Apesar da polêmica de um suposto abandono do Partido Comunista do Brasil de seus símbolos históricos, a estratégia da legenda parece ser outra

PCdoB investe em novos movimentos para atrair pessoas | Foto: Divulgação

Nos últimos dias de dezembro de 2019, a notícia de que o tradicional Partido Comunista do Brasil, o PcdoB, estaria planejando “mudar de cara” adotando um novo nome e uma nova marca, tomou a internet. Segundo a informação que passou a circular e que chegou a colocar o partido nos Trending Topics do Twitter, o característico vermelho vivo daria lugar às cores verde e amarelo, os símbolos comunistas da foice e do martelo sumiriam e o partido passaria a ser chamado de “Movimento 65”. Entretanto, o que se descobriu depois é que tal informação não era verdadeira – ou pelo menos parte dela.

Em entrevista ao Jornal Opção, uma das figuras mais lembradas do PcdoB, o ex-deputado e ex-secretário Aldo Arantes, esclareceu o burburinho das supostas mudanças na aparência e denominação de seu partido. Segundo ele, nada será mudado, mas sim acrescentado.

Arantes explica que o boato da mudança de nome do partido surgiu com o lançamento de dois novos movimentos do PcdoB, o “Movimento 65” e o “Comuns”,  fruto de uma preocupação do partido com a cláusula de barreira, norma que impede ou restringe o funcionamento parlamentar ao partido que não alcançar determinado percentual de votos, e com a ampliação de uma frente de luta contra o governo de Jair Bolsonaro, o qual ele considera autoritário.

Aldo Arantes refuta informação de que PCdoB estaria abandonando símbolos históricos | Foto: Reprodução

“Houve certa incompreensão por parte da imprensa. Existe a preocupação do PCdoB com a cláusula de barreira, não há mais possibilidade de coligação, o que pode retirar do partido a representação parlamentar. E tem também a preocupação em ampliar a frente de defesa contra a ofensiva deste governo antidemocrático, que é o do Bolsonaro”, esclarece.

Conforme Arantes, os dois movimentos, que foram lançados há pouco mais de um mês, tem um único objetivo: expandir a influência e a organicidade. Entretanto, apesar da essência dos dois movimentos ser a mesma, há diferenças entre eles. “O Movimento 65 é um movimento mais eleitoral, com o objetivo de incorporar quadros políticos. Já o Comuns visa aglutinar setores sociais e democráticos próximos do PcdoB, pessoas que se identificam com as pautas do partido, em defesa do trabalhador, e querem lutar por elas”, diz. Ele conta ainda que o indíviduo pode fazer do movimento Comuns um “caminho de transição” para se lançar candidato pelo partido. “O cara que entrar no Comuns, por exemplo, se ele se candidatar, depois entrar no Movimento 65”, explica.

Em seu site oficial, o PCdoB defende que, com a criaçãoo do Movimento 65, o partido “reafirma a sua identidade marxista-leninista, seu programa e seu compromisso histórico de, nos momentos mais difíceis do país, procurar caminhos que reúnam o máximo de forças comprometidas com os interesses da nação e com os direitos do povo. Trata-se, também, de uma proposta criativa, sagaz, para manter no parlamento a legenda comunista. Fato que é muito importante para o PCdoB e, também, para a democrática”.

Divulgação do Movimento Comuns no Facebook

Segundo o Partido Comunista, o Movimento 65 é a evolução do pensamento da organização de massas em defesa dos direitos do trabalhador. A sigla defende que no Movimento “estão esses princípios, uma ação política para a realidade sombria que se formou no país. O PCdoB entende que a defesa da democracia é a primeira condição para o propósito de apontar um novo rumo para o país. Em torno dela, é possível formar uma ampla frente patriótica, que tem nas eleições municipais de 2020 um grande desafio”.

Entretanto apesar da criação dos dos movimentos, que já começam a angariar pessoas, Aldo Garantes que o vermelho vivo, o nome e a foice e martelo continuam no mesmo lugar. “Nada mudou e nem vai mudar”, garante.