Segunda edição do Goiás Fashion Business coloca em debate as possibilidades do mundo da moda
24 novembro 2019 às 00h01

COMPARTILHAR
Atividades teóricas e práticas envolveram desde a análise das singularidades de cada empreendedor a até possibilidade como internacionalização da marca

Os desafios de empreender somados às subjetividade de um setor volátil e dinâmico: para quem busca consolidar um negócio no setor da moda, as atenções devem se dividir entre tarefas diversificadas. Foi esse o tom que marcou a 2ª edição do Goiás Fashion Busines, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Goiás (Sebrae Goiás) entre os dias 20 e 23 deste mês.
Com diversidade temática, o evento trouxe ao público atividades teóricas e práticas que juntas buscam somar ao propósito de fomentar marcas goianas, é o que explica a analista técnica do Sebrae, Thais Oliveira. “Nós queremos que as marcas goianas sejam fortes e que possam ser fortes não só em nível nacional, como também internacional”, considera a analista.
Traçada a meta, a programação do Fashion Business fez um caminho que se inicia com o autoconhecimento, estimulando participantes a identificarem suas identidades, passou por instrução sobre uso de ferramentas tecnológicas de acompanhamento de tendências e chegou à atividades práticas de como internacionalizar o próprio negócio. Uma receita que pode ser a diferença para a consolidação no mercado.
Autoidentificação
Para o empreendedor da moda, antes de se pautar de questões como gestão e comportamento do consumo é necessário o exercício do autoconhecimento, da conexão consigo mesmo, é o que afirma a coordenadora nacional da Cadeia de Valor da Moda do Sebrae, Anny Santos, primeira a palestrar no evento. Segundo a especialista, o passo atrás à lógica do mercado é o diferencial a ser buscado no mundo ultra conectado em que vivemos.

Segundo Anny, ao mesmo tempo em que as tecnologias nos colocaram na era da informação, também nos acabou imposto a saturação de informações, nesse processo, uma das chaves para lidar com um mar de possibilidades do mercado fashion é se nortear por um equilíbrio entre o eu e o público. “É o equilíbrio entre o que eu quero e o que o mercado está pedindo”, afirma a analista.
“O grande desafio de empreender na moda é que ele não vende um produto, ele vende um comportamento, ele vende uma ideia, ele vende uma identidade e isso muda muito rápido, então nós já temos uma série de desafios no Brasil quando o assunto é empreender: tributação, formalização, gestão, politicas publicas, mas o empreendedor de moda ele enfrenta isso ainda com mais intensidade”, considera a especialista.
Identidades
No debate sobre a necessidade de absorver a identidade do empresário para o próprio negócio, o estilista Isaac Silva, dono de uma marca de renome nacional, conhecido por trazer para as suas coleções o que ele mesmo classifica como “moda ativista”, afirma que é necessário pensar para além do vender. “Se você ficar só na pretensão de vender você vai estar vendendo algo sem DNA e sem uma identidade que pense no consumidor final você não irá durar”, afirma Isaac.

O empresário ganhou destaque no São Paulo Fashion Week (SPFW) deste ano, expondo um estilo que traz elementos da cultura afro-brasileira e indígena. Para Isaac, o sucesso de uma marca se caracteriza quando ela, carregando sua verdade, mantenha-se fazendo um trabalho que consiga alcançar crescimento, como emprego de novas pessoas e afirma que, em um futuro próximo, as marcas que não se atentarem para a diversidade irão desaparecer no mercado.
Nesse sentido, Isaac elogia a ação do Sebrae: “O Sebrae é o primeiro degrau que os empreendedores procuram, para quem quer fazer um trabalho sério e se especializar. Então trazendo nomes como o meu é trazer um conhecimento para pessoas que querem se aperfeiçoar em questões como essa”.
Tendências

A consultora em moda Raquel Leão palestrou ao público sobre as tendências de verão para o vestuário feminino 2020/2021. A especialista no setor de pesquisa faz parte do time da Use Fashion, plataforma online que apresenta pesquisas de tendências baseadas em desfiles e feiras nacionais e internacionais. A antecipação de um ano sobre cartelas de cores, estampas e temáticas tem um diferencial preciso para empreendedores: a análise traz uma interpretação das informações de forma a torna-las compatíveis com as demandas reais.
“Olhar para um todo é muito fácil, eu vou ver ali que apareceu muito blazer branco na temporada, mas o quanto é comercial para o nosso mercado? como aplicar aqui? “, considera a analista Raquel Leão.
Essa interpretação de informações entrega aos empresários uma gama de possibilidades, podendo o empreendedor adequar sua identidade, é o que explica Raquel. “Ele vai poder aplicar de uma forma muito pessoal. A analise é ampla, cabe ao empresário ver o que está de acordo com seu perfil”.
Internacionalização
Com as bases do empreendedorismo em moda debatidos, o evento trouxe ainda algumas das possibilidades cujas as quais os empresários devem estar atentos. O gerente de negócios Felipe Souto conversou com micro e pequenos empresários sobre internacionalização de uma marca. Indo na contramão de uma lógica simplista, Felipe explica que não é necessário a marca ser consolidada no Brasil para ser internacionalizada. No eixo do processo, o gestor diz que é necessário a busca por conhecer o processo.

“Algumas marcas que são consolidadas no Brasil tem muita dificuldade de penetrar fora do País, porque são mais robustas e a área internacional acaba não sendo uma prioridade. Pelo contrário, quando eu falo de micro e pequenos empreendedores eles acabam se preparando mais, estudando mais o mercado”, considera Felipe.
Ainda segundo o gerente, existem vários caminhos que propiciam a internacionalização: abrir um escritório em outro país, estabelecer um representante e fazer exportação direta. Para Felipe Souto, o que conta nessa escolha é a busca por capacitação, em muitos casos oferecidas até mesmo gratuitamente por órgãos de fomento.
O gestor relembra que o começo de sua vida profissional foi marcada por capacitações junto ao Sebrae e elogia a ação da entidade: “Aqui pudemos desmistificar que exportação é pegar uma empresa grande e colocar ela lá fora”, acrescentando a informação de que empresários exportadores ganham incentivos fiscais, como ICMS, além de contarem com variações de moedas internacionais, como altas no dólar.

“A segunda edição do Goiás Fashion Business (GFB) veio em boa hora para Goiás e os empresários do setor, pois o segmento tem investido na qualidade, produtividade e diversidade dos produtos, contribuindo com o desenvolvimento de Goiás”, avalia o diretor superintendente do Sebrae Goiás, Derly Fialho.
Segundo ele, o Sebrae atua para sempre oferecer o que há de melhor no mercado no tocante à capcitação para uma gestão cada vez mais profissional do empreendedor. “É missão da instituição promover a competitividade e o desenvolvimento dos pequenos negócios e estimular o empreendedorismo”, afirma.