Forte em 16, base terá de se reinventar para 18
08 novembro 2014 às 11h35
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Oposição está desorientada pela 5ª derrota, e dificilmente conseguirá se reorganizar até as eleições municipais. Mas, depois a história é outra


José Paulo Loureiro: outra possibilidade dos governistas
Afonso Lopes
Qual seria hoje o grupamento político com melhor perspectiva para as eleições municipais de 2016? Resposta fácil: neste momento, é evidente a enorme vantagem com que a base aliada pode se apresentar. Por vários fatores, mas principalmente porque os desencontros dos oposicionistas nas eleições deste ano ainda estão como feridas abertas, e pode levar algum tempo até que as coisas melhorem um pouco. Além do fato de que a derrota de Iris Rezende, a pior de todas em sua vida pública, quebrou o maior referencial que a oposição tinha no Estado. Para fechar o quadro negativo dos opositores, não há hoje um nome ou um partido que possa aglutinar.
Do outro lado, a base governista está vivendo uma temporada no nirvana. Naquela que deveria ser, depois de 1998, a mais difícil de todas as eleições, Marconi Perillo sobrou. De quebra, a base aliada diminuiu ainda mais o poder de reação da oposição na Assembleia Legislativa, e quase reduziu a pó a bancada oposicionista estadual em Brasília. Só não fechou com chave de ouro por causa da vitória do deputado federal Ronaldo Caiado, do DEM, para o Senado dentro da coligação com o PMDB. Ainda assim, é bem provável que Caiado tenha recebido forte votação dentro da própria base aliada. Aliás, uma pergunta que obviamente não terá como ser respondida, mas que é interessante, é se Caiado poderia ou não ter sido eleito mesmo numa chapa solteira, apenas com o DEM. Sabe-se lá. O que é certo, neste caso, é que ele sozinho foi mais forte do que todo o PMDB de Iris Rezende.
Referencial
Dificilmente os setores oposicionistas vão chegar às eleições municipais de 2016 com objetivo mais ou menos comum. Isso não significa que partidos como o PMDB e o PSB não vão conseguir eleger prefeitos e vereadores. Significa apenas que essas eleições vão ser muito mais iniciativas pessoais dos candidatos do que resultado de uma ação coordenada regionalmente.
É exatamente o oposto do que se pode esperar da base aliada estadual. O governador Marconi Perillo e as demais lideranças de seu grupamento sabem que podem, e precisam, construir uma rede municipal fortíssima dentro de dois anos para só depois pensar no que vai se fazer em 2018. Isso significa que, ao contrário até do que aconteceu em eleições municipais anteriores, é possível que em 2016 a base aliada seja mais aliada do que nunca. Questão de sobrevivência.
Como sempre, algumas cidades são emblemáticas pelo grande número de eleitores que têm. Goiânia, evidentemente, é a principal dentre todas, e não apenas por ser o maior colégio eleitoral do Estado, concentrando mais de 21% de todo o eleitorado goiano. A base aliada não vence em Goiânia desde 1996, com o professor Nion Albernaz. Pode ser que em 2016 a base encontre um momento bem mais ameno para suas candidaturas.
Desde já, um nome da oposição tem se destacado, Vanderlan Cardoso. Seria ele, inicialmente, o mais perigoso adversário dos planos do Palácio das Esmeraldas. Mais até do que Iris Rezende, apesar da vantagem de 10% que o peemedebista conseguiu na capital contra Marconi Perillo. A derrota acachapante na disputa estadual e mais a campanha francamente agressiva, pode ter comprometido seriamente a sua imagem. Ele só se recuperaria se o governo Marconi não conseguir manter o otimismo com que contagiou os eleitores este ano. Só neste caso. Fora isso, uma nova candidatura de Iris, mesmo em Goiânia, poderá ser bastante perigosa para ele.
Com Vanderlan, o problema é outro. Se o PMDB não se aliar a ele e lançar candidato próprio, qualquer que seja, mais uma vez ele poderá nadar em raia isolada. E nesses casos a correnteza é sempre muito forte, e contrária. Ele teria, então, que agregar muito mais do que já conseguiu em toda a sua vida.
No PT, os problemas são bastante sérios também. Mesmo que a administração do prefeito Paulo Garcia consiga se recuperar plenamente, o que é possível, ainda assim o partido deve chegar em 2016 sem um grande nome. Nas três vezes em que venceu as eleições em Goiânia, o PT apostou em suas maiores estrelas no momento, com Darci Accorsi, em 1992, Pedro Wilson, em 2000, e Paulo Garcia, na reeleição de 2010. Desta vez, e pelo menos até aqui, o PT não tem nenhum nome referencial. Ou seja, o partido terá que apostar em uma novidade, o que sempre é um risco.
Base
Entre os aliados estaduais, embalados pela maior vitória de Marconi Perillo, já começam a aparecer inúmeras especulações. Jayme Rincón, presidente da Agetop e um dos mais próximos auxiliares do governador, não se declara pretendente, mas também não desencoraja uma discussão a respeito da disputa pela Prefeitura de Goiânia. Ele nunca foi testado nas urnas, o que pode ser um problema, mas ele é a “cara” da base aliada estadual, e certamente conseguiria agregar rapidamente. Até por uma razão pra lá de evidente: se ele topar mesmo a empreitada será porque recebeu o aval do líder do grupamento, o próprio Marconi.
Afastado durante todo o terceiro mandato, José Paulo Loureiro, que até já havia aparecido em listas anteriores como potencial candidato a prefeito de Goiânia, está de volta. Na administração, ele foi nos dois mandatos de Marconi o que Rincón representa hoje. Ou seja, é outro que se entrar na guerra certamente contará com o governador na retaguarda. Mas ele também, como Rincón, jamais disputou uma eleição.
De qualquer forma, e independentemente de nomes, a base aliada deve chegar a 2016 em condições bem melhores do que nas vezes anteriores. E pode ser que agora tenha chegado a vez de o PSDB encabeçar a chapa, coisa que não acontece desde 2000, com Lúcia Vânia, hoje no Senado. Afinal, o que está sendo montado agora é o imenso tabuleiro para o xadrez político de 2018. O governo terá que se reinventar de agora até lá. E se em 2016 a situação do momento é muito favorável à base aliada, para a sucessão de Marconi Perillo já surgem dois nomes fortíssimos: Ronaldo Caiado e Daniel Vilela.
