Os pré-candidatos da base aliada do governo nas cidades da Região Metropolitana de Goiânia
05 setembro 2015 às 12h31

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Radar governista não abre mão de avançar sobre a capital e municípios vizinhos, eleitoralmente dominados pela oposição. Palácio das Esmeraldas tem como meta fazer o máximo de prefeituras no maior colégio eleitoral de Goiás

Frederico Vitor
Nos bastidores da política diz-se que Goiânia é caixa de ressonância para os demais municípios. De fato, a capital de um Estado é a vitrine eleitoral e seus projetos urbanísticos precisam estar na vanguarda como modelo para as demais cidades. Diante dessas potencialidades eleitorais, a base aliada do governador Marconi Perillo (PSDB), em especial seu partido, não vai abrir mão de eleger o máximo possível de prefeitos nos municípios que compõem a Região Metropolitana de Goiânia.
O PSDB tem como objetivo em 2016 instaurar uma hegemonia política na capital, e adjacências, para alicerçar bases com vistas na sucessão ao governo do Estado em 2018. Por enquanto, o Palácio das Esmeraldas tem as prefeituras de Trindade, Nerópolis e Goianira ocupadas por gestores da base aliada. Como se nota, apenas os três municípios não bastam. É preciso ampliar mais ainda o raio de influência do governo estadual na região que forma o maior colégio eleitoral de Goiás. E, pensando neste fator, o projeto é viabilizar o máximo de candidaturas com capilaridade eleitoral. Porém, a tarefa não será fácil.

Em Goiânia, de fato ainda está muito cedo para conjecturar qual será o nome oriundo do ninho tucano que vai para a disputa eleitoral em 2016. No entanto, quadros não faltam. O presidente da Agetop, Jayme Rincón, por exemplo, tem se destacado e não esconde a intenção de concorrer ao Executivo goianiense — dizem que ele é quase uma unanimidade entre seus aliados. As obras do governo estadual em Goiânia, em especial os viadutos das GOs 070 e 060, a ampliação e iluminação da GO 020, a reforma do Autódromo Internacional Ayrton Senna, o adiantamento das obras no Centro de Excelência e o Hugo 2 na região Noroeste, têm rendido a Rincón boa visibilidade e peso político.
Jayme Rincón, ao mesmo tempo em que se tornou um tocador de obras do primeiro time, articula como se tivesse nascido fazendo política. É sempre franco e direto nas conversas e isso tem agradado. Visto como gestor, os tucanos avaliam que seu perfil cairia como uma luva às demandas do eleitor goianiense, que está ávido por um prefeito com estilo de gestor e tocador de obras, afinal de contas é isso que a população pede: resultados. E folha de serviços é o que não falta ao presidente da Agetop, principalmente na Região Metropolitana de Goiânia.

Correndo por fora e surfando na onda de seu recall político, o deputado federal e delegado de polícia Waldir Soares já disse que não abre mão de ser candidato a prefeito. Eleito com 274.625 votos, dos quais 178 mil conquistados somente em Goiânia (a região Noroeste da cidade foi a que mais rendeu votos a ele), ele diz que não vai recuar do projeto municipal no próximo pleito, o que deve provocar atrito interno no partido. A fissura deve ocorrer porque os tucanos estão mais inclinados a Jayme Rincón. Diante dessa problemática, delegado Waldir não descarta procurar outra legenda — muito provável uma sigla que faz parte da base governista — que banque seu nome à Prefeitura de Goiânia.
Outro nome tucano que sempre se coloca como candidato é o deputado federal Fábio Sousa. Líder religioso e recém-chegado à Câmara dos Deputados, em Brasília, o parlamentar diz aos quatros ventos que está no páreo. Como de costume, nos últimos períodos pré-eleitorais, ele se colocou à disposição, mas, agora, ele avisa: não quer ser o eterno candidato a alguma coisa.
Aparecida de Goiânia
No segundo município mais populoso e terceiro maior orçamento de Goiás, a base aliada deve bancar a candidatura de uma cara “nova” para tentar abalar a supremacia política do grupo do prefeito Maguito Vilela (PMDB). Há anos Aparecida de Goiânia se tornou um reduto peemedebista e não será fácil destronar o legado do prefeito, ainda mais se tratando de uma administração altamente bem avaliada e com uma extensa folha de serviços. Seguindo uma estratégia que deu certo nas eleições de 2014, o PSDB deve lançar a candidatura do comandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Silvio Benedito Alves, à chefia do Executivo aparecidense.
O tema segurança pública mais uma vez será uma pauta prioritária e, seguindo esta tendência, os tucanos avaliam que o militar pode agregar capital político ao sustentar a bandeira da paz social e tranquilidade. O militar não será um forasteiro. Ele trabalhou durante anos em Aparecida e conhece como poucos os problemas, contrates, qualidades e potencialidades da cidade. Como comandante de unidades da PM situados no município, o coronel deixou ótima impressão e conseguiu obter bons resultados no esforço de redução da criminalidade. Inclusive, sua última passagem pelos quarteis aparecidenses renderam a ele a indicação para comandar a corporação.

Coronel Silvio também tem grande prestígio junto à tropa. Ele foi fundador da Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe), que hoje é a Rotam e já comandou outras unidades de elite da PM, como o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) — atual Batalhão de Operações Especiais – Bope. Apesar da carreira militar brilhante, os aparecidenses vão esperar dele muito mais do que políticas efetivas na área de segurança pública. É exigido um gestor.
Afinal de contas, em um município onde os adensamentos urbanos são dispersos e, a cada dia surge novos bairros, é pré-requisito básico dar conta de administrar as demandas da cidade, como iluminação pública, asfalto, saneamento básico, saúde e educação. Neste último item, Silvio Benedito já conta com um trunfo na manga: Aparecida ganhou recentemente um Colégio Militar, sonho de muitos pais e alunos desejosos de um ensino público de qualidade.
Senador Canedo

O prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira (PDT), certamente vai tentar a reeleição, mas em outro partido, muito provavelmente o PSDB do governador Marconi. Ele tem feito uma administração bem avaliada na cidade de 98 mil habitantes, entregando obras, unidades de saúde, reformando escolas, inaugurando creches e entregando moradias em parceria com o programa Minha Casa Minha Vida.
O chefe do Executivo municipal canedense foi eleito com o apoio do ex-prefeito Vanderlan Cardoso (PSB). As conversas de bastidores dizem que, se o empresário e presidente estadual do PSB for mesmo disputar as eleições municipais de Goiânia, Misael já estaria com as “mãos na taça”. Apesar disso, a tarefa de conquistar um novo mandato não será tão fácil como se imagina. Há a possibilidade de formatação de uma ampla frente de oposição que poderia unir o PMDB e o DEM do senador Ronaldo Caiado.
Em Trindade, Nerópolis e Goianira base aliada deve manter hegemonia

Em Trindade, o prefeito Jânio Darrot (PSDB) vem fazendo uma administração consistente e deve ser candidato à reeleição. Sua gestão na “Capital da Fé” é voltada à recuperação dos equipamentos públicos do município de 115 mil habitantes, em especial na área da saúde, tendo como destaque a reinauguração do Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin). O prefeito tucano poderá ter como vice o vereador de Goiânia, Tayrone di Martino (sem partido), que com as bênçãos de padre Robson de Oliveira, da basílica do Divino Pai Eterno, vai mudar seu domicílio eleitoral com vistas ao pleito municipal de 2016. Jânio e Tayrone devem enfrentar nas urnas a deputada federal Flávia Morais (PDT) e o ex-prefeito Ricardo Fortunato (PMDB).

Em Nerópolis, município de 25 mil habitantes administrado pelo prefeito tucano Fabiano da Saneago (PSDB), a situação é atípica. Isso porque haverá uma disputa interna na legenda tucana para escolha do próximo candidato. Com alta rejeição do prefeito Fabiano, PSDB já articula outros nomes para o pleito de 2016. O presidente da Juventude do partido, o jovem Rodrigo Zani é o mais bem cotado e pode ser uma alternativa do partido à Prefeitura de Nerópolis. Sendo assim, outros nomes estão sendo construídos para evitar que o PMDB e o DEM (que estão unidos e articulados em torno do ex-prefeito Gil Tavares) tomem o comando da cidade.

De acordo com Rodrigo Zani, se Fabiano da Saneago quiser concorrer novamente o pleito terá apoio do PSDB. Porém, ele ressalta que, se até lá, o cenário for inviável no ponto de vista de apoio popular, o partido vai discutir outro nome de seus quadros com condição de unir a base do governador Marconi na cidade. “Se eventualmente a sigla precisar de um candidato mais competitivo estou preparado para disputar as eleições”, diz. Além dos tucanos, o PSD que também integra a base aliada do governo, deve lançar Dr. Luiz Alberto a prefeito.
Goianira

Em Goianira, o ex-prefeito Carlão Alberto Andrade, atualmente diretor de Operações da Metrobus, será o candidato do PSDB no ano que vem. Ele, que já governou a cidade de pouco mais de 40 mil habitantes nos período
s de 2004 a 2012, pode retornar ao Executivo municipal em decorrência da má gestão do prefeito Randel Miller (PP). Carlão já tem se articulado e, segundo ele, já conversou com o DEM, PHS e Pros para fechar eventual apoio à sua candidatura. “Quero voltar a dar dignidade à população de Goianira, investir em tecnologia na educação e saúde.”