, eu respeito, não tenho que ficar questionando, e desejo boa sorte à deputada”, afirma, lembrando que teve o apoio de Flávia em 2010 e a apoiou em 2012: “Estamos quites”.

Em relação à adesão do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) a Iris Rezende, para disputar o Senado, Vanderlan lembra que o líder ruralista já estava fora do projeto do PSB desde que levou um chega pra lá da ex-senadora Marina Silva. Ele minimiza num primeiro momento —“Ronaldo tomou uma decisão sábia, ele sabe o que faz. Continua sendo um grande amigo” —, mas alfineta ao dizer que o histórico de divergência entre Caiado e Iris é antigo.

As divergências não são apenas entre Iris e Caiado, mas também entre Caiado e o deputado federal Armando Vergílio, do Solidariedade, que será vice de Iris. O ruralista e Vergílio já se agrediram verbalmente. Por isso, Vanderlan solta farpa também em Armando Vergílio: “Armando está há 30 anos com Marconi. O eleitor pode não entender essa mistura entre PMDB, DEM e Solidariedade”. Cabe registrar que Vanderlan Cardoso chegou a ter esperança de contar com o Solidariedade em sua aliança.

Vanderlan Cardoso diz que continua a conversa com o empresário Júnior Friboi, que desistiu de postular candidatura ao governo pelo PMDB. É que nos bastidores circula a versão de que Friboi poderá apoiar Vanderlan “por baixo dos panos”, como forma de enfraquecer Iris Rezende. Vanderlan desconversa e diz que continua conversando com todos. “Não fechamos portas pra ninguém e qualquer apoio que vier será bem-vindo, desde que venha ao encontro do que nós defendemos para o Estado, ou seja, de um Goiás para frente.”

“Vou estar no 2º turno, não sei com quem”

O ex-prefeito de Senador Canedo se mostra otimista com sua candidatura. Diz ter certeza de que estará no segundo turno. E aí, se Iris Rezende não for para o segundo turno, vai procurar a líder peemedebista para fazer uma aliança. “Eu o apoie em 2010 no segundo turno, e agora ele poderá me apoiar.”

Vanderlan não admite a possibilidade de não estar no etapa final do pleito. “Isso não passa pela minha cabeça. Na verdade, sou tão otimista quanto ao nosso projeto pra Goiás, que estou trabalhando para ganhar no primeiro turno. Mas se tiver o segundo, quero ver quem vai comigo. Aí vamos ver essa questão de aliança. Vamos decidir o segundo turno no segundo turno.”

O empresário afirma que não deve antecipar cenários neste momento. Da mesma forma que nunca se preocupou com quem será seu adversário. “Quem quer se candidatar ao cargo de governador de Goiás não tem que ficar escolhendo adversários. Em 2010, se eu fosse escolher adversário, certamente não escolheria Iris e Marconi, os dois que foram ao segundo turno. Mas, mesmo totalmente desconhecido, não fiquei fazendo cenários. Não vou ficar fazendo agora. Estou do jeito que nós goianos falamos, do jeito que vier são três palitos.”

Vanderlan afirma categoricamente que é a nova opção política para Goiás. Ele não fala mais em terceira via, termo que diz não gostar. Segundo ele, seu projeto é quebrar uma polarização que tem sido danosa para o Estado, porque tanto Iris Rezende quanto Marconi Perillo já deram o que tinham de dar em termos de projeto político. “Eles já contribuíram, cada um a seu tempo. Eles precisam abrir espaço para algo diferente. Goiás carece de nova forma de governar.”

O empresário se diz preparado para administrar o Estado. Mui­to mais que em 2010, porque esse tempo serviu para um im­portante aprendizado. “A­pren­di muito na campanha e de lá para cá houve amadurecimento, em todos os aspectos, tanto político quanto administrativo. Viajei muito, buscando novos projetos para inovarmos nosso Estado.”