Pastores e bispos apoiam Marconi porque tucano “representa o segmento evangélico”

22 setembro 2018 às 23h54

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Respaldo de lideranças dá injeção extra à reta final da campanha do ex-governador ao Senado

Independentemente das posições políticas, é inegável que o segmento evangélico é um dos maiores e mais importantes do Brasil na atualidade. Mas engana-se quem acredita que haja uma convergência de pensamento entre os membros quando o assunto é política — o que, na verdade, não é necessariamente algo ruim, pois, além de evidenciar que se trata de um movimento amplo, mostra que existe pluralidade de ideias.
De acordo com o site da Câmara dos Deputados, um total de 203 parlamentares — 199 deputados federais e quatro senadores — que foram eleitos para a última legislatura fazem parte da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, a chama bancada evangélica — vale ressaltar que alguns, como o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), estão atualmente fora do exercício.
Dos 17 deputados federais goianos, seis integram a bancada evangélica, da qual não é preciso necessariamente ser evangélico para participar — basta compartilhar dos mesmos valores. São eles: Célio Silveira (PSDB), Delegado Waldir (PSL), Fábio Sousa (PSDB), Heuler Cruvinel (PP), João Campos (PRB) e Sandes Júnior (PP).
Os partidos aos quais pertencem os referidos parlamentares dão a noção de como, em Goiás, o segmento evangélico está presente nas três principais chapas que disputam as eleições deste ano — o PSL está com Ronaldo Caiado (DEM); PP e PRB, com Daniel Vilela (MDB); e o PSDB é o partido do atual governador, José Eliton, que busca a reeleição.
É que claro que o apoio dos evangélicos aos governadoriáveis não se resume aos deputados federais. Diversas igrejas já declararam publicamente a preferência por algum candidato em específico — costuma-se pensar que a maioria está fechada com Ronaldo Caiado, mas tanto José Eliton quanto Daniel Vilela também possuem o respaldo de lideranças importantes.
Na disputa ao Senado, o destaque fica por conta de Marconi Perillo (PSDB), que disputa as eleições ao lado de candidatos identificados com o segmento evangélico — como o ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso (PP) — e, mesmo assim, desponta como um dos senadoriáveis que mais tem o apoio da área.
Coordenação de campanha
O deputado estadual Daniel Messac (PTB) é o coordenador do segmento evangélico da campanha de Marconi Perillo ao Senado. O parlamentar, que disputaria a reeleição, desistiu de buscar uma cadeira por mais quatro anos Assembleia Legislativa e poderá se dedicar inteiramente aos trabalhos para levar o tucano de volta ao Congresso Nacional, onde esteve de 2007 a 2010.
Ao Jornal Opção, Daniel Messac argumenta que os evangélicos apoiam a candidatura de Marconi Perillo em razão dos serviços prestados pelo ex-governador enquanto esteve à frente do governo.
Segundo ele, o tucano sempre dedicou atenção às pautas dos evangélicos, ajudou a promover eventos e deu voz às lideranças. “Marconi representa o segmento evangélico. Ele será uma voz no Senado a favor do fortalecimento da família e contra o aborto e a ideologia de gênero”, sublinha.
Lideranças
A reportagem ouviu algumas das principais lideranças evangélicas que apoiam a candidatura de Marconi Perillo ao Senado. O bispo Flávio, da Igreja de Cristo, é uma delas. “Lutamos contra o aborto e a favor de pautas que beneficiam o que entendemos por família. E o Marconi sempre foi extremamente educado e nos escutou, nos convidou ao Palácio das Esmeraldas e nos perguntou sobre esses temas”, revela. “O Marconi, de fato, nos representa.”
O bispo Flávio conta que ele mesmo deu uma sugestão sobre a postura que se deveria ter em relação à família de dependentes químicos. Inclusive, a Igreja de Cristo ficou responsável pela gestão de um centro de recuperação.
O pastor Valdivino, da Assembleia de Deus Ministério de Madureira, da cidade de Goiatuba, considera Marconi Perillo um “homem trabalhador”. “Meu apoio é devido a tudo o que ele fez como governador. Ele foi um verdadeiro parceiro dos pastores evangélicos”, frisa.
De acordo com ele, o candidato ao Senado se mostra um “político a favor dos cristãos” nos debates sobre família e aborto. “No Senado, a minha expectativa é que ele continue atuando da mesma forma”, diz pastor Valdivino.
Presidente da convenção da Assembleia de Deus Ministério Missão, o pastor Wellington corrobora com as demais lideranças ouvidas em relação ao suporte de Marconi Perillo às pautas do segmento evangélico e lembra que o tucano participa com frequência de eventos das igrejas, especialmente os de final de ano.
Redes sociais
Nas redes sociais, outras lideranças também declararam apoio à campanha do tucano por meio de vídeos. “Venho pedir encarecidamente a todos que estão nos acompanhando nas redes sociais o apoio ao meu amigo Marconi Perillo para senador”, enfatiza o bispo Roberto Santana, da Igreja Mundial.
Em outro vídeo, o presidente da Assembleia de Deus Ministério de Madureira, bispo Manoel Ferreira, garante que Marconi Perillo é o seu candidato. “Ele foi governador e trabalhou muito pelas igrejas e pelo avanço do estado em todas as direções.”
O bispo Maicle, da Igreja Luz e Vida, é outro que demonstrou apoio ao tucano nas redes sociais. “Estou aqui declarando o nosso apoio ao Marconi Perillo para senador. Ele é favor da família, das igrejas e do povo de Deus e é contra o aborto. É esse o homem que precisamos apoiar”, diz.
Outras áreas
Lideranças evangélicas não simpatizam com Marconi Perillo apenas pelo apoio do ex-governador às pautas do segmento. O bispo Flávio cita a “modernização dos hospitais” como outro motivo para votar no tucano. “O Hugol [Hospital Estadual de Urgências da Região Noroeste de Goiânia Governador Otávio Laje de Siqueira] é um exemplo disso.”
Por sua vez, o pastor Wellington menciona os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), onde Goiás atingiu a primeira colocação na comparação com o restante do País. “O estado é uma referência nacional.”
Em uma disputa acirrada pelas duas vagas do Senado, o apoio — e, mais do que isso, o reconhecimento do legado — por parte das lideranças evangélicas dá uma injeção extra à reta final da campanha de Marconi Perillo.