Segmento evangélico goiano revê jogo político após Bolsonaro lançar Flávio
13 dezembro 2025 às 21h00

COMPARTILHAR
O segmento evangélico consolidou-se como uma das forças políticas mais influentes do país. De acordo com o Censo Demográfico 2022 do IBGE, os evangélicos já representam 26,9% da população brasileira, o equivalente a 47,4 milhões de pessoas.
Em diversos estados, essa presença amplia a capacidade de mobilização eleitoral e de definição de cenários em disputas majoritárias.
Em Goiás, o peso desse grupo é ainda maior: 32,6% da população goiana se declara evangélica, percentual acima da média nacional, o que transforma o segmento em um dos principais termômetros políticos do estado. Dentro desse universo, lideranças religiosas exercem influência direta no voto e na percepção sobre figuras públicas, especialmente em temas vinculados à agenda conservadora.

Com a decisão de Jair Bolsonaro de anunciar Flávio Bolsonaro como seu escolhido para representar a direita na corrida presidencial de 2026, o ambiente evangélico goiano reagiu de maneira crítica. A maior parte dos líderes e fiéis ouvidos pela reportagem considera que a escolha deveria ter recaído sobre o governador Ronaldo Caiado, apontado como o nome mais preparado, com melhor aceitação no estado e mais alinhado ao perfil desejado por esse eleitorado. A desaprovação predominante evidencia um distanciamento entre as bases evangélicas de Goiás e o movimento nacional do bolsonarismo.

Bispo Oides diz que há um clima favorável ao governador entre os evangélicos
Segundo o bispo Oides José do Carmo, presidente da Convenção dos Ministros Evangélicos da Assembleia de Deus do Ministério de Madureira no Estado de Goiás (Comadego), a decisão de Bolsonaro busca preservar seu capital político, mas não representa o melhor caminho para o país. “O presidente Bolsonaro procura preservar o seu patrimônio político indicando o filho. Porém, entendemos como um equívoco, pois vejo que as pessoas, de forma geral, estão cansadas desta polarização ideológica entre extrema esquerda e extrema direita”, afirmou.
O líder religioso defendeu que o Brasil precisa de um nome capaz de unificar o país. “Precisávamos de alguém que consiga unir a nação e apresentar um programa de governo que tire o Brasil deste radicalismo e o leve ao caminho do desenvolvimento econômico e da paz social”, disse.

Em relação ao cenário goiano, Oides afirmou que há um sentimento majoritariamente favorável ao governador Ronaldo Caiado entre os evangélicos. “Em Goiás, não falo por todos, mas o sentimento no meio evangélico é de respaldar o nome de um goiano que possui o perfil ideal para ocupar o honroso cargo de presidente da República, e o seu nome é Ronaldo Caiado”, declarou.
Caiado mantém espaço, diz presidente do Conselho de Pastores
O presidente do Conselho de Pastores e Igrejas Cristãs do Estado de Goiás, pastor Cleôncio Sathler, avaliou o impacto da decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de apoiar o filho, senador Flávio Bolsonaro, como seu candidato à Presidência da República em 2026. Segundo ele, o anúncio ainda é recente, mas já provoca reflexos entre lideranças religiosas e deve reorganizar parte das estratégias do segmento.
“Não posso falar em nome de todos, porque é uma notícia recente e ainda precisa amadurecer. Mas a indicação do Flávio Bolsonaro é compreensível. Pai é pai, e o filho tem grande potencial”, afirmou.
Sathler considerou acertada a reação do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que declarou manter sua pré-candidatura mesmo após o movimento de Bolsonaro. “A palavra do Caiado foi sábia. Tendo mais candidatos de direita, há uma soma maior. No Brasil, Tarcísio de Freitas e o próprio Caiado ainda aparecem como nomes muito fortes”, avaliou.
Apesar da entrada de Flávio Bolsonaro, o pastor afirma que o eleitorado evangélico tende a se alinhar com candidatos de direita, independentemente da configuração final. “A tendência do povo de Deus não é votar em partido ou candidato de esquerda, porque suas ideias não comungam com a Bíblia Sagrada. No final, se restarem duas opções, os cristãos vão escolher entre os nomes da direita”, disse.
Influência dos pastores e perfil do eleitorado
Sathler reconhece que a orientação de líderes religiosos ainda tem peso nas decisões de parte dos fiéis. “Não é 100%, mas a maioria segue uma diretriz. Quem tem conhecimento das Escrituras costuma pensar de maneira uniforme. Apenas uma pequena parcela não segue essa orientação”, declarou.
Caiado e o eleitorado evangélico
Ao analisar a relação entre Ronaldo Caiado e a comunidade cristã, o presidente do Conselho afirma que o governador tem buscado se aproximar do segmento e recuperar desgastes do passado.
“Caiado tem valores, tem feito um bom trabalho e possui uma oratória atraente. É claro que já teve idas e vindas em relação a Bolsonaro, e isso tira credibilidade com alguns pastores. Mas nos últimos tempos ele tem se aproximado mais, convidado líderes e se posicionado como alguém da direita”, observou.
Ele avalia que, se Caiado mantiver a pré-candidatura, tende a conquistar uma parcela expressiva dos evangélicos goianos. “No campo da política não se pode falar em totalidade, mas o Caiado realmente conquistou e vem conquistando uma grande fatia do eleitorado evangélico”, afirmou.

Peso eleitoral dos evangélicos
Segundo Sathler, o segmento cristão — incluindo evangélicos e católicos conservadores — deve ter impacto decisivo nas próximas eleições.
“Os evangélicos já passam de 50% da população em Goiás e crescem de forma alarmante no país. Em alguns estados e cidades, já são 70% a 80%. As projeções indicam que, até 2030, os evangélicos serão maioria no Brasil”, disse.
Ele destaca que, somados aos católicos conservadores, o bloco religioso se torna ainda mais influente. “Onde cristãos são perseguidos, padres e pastores morrem juntos. Isso mostra que estamos do mesmo lado. Juntos, católicos e evangélicos formam uma corrente que ninguém consegue vencer”, afirmou.
Pastor Romeu Ivo reafirma apoio a Caiado e vê força na diversidade da direita
O pastor Romeu Ivo, da Igreja Esperança, avaliou o cenário eleitoral e a influência do segmento evangélico, historicamente decisivo nas disputas em Goiás e na capital. Questionado sobre sua posição no atual embate político, o líder religioso reafirmou apoio irrestrito ao governador Ronaldo Caiado (UB).
“Enquanto o Caiado coloca o nome dele à disposição, eu falo por mim: eu sou Caiado”, afirmou. O pastor reforçou que sua lealdade está consolidada: “Se ele persistir, eu vou estar com ele até onde eu chegar; se no segundo turno, se vitorioso ou tal, vou estar com ele”. Segundo Romeu Ivo, essa postura se deve à “gratidão ao que ele tem sido para o nosso Estado”.
Sobre o movimento nacional envolvendo a escolha de Jair Bolsonaro pelo filho, Flávio Bolsonaro, o pastor disse que o tema ainda é recente para uma análise mais profunda.

Direita e multiplicidade de candidaturas
Um ponto em discussão no campo conservador é se a presença de vários nomes fortes, como Caiado e Bolsonaro, poderia fragmentar votos e favorecer a esquerda. Romeu Ivo, porém, rejeita essa hipótese e vê a multiplicidade como um elemento de fortalecimento.
“Eu acho que, no momento, questão de dois, três, quatro nomes… é bom. É bom. Essa é a questão positiva, né?”, avaliou. Para ele, essa diversidade amplia alternativas dentro da direita: “Isso credencia a direita a ter opção, enquanto o outro lado não tem opção. É única, né?”. O pastor afirma que o campo conservador possui “muito nome bom” e que o cenário atual é “melhor”.
Patriotismo, valores conservadores e alinhamento com Caiado
Romeu Ivo também analisou a permanência da força do bolsonarismo desde 2018, especialmente entre os evangélicos. Para ele, mais do que o apoio a um líder específico, houve o despertar de um sentimento nacional.
“Acho que despertou no brasileiro… não é propriamente a questão do bolsonarismo. Despertou o senso patriótico”, afirmou. Ele cita que os valores mobilizados naquele período — conservadorismo, amor à pátria, defesa da família e rejeição à ideologia de gênero — continuam consistentes.
Ao relacionar esses princípios ao perfil de Ronaldo Caiado, o pastor diz ver total afinidade com o universo evangélico. “O Caiado tem todas as situações que o mundo evangélico defende; ele, como cristão, também defende”, destacou. Romeu Ivo conclui reafirmando a convergência de valores: “É o princípio cristão dele. Embora não seja evangélico, ele é cristão e ele também defende”.
Pastor Gentil o momento ainda é de cautela
Para o presidente da Assembleia de Deus Ministério Bethel, pastor Gentil R. Oliveira, a movimentação reabriu debates dentro do segmento evangélico goiano, alinhado à direita e politicamente próximo do governador Ronaldo Caiado (UB).
Questionado sobre como as igrejas enxergam o novo quadro, o pastor afirmou que o momento ainda é de cautela e que não há definição consolidada por parte da denominação.
“O cenário está aberto. E, num cenário aberto, cada um avalia seu comportamento de acordo com suas conveniências ou com a sua maneira de enxergar a vida política do país”, disse.
Segundo ele, a Assembleia de Deus não adota posição fechada em torno de nomes específicos.
“A igreja não é fechada com A, B ou C. A igreja é fechada com propósitos, com políticas coerentes com aquilo que defendemos como cristãos bíblicos”, ressaltou.
Para Gentil, qualquer definição dependerá de “costuras, diálogos e avaliações ainda pela frente”.
Alinhamento com Caiado e expectativa do segmento
Mesmo com a indicação de Flávio Bolsonaro, o pastor destacou que lideranças evangélicas goianas naturalmente demonstram simpatia por uma eventual candidatura de Ronaldo Caiado.
“Qual goiano não gostaria de ter um goiano na Presidência? Ele fez um bom governo e tem capacidade para enfrentar uma candidatura dessa”, afirmou.
Apesar disso, pondera que ainda é cedo para falar em viabilidade eleitoral:
“Os índices ainda são frágeis para fortalecer a candidatura dele. Vai depender muito das conversas que ele e os aliados terão nas esferas mais altas.”

Flávio Bolsonaro como estratégia
Para Gentil, a escolha de Bolsonaro pelo filho não deve ser vista como definitiva.
“Vejo isso principalmente como uma estratégia. Bolsonaro, mesmo preso — injustamente, na minha visão —, lançou essa opção para ver o que vai acontecer. Só o tempo dirá se ele acertou.”
Ele também disse não acreditar que o movimento obriga o segmento evangélico a aderir automaticamente ao nome de Flávio:
“Não quer dizer que somos obrigados a recebê-lo como alguém já pronto. Somos, em maioria, de direita, e temos vários nomes e propostas.”
Bolsonarismo mantém força, avalia pastor
Apesar do desgaste político nacional, o pastor rejeita a tese de que o bolsonarismo perdeu força.
“Não considero que perdeu força. Existe uma política contrária tentando tirar o brilho da estrela dele. Fez um grande trabalho como presidente, e não vai ser uma prisão que vai apagar isso.”
Segundo ele, mesmo limitado judicialmente, Bolsonaro segue mobilizando sua base.
“Mesmo impedido de se expressar, ele ainda emite uma força muito grande no país.”
Dosimetria e disputas no Senado
Sobre o julgamento da dosimetria das penas impostas a Bolsonaro, Gentil afirma que o cenário ainda é incerto.
“O que foi aprovado na Câmara pode não ser aprovado no Senado. São 81 senadores, e não sabemos qual rumo isso vai tomar.”
Para ele, um eventual recuo do Senado poderia mudar completamente o cenário político:
“Se corrigirem essa perseguição política, podemos ter um cenário completamente diferente.”
O pastor encerra destacando a imprevisibilidade do momento político:
“Em política pode acontecer tudo, inclusive nada. Nada melhor do que um dia após o outro. Qualquer previsão pode mudar a qualquer momento, de acordo com o vento que toca a nuvem.”
Pastor João Queiroz escolha de Bolsonaro deve pesar na decisão das lideranças religiosas
Segundo o pastor João Queiroz, presidente da Igreja Batista renascer, a escolha de Jair Bolsonaro por lançar o filho Flávio como representante político, mesmo enquanto enfrenta restrições judiciais, deve pesar na decisão das lideranças religiosas.
“Uma vez que Bolsonaro definiu em prol do Flávio Bolsonaro, é fato que a grande maioria vai pender para o Flávio”, afirmou.
Apesar disso, João Queiroz diz não enxergar divisão entre os grupos que simpatizam tanto com Flávio quanto com Ronaldo Caiado. Para ele, a situação pode ser positiva.
“Não vejo como divisão, não. Vejo até com bons olhos. São oportunidades que nós temos, da direita, de ter pessoas com larga experiência como Caiado para pleitear a vaga de presidente”, disse.
Ele reforçou que, embora reconheça a forte aceitação de Caiado entre lideranças evangélicas de Goiás, a tendência inicial é seguir a orientação de Jair Bolsonaro.
“Sou bolsonarista, estou muito feliz com o governo do Ronaldo Caiado, mas quero, dentro de um cuidado, seguir as orientações do nosso ex-presidente Jair Messias Bolsonaro”, afirmou.
“A priori, a tendência é seguir com Flávio.”
Mesmo assim, o pastor revela qual seria, em sua visão, o melhor cenário para a direita brasileira:
“Meu sentimento e meu desejo seria que tanto Flávio como Caiado pudessem fazer uma combinação, trabalhar juntos, para um ser o majoritário e o outro ser o vice. Acho que isso seria muito bom para o estado e para o país.”
Ele destacou que, para o segmento cristão, a prioridade não está somente nos nomes, mas nos valores representados por cada candidatura.

“Para nós cristãos, o importante é ver esses fundamentos básicos dos valores judaico-cristãos. A questão não está no nome A, B ou C, mas no que a pessoa acredita e valoriza.”
Ao concluir, o pastor reiterou que a composição entre Caiado e Flávio Bolsonaro fortaleceria ainda mais a direita e o segmento religioso.
“Meu sonho de consumo seria Caiado e Flávio fazerem uma composição. O segmento cristão ficaria mais valorizado e a direita mais forte.”
Pastor Josué Gouveia avalia que a escolha causou surpresa e frustração entre lideranças religiosas
De acordo com o presidente da Assembleia de Deus Ministério de Vila Nova e segundo vice-presidente da Convenção Estadual de Madureira em Goiás, pastor Josué Gouveia, a escolha de Bolsonaro em apoiar o senador Flávio Bolsonaro para representar o bolsonarismo na disputa presidencial causou surpresa e frustração entre lideranças religiosas.
“A maioria acredita que a escolha tinha que ser do Tarcísio, porque o Tarcísio hoje tem uma condição melhor. Eu imagino que o Bolsonaro escolheu errado. Fiquei desanimado com essa escolha”, afirmou.
Gouveia explicou que, nos bastidores, líderes religiosos avaliam que a divisão da direita pode favorecer o debate político, mas enxergam que alguns nomes se destacam pela capacidade de enfrentar a esquerda.
“Independente dessa divisão, imagino que seja melhor ter vários candidatos justamente por esse discurso de contrapor o PT e a esquerda. Mas entendendo que o Tarcísio seria o melhor candidato, com chances reais de ganhar”, disse.

Caiado ganha força entre evangélicos
Em Goiás, o nome do governador Ronaldo Caiado (UB) segue forte entre os evangélicos, especialmente após sua sinalização de que manterá sua pré-candidatura à Presidência. Para o pastor, Bolsonaro não ter escolhido Caiado surpreendeu o segmento.
“Eu acho que nesse primeiro momento o Caiado será o nosso candidato. Ele tem o que mostrar e oferece o que o país precisa. A população precisa de um presidente com pulso, principalmente na questão da segurança, e o Caiado dá um show nisso. Imaginar isso no governo federal é algo muito forte”, destacou.
Gouveia considera que Caiado deve crescer na pré-campanha e pode surpreender.
“No segundo turno, pode ter uma surpresa com o Caiado. A tendência é esperar ele mostrar o trabalho, porque o povo hoje está muito preocupado com segurança e criminalidade, que envolve não só assalto ou PCC, mas corrupção e muitas outras coisas”, afirmou.
Tarcísio deve permanecer em SP
O pastor avalia que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), dificilmente disputará a Presidência diante do atual cenário.
“Acredito que o Tarcísio, nessa divisão, não vem candidato a presidente. Ele tem praticamente garantido o governo de São Paulo e não vai se arriscar. Se o Bolsonaro tivesse escolhido ele, talvez essa direita se uniria”, avaliou.
Orientação dos líderes religiosos
Com a movimentação dos pré-candidatos, a tendência entre o segmento evangélico goiano é apoiar Ronaldo Caiado.
“Acredito que sim. Os líderes religiosos devem orientar os fiéis a votarem no Caiado, pela postura dele, por ser uma pessoa que já conhecemos e que já mostrou o que pode fazer”, concluiu o pastor.
Bispo José Carlindo avalia que a decisão de Bolsonaro não deve ser vista como definitiva
O bispo José Carlindo, representante das igrejas independentes em Goiás, avaliou o atual cenário político nacional e estadual. Segundo ele, apesar do apoio maciço que Jair Bolsonaro recebeu desse segmento em 2019, a escolha do ex-presidente por indicar seu filho, Flávio Bolsonaro, como representante do movimento divide opiniões.
Para Carlindo, a decisão não deve ser vista como definitiva. “Existe muito comentário de que a escolha é estratégica, para conseguir algumas coisas, e não definitiva. Pode ser que as coisas mudem”, afirmou.
O bispo reforça que essa percepção não é isolada. “Não é só a minha opinião pessoal, é o que se ouve muito”, disse.
Questionado sobre a avaliação pessoal a respeito do nome de Flávio Bolsonaro, ele ponderou:
“Eu acho que tinha outros nomes que poderiam ser indicados, nomes com índice de rejeição menor”.
Carlindo citou que Jair Bolsonaro ainda possui capital político relevante, o que daria força imediata a qualquer nome que ele apontasse. Nesse contexto, o bispo destacou o governador Ronaldo Caiado como uma alternativa forte dentro da direita.
“Tem Tarcísio, tem Caiado… Eu me identifico com os dois. Apesar de serem de direita, eles têm uma capacidade de capilaridade, de conquistar aquele eleitor que é de direita, mas não é tão bolsonarista raiz”, avaliou.
Sobre Caiado, ele afirmou considerar o governador um nome consistente para o campo conservador. “Eu não tenho nada contra o governador. Acho que ele é um homem de princípio. Se tivesse o apoio do presidente Bolsonaro, ele teria chances, e com esse apoio as chances melhorariam ainda mais”, disse.

Para o bispo, a fragmentação da direita pode não ser o melhor caminho nas próximas eleições. Ele defende a formação de alianças.
“Eu acho que o melhor caminho nesse momento seria eles se juntarem numa chapa. Uma composição entre Caiado e Flávio, com apoio do ex-presidente, ficaria quase imbatível”, avaliou.
Carlindo também mencionou outros nomes que podem surgir no processo eleitoral.
“Acho que vai ter mais candidatos. Tem o Ratinho Júnior, tem o Zema… Provavelmente apareçam outras pessoas”, completou.
Membros avaliam cenário político após escolha de Bolsonaro por Flávio
A administradora Cláudia de Almeida, de 50 anos, membro da Igreja Presbiteriana Maranata, afirma que sua denominação mantém distância de orientações políticas.
“Até então, a igreja não se posicionou com relação a votar em X ou Y, nem creio que o fará, porque seguimos as diretrizes da Igreja Presbiteriana do Brasil, onde não se fala de política no púlpito com tanta veemência como em algumas igrejas, nem há direcionamento de voto”, explica.
Para ela, a postura é a mais adequada. “Acho correto, porque quem está no comando e nas decisões é Deus. Ele coloca reis, tira reis, coloca pessoas no poder e tira pessoas do poder, assim como Ele quiser”, afirma.

Cláudia ressalta ainda que o voto deve ser tratado como ato individual. “O voto é secreto, individual, não é coletivo”, diz.
Cláudia critica a polarização política no país. “Sou contra essa polarização radical dos últimos anos. Não sou nem A nem B. Quero uma novidade, algo que fuja dessa polarização existente no Brasil”, afirma.
Apesar da busca por alternativas, Cláudia reconhece que o trabalho realizado em Goiás pode influenciar sua decisão.
Ela avalia que Caiado poderia receber seu voto, por considerar que “algo está dando certo no Estado onde mora”.
Waldineia observa que há grupos evangélicos alinhados à esquerda
Para a jornalista e escritora Waldineia Ladislau, de 63 anos, membro da Igreja Corpo de Cristo em Goiânia, o cenário exige atenção, mas não causa surpresa. “Eu vejo assim com bons olhos, embora eu saiba que a igreja evangélica também é muito dividida nessas questões políticas”, afirma.
Waldineia observa que há grupos evangélicos alinhados à esquerda, embora considere que essa corrente política sustente valores contrários aos princípios cristãos. “A gente sabe que tem igrejas evangélicas que apoiam a esquerda, embora a esquerda apoie tudo aquilo que é contrário à fé cristã. A esquerda apoia uma agenda totalmente contrária à fé cristã”, diz.

Ela declara que seu posicionamento pessoal é orientado pela defesa do que considera valores cristãos. “Como realmente uma pessoa que é cristã e que pauta sua vida nos princípios cristãos, eu nunca poderia deixar de apoiar uma direita que também preserva esses valores. Claro que nem a direita é perfeita, mas entre o que existe, é a melhor opção”, avalia.
Sobre a indicação de Flávio Bolsonaro, Waldineia considera o movimento estratégico. “Eu vejo que a indicação do ex-presidente Bolsonaro, de seu filho, para concorrer às eleições, é uma indicação muito lúcida. Lúcida por quê? Porque a gente sabe que o Centrão nunca foi de direita. O Centrão não tem ideologia; a ideologia deles é estar no poder”, aponta.
Ela critica o que chama de falta de princípios desse grupo político. “Eles apoiam ora a esquerda, ora alguém do Centrão. Eles apoiaram a esquerda contra Bolsonaro porque o presidente não estava aliado à falta de valores que o Centrão vive. O Centrão não tem valores. A única política deles é estar no poder”, afirma.
Para ela, a candidatura de Flávio obriga o bloco a se reposicionar. “Quando ele lança o próprio filho, ele está obrigando o Centrão a dizer: ‘Então precisamos conversar’. O Centrão aceita qualquer coisa e muda de posição quando necessário”, comenta.
Waldineia também pondera que a escolha não é definitiva. “Pode nem ser ele no final que vai concorrer. Isso depende do andar da carruagem. Mas eu vejo que, no momento, é importante nesse jogo político. Ele é senador, tem base política e participa dos valores da direita”, afirma.
Ela diz não ter restrições ao nome do senador. “Eu não vejo problema na escolha do filho do Bolsonaro. Eu voto nele se ele for candidato”, pontua.
Quanto ao governador Ronaldo Caiado, que se apresenta como alternativa da direita, Waldineia diz que ele não representa fielmente esse campo político. “O Caiado diz que vai ser candidato de qualquer jeito, mas o Caiado não é direita. O Caiado é centro. Ele tem alguns valores, pessoalmente tem — por exemplo, a segurança pública, que é algo que a esquerda não preza. Mas eu votaria no filho do Bolsonaro, sim”, conclui.
Adventista vê em Caiado alternativa moderada para 2026
Flávio José, 35 anos, membro da Igreja Adventista, avalia que a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de lançar o filho, Flávio Bolsonaro, como pré-candidato à Presidência em 2026 tende a aprofundar o clima de divisão no país. “Essa escolha só aumenta a polarização, e isso não ajuda em nada a nação”, afirma.
Para ele, o governador Ronaldo Caiado surge como uma alternativa capaz de promover estabilidade e desenvolvimento. “Vejo no Caiado um caminho para que o Brasil avance a um patamar de crescimento, sem extremismos, nem da direita e nem da esquerda”, completa.
Danilo vê Caiado como melhor nome da direita e critica decisão de Bolsonaro
O jovem Danilo Rufino, 21 anos, membro da Igreja Videira, avalia que o debate político deveria receber mais espaço dentro das igrejas, apesar de sua denominação não tratar do tema com tanta ênfase quanto outras.
Segundo ele, Ronaldo Caiado é hoje o nome mais preparado da direita, por conta do trabalho realizado em Goiás e do discurso alinhado à segurança pública e a princípios cristãos.
“Para mim, o Caiado é o melhor caminho. Ele tem feito um bom governo em Goiás e defende valores cristãos, que são os mesmos em que acredito”, afirmou.
Danilo relata que, entre amigos, familiares e membros da igreja, a avaliação é de que a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de escolher o filho, e não Caiado, como pré-candidato, pode prejudicar a própria direita.
“A maioria das pessoas com quem converso acha que essa escolha foi um tiro no pé e pode entregar a vitória para a esquerda, caso a direita chegue dividida nas eleições de 2026”, completou.
Leia também:
