Seca, dólar e abate: especialistas explicam razões para recorde de preços da carne
24 novembro 2024 às 12h53
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Desde o final de agosto, os goianos têm enfrentado aumentos diários no preço da carne bovina, tanto nos cortes de primeira quanto nos de segunda. Segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) de outubro, divulgados em novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço das carnes registrou o maior aumento mensal dos últimos quatro anos.
Especialistas apontam que fatores como a escassez de animais para abate, a prolongada estiagem e o crescimento das exportações, com o dólar atingindo a casa dos R$ 5,81, são determinantes para esse cenário. Independentemente das causas, as famílias de baixa renda são as mais afetadas, vendo a proteína cada vez mais distante de suas refeições. Durante esse período, a arroba do boi subiu 38%, passando de R$ 245,00 para R$ 340,00.
Entre os cortes de segunda, o preço do músculo, que custava cerca de R$ 19,00, agora é encontrado por R$ 30,00, enquanto a costela, antes vendida a R$ 13,00, subiu para R$ 23,00. Nos cortes de primeira, destaca-se o coxão mole, que passou de R$ 27,00 para aproximadamente R$ 48,00. Comparando os preços de agosto com os de novembro, houve uma variação média de R$ 13,00 por quilo, representando um aumento de cerca de 48% para o consumidor final.
O aumento do preço da carne bovina em Goiás tem gerado impactos significativos na economia local, afetando tanto os consumidores quanto os produtores. Para as famílias, a alta nos preços significa uma maior dificuldade para incluir a proteína no cardápio diário, o que força muitos a buscarem alternativas como carne de frango e suína. Esse ajuste nos hábitos de consumo pode influenciar diretamente o setor de alimentos, mudando a dinâmica de demanda no mercado regional.
Do ponto de vista econômico, o encarecimento da carne afeta diretamente o poder de compra da população, já que grande parte das famílias destina uma parcela relevante da renda para alimentação. Em Goiás, onde a pecuária é uma das bases da economia, essa alta nos preços pode ter efeitos duplos: enquanto alguns produtores se beneficiam do aumento na receita, outros enfrentam custos crescentes de produção, como alimentação para o gado e insumos. Isso cria uma cadeia de pressão econômica que afeta desde pequenos pecuaristas até grandes frigoríficos e comerciantes.
Além disso, o impacto financeiro se estende ao setor de comércio e serviços. Supermercados, feiras e restaurantes sentem os efeitos da redução no consumo de carne bovina, o que pode levar à queda de vendas ou à necessidade de ajustar cardápios e preços. Em um estado com forte ligação à pecuária, como Goiás, essa situação ressalta a importância de políticas públicas e estratégias do setor privado para equilibrar a oferta, reduzir custos de produção e mitigar os impactos negativos tanto para os consumidores quanto para os produtores locais.
O elevado preço da carne bovina em Goiás é resultado de uma combinação de fatores econômicos, climáticos e mercadológicos. Entre as principais causas destacam-se:
Custo de produção: Produzir carne bovina envolve custos significativos, como alimentação, medicamentos e manejo do gado. A alta nos preços dos insumos agrícolas, especialmente grãos como milho e soja usados na ração, aumentou o custo de criação do gado, pressionando o preço final do produto.
Condições climáticas: Goiás enfrenta variações climáticas, como períodos de seca, que prejudicam a qualidade das pastagens. Essa escassez de alimento natural para o gado obriga os pecuaristas a investirem mais em ração suplementar, elevando os custos de produção.
Demanda interna e externa: O mercado internacional exerce forte influência nos preços da carne bovina. A alta demanda por carne brasileira, especialmente de países asiáticos como a China, impulsiona as exportações, reduz a oferta no mercado interno e encarece o produto para os consumidores locais.
Abate reduzido: Muitos pecuaristas optam por reter o gado para aguardar melhores preços no mercado, o que diminui a oferta de carne e eleva os valores. Essa prática é comum em momentos de expectativa de valorização do boi gordo.
Como resultado dessa combinação de fatores, os consumidores enfrentam preços cada vez mais altos para adquirir carne bovina, tornando o produto um item cada vez mais caro na mesa das famílias.
Produção de Carne Bovina em Goiás
Goiás é um dos principais estados produtores de carne bovina no Brasil, destacando-se tanto no mercado interno quanto nas exportações. Os maiores compradores da carne bovina produzida no estado podem ser divididos em dois grupos: o mercado interno e o mercado externo.
Mercado Interno:
Frigoríficos e Processadores de Carne: Grandes empresas, como JBS, Marfrig e Minerva, operam em Goiás, adquirindo carne bovina diretamente dos pecuaristas para abate e processamento.
Supermercados e Atacadistas: Redes de supermercados e atacadistas locais são importantes compradores, abastecendo mercados locais e nacionais.
Restaurantes e Churrascarias: O setor alimentício no estado e em outras regiões do Brasil também representa um consumidor relevante.
Mercado Externo:
A carne bovina de Goiás tem grande importância nas exportações brasileiras. Os maiores compradores internacionais incluem:
China e Hong Kong: Principais mercados para a carne bovina brasileira, incluindo a produzida em Goiás, devido à alta demanda por carne de qualidade.
Estados Unidos: Mercado importante para cortes específicos de carne e produtos premium.
Países do Oriente Médio: Países como Egito e Emirados Árabes Unidos, que valorizam a carne halal, amplamente produzida em Goiás.
União Europeia: Compradores de cortes nobres e carne rastreada.
Chile e outros países da América Latina: Importam carne brasileira, especialmente para atender à demanda regional.
Consumidores lamentam o alto preço da carne
Ismael Moreira da Rocha, 70 anos, catador de latinhas, estava em uma casa de carne no Parque Tremendão, na Região Noroeste de Goiânia, e disse estar assustado com o preço da carne. “Do jeito que está, o pobre vai comer a carne de dia e beber o caldo à noite. Parece que o governo não quer ver o pobre comendo carne, só pode”, lamenta.
Veronildo Moreira da Silva, 50 anos, morador do Bairro Floresta, também na Região Noroeste, trabalha com confecção. Ele avalia que está difícil comprar carne e que o churrasco de Natal já não é uma certeza. “Cada vez que a gente vem ao açougue, o preço é diferente, está parecendo na época do cruzeiro. Estou preocupado com o nosso Natal, porque carne para churrasco está cada vez mais distante, e o açougueiro disse que, até dezembro, ainda terá mais aumento. Misericórdia”, reclama.
Magna do Carmo, 68 anos, pedagoga aposentada, moradora do Leste Vila Nova, percebeu os aumentos consecutivos desde setembro. “Esse povo aumenta e nem avisa a gente, né? Confesso que quando cheguei aqui (ao açougue), quase caí para trás de susto com os preços. Um quilo de coxão mole custa R$48,00, sendo que eu pagava no máximo R$28,00. Onde isso vai parar?”, pergunta indignada. Magna conta que, mesmo procurando os locais com promoções, está difícil.
Bruno Guimarães, 40 anos, empresário do ramo alimentício, acredita que o aumento percebido é maior do que os 5% divulgados pelos meios de comunicação. “Pelo menos a carne que eu compro aumentou uns 50%, e as notícias para o futuro não são boas”, avalia. Bruno destaca que, apesar de ainda não ter diminuído as compras, está repassando os aumentos para os clientes e já percebeu uma retração em seu comércio, por conta disso.
Neila Ribeiro, 57 anos, técnica de enfermagem e moradora do Condomínio Portugal, em Senador Canedo, também notou os altos preços. “De umas duas semanas para cá, percebi que o preço subiu muito. Se continuar assim, o jeito vai ser migrar para outras carnes, como frango e porco”, sublinha. Neila ressalta que já sentiu um impacto considerável no orçamento.
Marcelo Martins Bernardo, 58 anos, servidor público, morador do Centro de Goiânia, relata que os aumentos no preço da carne afetaram negativamente seu orçamento. Ele diz que a estratégia é fazer pesquisas para encontrar os melhores preços. “A carne aumentou muito, mas estou sempre pesquisando e comprando onde o custo-benefício é melhor. Mesmo assim, está difícil”, afirma. Marcelo acredita que a migração para carnes de frango e porco será inevitável, o que, segundo ele, elevará os preços desses produtos também.
Fábio Júnior, 20 anos, auxiliar de cozinha e morador do Setor Pedro Ludovico, em Goiânia, conta que está difícil comer carne todos os dias da semana. “Como a gente vai fazer? Já está difícil, agora imagina se o preço subir ainda mais, como estão dizendo”, critica.
Fábio Júnior também lembra das promessas políticas de que, se eleitos, todos os pobres poderiam voltar a comer carne, inclusive picanha. “Cadê as promessas de que os pobres iam comer picanha todo final de semana? Na verdade, nem a costela vamos conseguir comprar daqui a uns dias”, cobra.
Avaliação do Economista
Para o economista Everaldo Leite, o preço da carne no mercado oscila de acordo com os ciclos de produção (criação, recria, engorda e abate) e com os preços internacionais da carne e sua demanda global. O aumento no preço para o consumidor reflete o momento atual do mercado, caracterizado pela redução da oferta de carne. “As leis da oferta e da demanda indicam que, quando há uma queda na quantidade de oferta de um produto, mantendo-se a demanda, isso resultará automaticamente em um aumento no seu preço”, explica.
De acordo com Everaldo Leite, periodicamente, os produtores enviam as matrizes para o abate com o objetivo de reduzir a oferta de novilhos e, consequentemente, aumentar o preço da arroba. “Quando o rebanho atingir um número compatível com a demanda nacional e internacional, os preços tendem a cair, alcançando um patamar mais favorável ao consumidor brasileiro”, avalia o economista.
Sindiaçougue
O presidente do Sindicato Varejista de Carnes Frescas no Estado de Goiás (Sindiaçougue), Silvio Yassunaga, explica que, desde agosto, o setor tem enfrentado aumentos consecutivos no preço da carne. Para ele, alguns fatores precisam ser levados em consideração, como a estiagem severa e prolongada, a escassez de oferta do produto no mercado e as exportações aquecidas.
Silvio Yassunaga destaca que, na verdade, o comércio varejista não tem repassado todos os aumentos na íntegra para evitar assustar e afastar os clientes. “Se repassássemos os aumentos exatamente como chegam até nós, o impacto seria muito maior. Por isso, de alguma forma, os açougues acabam absorvendo esses aumentos, muitas vezes sacrificando a própria margem de lucro e repassando-os de maneira gradual”, relata.
No entanto, Yassunaga segue pessimista em relação ao futuro. “Pelo que tudo indica, esse cenário deve persistir e teremos mais aumentos até o final do ano, já que ainda há mais de 15% de aumento não repassado, o que, a qualquer momento, pode fazer com que o proprietário de açougue não consiga mais segurá-lo”, revela.
Ele conta que, em agosto, o açougueiro pagava cerca de R$ 14,50 pelo quilo da carcaça (produto desossado para venda). Hoje, esse valor gira em torno de R$ 22,50, e, para a próxima semana, pode chegar a R$ 23,50.
Yassunaga ressalta que, enquanto a arroba do boi custava R$ 245,00 em setembro, atualmente está em torno de R$ 340,00, um aumento de aproximadamente 38,78%. Nesse contexto, o aumento repassado pelos frigoríficos aos açougues foi de 55%. Ele também lembra que as previsões não são as melhores, já que, em São Paulo, a arroba chegou a R$ 350,00.
Para Yassunaga, entre todos os fatores que influenciam o preço, a exportação é o principal responsável pelos aumentos. Ele explica que, quando há reajustes dessa magnitude, todos os cortes sofrem aumento considerável, não sendo possível distinguir qual corte foi mais impactado. “O aumento é sentido da costela até a picanha”, comenta.
Yassunaga esclarece que, nesse cenário, o varejista é o maior prejudicado, pois ele precisa garantir o funcionamento do comércio e, para isso, acaba renunciando à sua margem de lucro. “Dessa forma, a margem de lucro do empresário cai drasticamente”, diz. Silvio também avalia que o preço dos cortes de aves e suínos já está subindo, com tendência de aumento ainda maior com a chegada do Natal e uma possível migração dos consumidores do bovino para as outras carnes.
Yassunaga espera, no entanto, que haja uma estabilidade nos preços a partir de janeiro. No entanto, ele destaca que a situação atual tem surpreendido até os maiores especialistas da área, que têm errado nas previsões.
A Visão dos Pecuaristas sobre o Preço da Arroba e a Escassez de Oferta
Para o pecuarista Paulo Leonel, do Grupo ADIR, a alta nos preços nos açougues não é responsabilidade dos produtores. Ele explica que o preço da arroba do boi não subiu; na verdade, houve uma queda. “O boi ainda não recuperou a perda que teve nos últimos dois anos, quando o preço girava em torno de R$ 320,00 a R$ 330,00”, afirma. Segundo ele, o real problema para os consumidores são os grandes varejistas, que não repassam a queda no preço do boi para o mercado. “Quando ocorre uma alta, o repasse é imediato, mas, quando o preço cai, o consumidor não sente os benefícios”, critica.
Leonel destaca que a pecuária não teve nenhum aumento significativo e ainda enfrenta uma defasagem de cerca de R$ 70,00 por arroba. “Quem está ganhando com isso não somos nós, mas os atravessadores. O preço da carne está no mesmo patamar de 2022. Se houvesse um aumento que realmente atendesse às necessidades do produtor, o preço da arroba deveria estar em torno de R$ 390,00. Nós estamos comemorando a diminuição das perdas, não os ganhos”, garante.
Ele também ressalta que os preços elevados estão ligados à escassez de rebanho. Isso ocorre porque, com a queda do preço da arroba de R$ 330,00 para R$ 200,00, o produtor foi obrigado a vender mais animais para cobrir suas necessidades. “Com o aumento nas vendas, houve uma falta de oferta no mercado, o que contribuiu para a elevação dos preços”, explica.
Paulo Leonel afirma que não há expectativa de queda nos preços nos açougues, pelo menos nos próximos dois anos, devido ao início de um novo ciclo reprodutivo. “Estamos entrando em um novo ciclo, em que as vacas irão se reproduzir, mas este processo não é imediato. O tempo necessário para um bezerro estar pronto para o abate é de, no mínimo, 30 meses, ou seja, dois anos e meio”, conclui.
Renato Costa Esperidião Jr., da Agrogem Agropecuária, explica que o mercado de carne está passando por uma correção importante, após dois anos de deságio. ‘Desde 2021, os preços da carne não paravam de cair e, agora, com a retenção da oferta, os preços começaram a subir’, observa.
Renato também destaca que, mesmo com a alta recente, o Brasil ainda mantém a arroba mais barata do mundo. “O preço do quilo de carne no Brasil é o mais baixo globalmente, o que atrai compradores internacionais e aumenta a demanda, com uma oferta cada vez mais restrita”, comenta. Segundo ele, caso essa correção não tivesse ocorrido, muitos produtores poderiam ser forçados a abandonar a atividade pecuária.
Seapa
Pedro Leonardo Rezende, secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), explica que o ciclo da pecuária nos últimos anos favoreceu o aumento da presença de fêmeas no rebanho, o que resultou na diminuição da matéria-prima, ou seja, os bezerros, afetando principalmente o mercado interno.
Ele aponta ainda que outro fator determinante é o aumento do consumo, que é natural nesta época do ano devido ao pagamento do décimo terceiro salário. Além disso, o período de estiagem causou a redução da pastagem, forçando os pecuaristas a investirem mais em insumos.
Pedro Leonardo ressalta que as exportações também desempenham um papel importante na escassez do produto no mercado interno, o que acaba elevando os preços. “O Estado de Goiás tem conseguido abrir novos mercados que estão adquirindo um volume significativo de carne goiana, o que pressiona a disponibilidade no mercado interno”, destaca.
Ele lembra que Goiás possui o terceiro maior rebanho bovino do Brasil, com cerca de 24 milhões de animais, sendo o segundo produto mais importante na pauta de exportações, perdendo apenas para a soja. “Goiás está entre os quatro principais exportadores de carne do Brasil”, afirma. Os chineses continuam sendo os principais compradores.
Pedro Leonardo esclarece que a ideia de que os preços elevados se devem à retenção de animais pelos produtores para esperar uma valorização não é verdadeira. “Na realidade, o produtor tem prejuízos ao reter os animais no pasto, pois eles param de ganhar peso e continuam consumindo alimentos, ou seja, tornam-se ineficientes”, explica.
O secretário pondera que, para 2025, é esperado pelo menos uma estabilização dos preços, devido à chegada do período chuvoso. “Durante a estiagem, é normal que o produtor gaste mais com insumos devido à falta de folhagem, mas esse cenário tende a melhorar com as chuvas”, observa.
Por fim, Pedro Leonardo lembra que o governo tem desenvolvido políticas públicas voltadas ao fortalecimento da agropecuária de Goiás, com o objetivo de aumentar a oferta de animais. “Um dos principais fatores que pode contribuir para a redução dos preços para os consumidores é o apoio aos pecuaristas, para que eles possam produzir e colocar animais prontos para abate no mercado interno”, conclui.
Proprietários de açougues relatam dificuldades com aumento de preços e queda nas vendas
Ana Paula Lataliza, 39 anos, proprietária do KiCarnes Empório, localizado no Setor Leste Vila Nova, em Goiânia, esclarece que os varejistas não têm culpa pelos preços elevados e estão sendo prejudicados com a queda nas vendas. “Não temos controle sobre isso. Tentamos conduzir da melhor forma possível para não assustar nossos clientes e não prejudicar a empresa”, destaca.
Ela informa que, desde agosto, os preços vêm sofrendo aumentos diários. “Em agosto, pagávamos R$16,00 pelo quilo da carcaça, e agora estamos pagando R$23,00”, relata. Ana Paula observa que, embora as vendas tenham diminuído, o volume de caixa ainda se mantém estável devido aos preços elevados. “Comparando as vendas de outubro com as de novembro, o faturamento deveria ter aumentado devido aos reajustes, mas isso não aconteceu porque os clientes estão comprando menos”, lamenta.
A proprietária também conta que os cortes de carne de segunda, que normalmente têm maior saída, tiveram uma queda nas vendas devido aos altos preços. No entanto, a carne de primeira foi a mais afetada pelos reajustes.
Lucas Sales, proprietário da casa de carnes Uni Alimentos, localizada no setor Pedro Ludovico, relata que as vendas estão diminuindo gradativamente. “Apesar de tomarmos o cuidado de repassar os aumentos para o consumidor, nossas vendas caíram. O nosso objetivo é manter o cliente conosco”, afirma.
Sales explica que é impossível não repassar esses aumentos, sob o risco de não conseguir arcar com os custos. “Por causa disso, nossa margem de lucro diminuiu”, observa. Ele também comenta que sempre colocou os preços em plaquinhas do lado de fora da loja, mas, como os aumentos ocorrem diariamente, os custos para a fabricação das placas começaram a se tornar elevados, razão pela qual ele deixou de colocá-las.
Lucas ressalta que é comum o aumento de preços no final do ano, mas reconhece que, este ano, a situação está fora do normal. “Estamos acostumados com o aumento no final de ano, que ocorre devido ao fim da seca e à alta demanda por conta das festas de Natal e Ano Novo, mas, este ano, está atípico”, conclui.
Laís Souza, 20 anos, uma das proprietárias da União Alimentos, no centro de Goiânia, revela que sua casa de carnes, conhecida por oferecer promoções diárias em todos os cortes, atrai clientes de diversos bairros de Goiânia e até de fora da cidade. Laís explica que, por possuir seu próprio frigorífico, conseguem oferecer preços mais baixos que a maioria.
Apesar disso, Laís afirma que houve uma queda considerável nas vendas. “Os clientes sentiram o impacto, principalmente nas carnes de primeira”, observa. Ela conta que o aumento nos preços varia entre R$10,00 e R$13,00 por quilo de cada corte, o que fez com que os clientes migrassem para carnes mais acessíveis. “Quem comprava picanha está optando por outros cortes e, às vezes, precisamos vender a picanha pelo preço de custo para não ficar com ela no açougue”, explica. Laís também afirma que a margem de lucro não é mais a mesma desde agosto.
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