Na base da intimidade
31 maio 2014 às 12h05
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Chapa majoritária com Marconi Perillo, José Eliton e Vilmar Rocha mostra que opção da base aliada estadual é pela força da unidade
Afonso Lopes
A definição final das candidaturas às eleições deste ano só vai acontecer nas convenções partidárias. Dessa forma, apesar dos nomes já colocados no processo, ninguém pode ser considerado candidato definido. Mas se ainda não é o momento de assistir à batida do martelo, a fase é riquíssima em articulações, negociações e avanços. Nesse sentido, a chapa da base aliada do governo estadual caminha para efetivação, com as candidaturas de Marconi Perillo e José Eliton à reeleição, e Vilmar Rocha para o Senado. Muito mais do que o peso individual de cada um, a base aliada parece estabelecer sua linha de atuação na conceituação prática da unidade. Os três integram o que se poderia classificar como o mais próximo da unanimidade interna.
Reflexo dos acontecimentos do encontro de Rio Verde, ontem, sábado, 31? Sim, mas não apenas. O trio está se consolidando desde meados do ano passado, quando a caravana política aliada se estabeleceu e discutiu as metas de trabalho para as eleições deste ano. É óbvio que a candidatura de Marconi é a única que realmente conta com apoio total e incondicional de toda a base aliada, mas José Eliton e Vilmar Rocha também conseguiram conquistar apoio, e por isso podem trabalhar com maior desenvoltura em suas respectivas posições.
O fator Ronaldo Caiado na base
De qualquer forma, e apesar da consolidação dos nomes propostos para a chapa majoritária da base estadual, o democrata Ronaldo Caiado é, e vai continuar sendo, como uma sombra projetada sobre as candidaturas de José Eliton e Vilmar Rocha. Não que isso signifique que os dois correm riscos de perderem os espaços conquistados. Acontece que em se tratando de política, mais ainda que no futebol, onde gol decisivo pode acontecer nos acréscimos do segundo tempo, o jogo só termina quando “acaba mesmo”. Neste caso, após as convenções. Até lá, ou seja, no final deste mês que começou hoje, domingo, o que se percebe é uma nítida preferência por José Eliton e Vilmar Rocha.
Caiado não tem muitos trunfos na manga, mas tem votos pra caramba. Isso, claro, conta bastante em qualquer eleição. Porém, ele já esteve muito mais próximo de se reaproximar da base aliada como candidato ao Senado do que está hoje. Suas últimas andanças e declarações causaram certo desconforto, inclusive nos setores que gostariam de ter o líder democrata reintegrado à base aliada. Caiado repetiu que vai fazer campanha independente, sem se identificar político-eleitoralmente com o restante da chapa. Ou seja, se ele não vai se dedicar na tarefa de conquistar votos para todos, por que a base inteira pediria votos para ele?
Além disso, o democrata tem prestigiado eventos patrocinados fora do eixo aliado, especialmente no campo oposicionista, como aconteceu no encontro promovido pelo deputado federal Armando Vergílio, que de quebra teve aparição relâmpago do peemedebista Júnior Friboi. Antes, Caiado articulava abertamente junto à candidatura de Vanderlan Cardoso, de onde se distanciou somente após ser desautorizado publicamente por Marina Silva e por Eduardo Campos, comandantes nacionais do PSB e candidatos à Presidência da República e vice.
Essas atitudes de Ronaldo Caiado botaram pilha na base aliada, e acabaram reforçando as posições de José Eliton e Vilmar Rocha internamente. Enquanto Caiado se mostrava distanciado, os dois seguiam firmes a cada encontro regional da base aliada. Esse conjunto de ações e fatores está fazendo a diferença neste momento. Não é por outra razão que se percebe movimentação de pessoas muito próximas do líder do Democratas diretamente junto ao núcleo pessoal de Marconi. Recentemente, inclusive, os casais Gracinha/Ronaldo e Valéria/Marconi teriam gastado prosa animada num jantar reservado. O tema eleições deve ter frequentado o ambiente entre um acepipe e outro.
Preferência da base com a dupla Eliton e Vilmar
O processo de reabsorção de Ronaldo Caiado não é fácil. Lideranças de praticamente todos os partidos que formam a base aliada já declararam inúmeras vezes que a dupla Eliton e Vilmar tem preferência na casa. Não somente pelas atuais articulações empreendidas por ambos, mas por todo o histórico pessoal de cada um desde a campanha de 2010, e que atravessa a crise financeira de 2011 e os ataques de 2012, e a reconstrução a partir de 2013. Isso conta os pontos que agora estão fazendo toda a diferença.
A opção por Ronaldo Caiado não seria traumática suficiente para abalar a unidade em torno da candidatura à reeleição do governador Marconi Perillo, mas certamente seria desconfortável, pelo menos nos primeiros momentos, pelo sacrifício que teria que ser feito na chapa que hoje se abriga como fator representativo da unidade interna. E é exatamente aí onde se encontra a força desse grupo.