“Eu já era empreendedora desde muito nova, só não sabia”, explica Josi Albuquerque, de 31 anos. Junto com a irmã, Neiva Maximiano, fundaram a “Tapioca das Pretas”, sucesso em Goiânia há 8 anos. Naturais de Porto Alegre, no Tocantins, as irmãs vieram para a capital goiana e, como encontraram muitas tapiocarias na cidade, se viram no desafio de criar um negócio totalmente inovador. 

Ela conta que sempre quis ter um negócio alto astral. “Por que não trazer algo que fazia parte da nossa infância? Na época chamávamos de beiju. Falei para a Neiva, ela gostou da ideia e nasceu aí a Tapioca das Pretas. Na época, eu tinha 23 anos e ela 35. Então veio a ideia de fazer algo animado, como sempre fomos. Eu vendia coisa na minha cidade, com a bacia na cabeça, gritando na rua”. Segundo ela, o objetivo é proporcionar uma experiência completa para o cliente, desde o atendimento até a entrega do produto final.

“Às vezes a pessoa teve um dia estressante e quando ela vem aqui, sente essa experiência positiva, e melhora”, completa. Conhecidas como Preta Josi e Preta Neiva, as meninas possuem um trailer e comercializam tapiocas recheadas no Residencial Celina Park, em Goiânia. O cardápio é batizado com o nome de mulheres pretas que foram referências e inspirações para as irmãs. 

Um dos pratos mais conhecidos é a “Tapioca Rihanna”, de cor rosa e nome popular. Com massa diferenciada e vários tipos de recheio, o carro chefe da tapiocaria móvel é a Sheron Menezes. Mas a Tapioca das Pretas também comercializa goma de tapioca para quem quer levar para casa.

“Nós pensamos em todos os detalhes do nosso negócio, tudo que você vê aqui no nosso negócio, tudo foi pensado com carinho e tem um toque nosso em todos os detalhes. A gente chama o cliente de uma forma cantada, a gente entrega um recadinho para ele. É uma experiência completa”, finaliza Josi. 

As irmãs nunca viajaram para fora do país, mas sonham em conhecer os Estados Unidos, Japão e Marrocos. Josi é casada e não tem filhos, enquanto Neiva é solteira e possui uma filha. Os pais delas vieram do interior do Tocantins e elas nasceram em Porto Alegre, a mais de 300  km de Palmas. 

Segundo Josi, atualmente há 4 pessoas trabalhando no negócio, mas existem vagas em aberto. “Nós mesmas capacitamos e treinamos nossos colaboradores. Hoje o maior desafio é contratar mão de obra e também estar sempre inovando. Todo dia o mercado apresenta algo novo e temos que estar sempre acompanhando. O planejamento também é um desafio, porque somos muito operacionais e táticas, essa parte de estratégica é uma dificuldade”, explicou. 

Tapioca das Pretas foi eleita a melhor comida do ano em Goiânia. | Foto: Divulgação

No cenário dos 90 anos de Goiânia, uma nova geração de empresários emerge na capital, enfrentando os desafios de administrar negócios em meio à instabilidade econômica do Brasil. Para entender melhor suas trajetórias, desafios e perspectivas, o Jornal Opção ouviu uma seleção diversificada de empresários, tanto homens quanto mulheres, que têm inovado com práticas sustentáveis e economia colaborativa. 

Empresa oferece soluções limpas de energia elétrica 

Um exemplo é Pedro Bouhid, também de 31 anos. Proprietário e diretor executivo da empresa Yellot, em Goiânia, atua há 8 anos oferecendo soluções relacionadas à energia elétrica, desde instalação de grandes usinas, mercado livre de energia, mobilidade elétrica, gestão de usinas e energia por assinatura. 

Segundo ele, esse foi seu primeiro negócio.Inicialmente, a  empresa se destacava no setor de energia solar fotovoltaica, mas foi ampliando consideravelmente sua atuação ao longo dos anos. Hoje, a organização não apenas oferece diversas soluções para prover energia, mas também se aventurou no desenvolvimento de tecnologias e softwares inovadores. Um dos mais recentes empreendimentos da empresa, alimentado por uma considerável dedicação e energia, é a YellotMob, nosso novo spin-off dedicado à mobilidade elétrica”, destaca Pedro. 

Juntamente com outros dois sócios, fundou a empresa em 2016. Engenheiro Civil por formação, ele conta que lá atrás havia identificado um crescimento do mercado de energia. “Foi uma oportunidade para o mercado de trabalhar com algo que fazia sentido para nós, de sustentabilidade, de tecnologia e também uma necessidade. O mercado de engenharia civil estava em baixa na época e não era algo que eu gostava tanto. Então, foi antecipado esse sonho de empreender”.

Hoje a empresa emprega mais de 80 pessoas e atende o Brasil todo, com três filiais: em Goiânia (GO), Brasília (DF), e Primavera do Leste (MT). Além disso, possui usinas no Piauí, Maranhão, Pará e Minas Gerais. “É um mercado grande, porque todo mundo consome energia elétrica”, explica Pedro. 

Para ele, o maior desafio foi quebrar o paradigma, porque ser o primeiro foi muito difícil lá atrás. “E a gente passou por algumas crises econômicas e por uma pandemia. Então, foi bastante desafiador. Atualmente, o maior desafio é diversificar nossos modelos de negócio e crescer de uma forma sustentável, mantendo os valores e nossa cultura”. 

Ele explica que a geração de energia não é o real problema no país. A geração distribuída, homologada em 2012, deu a permissão para que cada pessoa pudesse gerar energia em sua própria casa, em seu próprio estabelecimento, o que solucionou bem essa demanda. De certa forma, isso também democratizou o acesso à energia.

“Existe um sucateamento da rede de distribuição, que infelizmente não é só aqui no nosso estado, mas o Brasil todo sofre com isso, talvez por uma falta de política energética e ética no país como um todo”, diz Pedro. Nos próximos anos, a tendência é um crescimento do consumo de energia elétrica e, para ele, isso não foi bem planejado ou bem executado ao longo dos últimos anos. 

Um fator apontado pelo empresário é a burocracia para abrir e ter uma base de funcionamento de uma empresa. “Os  processos tributários são complexos. Existe um novo modelo, mas ninguém sabe te informar qual imposto você tem que pagar nesse novo modelo de negócio, por exemplo”.

Outra dificuldade comentada é a falta de incentivo fiscal. ‘Para as grandes empresas e médias empresas, que é onde a gente se enquadra hoje em questão de faturamento, a gente fica sem opção. Os impostos de serviços em Goiânia são muito altos. A gente tem vizinhos nossos que têm impostos menores. No meu negócio em si não impacta tanto, porque o meu maior faturamento é em material, mas o ISS em Goiânia é maior do que em Senador Canedo, Aparecida e outras cidades metropolitanas”, explica.

Segundo Pedro explicou, nunca recebeu nenhum incentivo da Prefeitura, Estado ou Governo Federal, mas citou o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) como um benefício positivo. Além disso, apontou avanços com o novo governo, que demonstra uma preocupação maior com a pauta ambiental e incentiva o acesso à crédito para energias renováveis.

Os empresários buscaram parcerias com centros de ensino. A parte da instalação em si e os instaladores são disponibilizados principalmente do Senai, onde existe um curso de instalação dos sistemas solares fotovoltaicos. Como práticas sustentáveis, na empresa há a reciclagem de pilha, papel, entre outros materiais. A Yellot tem um comitê de identidade e igualdade de gênero, além de ações afirmativas. 

Pedro Bouhid e Jilson Brasil, proprietários da Yellot. | Foto: Divulgação

Mudanças nos modelos de negócios desde a década de 90

“Eu acho que hoje a gente tem as três letrinhas da moda aí, né? O ESG (Environmental, Social and Governance ). Muita gente já está levando em consideração e muita gente não conhece ou acha que é besteira. Eu acho que quem não leva muito a sério está fadado a sofrer muito no futuro. Com a política, temos três pontos: o meio ambiente, o social e o governamental, termos que fazem essa palavra estar tão em voga”, disse Pedro sobre a política da Yellot. 

Para ele, houve uma mudança de perspectiva do negócio em si.Na década de 90, as empresas eram muito pautadas nos shareholders, isto é, nos sócios. O que prevalecia era a ideia de lucro a qualquer custo. Hoje existe uma  gestão mais voltada aos stakeholders, onde todo mundo da empresa está envolvido na gestão, onde entra também a política social. 

Outro ponto de mudança se deu com a transição geracional. “As novas gerações se preocupam mais com o meio ambiente e as futuras se preocuparão mais. E entra o terceiro ponto, o senso de urgência. A gente esticou demais a corda e estamos tendo um reflexo disso hoje, com as mudanças climáticas e esse clima maluco. Algumas ações devem ser realizadas de imediato. E uma delas é a geração de energias renováveis”, pontua. 

Como exemplo de maior preocupação ambiental, ele citou o caso da Usina de Belo Monte, inaugurada há 12 anos no Brasil. Para o diretor da Yellot, atualmente isso seria praticamente impossível de acontecer pelos impactos ambientais que causam, considerando uma maior cobrança da população. 

“O Brasil é privilegiado por já ter uma energia com matriz elétrica majoritariamente limpa”, comemorou. A produção em hidrelétricas, apesar do impacto ambiental que as usinas causam no ecossistema ao redor, é considerada uma energia limpa porque não gera CO2 para a atmosfera. Além disso, apontou para o privilégio territorial do Brasil, que possui sol e vento no litoral, características propícias para a geração de energias renováveis. 

“A gente tem um potencial muito grande de ser líder mundial em geração de energia limpa e voltar a ser essa força ambiental e geopolítica que o Brasil sempre foi. A energia solar é limpa e acessível a todo mundo. Quem quiser, pode colocar duas plaquinhas solares no telhado de casa e gerar energia por conta própria. Então, a energia solar é muito mais democrática que qualquer outro modelo de energia”, destaca Pedro. 

Setor Imobiliário em Goiânia é destaque nacional

Felipe Pinho, proprietário da Tropical Urbanismo e Incorporação. | Foto: Divulgação

Em 46 anos de história, a Tropical Urbanismo e Incorporação vem fazendo a diferença em Goiânia, viabilizando empreendimentos aprimorados na direção do desenvolvimento sustentável. O dono da imobiliária,  Felipe Pinho,  explica que a empresa é um grupo familiar, tendo suas operações iniciadas no final dos anos 70. Felipe, de 39 anos, faz parte da segunda geração. 

Para ele, os desafios são diários e se reinventam a cada dia. “O mercado imobiliário é muito penalizado com inflação e altas taxas de juros, variáveis que estão dentro de um risco sistêmico global, mas que também são um reflexo da responsabilidade fiscal de nossos governantes”, explicou. 

Além do mais, apontou para a incerteza do cenário global, com duas guerras simultâneas e com a desglobalização gerando por si só uma pressão inflacionária. “Para piorar, nossos governantes não têm demonstrado até então, um compromisso firme em manter os gastos públicos sob controle”, disse Felipe. Ele explica que mesmo que as boas notícias sobre a desaceleração da economia americana se confirmem, a organização deve fazer sua parte, buscando constantemente o superávit primário. Caso contrário, ela não aproveitará o crescimento iminente.

O primeiro negócio de Felipe foi na área imobiliária. Além da Tropical Imóveis, ele também é investidor anjo de startups. Com 120 colaboradores, sua empresa participa da Junior Archievement Goiás, programa de capacitação dos jovens goianos para o empreendedorismo. São oferecidos cursos de educação financeira e mercado de trabalho para que eles reconheçam as próprias habilidades e saibam usá-las de forma inteligente e prática.

Sobre a capacitação da mão de obra, ele explica que o procedimento é todo realizado internamente. “Temos um procedimento interno bem rigoroso de treinamentos, adequação ao sistema e às políticas internas da empresa. Tudo é feito internamente, utilizando manuais de treinamento desenvolvidos por nós, com apoio de consultores externos”.

“Olhar para dentro da própria empresa nunca foi a parte mais desafiadora do empreendedorismo no Brasil”, pontua Felipe. As principais dificuldades em ser empresário no Brasil, segundo ele, são os fatores externos ao negócio, como a burocracia, inflação, altas taxas de juros. 

Goiás não tem a mesma proximidade do mercado consumidor, tampouco o mesmo custo logístico para exportação que Rio e Sp. Por este motivo, a competitividade de nosso estado tende sim a ficar afetada diante de uma mesma carga tributária. Além disso, a alta tributação na capital prejudica os negócios. “A comprovação disso foi o êxodo de várias empresas de serviços para Aparecida, sem que isto prejudicasse a competitividade delas”, explica o empresário.

A reportagem questionou quais pautas ele poderia sugerir para o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e para o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz. “Como desafio da região metropolitana de Goiânia, com certeza o anel viário seria o maior presente que o poder municipal, juntamente com o poder estadual poderiam dar para nossa cidade. Outra pauta importante que tem tudo a ver com geração de renda e empregos é o incentivo à inovação. Goiás possui o melhor campo de teste para startups do agronegócio e logística. Nosso governo do estado está com boas iniciativas. No entanto, vale lembrar que das 10 agritechs mais promissoras do Brasil, nenhuma é de Goiás. Precisamos focar os escorços destas iniciativas onde temos mais potencial e com certeza colheremos bons frutos no longo prazo”. 

Diego Siqueira, de 39 anos, também atua no mercado imobiliário goiano. Proprietário da Trinus Investimentos, se formou em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo. Ele conta que na capital paulista, trabalhou em uma das maiores gestoras de fundo imobiliário do Brasil, onde aprendeu muito sobre a indústria de fundos imobiliários e acabou se encantando. Em 2009, saiu da empresa para formar, junto com uma sócia, a Trinus Investimentos, que nasceu com o objetivo de ser parte ativa no mercado financeiro nacional, atuando como distribuidora, originando, estruturando e fazendo a colocação de créditos privados.

Diego Siqueira, proprietário da Trinus Investimentos. | Foto: Divulgação

“O objetivo é transformar o mercado imobiliário brasileiro através de fomentar e democratizar o acesso à capital”, explica ele. Atualmente, a empresa detém um capital de 3,5 bilhões de reais em seus fundos, proporcionando uma robusta estrutura de governança para empreendedores imobiliários residenciais em todo o Brasil. A presença abrange mais de 350 empreendimentos imobiliários distribuídos em 25 estados e 120 cidades, estabelecendo parcerias com mais de 100 empreendedores. Esses números refletem não apenas a posição atual da empresa, mas também indicam um significativo potencial de crescimento a curto, médio e longo prazo.

No caso dele, não há um histórico empresarial familiar. Seus pais são funcionários públicos aposentados em Goiás. Apesar de não conseguir explicar exatamente de onde vem essa motivação, sempre existiu uma forte vontade de empreender, de criar e gerenciar seu próprio negócio. Essa oportunidade se revelou ao longo de sua experiência profissional. “Começamos muito pequenos, com três pessoas numa salinha de 25 metros quadrados, e hoje nós somos 600 pessoas na empresa”, comemora.

Apesar de não ter parentes no ramo, conta que teve a sorte de se aliar a alguns sócios estratégicos durante a jornada da empresa. Mas, para ele, o ponto mais importante e desafiador é fazer uma boa gestão de pessoas. “O nosso bem maior são as pessoas, que a gente tenta o tempo inteiro capacitar e dar o suporte para que elas também consigam atingir os objetivos aqui dentro da estrutura”. O mercado da Trinus é local, nacional e também tem perspectivas internacionais.

“O mercado imobiliário no Brasil é gigantesco. A gente estima que temos em torno de 1% na contribuição mundial, com um mercado de 200 bilhões de reais por ano”, disse sobre as perspectivas. Ele conta ainda que não recebe nenhum tipo de benefício fiscal, nem estadual ou municipal. Além dos 600 funcionários, a empresa também gera, indiretamente, mais de 20 mil empregos em todo o Brasil. A caminhada, no entanto, foi solitária.

No perído de transformação digital, Diego conta que a Trinus é uma das pioneiros nessa busca de evolução tecnológica. “Se o governo pudesse contribuir com algum benefício para incentivar as empresas a investir em tecnologia, otimização e eficiência, isso seria muito bacana e, obviamente, traria benefícios diretos para a sociedade como um todo”, sugere o jovem empresário.

A empresa possui um comitê de ASG interno, ambiental, social e governança, além de um selo chamado Certificação B, que valida a metodologia da companhia. Além dos processos sustentáveis dentro da empresa, há também as ações sociais realizadas pela equipe. “A gente fez uma ação com uma ONG chamada Teto, que a gente ajudou a construir, dado que está atrelada ao nosso segmento, que é residencial, também ajudamos na construção de casas para pessoas necessitadas. Diego também apoia a escola circense Laheto, localizada no fundo do estádio Serra Dourada. Segundo ele, toda a lona do circo foi doação da Trinus.

A empresa possui uma trilha de capacitação interna que proporciona um MBA interno para os funcionários, com uma série de treinamentos. “Um dos maiores desafios é conseguir lidar e incentivar da forma correta o seu time. Então você tem um time coeso, com alinhamento estratégico, com a mesma visão, com o mesmo propósito, com clareza no que a empresa, quais os objetivos que a empresa tem, quais são as dores que a empresa quer resolver, talvez isso é o maior desafio”, explica Diego.

Apesar das dificuldades, mantém um olhar otimista em relação às perspectivas futuras. “Sim temos desafios, temos que torcer e ajudar para que o governo consiga depurar todos esses desafios econômicos. Mas a gente também como empresário dever fazer a nossa parte e tentar contribuir, transformando esses desafios em oportunidades”.

Mulheres inovam nas práticas sustentáveis industriais

Elisangela Sheila Colodino Feitosa, da JJ Borrachas, com o diretor João Carlos Gouveia na premiação estadual do Sebrae. | Foto: Edmar Wellington

Elisangela Sheila Colodino Feitosa, de 42 anos, ganhou o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2023. Na categoria Pequenos Negócios, ela se destacou pela inovação da JJ Borrachas, empresa que atua no mercado pneumático. A produção envolve aplicações capazes de fazer uso de gás ou ar pressurizado em diferentes equipamentos da indústria. 

A JJ Borrachas saiu de um fundo de quintal e caminha para ser uma grande indústria. A empreendedora conta ainda que começou com uma dívida de meio milhão de reais de uma sociedade que não deu certo, e atualmente possui uma indústria na região metropolitana, fabricando peças automotivas na linha de fixação, que fica na parte de baixo dos carros.

Há 10 anos no mercado, a empresa atende um mercado nacional. Elisângela explica que a empresa já está envolvida na distribuição, atendendo clientes distribuidores. A abordagem não é direta ao consumidor final, mas sim por meio dos distribuidores. Para ela, a maior dificuldade nos negócios é o investimento, que é próprio. 

Ela conta que tem investido muito em mão de obra feminina e que cerca de 50% do quadro de funcionários é composto por mulheres. Ao todo, a empresa possui 17 colaboradores internos e 8 externos. Antes de montar seu próprio negócio, a goiana trabalhava com destinação de resíduo de pneu, segmento que atuou por 17 anos. Os dois setores usam a mesma matéria primordial, que é a borracha, mas o segmento atual dá um processo melhor para esse material, apontou ela. 

“A gente tem que fazer um trabalho muito bem feito para dar certo”. Segundo Elisângela, a ênfase na qualidade não se limita apenas à empresa, mas se estende ao produto final que entrega ao cliente. “Considero essencial refletirmos sobre como nossos clientes perceberão e receberão nossas peças. Busco constantemente antecipar o momento em que ele terá acesso ao nosso produto, ponderando sobre possíveis melhorias e inovações que podemos implementar para superar suas expectativas”, explicou. 

Além da política de inclusão da empresa, como política social ela tem empregado imigrantes para ajudar na inclusão ao mercado de trabalho. “Porque além da barreira da língua, ainda há muito preconceito racial. Também temos um projeto de inclusão de pessoas mais velhas, que estavam fora do mercado de trabalho. E também damos treinamento para as mulheres”, explica. 

A JJ Borrachas possui 10.000m², com ampla capacidade de produção e usinagem própria. Após ser ganhar o prêmio de Mulher de Negócios no Estado de Goiás, Elisângela vai concorrer no prêmio Nacional do Sebrae. Para ela, a parceria com o Sebrae vai alavancar muito os negócios. “Porque ser um pequeno empresário hoje, não só no Estado de Goiás, mas no Brasil todo, é muito difícil. Isso porque a gente não consegue realmente um recurso, um incentivo para poder estar investindo, é muito difícil”, desabafa.

JJ Borrachas inova com uma produção 100% sustentável. | Foto: Divulgação

Além disso, as trocas de governo gera muita instabilidade econômica. Segundo ela, no último trimestre do ano houve uma queda acentuada no setor. “O governo precisa criar meios para auxiliar melhor as pequenas empresas. Porque se já é difícil empreender, ser um microempreendedor é mais difícil ainda porque caminhamos sozinhos”, sugere a empresária. 

Além de empreendedora, Elisângela é casada, mãe de dois filhos, sendo o mais velho um menino autista. “Não é fácil, tem dia que estou muito cansada, é uma vida de muitos sacrifícios, mas eu costumo dizer que é um sacrifício de amor. Só consigo porque tenho uma rede de apoio familiar muito grande e, é assim, a gente vai cuidando uns dos outros”.

Goiânia se destaca na cena musical eletrônica

Playground Music Festival, o maior festival itinerante de música eletrônica do país. | Foto: Redes Sociais

Rodrigo Borges é sócio e CEO da Up Music Events e proprietário da Arena Multiplace (espaço para realização de shows e eventos em Goiânia). Na foto, ele está em uma das maiores produções da Up, o festival Playgroynd, com quase um milhão de seguidores em suas redes sociais. O festival teve origem em Goiânia em 2004 e, desde então, já percorreu mais de 20 cidades brasileiras em 60 edições. Com uma duração que ultrapassa as 12 horas, oferece música e diversão contínuas. O público desfruta não apenas das apresentações de DJs nacionais e internacionais em vários palcos simultâneos, mas também do acesso aos brinquedos do parque.

“Atuamos predominantemente em Goiás, mas também realizamos eventos em outras regiões. Além do Festival Playground, também produzimos o Happy Holly, um festival itinerante. Em Goiânia, organizamos eventos de grande porte, como o Reveillon com Danilo Cristiano, um evento vintage, recentemente o show de Henrique & Juliano, e várias apresentações na Arena Multiplace”, diz o empresário. O Happy Holi é o maior festival de música e cor do mundo, em que milhares de pessoas vestidas de branco se juntam e criam uma paleta humana de cores.

Em 2014, a ideia inovadora que juntou música, cores e alegria percorreu 15 cidades brasileiras, alcançando um mais de 200.000 participantes. A agenda também inclui eventos sertanejos significativos, como a celebração dos 50 anos de Chitãozinho e Xororó, programada para o próximo dia 9 de dezembro. No dia da conversa com o Jornal Opção, Rodrigo também se preparava para um show de Henrique e Juliano.

Quando ele iniciou a Art Music, buscou inicialmente algumas parcerias. No entanto, fundou a empresa sozinho e, ao longo de sua trajetória, encontrou parceiros que passaram a fazer sentido. Estabeleceu uma parceria sólida com Marcos Júnior, seu sócio por mais de 20 anos, e Lucas Viana, que também é seu sócio há quase uma década. Juntos, formam o grupo de música.

Ele conta que morou por muitos anos em Nova York, nos Estados Unidos, inclusive durante o ataque das Torres Gêmeas. “Ao retornar, integrei a equipe de um clube e me apaixonei pelo segmento, atuando como funcionário. Esse envolvimento me motivou a empreender nesse setor, e aqui estamos até hoje”, relembra. Rodrigo é casado e tem três filhos, sendo o mais velho de 17 anos, uma filha de 1 ano e outra de 3.

Outro famoso festival de música eletrônica, a Abstract, também surge a partir do grupo UP Music. Caminhando para seu décimo ano de realização, o evento se consolida como um dos maiores festivais de música eletrônica do Brasil. O espaço permite que artistas do Centro-Oeste possam apresentar seus trabalhos, desde Illusionize (atração do festival em 2021), Victor Lou e Visage (que participaram em 2022 e outras edições), além de vários outros nomes de peso e emergentes da cena regional, com quem construíram parcerias nos últimos anos.

Abstract Festival reúne grandes nomes da cena eletrônica. | Foto: Redes Sociais

Como dificuldades no setor, ele apontou a alta tributação e a grande quantidade de impostos. “Vejo que o mercado de entretenimento traz desafios, principalmente quando realizamos shows e precisamos lidar com impostos como ISS, ICMS e impostos federais, incluindo a iminente extinção da PS nos próximos dois anos. O pagamento do ICAD, no valor de R$10,50, junto com o ISS e o imposto federal, torna a gestão financeira bastante complicada”. A carga tributária é pesada, com muitos impostos sobre impostos”, completou.

Como exemplo, ele citou o caso da dupla tarifação de bebidas destiladas. “Além dos impostos federais e municipais, quando compramos bebidas, como as quentes, temos que pagar também o ICMS. Esse imposto, especificamente para bebidas e eventos, acaba aumentando bastante o custo final e as bebidas saem muito caras”, explicou o CEO.

Empresária administra três empresas

Uma agência de marketing, uma floricultura e uma franqueadora de lojas de bolos. O que esses três negócios têm em comum? A resposta é: a proprietária Marjorie Bettiol. Aos 41 anos, ela reconhece que os desafios são consideráveis, mas assegura que possui conhecimento, talento e confiança suficientes para gerenciar os três empreendimentos. O caminho para se tornar a empresária que é hoje começou em 2018, quando Marjorie participou do Empretec, seguindo a orientação do Sebrae, na busca por capacitações para seu aperfeiçoamento.

A empreendedora é graduada em marketing, cursa filosofia e faz pós-graduação on-line em gestão de conflitos. Marjorie conta que foi nos estudos que encontrou o segredo para não se sobrecarregar: ela aprendeu a delegar, fazer a gestão de pessoas, aproveitar as características do perfil de seus colaboradores de forma inteligente e formar equipes fortes. Ela já trabalhava com marketing na sua empresa Beiô Branding, mas sentiu a necessidade de empreender novamente. Desta vez, em um negócio diferente. Com o conhecimento adquirido, nasceu o Verdô.

Marjorie Bettiol, proprietária de três empresas goianas. | Foto: Divulgação

“Eu não venho de uma família de empresários, meus pais são do interior, minha mãe funcionária pública e o meu pai pecuarista. Então, eu cresci entendendo que eu trabalharia para as pessoas, né? Que eu sou formada em marketing, atuo na área há mais de 20 anos e desde então comecei a fazer minha carreira dentro do mercado corporativo de empresas privadas, atuo nos departamentos de marketing”, explicou Marjorie.

Ela optou por deixar sua posição na empresa para fundar sua primeira agência de marketing, impulsionada pelo estímulo que recebeu nesse setor durante sua passagem pela empresa anterior. Ela conta que a figura política influente na organização, Vanderlan Cardoso, proprietário da Cicopal, teve um impacto significativo em sua decisão. Inicialmente direcionada ao marketing, a empresa dela evoluiu para branding, área na qual ela se especializou ao longo de sua carreira.

“A Beiô Branding, minha primeira empreitada, surgiu da necessidade de concretizar as visões que tinha para meus clientes, algo que, como prestadora de serviços, nem sempre era possível transmitir totalmente. Essa empresa de serviços levou à criação de uma segunda empresa, o Verdor Ateliê Botânico, movida pelo desejo de materializar um legado familiar e proporcionar algo tangível para as gerações futuras”, relembra.

Nos dois anos e meio de existência, o Verdor Ateliê Botânico tornou-se um caso de sucesso, permitindo-me aplicar minhas habilidades de marketing, branding e empreendedorismo de maneira prática. Neste empreendimento, experimento os desafios e as recompensas do dia a dia empresarial, desde a gestão de estoque até a administração de colaboradores, uma experiência diferente da Beyo, que, sendo uma empresa de prestação de serviços, está mais intimamente ligada à minha atuação pessoal.

Além de Co-Founder do Verdô e head na Beiô Branding, é também franqueadora, mentora e consultora de Branding da Bolos do Cerrado.

Marjorie apresenta a Bolos do Cerrado, que possui 47 lojas espalhadas pelo Brasil. | Foto:

“Em todas as minhas empresas, só na Beiô que eu sou sozinha, mas eu tenho sócios e acredito muito no coletivo, no trabalho em sociedade, nessa visão empreendedora, não só com o viés único, mas com outros viés”, diz Marjorie. Ao falar de suas empresas, destaca a abordagem humanizada em relação aos colaboradores. Segundo ela, a empresa investe em benefícios obrigatórios por lei, como transporte e vale-refeição, mas vai além, focando em treinamento e assistência individualizada, reconhecendo não apenas o colaborador, mas a pessoa por trás da função.

Além das práticas comuns, a empresária menciona um compromisso espiritual, compartilhando sobre a participação da Beiô Branding em um projeto social chamado “Cidade Amor Maior”. “Hoje eu me considero uma empreendedora do reino, então assim, todas as empresas a gente trabalha voltado para realmente transformar a vida das pessoas, empreendendo o reino de Deus”. completa.

Dentro da Bodo Cerrado, a empresa está lançando uma nova marca. Todo o rendimento gerado por essa marca será destinado à cidade, com um valor específico a ser determinado como percentual. Esse processo será implementado no contexto do Verdor. Já a emrpresa branding contribui ativamente para a cidade, oferecendo gratuitamente serviços de marketing para a construção da mesma.

Produção de cerveja também é destaque na Capital

Alberto Nascimento, Sommelier de Cervejas e Diretor Comercial no Grupo Colombina. | Foto: Arquivo

Alberto Nascimento, de 39 anos, é proprietário da marca Cerveja Colombina. O Grupo Colombina é uma empresa familiar, e apesar da marca ter surgido em 2014, a empresa está em atividade desde 2001. “Empreender no Brasil não é uma tarefa fácil, não só pela questão economica ou burocrática, mas também pela insegurança jurídica e pela alta carga tributária”, explica o empreendedor.

Atualmente, a empresa emprega cerca de 40 pessoas em diversas áreas de atuação. A empresa conta com o apoio do Sesc, do Senai e de várias outras instituições, visto que a mão de obra específica requer investimentos contínuos em formação para o time. Além disso, são realizados treinamentos internos para aprimoramento das habilidades da equipe.

Segundo ele, é necessário fazer um jogo de cintura para manter uma margem de lucro razoável que permita a sobrevivência e a ampliação dos negócios. “A pressão de custos tem crescido muito. É um desafio diário de otimização e redução de custos para manter o negócio rodando com viabilidade”, completa.

Além do mais, ele vê a aprovação da nova Reforma Tributária com preocupação. “Nosso segmento tem a previsão da taxação extra do imposto seletivo, isso nos traz bastante preocupação. Mas ainda não temos uma definição clara do que será de fato esse novo cenário. Estamos aguardando e trabalhando através das nossas entidades de classe para trazer o menor impacto possível aos negócios do segmento”, pontua o empresário.

A Colombina é atualmente a Cerveja Artesanal goiana mais premiada em concursos cervejeiros, e também a marca de maior relevância no segmento artesanal. Ele conta que sempre esteve muito presente em iniciativas de associativismo e terceiro setor, passando pelo Movimento Empresa Júnior, Movimento Escoteiro e entidades de suporte e apoio em geral. Desde 2015, atua junto à Abracerva (Associação Brasileira de Cerveja Artesanal), tendo no projeto de inclusão das Micro Cervejarias no Simples Nacional sua contribuição mais relevante na entidade.

Além da cervejaria, que atua mais em um mercado local, também já teve a oportunidade de empreender em outras ocasiões e segmentos. Para ele, os benefícios fiscais municipais e estaduais são fundamentais, principalmente para os micros e pequenos empresários. “Sugiro mais tratativa equitária para micro e pequenas empresas através de incentivos e fomento”, disse aos governantes.