Reflorestando Goiás: conheça as iniciativas para restaurar a vegetação nativa do Cerrado
10 novembro 2024 às 00h00
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O reflorestamento em Goiás tem ganhado destaque por meio de projetos voltados à restauração de áreas degradadas, especialmente no Cerrado. Iniciativas como a “Virada Ambiental”, promovida pela Secretaria do Entorno do Distrito Federal (SEDF-GO) em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), têm incentivado o plantio de milhares de mudas em locais estratégicos. Este programa já plantou mais de 1,5 milhão de mudas em todo o Brasil, visando não apenas a recuperação da vegetação, mas também a melhoria da qualidade do solo e da água.
Além disso, outros projetos no estado focam na recuperação de nascentes e na proteção das bacias hidrográficas, elementos essenciais para mitigar os impactos ambientais da agricultura e da urbanização intensiva. A “Virada Ambiental” também é considerada um modelo para expandir o reflorestamento sustentável em áreas rurais e metropolitanas, com plantios programados para a região metropolitana de Goiânia.
A Secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis, destaca que, desde 2019, há um esforço contínuo para recuperar áreas degradadas por meio de diversas ações. Entre conservação e restauração, mais de 31 mil hectares estão em recuperação. Vale ressaltar o programa ArborizaGyn, da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) de Goiânia, que visa plantar árvores nativas do Cerrado na capital.
Luziano Carvalho, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), destaca que, desde 1999, quando assumiu a delegacia, tem desenvolvido projetos de reflorestamento em áreas degradadas no estado, como nas margens do Rio Araguaia e do Rio Meia Ponte.
Em Goiás, entidades sem fins lucrativos, ONGs e empresas privadas têm ampliado o número de pessoas empenhadas em melhorar a qualidade de vida por meio do reflorestamento. A continuidade desses projetos e a busca por novas parcerias são fundamentais para enfrentar os desafios ambientais e promover o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação.
O reflorestamento no Cerrado goiano tem atraído atenção devido à importância ecológica da região e à necessidade urgente de recuperar áreas degradadas. O Cerrado, um dos biomas mais biodiversos do Brasil, tem sido impactado pela expansão da agricultura e da pecuária, além de sofrer com queimadas e desmatamento ilegal.
Iniciativas de Reflorestamento:
Muitos projetos buscam restaurar áreas degradadas por meio do plantio de espécies nativas do Cerrado, como o ipê, o pequizeiro, o baru e a cagaita. Essas iniciativas visam recuperar a biodiversidade, além de melhorar a qualidade do solo e da água.
Em Goiás, existe uma colaboração entre governos, ONGs, empresas privadas e universidades para promover o reflorestamento. Programas como o “Programa de Regularização Ambiental” (PRA) ajudam proprietários rurais a recuperar áreas de preservação permanente (APPs) e reservas legais.
A adoção de tecnologias, como a agricultura de baixo carbono e o uso de drones para monitoramento da vegetação, também tem sido aplicada em projetos de reflorestamento. Essas tecnologias auxiliam na otimização dos processos e aumentam a eficiência na recuperação.
Esses esforços são essenciais para garantir a conservação do Cerrado, promover o sequestro de carbono e reduzir os impactos ambientais em Goiás e em todo o Brasil. O reflorestamento não só melhora a qualidade do solo e da biodiversidade, mas também tem um impacto positivo nas comunidades locais, gerando oportunidades de emprego e desenvolvimento sustentável.
Desde a implementação do Acordo de Paris, em 2016, o Brasil tem avançado lentamente na restauração de seus ecossistemas. Até hoje, o país conseguiu recuperar apenas 79 mil hectares, ou 0,65% da meta estabelecida, por meio do plantio de árvores nativas, segundo dados do Observatório da Restauração e Reflorestamento.
Uma pesquisa recente, divulgada pela revista Science, revela que o Brasil possui 50 milhões de hectares disponíveis para reflorestamento. Essas áreas, que não estão ocupadas por zonas urbanas, florestas ou atividades agrícolas, poderiam ser utilizadas para o plantio de árvores, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
Benefícios do reflorestamento
As atividades de reflorestamento contribuem para a remoção ou “sequestro” de CO2 da atmosfera, reduzindo a concentração desse gás de efeito estufa e, consequentemente, desempenhando um papel crucial no combate à intensificação do efeito estufa. A remoção do dióxido de carbono ocorre por meio da fotossíntese, processo que permite a fixação de carbono na biomassa da vegetação e nos solos.
À medida que a vegetação cresce, o carbono é incorporado nos troncos, galhos, folhas e raízes. Aproximadamente 50% da biomassa vegetal é composta por carbono, e a floresta amazônica representa um dos maiores estoques globais de carbono devido à sua vasta área e alta densidade de biomassa (armazena cerca de 136 toneladas de carbono por hectare).
As atividades de reflorestamento foram reconhecidas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e pelo Protocolo de Quioto como estratégias mitigadoras de grande relevância no enfrentamento das mudanças climáticas.
Essas atividades foram associadas ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, incentivando a obtenção de recursos para sua implementação. Mais recentemente, o conceito de reflorestamento foi integrado ao REDD+, uma iniciativa que visa promover ações para aumentar os estoques de carbono nos países em desenvolvimento.
Em Goiás, diversas pessoas, entidades, ONGs, associações, empresas, além dos poderes públicos estaduais e municipais, promovem e realizam ações voltadas ao reflorestamento de áreas desmatadas e degradadas. Esta reportagem tem como objetivo apresentar quem está envolvido, onde e como esses replantios são realizados. Confira!
O delegado Luziano Carvalho, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), afirma que realiza ações de reflorestamento desde 1999, quando assumiu o comando da delegacia. Ele menciona um desmatamento alarmante em uma área próxima ao Lago Rico, afluente do Rio Araguaia: “Há alguns anos, recuperamos e reflorestamos toda aquela região, e hoje ela está completamente desmatada. Isso é um crime gravíssimo, e os responsáveis foram indiciados”, declara.
O delegado relembra que, ao assumir a delegacia, reuniu-se com outros delegados e anunciou sua intenção de recuperar a principal nascente do rio Meia Ponte. Ele convida a população a conhecer as nascentes de rios como o Meia Ponte, em Itauçu, onde se encontra a nascente principal, além das nascentes de Santo Antônio e Goianira. Carvalho destaca que, graças ao trabalho realizado, áreas antes desmatadas agora se tornaram verdadeiras matas. “Desde 1999, estamos comprometidos com essa causa, e, sem nosso esforço para recuperar essas nascentes, o rio, essencial para o abastecimento da capital, talvez estivesse seco hoje”, enfatiza.
Luziano Carvalho atribui os resultados positivos ao engajamento dos produtores rurais, que participam ativamente do processo desde o início. O delegado salienta que nem tudo se resolve com punição: “É claro que há casos em que não temos alternativa a não ser indiciar e abrir um inquérito, mas posso assegurar que nossos maiores resultados são alcançados por meio do diálogo e da conscientização.”
Para ele, a punição deve ser sempre o último recurso utilizado pela DEMA. “Em primeiro lugar, trabalhamos com a conscientização; em segundo, com a prevenção; em terceiro, com a fiscalização; e, por fim, com a punição. A lei não muda comportamentos ou culturas; isso só acontece quando introduzimos uma nova mentalidade nas pessoas”, explica.
Foi assim que o trabalho de cercar as nascentes do Meia Ponte começou em 1999. Dois anos depois, a área já estava revitalizada, e hoje se transformou em uma mata exuberante. Na mesma época, além dessa nascente principal, realizamos o mesmo trabalho em áreas de Santo Antônio de Goiás e Goianira. Atualmente, temos centenas de nascentes e matas ciliares recuperadas no Meia Ponte. Esse trabalho também foi replicado no Ribeirão João Leite e em diversos mananciais pelo estado. E o melhor: na maioria dos casos, não precisamos adotar medidas punitivas. Em Taquaral, por exemplo, onde há um divisor de bacias, temos proprietários bastante comprometidos, que se envolveram com a causa.
Lucas Costa Paula, sócio-proprietário da CASAGARDEN Projetos e Paisagismo Ltda., localizada em Goiânia, trabalha com reflorestamento desde 2016. Ele relata que quase 100% das contratações são feitas para atender à legislação ambiental. “São pouquíssimos os clientes que nos contratam por vontade própria; a maioria nos procura após serem autuados em fiscalizações e receberem multas”, observa.
Lucas enfatiza que quase todos os clientes vêm de empresas privadas de diversos setores, como agropecuária e construtoras de loteamentos e condomínios. Ele explica que, para cada espécie protegida por lei que é removida da natureza, é exigida a reposição de doze mudas da mesma espécie, ou seja, uma proporção de uma para doze.
Entre essas espécies protegidas estão o pequi, o baru, o gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium) — uma árvore típica do Cerrado brasileiro e pertencente à família Anacardiaceae, a mesma de plantas como manga, cajá, umbu e caju — e os ipês. No entanto, quando a espécie é nativa, a proporção é de um para um.
Lucas menciona que as mudas são obtidas em viveiros do estado e estão disponíveis em abundância. Ele explica que o plantio é sempre realizado durante o período chuvoso. Até o momento, a empresa já plantou mais de 400 mil mudas nativas do Cerrado em Goiás.
Pedro Fernandes é proprietário da Rupestre Soluções Ambientais, uma empresa especializada em restauração e reflorestamento, com atuação em Goiás e em todo o Brasil. “Nosso foco é o reflorestamento com espécies nativas do Cerrado, utilizando técnicas avançadas”, afirma ele. Com sede em Anápolis, a empresa está no mercado desde 2019.
Entre seus clientes estão organizações do setor privado e público. Pedro destaca que há uma demanda significativa de empresários do agronegócio que contratam a Rupestre para recuperação de áreas degradadas e compensação de danos ambientais em propriedades.
Além de Goiás, a empresa também atua nos estados do Piauí e Pernambuco. As principais áreas de atuação da Rupestre são o sudoeste goiano, com projetos em propriedades rurais, e a cidade de Anápolis, onde trabalha em empreendimentos imobiliários.
Pedro salienta que a nova legislação ambiental exige que os produtores rurais se adequem às novas regras, o que inclui a recomposição de áreas desmatadas e degradadas. Como resultado, a demanda por esses serviços tem crescido consideravelmente. “Esperamos que, em pouco tempo, esse segmento se torne nosso principal cliente”, projeta ele.
Alba Orli de Oliveira Cordeiro é bióloga, mestre em ecologia e doutora em botânica. Ela é sócia-titular da Semeia Cerrado, uma empresa de consultoria ambiental que também presta serviços para a ONG Rede Sementes do Cerrado. Atualmente, Alba coordena um projeto realizado no norte e nordeste de Goiás, incluindo o Parque Estadual Terra Ronca.
Desde 2011, Alba atua na restauração de áreas degradadas no Cerrado. Em 2016, fundou a Semeia Cerrado para trabalhar com o plantio de espécies nativas do Cerrado, utilizando a técnica da semeadura direta. Esse método envolve uma mistura de sementes de árvores, arbustos e capins nativos do Cerrado, que são plantadas durante a estação chuvosa.
“Esse trabalho de produção de sementes nativas é realizado por pequenos produtores rurais ou comunidades tradicionais do norte de Goiás. Nós apoiamos essa produção de sementes, complementando a renda familiar desses coletores”, destaca Alba.
A bióloga afirma que sempre busca parcerias para viabilizar a restauração em larga escala. “Fazemos parte da coordenação da Araticum – Articulação pela Restauração do Cerrado. Nossas áreas de restauração geralmente são financiadas por iniciativas governamentais, do terceiro setor ou compensações florestais”, explica.
Em Goiás, a Semeia Cerrado atua no Parque Estadual Terra Ronca, em São Domingos, Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, Guarani, São João da Aliança e Planaltina de Goiás. “O Cerrado é um bioma considerado uma savana. Sua restauração é diferente de outros biomas, como a Amazônia e a Mata Atlântica”, observa Alba.
Pequi, baru, cajuzinho-do-cerrado, tingui e copaíba são exemplos de árvores nativas usadas nos plantios. Entre os capins nativos, estão o brinco-de-princesa, mulungu, rabo-de-raposa e estrela. Alba destaca que a técnica utilizada é o plantio direto das sementes no solo, ou seja, a semeadura direta. Segundo ela, já foram recuperadas 15 áreas.
Claudomiro de Almeida Cortês, um dos fundadores da Associação Cerrado de Pé, que realiza a coleta de sementes de espécies nativas para restauração desde 2009, afirma: “Somos uma associação que atua em toda a Chapada dos Veadeiros, abrangendo desde territórios quilombolas até assentamentos. Atualmente, somos 240 famílias, e em média, de dois a três membros de cada família estão envolvidos na coleta de sementes para a associação, o que totaliza cerca de 700 pessoas que ganham a vida com esse trabalho.”
Claudomiro destaca que a associação gera renda com a venda das sementes e lembra que, somente este ano, a Vale do Rio Doce adquiriu mais de quatro toneladas para a restauração de áreas afetadas pelo desastre da barragem de Mariana, em Minas Gerais. Ele reitera que são mais de 100 espécies de semente.
Ele ressalta que a associação coleta e planta sementes em toda a região. “Nossa meta é plantar e coletar sementes em uma quantidade tão grande quanto as estrelas no céu”, pontua. Além disso, ele informa que a associação está atendendo a uma compensação ambiental de 58 hectares, fornecendo uma tonelada de sementes para a Cargill, uma multinacional do setor agrícola. “A associação é responsável por toda a restauração, incluindo o preparo do solo e o plantio”, sublinha.
Claudomiro revela ainda que, em 2023, foram coletadas mais de 30 toneladas de sementes. Ele acrescenta que a associação já plantou mais de 350 hectares em Goiás e que também enviou sementes para diversos estados brasileiros.
Virada Ambiental
O projeto Virada Ambiental, criado e coordenado pelo professor da UFG, Emiliano Godoi, surgiu em 2019 com o objetivo de compensar as emissões de carbono da Universidade. Contudo, o professor percebeu que seria interessante envolver outros municípios no plantio de mudas. Até hoje, mais de 1,5 milhão de mudas já foram plantadas.
“Buscamos parcerias com a Associação Goiana de Municípios (AGM), a Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), a Federação Goiana de Municípios (FGM), e, com isso, conseguimos diversos municípios como parceiros já no primeiro ano”, explica Emiliano. O professor destaca que, apenas em 2019, mais de 1.000 mudas foram plantadas em 145 municípios goianos.
Emiliano ressalta que, desde então, o projeto se expandiu e hoje está presente em 17 estados brasileiros e em quatro países: Chile, Argentina, Espanha e Portugal. “Isso engrandece a UFG e o Estado de Goiás, que têm uma ação de tamanha importância para o meio ambiente em nível global”, enfatiza.
A Virada Ambiental é um movimento que busca engajar a sociedade em ações de sustentabilidade e preservação ambiental. Inspirado na Virada Cultural, o evento oferece uma série de atividades durante um período específico, geralmente de um ou dois dias, com o objetivo de promover a conscientização ecológica e incentivar práticas que ajudem a reduzir o impacto ambiental.
As atividades da Virada Ambiental incluem oficinas de reciclagem, palestras sobre mudanças climáticas, exposições de produtos sustentáveis, mutirões de plantio de árvores, limpeza de áreas verdes, entre outras. A ideia é criar um espaço de mobilização e educação ambiental, estimulando a adoção de hábitos sustentáveis.
O evento ocorre em diversas cidades e conta com a participação de organizações não governamentais, empresas, escolas e comunidades locais. Ele serve como um incentivo para que mais pessoas reflitam sobre a importância de preservar o meio ambiente e adotem práticas que contribuam para um futuro mais sustentável.
O projeto já plantou mais de 4 milhões de mudas em 17 estados brasileiros e no Distrito Federal. A adesão é gratuita. Além de preencher o termo de inscrição, a única exigência é que a prefeitura se comprometa a registrar cada ação de plantio no aplicativo Plante Go, disponível para Android e iOS.
O professor Emiliano Godoi destaca a relevância do projeto para a mudança de mentalidade da população. “Essa contextualização com as mudanças climáticas cada vez mais evidencia o papel da Virada Ambiental. O plantio das árvores é apenas um símbolo, porque o que realmente precisamos é de uma mudança de hábitos, pensamentos e atitudes. Precisamos incorporar o cuidado com o meio ambiente nas nossas ações diárias e nas políticas públicas, entendendo nossa responsabilidade”, explica.
Em cinco edições, o programa já alcançou 80% dos municípios goianos e distribuiu mais de dois milhões de mudas nativas do cerrado. A 6ª edição ocorrerá no dia 19 de novembro de 2024, com o evento de lançamento na sede administrativa da Emater Goiás, às 9h. A ação marcará o início do plantio de mudas em todo o estado, programado para o período de 20 a 26 de novembro.
A Secretaria de Estado do Entorno do Distrito Federal (SEDF-GO) e a Universidade Federal de Goiás (UFG) uniram forças com os municípios da Região Metropolitana do Entorno (RME) no projeto Virada Ambiental. “Queremos reverter a degradação ambiental nessa região, que vem crescendo muito nos últimos anos. A parceria com a UFG, que tem a expertise necessária, é fundamental para isso”, afirmou Caroline Fleury, secretária da SEDF-GO.
“Nossa parceria com o Governo de Goiás nos permite atuar em uma área de rápido desenvolvimento, onde a preservação ambiental é essencial, mas está em risco. Serão mil mudas por município, o que contribuirá para a infiltração da água, a redução da erosão, a melhoria da umidade e a diminuição de poluentes gasosos, entre outros benefícios”, explicou o professor Emiliano Godoi.
No Entorno, a ação começará com o plantio de 13 mil mudas de árvores nativas a partir do dia 22 de novembro, com a participação da secretária e dos representantes da UFG, em Padre Bernardo. O objetivo é promover o reflorestamento, preservar o meio ambiente e melhorar a qualidade do ar. As áreas para o plantio serão escolhidas com base em estudos das Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Emater e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento de Goiás (Semad).
Caroline Fleury destaca que os 13 municípios do Entorno já aderiram ao projeto e frisa a importância dessa parceria para a região. “Precisamos dar um basta na degradação ambiental, que tem se intensificado muito. A parceria com a UFG, formada por especialistas que realmente sabem como fazer, é essencial. Nosso grande objetivo é promover o reflorestamento dessas áreas e garantir que sejam preservadas, melhorando a qualidade do ar que respiramos”, conclui.
Sistema FAEG/SENAR/IFAG e Sindicatos rurais
Reflorestamento em Goiás ganha força com apoio de produtores e entidades
Thiago Castro, engenheiro agrônomo com especialização em geotecnia e MBA em Gestão de Agronegócio Aplicada, além de mestre em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos pela Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), destaca a importância do reflorestamento em Goiás para a recuperação de áreas desmatadas, proteção de nascentes e rios, e aumento da cobertura vegetal nativa. “Goiás, por ter uma grande porção do território ocupado pelo Cerrado, um bioma rico em biodiversidade e essencial para a regulação hídrica e climática do planeta, precisa de iniciativas de reflorestamento para manter esse equilíbrio”, afirma Castro.
Os projetos de reflorestamento em Goiás envolvem tanto iniciativas públicas quanto privadas, visando restaurar a vegetação nativa e melhorar a qualidade ambiental, além de promover a conservação da fauna e flora e reforçar o papel ecológico do bioma. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (FAEG) desempenha papel importante nesse processo, promovendo práticas sustentáveis junto aos produtores rurais e participando de programas que aliam produção agropecuária e conservação ambiental.
“Embora nossa missão principal na FAEG seja representar e apoiar os interesses dos produtores rurais, também entendemos a relevância das questões ambientais e da sustentabilidade. Por isso, nos envolvemos em projetos que incentivam o uso racional dos recursos naturais”, explica.
A FAEG, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) Goiás, oferece cursos e treinamentos que capacitam os produtores em práticas de manejo florestal e reflorestamento, promovendo a conscientização sobre a importância do equilíbrio entre a produção agropecuária e a conservação ambiental.
“Nosso treinamento de reflorestamento é voltado para capacitar produtores rurais e trabalhadores com técnicas essenciais para a restauração de áreas degradadas e o manejo sustentável. Os participantes aprendem a escolher espécies nativas, técnicas de plantio, cuidados com as áreas reflorestadas e práticas para garantir o crescimento saudável das florestas”, acrescenta Thiago.
Thiago enfatiza que a crescente discussão sobre mudanças climáticas e sustentabilidade tem impulsionado o interesse em reflorestamento e recuperação de áreas, com o apoio de políticas de incentivo e a conscientização ambiental cada vez maior entre os produtores. “Esses projetos de reflorestamento ajudam a proteger o solo e as fontes de água, além de melhorar a retenção hídrica e contribuir para a sustentabilidade da agricultura no estado”, destaca.
Além disso, de acordo com Thiago, o SENAR Goiás oferece o programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), que combina assistência técnica especializada e consultoria gerencial para os produtores rurais sem custo, basta procurar o sindicato rural da região.
O programa inclui visitas regulares de técnicos e consultores, que auxiliam na aplicação de boas práticas de produção e gestão. “A ATeG ajuda a melhorar a eficiência e sustentabilidade da produção, otimizando tanto a parte técnica quanto a gestão econômica da propriedade”, frisa. O reflorestamento, assim, vem se consolidando como um pilar essencial para a preservação do bioma Cerrado e a viabilidade a longo prazo das atividades agrícolas em Goiás, em um esforço conjunto entre produtores, entidades e políticas ambientais.
Reflorestamento em Goiânia
A Prefeitura de Goiânia, por meio da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), desenvolve o programa ArboriazaGyn, que realiza reflorestamento na capital. Desde 2021, a AMMA já plantou 400 mil mudas, sendo que 90 mil delas fazem parte do ArborizaGyn 3.0, realizado no ano passado. Em 2022, o ArborizaGyn 2.0 adicionou 50 mil mudas, enquanto a primeira edição, em 2021, contou com 62 mil mudas. Todos os plantios são monitorados para garantir a recuperação das áreas impactadas.
O programa ArborizaGyn também busca incentivar empresas a participarem do Selo de Sustentabilidade da AMMA. Empreendimentos que atingirem a meta de plantio de árvores podem ser certificados com o selo. O programa divide os projetos em sete áreas temáticas: Água, Emissão de Gases de Efeito Estufa, Resíduos Sólidos, Educação Ambiental, Energia Limpa, Biodiversidade e Socioambiental. Para que a empresa receba a certificação, é necessário alcançar uma pontuação entre 10 e 40 pontos, conforme os critérios estabelecidos por instrução normativa.
A primeira empresa a aderir à iniciativa foi o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto). O programa promoverá o plantio de árvores nativas pelos postos de combustíveis.
A adesão ao programa é voluntária e a certificação é concedida a empreendimentos, sejam eles passíveis ou não de licenciamento ambiental, desde que regularizados junto ao município. Na última sexta-feira, 8, a AMMA realizou mais uma edição do programa, com o plantio de mais de 50 mil mudas em uma Área de Preservação Permanente (APP) no Residencial Três Marias.
Alego
A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da ALEGO envio uma nota sobre a atuação da comissão na preservação do cerrado e em seu reflorestamento. Indicando que a comissão tem como prioridade a defesa do Cerrado, uma savana de importância global, que abriga a maior biodiversidade entre as savanas do mundo e é essencial para a hidrologia do país, com nascentes que abastecem diversos biomas brasileiros.
Veja a nota na íntegra:
Com foco na preservação, o Colegiado promove o reflorestamento das áreas do Cerrado originalmente florestais, como Mata Seca, Mata de Galeria, Mata Ciliar e Cerradão. Além disso, há uma preocupação com as áreas savânicas e campestres, que, apesar de menos visadas, são cruciais para o equilíbrio do bioma.
Neste contexto, a Comissão participa do Programa Virada Ambiental, um projeto de extensão da Universidade Federal de Goiás (UFG), criado em 2019. O programa visa engajar a sociedade no plantio de espécies nativas e oferece capacitação para servidores públicos e a população em geral. Hoje, o Virada Ambiental já atua em outros estados brasileiros e no exterior; em 2023, foram plantadas 246 mil mudas nativas em Goiás, com o lançamento do projeto na Assembleia Legislativa.
Atualmente, tramitam nos Colegiados projetos de lei voltados para a proteção do Cerrado e a recuperação de áreas degradadas, incluindo os projetos PL 8130 (Rosângela Rezende), PL 1392 (Rosângela Rezende), PL 1339 (Antônio Gomide) e PL 1143 (Anderson Teodoro).
O Programa Virada Ambiental conta com o apoio de parceiros como EMATER, SANEAGO, SEMAD, ALEGO, FGM, AGM, CNM, Receita Federal e empresas privadas que contribuem com doações de mudas. O objetivo do programa é alcançar os 246 municípios goianos; em 2024, já participam 175 municípios de Goiás e 7 estados brasileiros.
Semad
Em resposta às informações solicitadas pelo Jornal Opção, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) esclarece que, desde 2019, vem implementando diversas iniciativas para a recuperação de áreas degradadas em Goiás, com destaque para os seguintes programas; Veja nota:
- Programa Juntos Pelo Araguaia (JPA): Este programa é a principal iniciativa no esforço de recuperação de áreas degradadas. Desde sua implementação, já foram recuperados 681 hectares na bacia do Alto Araguaia, com o plantio de 123 mil mudas. O JPA beneficiou diretamente 11,3 mil pessoas e, de forma indireta, 165 mil.
- Declaração Ambiental de Imóvel (DAI): Desde janeiro de 2022, o DAI tem possibilitado a regularização de passivos ambientais em imóveis de Goiás, resultando na recuperação de 920 hectares. A recuperação envolve o plantio de mudas de espécies nativas no local onde ocorreram desmatamentos.
- Servidão Ambiental e Recomposição de Áreas: Por meio do DAI, 4.696 hectares foram colocados em servidão ambiental perpétua nas propriedades, além de 275 hectares de vegetação nativa recompostos com plantio compensatório. Foram também firmados compromissos de doação de 26.123 hectares de vegetação nativa para unidades de conservação administradas pela Semad, visando a regularização fundiária dessas áreas.
- Programas de Recuperação de Vegetação: Além do JPA e DAI, a recuperação da vegetação é promovida também por programas como o Produtor de Águas e o Virada Ambiental, em parceria com a Universidade Federal de Goiás e a Assembleia Legislativa.
- Licenciamento para Silvicultura: A Semad licenciou 7.300 hectares para a prática de silvicultura, permitindo o plantio de áreas que futuramente terão uso comercial do material lenhoso.
- Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA): Lançado em setembro de 2024, o PSA visa incentivar a preservação de remanescentes de vegetação nativa fora de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de reserva legal, remunerando os proprietários de terras dispostos a manter essas áreas intactas.
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