Para pesquisador, Goiás não faz esforço extra na Educação
17 fevereiro 2019 às 00h00
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De acordo com professor da Universidade Federal de Goiás, Governo investe no setor apenas o que já é padrão no Fundo de Desenvolvimento da Educação
Professor da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Econômicas da Universidade Federal de Goiás (Face/UFG), Thiago Alves considera importante analisar os gastos públicos em Educação. “Uma vez que se trata de um direito garantido na Constituição, a questão é: quanto custa a educação de qualidade?”, questiona.
Autor de uma tese de doutorado sobre custos para planejamento de sistemas públicos de educação, Alves analisou a pesquisa do Instituto Mauro Borges a pedido do Jornal Opção. “O custo-aluno revelado é baixo. Está no mesmo padrão do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização de Profissionais da Educação) e das demais redes públicas do País. Não há esforço extra na rede de Goiás”, diz.
Segundo o professor, esses valores são especialmente insuficientes quando comparados aos investimentos de outros países. “O padrão brasileiro é metade do gasto por aluno dos países da OCDE (Organização para Cooperação para o Desenvolvimento Econômico) e cerca de um quarto dos Estados Unidos”, compara.
Outro parâmetro é o valor pago pelos alunos nas escolas privadas, que é muito acima do gasto público demonstrado pelo IMB. “E não é uma questão apenas de lucro do empresário. A escola pública não dá condições, basta olhar a estrutura física das escolas públicas e privadas e as condições de trabalho do professor”, diz.
Alves afirma que a discussão sobre a relação entre dinheiro investido e a qualidade da educação é uma falsa controvérsia. “Claro que está relacionado. Mas não é simples captar isso pelos métodos de correlação usualmente utilizados”, diz.
Para o professor, é importante avaliar e buscar a eficiência nas escolas, mas sem esquecer que a finalidade do gasto público é garantir direitos. “Em geral, em educação, tem que gastar mais e tem que gastar melhor. É um dever constitucional fazer bom uso do dinheiro público”, cobra.
Outro aspecto do estudo citado por Alves é a diferença dos custos de escolas dentro da própria rede. “Os gastos variam muito, mas a nota varia pouco. Isso (diferença de gastos) é inadmissível. O Estado está dando condições diferentes (para os alunos)”, aponta.
O professor lembra que avaliar a nota dos alunos apenas sob o filtro do custo tem limitações. “Há outras relações, como o nível socioeconômico deles”, diz, ao lembrar que a maior parte da população matricula os filhos nas escolas padrão, que são aquelas que têm as notas mais baixas nas avaliações de desempenho. Já as escolas militares e conveniadas recebem alunos com perfil socioeconômico mais alto.