A proposta do governo estadual é clara: vender uma boa imagem de Goiás diante de empreendedores estrangeiros. É uma política de negócios

Em Abu Dhabi, governador Marconi Perillo cumprimenta empresário árabe, ao lado do deputado José Vitti | Foto: Divulgação

Afonso Lopes

De tempos em tempos, o governador Marconi Perillo visita alguns países da Europa, América do Norte e Ásia. Essa é uma prática dele desde o seu primeiro mandato, no início dos anos 2000. Mas, afinal, o que ele vai fazer nesses países? Nada mais do que apresentar o Estado de Goiás e suas potencialidades para investidores estrangeiros. É uma política de negócios comum entre as principais potências do mundo todo. Além de carregar alguns técnicos do governo estadual, Marconi sempre convida empresários.

Na prática, qual é o resultado dessas viagens? O resultado é muito positivo. Basta dar uma rápida olhada no saldo da balança comercial do Estado, que sempre carrega números bastante significativos, e invariavelmente com superávit. Em janeiro deste ano, o saldo foi positivo mais uma vez em 170 milhões de dólares, ou mais de meio bilhão de reais. Esse é um dos aspectos positivos dessas andanças do governador pelo mundo.

Nada agrada mais aos empreendedores quando recebem a visita de um governante que se apresente como fator de união interna entre os interesses locais.

Marconi sempre fez isso ao lado de empresários goianos. Costuma-se dizer que os investidores mais desconfiados do planeta são os asiáticos. Em parte, isso é verdadeiro, mas há também um dose daquela filosofia oriental, de muita paciência.

Na atual viagem ao Oriente Médio, Marconi e sua comitiva passou a contar também com um respaldo político importante, representado pelo deputado estadual José Vitti, presidente da Assembleia Legislativa. Vitti, que também é empresário, sabe fazer muito bem o meio campo entre o setor empresarial e o alicerce político. Segundo assessores, o governador tem demonstrado bastante satisfação na composição dessa dupla que ele faz com Vitti. Os investidores estrangeiros também.

Mas as viagens não rendem positivamente apenas no que se refere à abertura ou consolidação de negócios para o Estado de Goiás. Em cada país, há soluções diferentes para problemas assemelhados. Um exemplo dessa boa experiência que acaba refletindo na administração foi dado pelo ex-prefeito Nion Albernaz. Os jardins floridos que fascinaram goianienses e visitantes durante anos, eram réplica de cidades holandesas e dinamarquesas. O relógio das flores, construído numa praça no Jardim Goiás, e que acabou cortada ao meio com a intenção de aumentar a fluidez do trânsito no local, também não foi invenção goianiense.

E não é só beleza e manutenção da máquina pública, e da cidade e Estado, que retorna na bagagem dos administradores. Na época de Nion Albernaz, o asfalto era bem conservado, mas havia “buracos” aqui e ali. Eram provocados não por falha na pavimentação, mas nas “visitas” — que são aquelas tampas de concreto colocadas nos locais de visitação de técnicos das redes subterrâneas, seja do saneamento ou de fiação.

Qual a solução? Veio dos Estados Unidos. Lá, as cidades erguem a tampa da “visita”. O custo é alto, mas a rua fica lisa, sem as imperfeições. A solução mais barata aqui em Goiânia foi tapar tudo com asfalto, registrando porém a inicial da empresa. “S”, por exemplo, era uma “visita” da Saneago, enquanto “T” era da Telegoiás, companhia de telefonia.

No Oriente, Marconi recebeu e reafirmou o compromisso com o grupo Caracal para a construção de uma fábrica de armas em Anápolis. Essa indústria fará uma boa e positiva concorrência com a gaúcha Taurus, que atua sozinha no mercado de armas para o sistema de segurança pública. É mais um nicho que surge na economia de Goiás. Outros negócios deverão ser consolidados ao longo dos próximos anos. Os investidores dos Emirados Árabes e da Arábia Saudita agora sabem que há um Estado no centro do Brasil confiável. Tanto para empreendimento direto como para fechar contratos de importação. Goiás entrou no mapa deles.