Governo do Estado garantiu a distribuição de kit de alimentação e patrocinou o ensino remoto, combatendo a evasão escolar e dando sustentação para retomada das aulas presenciais

Duas ações colocadas em prática na educação em Goiás surgem como destaque em relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE ). Os estudos têm levantamentos sobre a Educação no Brasil em comparação a outros países e caminhos para colocar em prática políticas públicas que façam a diferença na vida dos milhões de alunos brasileiros. A distribuição dos kits de alimentação como iniciativa que ajuda a reduzir a evasão escolar em 80% e a destinação de smartphones, com acesso à internet, aos estudantes que tinham dificuldades de acompanhar aulas de forma remota surgem como modelos a serem seguidos. 

Relatório Education Policy Outlook, produzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, instituição intergovernamental com 38 países membros, contou com o apoio técnico do Todos Pela Educação e traz uma análise detalhada do desempenho do sistema educacional brasileiro. O principal ponto do estudo mostra que a desigualdade no Brasil é um problema a ser vencido. A população mais vulnerável tem menos acesso à educação de qualidade e é a que mais abandona os estudos.

Por outro lado, o estudo aponta modelos colocados em prática que conseguiram resultados satisfatórios para educação pública, mesmo no cenário pandemico. As iniciativas colocadas em prática pelo governo de Goiás são apontadas como exemplos positivos. O programa de distribuição dos kits de alimentação foi indicado como uma ação que ajuda a reduzir a evasão escolar em 80%. Os alimentos foram entregues, a todos os alunos da rede estadual, mediante a comprovação de assiduidade às aulas remotas e conclusão de tarefas. “Me deixa muito orgulhoso saber que o Estado de Goiás foi citado especificamente nesse estudo, mostrando que nós tivemos preocupação com a segurança alimentar e com o acesso à educação”, comemorou o governador Ronaldo Caiado (DEM) ao saber do estudo. 

“Lançamos esse programa ainda no começo do ano passado e utilizamos a entrega do kit alimentação como ação de mobilização dos pais. Assim, os estudantes que tinham baixa frequência ou que já estavam em situação de abandono da escola, no momento em que chamávamos para receber o kit – que é direito de todos estudantes – conversamos e explicamos aos pais a importância da continuidade dos filhos nos estudos e do apoio que a escola daria para isso”, explica a superintendente de Organização e Atendimento Educacional da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Patrícia Moraes Coutinho. 

O projeto usou-se da necessidade momentânea de fornecer o alimento e garantir a segurança alimentar dos estudantes, para também aproximar-se dos pais e alunos, principalmente aqueles que já vinham se distanciando do vínculo com a escola. “Quando entregávamos os kits, também tínhamos a chance de apontar aos pais a real situação, e mais importante ainda, de explicar que se o aluno tivesse alguma dificuldade em acompanhar as aulas ou houvesse dúvidas no aprendizado, tínhamos material impresso e professores que poderiam atender por agendamento, fazendo o acompanhamento. Esse diálogo aproximou a escola da família de tal forma que conseguimos resgatar muitos estudantes, garantindo sua permanência na escola”, relata Patrícia Coutinho.

A distribuição dos kits de alimentação passou a substituir, a partir de agosto de 2020, o Auxílio Alimentação, que só era destinado aos estudantes em situação de vulnerabilidade social cadastrados em programas sociais como o Bolsa Família. A mudança permitiu que todos os 530 mil alunos da rede estadual de ensino fossem contemplados.

No segundo semestre de 2020, foram destinados R$ 82 milhões para a compra de kits alimentação a todos os estudantes. Os kits foram compostos por gêneros alimentícios básicos não perecíveis, e itens da agricultura familiar, como verduras, frutas e legumes. Essa ação continuou nos primeiros três meses letivos de 2021, com investimentos de mais R$ 45 milhões. Agora, o benefício que busca garantir a segurança alimentar chega por meio do Cartão Alimentação, com valor de R$ 30 por aluno, já garantido para os meses de maio, junho e julho. “Provavelmente só em Goiás haja uma ação desta qualidade”, diz a secretária da Educação, Fátima Gaviolli. Ela informa que o recurso só pode ser utilizado para a compra de alimentos.

Acesso à internet

No mês de setembro de 2020, o governador Ronaldo Caiado realizou a entrega de 1.136 smartphones para a Seduc. O objetivo foi atender alunos da rede que não tinham acesso à internet. A iniciativa foi possível graças à parceria estabelecida com a Secretaria Especial da Receita Federal em Goiás, por intermédio da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Serviços (SIC), e a empresa Vector Mobile, que forneceu o acesso à internet.

“Esta iniciativa também foi citada no estudo da OCDE porque realmente mudou a dinâmica dos alunos que precisavam acompanhar as aulas remotas. Nós acompanhamos todos estudantes por meio de um painel de monitoramento e conseguimos entender onde os alunos que tinham maior vulnerabilidade e quais aqueles que tinham menos acesso ou nenhum acesso a internet”, explica Patrícia Coutinho.

A superintendente lembra que também foi lançado o Programa de Recondicionamento de Equipamentos Eletroeletrônicos (Sukatech), que buscou a recuperação de computadores e outros aparelhos para doá-los a escolas e organizações da sociedade civil. O objetivo é que, além do benefício gerado às escolas da rede estadual, o programa atenda a uma demanda social, gerando capacitação técnica a pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Acesso gratuito

Para o segundo semestre deste ano os alunos terão mais um meio de garantir o acesso às aulas remotas.  Segundo Patrícia Coutinho, será implantado o chamado sistema chamado internet patrocinada. “Aqueles que acessarem o Portal Netescola, no portal da Seduc, ao se logar e vai poder baixar os vídeos e todos os materiais para estudo sem consumir nada do pacote de dados”, conta.

Segundo a superintendente, o governo do Estado vai arcar com os custos do acesso à internet destes alunos. “O aluno pode acessar o tempo que necessitar sem gerar nenhum custo.”

Garantia para volta às aulas

Suspensas desde março de 2020, as aulas presenciais em escolas da rede pública de Goiás serão retomadas a partir de agosto, mas com um sistema de rodízio de alunos. De acordo com informações da Seduc, o objetivo é a retomada gradual. Os técnicos da Educação traçaram um plano para garantir que 30% dos estudantes voltem às salas.

“Retorna primeiro os alunos que não tem conectividade alguma ou baixa conectividade. Também os alunos que tiveram baixo desempenho na avaliação diagnóstica e aqueles em situação de maior vulnerabilidade. Depois vamos fazer o revezamento de forma que garanta o direito de todos os estudantes a retornarem a escola”, explica Patrícia Coutinho.

Ainda de acordo com a superintendente, todas as ações desenvolvidas pela Seduc e que foram citadas no estudo da OCDE darão sustentação para uma boa retomada das aulas em agosto. “Além de garantir a aprendizagem, conseguimos manter o vínculo do estudante com a escola. A criança que abandona a escola ou tem grande distorção de idade/série, tem propensão a evadir e não voltar. Por isso devemos manter o vínculo e manter a permanência dele, que conseguimos tanto por meio do kit como com ajuda na conectividade.”