Indefinição marca chapas na pré-campanha
17 maio 2014 às 14h08
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Principais partidos estão em conversações, mas traço comum é imprecisão de nomes para o Senado
Frederico Vitor
São quatro as cabeças de chapas até o momento: Marconi Perillo (PSDB), que vai tentar mais quatro anos a frente do Executivo estadual, e os três pré-candidatos da oposição, que são Júnior Friboi ou Iris Rezende pelo PMDB, Antônio Gomide (PT) e Vanderlan Cardoso (PSB). O calendário eleitoral detemrina que ao final de junho os partidos apresentem as chapas majoritárias que concorrerão ao pleito do dia 5 de outubro deste ano. Enquanto isso, nos bastidores, há intensa movimentação em busca das definições de alianças e das candidaturas a vice e ao Senado.
Na base governista, composta pelo PSDB, PP, PSD, PTB, PR, PPS, PRB, PV, PHS, PEN, PTdoB, PTC, PMN e PSL, segue o impasse em relação aos nomes que estarão juntos com Marconi no front eleitoral nas posições de vice e ao Senado. O atual vice-governador José Eliton (PP) pretende permanecer no posto e o deputado federal e ex-secretário da Casa Civil Vilmar Rocha (PSD) quer disputar a vaga ao Senado, dado o seu perfil de legislador e da força de seu partido, que é o segundo maior da base aliada marconista.
As pretensões eleitorais de Eliton e de Vilmar estão ameaçadas pelo deputado federal Ronaldo Caiado (DEM). Aliás, ele é cobiçado por praticamente quase todos os partidos — exceto o PT — que pretendem lançar candidatura ao governo, para compor na vaga ao Senado, cargo que o ruralista deseja disputar pela primeira vez.
Se a decisão de Caiado de compor a base governista for confirmada e aceita, por conta da histórica ligação do DEM com o PSDB em Goiás, se especula nos bastidores que Vilmar Rocha seria deslocado para a vice de Marconi, cedendo a vaga ao Senado ao líder do DEM. Deste modo, José Eliton disputaria uma cadeira na Câmara dos Deputados ou seria nomeado desembargador do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO).
Enquanto isso nos bastidores, tanto o PP quanto o PSD unem forças contra o ingresso de Caiado no projeto de poder da base governista. Pepistas e pessedistas argumentam, com razão, que as duas legendas agregam mais tempo de televisão do que o DEM. Porém, Caiado teria a favor o poder de agregar novos votos à candidatura de Marconi — mais do que Vilmar e José Eliton que são analisados como carregados pelo tucano.
Na última semana ventilou-se a notícia de que Caiado poderia aderir à base aliada na condição de fazer campanha solo ao Senado, sem subir no palanque de Marconi. Há dúvidas se o tucano-chefe aceitaria essa embaraçosa decisão.
Também na semana passada, o líder ruralista roubou a cena no último encontro do Solidariedade na semana passada, ao prestigiar o deputado federal Armando Vergílio (SD). Demais pré-candidatos, como Antônio Gomide e Friboi também compareceram ao evento realizado na Câmara Municipal de Goiânia.
Impasse peemedebista
O PMDB, a maior sigla de oposição em Goiás, está em meio a um processo interno traumático que resultou no isolamento do ex-governador e ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende. O líder histórico, mesmo que meio jogado a escanteio, é o primeiro nome que vem a cabeça de Friboi para ocupar a vaga ao Senado. Acredita-se que se Iris concorrer à única vaga ao Senado, seria eleito por aclamação e, possivelmente, teria a maior votação ao Senado da história política de Goiás, arrastando assim votos para Friboi.
Sobrevive a ideia de que Iris deve ser o candidato ao governo de Goiás caso o nome de Friboi não decole nas pesquisas. Há um movimento articulado pelos iristas que tentam trazer o líder histórico novamente ao centro do jogo. Trata-se de um “sebastianismo” que, neste caso, se traduz pela inconformidade com a situação política de Iris que, mesmo melhor posicionado nas pesquisas ao governo, foi solapado pela força de Friboi e sua promessa de garantir uma estrutura eleitoral poucas vezes vista no partido.
Até o momento, o PMDB fechou aliança com o PRTB, PPL, PTN e PCdoB. Na sexta-feira, 16, a imprensa noticiou que o Pros abandonou o projeto político de Friboi, junto com precioso um minuto de televisão que a sigla agregaria. Além do nome ao Senado, a busca no momento também é pelo vice. A deputada federal Flávia Morais (PDT) teria sido sondada, apesar de que Vanderlan Cardoso e Gomide também a cortejam para tê-la em seus palanques. Armando Vergílio (SD) também é um alvo de Friboi, sendo que seu esforço de comparecer à festa do Solidariedade, mesmo se recuperando de uma cirurgia, não teria sido de graça.
A chapa dos sonhos de Friboi é a seguinte: ele para governador, Gomide na vice e Iris para senador. Se não der, gostaria de pôr Gomide na vice (ou para senador) e Vanderlan Cardoso para senador (ou na vice). O problema é que Gomide e Vanderlan não querem saber do empresário. Friboi também não descarta ter Ronaldo Caiado como seu candidato ao Senado. Inclusive, essa é uma ideia defendida por seus escudeiros, como o deputado estadual Francisco Gedda (PTN). “Aconselhamos o Júnior a procurar os outros dois pré-candidatos da oposição em busca de união de forças, inclusive o Caiado”, diz Gedda.
Vanderlan e Gomide estão correndo contra o tempo para definição
O pré-candidato Vanderlan Cardoso (PSB) conta com o apoio do PSC e do PRP, além da Rede Sustentabilidade, que está temporariamente agregado ao seu partido. O nome ao Senado de Vanderlan é o procurador federal Aguimar Jesuíno da Silva (PSB). Natural de Iporá, a mesma cidade natal do empresário e ex-prefeito de Senador Canedo, Aguimar é ligado à Rede em Goiás. Embora a vaga ao Senado esteja temporariamente definida, o pré-candidato socialista já declarou que vai até o final buscar a adesão de Caiado, apesar do veto de Marina Silva, a candidata a vice-presidente de Eduardo Campos (PSB).
Vanderlan ainda não acertou o nome de sua vice. Especula-se nos bastidores que Flávia Morais teria a preferência, apesar de que a pedetista está mais voltada ao projeto de Friboi. Uma alternativa ventilada, na falta de opção, seria a do ex-governador Alcides Rodrigues. Se Vanderlan não colocar em prática sua estratégia eleitoral de buscar alianças que lhe deem mais musculatura política, vai acabar fazendo parte da estratégia de outro candidato. Como já mencionado, Friboi vai buscá-lo para conversações. Na semana passada, o publicitário e presidente regional do PRP, Jorcelino Braga, teve longa conversa com Iris Rezende no escritório político do peemedebista. O teor da conversa é segredo, mas dá para deduzir que é relacionado à provável fusão entre os dois grupos.
Gomide isolado
O ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide segue em sua cruzada se apresentando pelo Estado como pré-candidato ao governo de Goiás com chapa pura. Pode-se dizer que o PT é a maior vítima de Júnior Friboi e sua promessa de estrutura de campanha que viabilizaria os partidos médios e pequenos para as eleições deste ano. Antigos parceiros como o PCdoB e PDT mostram-se entorpecidos e inclinados aos cifrões do magnata das carnes.
Na atual conjuntura, a ex-deputada Marina Sant’Anna, que desistiu de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, se pôs à disposição do PT para compor a chapa majoritária. Ela tem forte presença em Goiânia, atua ao lado de segmentos sociais diferenciados e é integrante da tendência política do ex-prefeito Pedro Wilson e do pré-candidato a deputado federal Olavo Noleto, além de ter o respeito do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia. Ela seria a candidata natural ao Senado.
A vice de Gomide cairia ao ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Edward Madureira. O professor é respeitado na sociedade e tem uma força considerável na UFG. É um vice dos sonhos — inclusive de Júnior Friboi. Gomide é de Anápolis e Edward Madureira é de Goiânia, ou seja, poderiam em tese somar votos dos dois maiores colégios eleitorais do Estado.