Marconi mira em 2018 e deixa claro que caminho a ser trilhado é nacional
05 novembro 2016 às 11h30

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Na primeira semana após o fim das eleições municipais, tucano dominou noticiários local e nacional com discurso forte em defesa das prévias dentro do PSDB para escolha do candidato que disputará a Presidência da República

Alexandre Parrode
É sintomática a primeira iniciativa do governador Marconi Perillo (PSDB) após o encerramento das eleições municipais. Logo no dia seguinte ao fim do pleito, Marconi convocou uma coletiva de imprensa para, oficialmente, “avaliar o resultado das urnas”. Mas o que ele tinha a dizer foi além do processo eleitoral que se encerrava. Para bom entendedor, o recado do governador de Goiás envolveu muito mais o delineamento do cenário político que vamos observar até 2018 para a próxima disputa presidencial.
Na segunda-feira, 31, Marconi disse à imprensa goiana, com todas as letras, que defenderá “com unhas e dentes” a realização de prévias internas no PSDB para definição do candidato que disputará a cadeira do Palácio do Planalto. No dia seguinte, foi a vez de repetir o discurso em Brasília, em entrevista ao CB Poder, canal televisivo do “Correio Braziliense”. Na quarta-feira, a defesa afinada e enfática do governador de Goiás estampava as páginas do jornal “O Globo”, um dos maiores do país.
“Em conversa com ‘O Globo’, Perillo defendeu que seja deflagrada a discussão para a instituição das prévias previstas no estatuto do partido”, informa o jornal em sua edição impressa, em texto também publicado em seu portal, em reportagem assinada pela jornalista Maria Lima. A edição impressa do “Correio Braziliense” destacou a posição do governador, reproduzindo entrevista que Marconi concedeu ao CB Poder, afirmando que ele “tem a pretensão de concorrer às prévias”. “Defendo intransigentemente que o PSDB tenha prévias. Mais adiante, vou analisar se entro ou não entro. Se for candidato, não descarto a possibilidade”, afirmou Marconi na entrevista.
O recado foi dado e não saiu da boca de Marconi sem respaldo interno de peso dentro da legenda. Nos bastidores, corre a informação de uma forte aproximação entre Perillo, como é mais conhecido nacionalmente, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin, pré-candidato à Presidência do Brasil daqui a dois anos.
A possível aliança delimita territórios políticos e afasta Marconi do outro grupo já formado dentro do PSDB nacional e liderado pelo ministro José Serra (Relações Exteriores) e pelo senador Aécio Neves. É sabido que os dois também têm forte pretensão em disputar o comando do país, mas vêm enfrentando resistência interna para conseguirem se lançar.
E Marconi parece ter enxergado um atalho no terreno indefinido. O próprio jornal “O Globo” destacou que “em meio ao acirramento da disputa entre o presidente do PSDB, Aécio Neves, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pelo direito de ser o candidato tucano à Presidência em 2018, o governador de Goiás, Marconi Perillo, deixou claro que também quer ser incluído nessa lista”.
O diário carioca afirmou ainda que “o governador de Goiás sustenta que o assunto comece a ser amadurecido nos debates para escolha dos novos líderes na Câmara e Senado, marcada para o fim deste ano, e prossiga durante a escolha do candidato a presidir a Câmara e na eleição da nova Executiva do partido, ano que vem”. “Já temos ótimos quadros, com muita experiência, o governador Geraldo Alckmin, o Aécio, o José Serra. Já falaram no senador Tasso Jereissatti e outros. E, se tiver prévias, vou avaliar colocar meu nome”, acrescentou o governador.
As razões que levaram Marconi a lançar o tema e defender categoricamente o discurso de prévias ainda não estão claras. Mas, em política, Marconi sempre foi ousado jogando alto todas as suas fichas e colhendo resultados positivos. Não à toa, como ele mesmo reforçou na última semana, é a única liderança tucana que detém atualmente cinco mandatos majoritários consecutivos (quatro como governador e um como senador).
Quem o conhece não duvida que poderá compor a chapa na disputa pela Presidência da República. Caso não chegue lá, certamente ocupará posição de destaque nacional. Vale lembrar que a eleição para presidência do PSDB será no próximo trimestre e o tucano goiano é tido como um dos favoritos.