Eleições 2024: PT já trabalha para ter chapas montadas até dezembro em Goiás

17 setembro 2023 às 00h01

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O PT goiano já se movimenta para as eleições municipais de 2024. No fim de agosto, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores publicou uma resolução com diretrizes para que a militância regional siga desde agora para garantir sucesso no próximo pleito. Em Goiás, a estratégia petista deve seguir a orientação maior da legenda que prevê, segundo o documento, “uma sólida aliança popular e democrática que promova a recondução do Governo Lula em 2026”.
E a ideia é se apressar: ‘É importante que, tanto quanto possível, que todas as candidaturas do partido ou apoiadas por ele sejam colocadas publicamente neste ano de 2023, inclusive de vereadores e vereadoras”, ordena a documento. Isso porque, já em dezembro, o PT deve realizar uma conferência eleitoral com a participação de todos os pré-candidatos que disputarão as eleições de 2024. Na ocasião, já será discutida toda a estratégia, comunicação e marketing eleitoral do pleito do ano que vem.
Como forma de fortalecer o governo Lula, na visão do PT para 2024, é fundamental estimular candidaturas próprias do PT. Nesse sentido, Goiânia e Anápolis já estão bem encaminhadas nesse sentido, com nomes fortes como os dos deputados Adriana Accorsi e Antônio Gomide. A orientação nacional é que, nos Estados, nas capitais com lideranças que despontem em pesquisas e/ou que tenham obtido vitórias ou votações significativas nos dois últimos pleitos, candidaturas do tipo são recomendadas. A mesma recomendação vale para municípios com mais de 100 mil eleitores e também naqueles que sejam polo regional ou que possuam emissora de TV de caráter regional.
Para a chapa proporcional, a orientação é representem a diversidade, “com manutenção de políticas afirmativas relacionadas especialmente às mulheres, à população negra, além da juventude, da população LGBTQIA+ e dos povos originários”, garante a resolução. “É preciso, portanto, organizar a batalha político-eleitoral desde já. Definir as candidaturas majoritárias, construir alianças potentes”, arremata o documento petista.
O professor e especialista em marketing político, Marcos Marinho, avalia que qualquer mobilização que o PT faz, a faz pensando no Lula. “Ele é a estrela maior do partido”, justificou. Por essa razão, qualquer ação que expanda a visibilidade do presidente e dá uma maior aceitação ao governo petista beneficia o Partido dos Trabalhadores. No entanto, para o professor, bolsonarismo, lulismo ou petismo serão elementos subjacentes nas eleições municipais. “Apostar nessa pauta genérica não faz sentido”, alegou.
O analista político ponderou que em uma eleição municipal, o pragmatismo vale mais. “Tem menos peso da sigla e mais peso de indivíduo”, pontuou. Assim, na visão de Marcos, tanto Lula quanto Bolsonaro não devem ser os fatores decisivos no próximo pleito, a não ser em uma situação de “total aleatoriedade”. “O eleitor vai estar mais preocupado com o buraco na rua e a falta de luz no poste. Esse tipo de discurso é mais eficiente”, explanou.
Para analista político, com Adriana, PT tem chance em Goiânia

Sobre as eleições em Goiânia, Marcos Marinho analisou que a situação é bastante favorável para a deputada federal Adriana Accorsi (PT). “É o melhor momento dela. Consegue transitar bem entre diversos grupos políticos e tem uma rejeição baixa, inclusive”, pontuou. E, para ele, num contexto em que o governo Lula esteja bem avaliado no período eleitora, ela terá chance de vitória.
A petista é hoje o principal nome da disputa fora da base do governador Ronaldo Caiado (UB) e, segundo Marcos, a tendência e de polarização de quem está nessa base e quem está fora dela. “Adriana não traz o ranço da maioria dos petistas. Tem recall satisfatório de 2020 e tem uma visibilidade muito boa. Estando ela nessa posição de aglutinar algumas frentes que não pretendem ir pra base do governador, ganha força”, afirmou o especialista.
E outra vantagem que Adriana já tem é o fato de que o nome da base caiadista ainda não foi definido na capital. “Os principais partidos da base, que é alargada, não têm nomes naturais para o processo eleitoral. O MDB não tem esse nome e está fragilizado”, analisou o professor. Com a desistência de Ana Paula Craveira, filha do ex-prefeito Iris Rezende, a situação ficou nebulosa.
Segundo Marcos Marinho, o presidente do MDB em Goiás e vice-governador, Daniel Vilela, não tem no partido outro nome que tenha “capacidade de articulação e reverberação”. Além disso, o analista lembra da questão que envolve o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), deputado Bruno Peixoto (UB). “O nome do Bruno atrapalha o MDB. Hoje ele acaba sendo a pessoa mais indicada para o contexto e a Prefeitura pode acabar caindo no colo dele, mesmo ele não sendo o candidato natural”, comentou o especialista.
Aliança com Psol
A resolução do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores publicada no fim de agosto é bem clara ao dizer que “estão autorizadas alianças com a Federação integrada por Psol e Rede”. Também autoriza “alianças com partidos e lideranças que apoiaram Lula no primeiro turno das eleições de 2022” e libera, sem autorização prévia, apoio de partidos e lideranças que apoiaram o presidente petista no segundo turno das eleições do ano passado. Só é vedado apoio a “candidatos e candidatas identificados com o projeto bolsonarista”, sem citar nominalmente qualquer legenda.
Nesse contexto, é valido pensar que, em Goiânia, é previsível bem-vinda uma aliança entre PT e Psol. No que depender da presidente municipal do Psol em Goiânia, Manu Jacob (Psol), sim. No entanto, ela frisa que isso é uma opinião pessoal, ainda sem consenso em seu partido. “É uma discussão que ainda precisa ser amadurecida”, detalhou.

Dentro do Psol, Manu é da corrente que defende que a legenda procure o Partido dos Trabalhadores na capital. “O PT é um partido de massa que representa os movimentos sociais e que está inserido nas pautas mais progressistas”, explicou. Além disso, segundo a líder esquerdista, é tarefa do Psol chamar uma frente de esquerda, principalmente em um estado como Goiás, em que o bolsonarismo e o que ela chama de “políticas reacionárias” têm muito peso.
Manu afirmou – em seu nome e não do Psol, pra deixar claro – que tem simpatia por uma possível candidatura a prefeita da deputada federal Adriana Accorsi (PT) e confirmou que deve procurar o Partido dos Trabalhadores nos próximos dias para discutir a possibilidade de uma aliança entre as duas legendas, conforme a resolução do PT nacional sugere. “Vou convidar o PT para fazermos um seminário para discutir os problemas da cidade”, antecipou.
Em Anápolis, PT lidera pesquisas

Em Anápolis, o nome do deputado estadual Antônio Gomide (PT) tem liderado as pesquisas em todos os cenários na corrida para a Prefeitura. No entanto, o parlamentar que já foi prefeito da cidade por dois mandatos prefere desconversar quando o assunto é pré-candidatura: “Só vamos definir só no primeiro semestre do ano que vem”, comentou. Segundo o parlamentar, o diretório municipal do PT em seu município base trabalha no momento para montar uma chapa de vereadores competitiva.
No entanto, vale destacar que a força do nome de Gomide em Anápolis é inegável. “Ele tem um recall muito bom”, comentou Marcos Marinho. Mesmo assim, ainda é necessário observar como os demais candidatos irão se articular no município e quais partidos comporiam com o Partido dos Trabalhadores. “Havendo uma boa composição do PT na cidade em um contexto de uma boa avaliação do governo Lula, ele pode levar a Prefeitura”, previu o analista.
E as articulações já começaram. O ex-prefeito e hoje deputado reconhece que quanto mais partidos estiverem apoiando uma candidatura petista, mais forte é a chapa. “São bem-vindos todos aqueles que estão alinhados com o que queremos para cidade”, declarou. Como já venceu as eleições na cidade por duas vezes, os anapolinos já conhecem o trabalho do petista que, mesmo em uma cidade conservadora, tem voto e respeito do eleitorado.
Apesar de garantir que o partido não tem preferência por partido “X” ou “Y”, Gomide disse que a legenda está aberta ao diálogos com todos os partidos que não sejam alinhados com o bolsonarismo. E dentro desse espectro, o parlamentar inclui os aliados do governador Ronaldo Caiado (UB). “Ele apoiou Bolsonaro nas últimas eleições”, justificou.
Para Marcos, a lógica de que Anápolis deu muito voto pro Bolsonaro nas últimas eleições não deve valer pro próximo pleito. “A lógica de transferência de voto é complexa. A ideia de que o presidente Lula ou o ex-presidente Bolsonaro vão transferir voto para o município é equivocada. Isso é muito reduzido. A realidade do município é muito pragmática”, destacou o professor.
E como fica o PT no interior?
Para o analista político, no interior do Estado a situação é diferente do que nas grandes cidades. “O caso de Adriana Accorsi em Goiânia é diferente do candidato do PT em Caiapônia, por exemplo. Em cidades menores, vai depender muito de vai encabeçar a chapa e as possibilidades são diferentes”, explicou.
Antônio Gomide afirma que hoje o PT goiano trabalha para avançar em número de vereadores nas Câmaras Municipais e também prefeitos nas cidades. “Estou andando o Estado todo ajudando a organizar a base”, explicou. No último sábado, 15, ele tinha agenda em Quirinópolis. O deputado também visitou Caçu, sempre priorizados o fortalecimento do partido nesses municípios.
“As eleições não param. De dois em dois anos, tem eleição. O trabalho não para e o PT está se organizando sempre”, reforçou o parlamentar. Justamente por isso, Gomide aposta que, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na presidência, a tendência é o PT ganhar força nas Câmaras e Prefeituras e, por consequência, o enfraquecimento do bolsonarismo. “Já perdeu força em 2023, vai perder mais ainda em 2024, em 2025 e em 2026”, analisou Gomide.