Pesquisa agora mede nada
09 dezembro 2017 às 10h17
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Profissionais do marketing eleitoral e de pesquisas dizem que os levantamentos de intenção de votos agora apenas detectam o grau de conhecimento do eleitor sobre os possíveis candidatos ao governo, o que nada significa em termos de definição de voto na urna daqui a 10 meses
Causou certa polêmica pesquisa de intenção de votos para o governo estadual realizada pela empresa Serpes, encomendada pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás (Acieg), divulgada na semana passada. Profissionais da área se manifestaram, houve debate nas redes sociais.
A questão que se coloca é sobre a validade de pesquisa neste momento, com 10 meses de antecedência do pleito. O fato é que pesquisa produz dois efeitos: agrada quem está na frente e desagrada quem está atrás. Para piorar essa percepção, elas podem ser manipuladas para agradar e/ou para desagradar.
No geral, não dá para criticar pesquisas, que na maioria dos casos são verdadeiras. As manipulações ocorrem quase sempre em pesquisas de institutos menores, que não precisam se preocupar com credibilidade.
Pesquisas extemporâneas, realizadas com muita antecedência em relação ao pleito e muito antes que os candidatos e as alianças sejam firmadas, têm valor, mas esse valor precisa ser relativizado. Esses levantamentos antecipados não costumam “combinar” com o decorrer das campanhas e, sobretudo, com o resultado das urnas. Isso por vários motivos.
Primeiro, por que há candidatos ou pré-candidatos conhecidos e pré-candidatos desconhecidos. E nesse caso, entre o conhecido e o desconhecido, obviamente o eleitor ouvido numa pesquisa vai escolher o mais conhecido, sobretudo se seu histórico não for ruim. Quem é conhecido, mas nunca administrou nada, costuma ser bem avaliado. Porque, no geral, o histórico — ou não-histórico — acaba sendo positivo.
O desgaste é, em geral, de quem já administrou alguma coisa. No caso da atual pré-campanha — na verdade, campanha mesmo, com as mudanças na legislação — ao governo estadual, o senador Ronaldo Caiado (DEM) tem sido beneficiado pelo fato de ser conhecido e, nada tendo administrado, não ter desgaste. Quem passa a vida na oposição, mesmo tendo sido governo — e Caiado já apoiou o governador Marconi Perillo, do PSDB —, quase sempre não tem desgaste e, sobretudo, tem como adotar um discurso moralizante, fazer críticas sem apontar soluções.
Neste momento, a dez meses da eleição, a rigor, não há candidatos 100% definidos. Exceto, quem sabe, José Eliton, do PSDB, que tem praticamente a unanimidade de apoio dos partidos da base aliada governista comandada pelo governador tucano. Os outros nomes colocados, tanto Ronaldo Caiado, quanto o deputado federal Daniel Vilela, do PMDB, estão se digladiando.
Caiado tem um partido nanico que não sustenta uma campanha majoritária; Daniel não conseguiu fechar a unidade de seu PMDB, enfraquecido pela divisão, pois uma parte quer apoiar Caiado.
Candidatos majoritários precisam de uma certa estrutura. Ronaldo Caiado não tem nenhuma. Por isso, trabalha, em tempo integral, para contar com o apoio do PMDB do prefeito de Goiânia, Iris Rezende, e de Daniel Vilela, que é ele mesmo pré-candidato do PMDB a governador, e do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Maguito Vilela.
Ronaldo Caiado aparece na frente nas pesquisas extemporâneas, como a do Serpes/Acieg divulgada na semana passada. Mas não se pense que o senador está tranquilo. Se Caiado confiasse 100% nas pesquisas atuais, que lhe dão como praticamente eleito, não estaria lutando, com unhas e dentes, para obter o apoio do peemedebismo.
O senador sabe como funciona realmente uma eleição majoritária. Em 2014, ele sentiu na pele o problema, na disputa para o Senado. Caiado começou bem na frente e terminou ganhando apertado. Para refrescar a memória, o democrata teve 1.283.665 votos (47,57%); Vilmar Rocha, do PSD, 1.012.496 votos (37,52%); e Marina Sant’Anna, do PT, 298.589 votos (11,07%).
Veja que Vilmar e Marina juntos obtiveram 48,59% dos votos. Quer dizer, 1,02% a mais do que Ronaldo Caiado. Sem o apoio do PMDB, o democrata, que tinha uma frente excepcional durante a campanha, não teria ganhando o pleito. É uma prova que as pesquisas extemporâneas devem ser examinadas com mais cuidado tanto pelos agentes políticos quanto pelos eleitores.
Voltando à pré-campanha em curso, se nem os partidos definiram seus candidatos, imagine os eleitores. As pesquisas neste momento só constatam isso mesmo: a indefinição e o desinteresse de sua majestade, o eleitor, em relação ao que vai acontecer daqui a dez meses. Está mais que provado que eleitores só definem o voto durante a campanha eleitoral, sobretudo nos últimos 15 dias que antecedem a eleição.
Hoje não há um debate realmente eleitoral. Cada pré-candidato se movimenta de acordo com suas possibilidades dentro do que foi como agente público, do que é no presente e do que poderá ser no futuro, mas restrito pela legislação eleitoral, que não permite o pedido de voto escancarado. Então, se não há um debate, como avaliar os postulantes? As pesquisas estão avaliando o quê, exatamente?
A verdade é que os eleitores não sabem quais são as propostas, os projetos dos pré-candidatos. Neste momento, eles estão no escuro. E com certeza, nem querem claridade no tocante à política, porque há mais o que fazer. O eleitor não está decidindo nada agora. Se ele topar um pesquisador, vai responder o que lhe for perguntado, mas fará isso de forma alheia, desligada.
No momento, esse eleitor tem outras preocupações, quais sejam manter seu emprego, ou conquistar um novo emprego (com renda maior, aproveitando-se da recuperação da economia); cuidar da família, dos filhos na escola, filhos casando; lazer, como futebol, novela; adquirir bens para ter uma aposentadoria mais tranquila — é provável que parte da classe média está mais preocupada em saber quais carros serão lançados em 2018 e 2019 do que com eleições —; com as festas de Natal e ano-novo; pagar suas prestações.
Não resta dúvida de que a preocupação eleitoral, no momento, é mínima.
Se todos são eleitores (afinal, o voto é obrigatório), há dois tipos deles: um é estreitamente ligado em política, composto, obviamente por políticos, por jornalistas, marqueteiros, pesquisadores e profissionais de áreas afins. O outro é o do cidadão comum, e esse, repita-se, está cuidando de sua vida.
A reportagem ouviu profissionais ligados à política e eleitores. Aos primeiros, perguntou:
1 – Pesquisa com tamanha antecedência está medindo o quê, na realidade?
2 – Na recente pesquisa Serpes, por exemplo, 74,4% dos entrevistados respondeu que não sabe ainda em quem votar. O que isso significa?
3 – Quem está na frente agora está garantido que chega à frente na hora da eleição?
4 – Neste momento, o eleitor comum está devidamente “ligado” em política?
5 – O eleitor que responde pesquisa neste momento tende a manter sua opinião até o final?
6 – Quando o eleitor decide voto?
Já aos eleitores — um universo mínimo de seis pessoas abordadas nas imediações de uma feira livre —, mas representativo do cidadão comum, as perguntas foram:
1 — Quais são suas duas principais preocupações no momento?
2 — Vocês sabe quais são os candidatos a governador de Goiás em 2018?
3 — Se sabe, você votará em quem? Por que votará nele?
4 — Quando e como você define seu voto nos candidatos?
Dono do Serpes diz que pesquisa muito cedo desinforma o eleitor
Antônio Lorenzo, executivo da empresa Serpes, uma das mais conceituadas do mercado goiano, é peremptório sobre pesquisas com muita antecedência. Segundo ele, levantamento com tal antecipação do pleito não está medindo nada no sentido do que vai acontecer daqui a um ano. “Mede mais o conhecimento, o que a mídia está repercutindo, e não a decisão por um nome”, afirma.
Segundo Lorenzo, a validade prática de pesquisa agora é muito pequena. E afirma que ninguém sabe se o nome que está à frente hoje vai continuar à frente depois, o que é outro problema. “Os números são válidos para os destaques, que podem usar isso na imprensa, mas não para os que não apareceram ainda ou os que estão com porcentuais muito baixos. E com a campanha tudo pode mudar, é claro.”
Lorenzo diz que, do ponto de vista do comando da campanha, o trabalho com pesquisa exige ver a linha do tempo, ver quem cresce, porque cresce, se alguém não é apenas um balão de ensaio e tal. “Aí se pode perceber o que se deve fazer e atacar os pontos fracos. A pesquisa em si, isolada, não tem maior efetividade na análise.”
Ele divide os arcos de interesse nessas pesquisas antecipadas. Para os outros agentes políticos, partidos e possíveis apoiadores, serve para dar um rumo na decisão sobre quem apoiar, mas lembra que essa decisão não é tomada agora, porque está muito cedo.
Para o público, diz, a pesquisa agora mais confunde que outra coisa. “Para mim, pesquisa neste momento nem deveria ser feita, porque mais desinforma que informa e o eleitor precisa de informação confiável.”
O executivo da Serpes diz que alto porcentual de pessoas que não souberam dizer nome de candidato na pesquisa que ele coordenou indica que a campanha não está na rua, que há pouca decisão. “E todos os anos é assim, o eleitor não está pensando na eleição com tamanha antecipação.”
Lorenzo observa que pesquisa confiável serve para dar uma linha de análise, é melhor que apenas a opinião de quem quer que seja, mesmo um profissional da área.
Mas o eleitor que responde pesquisa neste momento tende a manter sua opinião até o final? “Não, e campanha é pra isso mesmo, trabalha para convencer o eleitor, para mudar opinião. Por isso, vai chegar o momento de decidir e esse momento não é agora. Caberá ao candidato mostrar o que tem para oferecer ao eleitor.”
Paulo de Tarso Santos, marqueteiro político dos mais experimentados, radicado em São Paulo, também afirma que pesquisas atuais refletem um ambiente eleitoral não consolidado, que pouco diz sobre o pleito de 2018. Segundo ele, inicia-se a formação de opinião de maneira tímida.
“Basicamente os números refletem índices de conhecimento/popularidade que durante o processo sofrerão grandes mudanças. O que entre profissionais se denomina recall – índice de lembrança de marca – onde o natural neste momento é que apareçam números melhores para as marcas políticas mais antigas”, pontua.
Segundo ele, na Serpes, o alto índice de 74% de indecisos significa basicamente que o pleito está aberto, que não há favoritos. “Não há nada consolidado, e isso nem no plano nacional. O timming de entrada e tomada de decisão do homem comum no pleito obedece a outra lógica não medida nem pela classe política, nem pela imprensa, nem pelas pesquisas tradicionais com tanta antecedência.”
Paulo diz que o eleitor comum está preocupado com o Brasil, não focado na montagem do elenco de candidatos. Ele sabe que terá opções depois para se decidir. “Os que têm opção formada são minoria, vide os 74% de indecisos na pesquisa Serpes em Goiás.”
No entendimento do marqueteiro, o Brasil está em compasso de espera sabendo que tudo pode mudar, num processo eleitoral de grandes expectativas aos moldes da primeira eleição presidencial pós-regime militar em 1989. “Neste momento, o grande questionamento que embaralha tudo ainda é a possibilidade do ex-presidente Lula não poder concorrer. O país vive um limbo eleitoral que se reflete nos Estados.”
Quem desponta nem sempre vence
O jornalista Gean Carvalho também trabalha com pesquisas há muitos anos. Ele também não tem dúvida: pesquisa agora mede muito mais nível de conhecimento dos nomes que qualquer outra coisa.
E quem está na ponta, vai continuar na frente? Pelo contrário, diz Gean. Quem está na frente não tem nenhuma garantia de continuar na frente. “Aliás, pelo histórico, quem está na frente é que tem de ficar de cabelo em pé. O histórico de eleições, principalmente para governador, é de viradas, de 1986 para cá, todas foram viradas, quem começou na frente perdeu, incluindo as reversões de Marconi, que estava atrás em 1998, em 2002, em 2010 e em 2014”, lembra.
Gean continua a rememorar: “Fora a eleição de Iris contra Paulo Roberto Cunha em 1990, todas foram viradas, sem exceção: Santillo sobre Mauro Borges, Maguito sobre Ronaldo Caiado, Marconi sobre Iris duas vezes e sobre Maguito, Alcides Rodrigues sobre Maguito. E não só em Goiás, viradas são constantes no Brasil afora”.
Segundo ele, intenção de votos a um ano de eleição não é garantia nenhuma de resultado lá na urna. O que não significa, diz, que a pesquisa está certa ou errada. Se pesquisa a um ano fosse definitiva não precisaria fazer eleição, observa. “Neste momento, o que vale é pesquisa qualitativa. Não números, mas conceito, saber o que as pessoas imaginam, que tipo de candidato querem, os temas que elas querem ver discutidos, etc. Mesmo assim, são estudos que precisam ser atualizados de tempo em tempo, porque daqui a um ano muda muita coisa, o sentimento das pessoas, a avaliação delas sobre o cenário.”
Gean Carvalho diz que eleição é um processo e as pesquisas precisam ser feitas. “Não se pode dizer que elas não valem, mas valem o quanto pesam, pois medem o recall, o conhecimento sobre os nomes colocados.”
O jornalista diz que as pessoas não estão ligadas em política agora, muito menos em eleição. “Veja que mais de 60% dos goianos não conhecem Zé Eliton (PSDB) nem Daniel Vilela (PMDB), que são dois nomes colocados. Então, como a pesquisa agora vai refletir resultado das urnas se mais da metade do eleitorado não conhece dois dos três principais candidatos?”
Ele lembra que quem está no meio político podemos ficar espantados com isso, mas é a verdade. “Como as pessoas nunca ouviram falar do vice-governador Zé Eliton, que assumiu o governo várias vezes, e do deputado federal Daniel Vilela, que já foi deputado estadual?”, pergunta, para complementar: “Eles vão ficar conhecidos? Vão, na hora que chegar a eleição, com as campanhas, com a propaganda eleitoral. As pessoas têm que votar, e a partir daí vão discutir os nomes, assistir os programas e definir o voto.”
Gean Carvalho finaliza lembrando que que só há quatro políticos em Goiás com conhecimento acima de 90%: Iris Rezende, Marconi Perillo, Ronaldo Caiado e Maguito Vilela.
O advogado Bráulio Morais, experiente marqueteiro em campanhas eleitorais, também é categórico em repetir que pesquisa agora mede nível de conhecimento, e não opção de voto do eleitor. “E aí, o senador Ronaldo Caiado sai na frente, naturalmente, por ser 100% conhecido em Goiás. Mesmo porque, relativamente à pesquisa Serpes, por exemplo, pouco mais de 20% dos ouvidos se manifestaram. Eleitoralmente, pesquisa com tamanha antecedência não tem nenhum significado para o processo político-eleitoral. Objetivamente, pesquisa agora é insignificante.”
Bráulio afirma que quem está na frente não está garantido, de forma alguma. Ele também recorda pesquisas nos anos anteriores, em que os nomes na frente nunca, ou quase nunca, ganharam a eleição. “E eu nem diria que foram viradas, mas é porque é um equívoco a análise de pesquisas tão antecipadas. A pesquisa só pode ser configurada eleitoral quando se deflagra o processo eleitoral.”
Ele diz que na pesquisa se analisa a tendência, não interessa quem está na frente ou atrás. “Interessa a tendência, perceber com os números quem pode crescer, quem estabilizou, onde a curva de intenção de votos vai, etc.
Bráulio também recorre à história. Lembra a eleição passada para a Prefeitura de Goiânia, em que Delegado Waldir estava em primeiro lugar no início, mas ficou em terceiro lugar no final do primeiro turno.
E 1998, na eleição ao governo do Estado, quando Iris Rezende tinha 70% já no início da campanha, era mais conhecido, o mais consistente, mas quando começou a televisão e os candidatos se apresentaram, houve mudança da curva, e terminou derrotado por Marconi Perillo. Também em 2006, com Maguito, que chegou a 52%, e Alcides Rodrigues, que acabou ganhando. Houve mudança.
“Eleitor não está ligado em política agora, de forma alguma. Por isso, a pessoa ouvida na pesquisa e que marcou um nome, não tende a manter esse nome até a eleição. Ele apenas apontou o nome que conhece, mas não definiu, o que só vai ocorrer com os debates, a apresentação das propostas. Ou seja, com a campanha é que o eleitor vai decidir, não tem dúvida. Neste momento, é muito prematuro analisar definição de voto.”
O publicitário Renato Monteiro, experiente marqueteiro político, coloca que a tese de que pesquisa agora só mede conhecimento é verdade em parte. Ele diz que a pesquisa Serpes/Acieg jogou por terra isso. Se nessa altura do campeonato, afirma, a pesquisa afere apenas quem é muito conhecido, quem está na estrada há um bom tempo, então nem Daniel Vilela nem o empresário Otávio Lage não poderiam aparecer como apareceram, Daniel bem à frente do vice-governador José Eliton e Otavinho colado no vice-governador.
“Se considerar que José Eliton é vice em dois mandatos, assumiu o cargo várias vezes, passou por cargos importantes, Celg, Secretaria de Segurança Pública, sofreu um atentado, o que torna uma autoridade muito conhecida, porque aparece até em mídia nacional, coordena o Goiás na Frente e lançou o Goiás na Frente Social, ancorado em ampla propaganda do governo, então tem algo errado na estratégia da campanha dele na questão de dar visibilidade e torná-lo conhecido. Ou então a pesquisa Serpes/Acieg foi manipulada”, pontua.
Segundo Renato, se nesse momento a pesquisa só reflete grau de conhecimento e popularidade, José Eliton deveria estar numa posição melhor. “E é bom registrar que não estou desmerecendo o nome do vice-governador, não estou dizendo que ele é um candidato ruim, que Caiado é o melhor, nada disso, só estou dando uma opinião sobre a pesquisa.”
Se a maioria dos entrevistados não soube dizer nomes, isso mostra claramente que há um universo grande de indecisos na medida em que a eleição ainda não está colocada de fato, concorda Renato Monteiro. “Mas no universo pesquisado, a amostra que indicou nomes tem de ser considerada. Número muito alto de indecisos é sempre a esperança de quem está atrás em pesquisa, e os indecisos podem mesmo ser convencidos com argumentos, com propostas, com estratégia eleitoral boa, na campanha propriamente dita, isso é verdade.”
Ademais, concorda Renato, se pesquisa fosse uma coisa estática, sacramentada, ninguém faria campanha, bastava a pesquisa. “Nem precisava a eleição.”
Ele também diz que quem está na frente não está garantido na urna. Muita coisa pode mudar. Ele diz que a pesquisa Serpes lança luzes, sobre possibilidades do que está acontecendo nesse momento, não necessariamente reflete voto e muito menos vitória, mas reflete o humor do eleitor, reflete posicionamento dos candidatos, e aí tem de considerar como cada campanha está colocada. E lembra que Otavinho nem está em campanha, mas Daniel e Caiado estão.
“A pesquisa agora, no porcentual ouvido, reflete sim o humor do eleitor. Veja que o empresário Otavinho, que foi prefeito de Goianésia duas vezes há um bom tempo, é bem-sucedido, está à frente de um polo importante de empresas, preside a Adial [Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás] e com posicionamento muito discreto, mas ao ter seu nome colocado na cartela, desponta com porcentual razoável, próximo ao do vice-governador”, teoriza Renato
O marqueteiro concorda que o eleitor não está ligado em campanha eleitoral, nem define seu voto neste momento. Mas contraditoriamente, Renato afirma que o eleitor está ligado em pesquisa. “O eleitor se interessa por política sim, principalmente num momento muito politizado. A ‘Folha’ trouxe pesquisa nesta semana que mostra o humor do eleitor com o Congresso, com as votações lá, o que indica o interesse e a disposição das pessoas em relação ao voto que elas vão dar no futuro.”
Executivo da Grupom, outra conceituada empresa de pesquisa de opinião e mercado em Goiás, Mário Rodrigues bate na tecla de que pesquisa nesta época demonstra quanto é conhecido o nome do pretenso candidato. “Evidentemente, quem está mais na mídia é mais lembrado. Na pesquisa Serpes, 74% dos entrevistados não conseguiram lembrar de ninguém. E aí, o eleitor precisa ser estimulado, ser colocado diante de nomes. Se a entrevista põe um nome a mais ou um nome a menos, ou inclui mais nomes, muda-se o contexto, porque o entrevistado vai opinar em cima dos nomes conhecidos e em evidência.”
Segundo Mário, ninguém está garantido antecipadamente. Ele também historia eleições passadas em que o nome que estava na frente a um ano da eleição não foi vitorioso. Fazendo um retrospecto, diz, tem muito mais gente que estava na frente e que ficou para trás na contagem dos votos do que o contrário.
“Pesquisa agora não tem de ser de intenção de voto propriamente dito, mas de interesse do eleitor no nome ao ser apresentado a várias opções. O entrevistado admite votar em um nome, mas também admite votar em outro. A pesquisa tem de abranger o maior número de nomes possíveis, de gente que pode vir a ser candidato ou não”, afirma Mário Rodrigues.
Segundo o pesquisador, agora o eleitor não está ligado em pesquisa, em eleição. “O entrevistado responde a pesquisa, mas ninguém tem firmeza do voto, aliás, a maioria nem soube dizer um nome. O eleitor está cuidando da vida dele, comprando presente de Natal, resolvendo os problemas da casa dele, pagando as dívidas. Nessa época ele não quer saber de nada mesmo, principalmente de eleição.”
O eleitor começa a decidir seu voto para valer ao começar a propaganda eleitoral, afirma Mario. “Aí o eleitor fica mais observador, vai querer saber a história do político, o que fez, que tipo de proposta defendeu e o que pretende defender.” l
O povo fala
Natália Maia,
20 anos, estudante
l Preocupações: com seus estudos, passar no vestibular e se vai mudar de Goiânia ou não no ano que vem.
Não lembra de nenhum nome de possível candidato a governador.
Vai definir voto a partir de palestras na escola.
Assis Gomide,
42 anos, vendedor de pipocas
l Preocupações: crise financeira e não deixar faltar nada para a família.
l Possíveis candidatos que lembra: José Eliton, Ronaldo Caiado, Iris Rezende e Maguito Vilela.
Vota em Caiado por mudança, mas admite mudar o voto quando estiver mais próximo da eleição. “Posso mudar o voto sim, a campanha vai me ajudar a definir.”
Marcos Pessoa,
30 anos, lavador de carros
l Preocupações: comprar casa e formar os dois filhos
l Possíveis candidatos que lembra: Vanderlan Cardoso e Iris Rezende.
Vota em Iris, por ser um político que se preocupa com o povo.
Admite mudar o voto. Vai escolher o candidato em setembro, com a campanha.
Antônio de Freitas,
55 anos, feirante
l Preocupações: saúde (está buscando tratamento para uma artrose)
l Possíveis candidatos que lembra: Ronaldo Caiado, Daniel Vilela e José Eliton.
Diz que não acredita em nenhum político e que só vota porque é obrigado.
Luiz Augusto,
30 anos, comerciante
l Preocupação: família e diversificar seu negócio (é dono de estacionamento)
l Possíveis candidatos que lembra (busca na memória com muito dificuldade): Marconi Perillo, Iris Rezende e Ronaldo Caiado.
Não sabe em quem votará.
Definirá o voto no ano que vem, com a campanha, procurando saber o histórico dos candidatos e se são ficha suja.
Anailor Ferreira,
67 anos, taxista
l Preocupação: saúde e casar a filha (no dia 15 de dezembro)
l Possíveis candidatos que lembra: Ronaldo Caiado, José Eliton, Vanderlan Cardoso
l Vota: Caiado e Vanderlan – são pessoa que têm presença pública.
Admite mudar o voto, a depender de quem for candidato e com a campanha para ajudar a escoher.