Em Goiás, PSL não descarta aliança com PT; DEM pode seguir caminho próprio
06 setembro 2020 às 00h00
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Com a aproximações do pleito que definirá os novos vereadores e prefeitos de Goiás, partidos deixam de lado rixas históricas para tentar uma caminhada conjunta
Faltando menos de 3 meses para as eleições municipais, previstas para ocorrer em meados de novembro, os partidos políticos têm trabalhado incansavelmente nos bastidores para garantir a eleição exitosa de seus candidatos. Para isso, em Goiás, rezando na tradicional cartilha política, as legendas se movimentam para conseguir compor alianças com outras siglas com as quais têm afinidades e que poderão proporcionar, ao mesmo tempo, recursos políticos e financeiros para o pleito. Mas como águas passadas não movem moinhos, alguns partidos parecem estar dispostos a deixar de lado as convencionais rivalidades para viabilizar uma caminhada conjunta nas eleições.
É o caso de grupos como os do MDB, DEM e PSD. Rivais historicamente, tais legendas, movidas talvez pelas alterações na legislação eleitoral como a extinção da possibilidade de coligações proporcionais, os efeitos da pandemia e o cenário político atípico, têm abertos diálogos e podem, sim, compor alianças que, em outros tempos, seriam, no mínimo, inviáveis.
Em Goiás, o DEM de Ronaldo Caiado e o MDB de Iris Rezende, opositores tradicionais, trocam afagos já há algum tempo. No início de 2018, lideranças que integram uma ala do MDB chegaram a se reunir para explicitar seu apoio à candidatura de Caiado ao governo do Estado. O apoio, além de ter vingado, agora tem sua retribuição. Isso, porque desde o início do ano, mesmo com o prefeito Iris manifestando desinteresse em se candidatar à reeleição, o DEM fincou o pé e declarou total apoio ao emedebista octogenário.
Mesmo com o clamor do MDB e do DEM, Iris acabou cumprindo o que prometeu e anunciou, oficialmente, que não seria candidato e ainda que encerraria sua carreira política em janeiro de 2021. Para o emedebista Gustavo Mendanha, pré-candidato à reeleição de Aparecida de Goiânia, Iris agora ficará como um conselheiro político, “não só para o MDB, mas para qualquer político que queira aprender com sua experiência”.
“E agora, é evidente que talvez outras pessoas que estão no MDB vão ter oportunidade de aparecer um pouco mais”, afirmou o gestor de Aparecida, que adiantou que espera contar com o apoio de cerca de 15 partidos para sua reeleição.
Saída de Iris abala interlocuções
Um nome que se enquadra na fala de Mendanha é o do ex-deputado federal e ex-governador Maguito Vilela que, com a saída de Iris da disputa, vira a figura do MDB para brigar pela cadeira no Paço Municipal. Porém, se com o Iris o DEM tinha o fervor da empolgação, com Maguito o cenário parece ser diferente.
Presidente do DEM em Goiânia, Lívio Luciano não demonstra entusiasmo, agora, com uma aliança como o MDB. Ao Jornal Opção, o presidente afirmou que “a interlocução natural seria com o Iris”, e como o prefeito não “manifestou nada até agora, então, a articulação [com o MDB] não tem evoluído”.
Ainda segundo Lívio, a aposentadoria de Iris Rezende, que deve ocorrer com o fim do atual mandato, fez com que o DEM reavaliasse suas estratégias e, agora, uma candidatura própria passa a ser uma possibilidade. Contudo, a questão ainda é alvo de análise. “A gente tendo uma candidatura própria, vamos fincar bandeiras, ter o nome do partido colocado no debate. Só que tem o efeito colateral, porque quando você faz uma coligação, dá um apoio a um candidato para a contrapartida vir, você está agregando forças politicas a um projeto político futuro”, avalia.
Se com o MDB as coisas andam “frias”, com o PSD de Vanderlan, elas podem estar esquentando. Recentemente, Lívio Luciano confirmou ao Jornal Opção que tem mantido um diálogo com o partido, que, também, já teve suas oposições notáveis ao DEM. “Tem uma linha interlocutora nesta direção. Está evoluindo”, disse.
Porém, o presidente do DEM na capital não fecha questão. “Não é que a gente prefira A, B ou C. Não é que a gente prefere Vanderlan, Ou Maguito. Na verdade, qualquer uma das duas forças políticas que vieram, vão agregar o projeto político. Agora, tem que ter uma conversação, até pra firmar esse compromisso pra frente”, conta.
“Vai depender muito da devolução das conversações pra gente poder ver o que seria melhor: estar apoiando um candidato de outro partido, ou de ter o nosso”, arremata.
PSL pode se aliar a opositores históricos
O PSL se autointitula um “partido independente”, segundo o próprio pré-candidato da sigla ao Paço Municipal, Major Araújo. O deputado estadual conta que é o nome definido para ser homologado candidato em 13 de setembro, na convenção partidária, e avalia que, por conta de sua postura, o PSL pode ter algumas situações emblemáticas na hora de compor alianças.
“Tem gente que chama o PSL de um partido radical por causa das bandeiras que ele defende, e isso dificulta alianças. Para completar, eu, particularmente, como pré-candidato que será homologado no dia 13, não concordo com o toma-lá-dá-cá que rola nessas alianças que são feitas. Ninguém vem de graça”, declarou.
Araújo, que adiantou ao Jornal Opção que terá uma empresária filiada ao PSL como vice, disse que prefere que o partido caminhe sozinho a se envolver em barganhas. “Basta olhar os candidatos que conseguem realizar uma aliança ampla. Rola caixa 2, dá dinheiro por fora […]. Não tenho problema nenhum com aliança, mas nesse caso, se for dessa forma convencional, é muito melhor caminhar com as próprias pernas”, conclui.
O presidente do PSL em Goiás, deputado federal Delegado Waldir, corrobora os argumentos do Major Araújo quanto ao repúdio de alianças baseadas em troca de recursos financeiros. Todavia, Waldir sinaliza estar mais aberto ao diálogo para a composição de alianças e pode, inclusive, estar disponível para rivais ferrenhos a nível nacional como o Partido dos Trabalhadores (PT).
“O PSL não vai comprar nenhum apoio. As parcerias que vamos fazer é para ganhar a eleição e não existe essa troca. O que pode existir é a troca de apoio político. Temos diversas parcerias formadas. Temos com o MDB, com PSB, com o PP. Podemos até ter parcerias com o PT”, afirmou.
Segundo o presidente do PSL no Estado, não existe “essa dificuldade nesse momento” para formar alianças com partidos rivais. Para Waldir, o objetivo é marcar a presença da legenda nestas eleições.
“O importante é a democracia. Hoje o ritmo do PSL é fazer as mudanças nos municípios e buscas as melhores propostas. O PSL não tem condições de estar em todos os municípios. É necessário ter essas parcerias em todos os locais”, finaliza.
A pré-candidata petista em Goiânia, deputada estadual Delegada Adriana Accorsi, afirmou que uma resolução do partido dita que alianças políticas no 1º turno somente podem ser feitas com legendas do campo progressista, o que, segundo a parlamentar, não seria o caso do PSL.
Contudo, Accorsi declarou que o PT está aberto ao diálogo e que conversará com qualquer partido que o procurar. “Estamos realizando alguns diálogos e há uma conversa mais adiantada com o PCdoB. Mas estamos abertos para conversar. No 2º turno, essas alianças podem se expandir”, pondera.