Pedro Wilson Guimarães nasceu em 04 de fevereiro de 1942, mas só foi registrado em 24 do mesmo mês, na cidade de Marzagão, Goiás. Advogado, professor universitário, sociólogo e político brasileiro, é filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Seu último cargo público foi como superintendente do Iphan no Estado de Goiás. Pedro Wilson é uma das principais lideranças do partido no Estado e foi um de seus fundadores, em 1980.

Em sua trajetória política, foi vereador da cidade de Goiânia (1993-1995), deputado federal por Goiás (1995-1999; 1999-2001 e 2007-2011), e prefeito de Goiânia entre 2001 e 2004. Graduado em Direito e Sociologia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), foi professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), anteriormente conhecida como Universidade Católica de Goiás (UCG). Entre 1985 e 1988, ocupou o cargo de reitor dessa mesma instituição.

Em 1971, Pedro Wilson era militante da Ação Popular e presidente da Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Goiânia. Foi preso duas vezes: a primeira em um quartel em Goiânia e a segunda no DOI-CODI em São Paulo, esta última seguida de torturas.

Pedro Wilson em campanha l Foto: Arquivo

Em 2010, candidatou-se ao Senado por Goiás, ficando em terceiro lugar na disputa, atrás de Demóstenes Torres e Lúcia Vânia. Foi lançado candidato ao Senado Federal pela coligação “Goiás Rumo ao Futuro”, que tinha seu ex-adversário político, Iris Rezende Machado, do PMDB, como candidato ao cargo de governador.

Em 24 de fevereiro de 2012, foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

Pedro Wilson é considerado por muitos como o “prefeito que mais fez pela educação”, principalmente na fase inicial da vida, com a construção de vários CEMEIs pela cidade. Em 2004, recebeu o prêmio “Amigo da Criança”, concedido pela Fundação Abrinq, pelo conjunto de ações voltadas à melhoria da qualidade de vida e à consolidação da doutrina de proteção integral à infância e à adolescência defendida pela Constituição Federal, em seu artigo 227, e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Para saber como foi a gestão do professor como prefeito de Goiânia, o Jornal Opção ouviu alguns dos ex-secretários durante a sua administração entre 2001 e 2004.

Sérgio Alberto Dias (Serjão), educador e sociólogo que foi o coordenador geral do Orçamento Participativo na administração de Pedro Wilson, garante que foi a maior participação popular já vista em uma gestão na capital. “O Orçamento Participativo era assim denominado porque o prefeito ouvia todas as classes sociais para saber o que cada região da cidade necessitava ser feito. Ele escutava a população antes de determinar o orçamento e incluía as demandas solicitadas. Pedro chamava a população para ser agente de mudança”, explicou.

Serjão ressalta que o prefeito fez uma gestão planejada com estratégias bem definidas para a melhoria da cidade e para proporcionar uma boa qualidade de vida aos seus habitantes. “Revitalização do centro, realocando os ambulantes em um local humanizado que é o mercado aberto da Paranaíba, o pontapé inicial da avenida Leste-Oeste que tem como trajeto a ligação de Senador Canedo à Trindade e toda a concepção do Macambira Anicuns, que nada mais é que um conceito de cidade, envolvendo meio ambiente, esporte, lazer e cultura.”

Serjão ao lado de Pedro Wilson l Foto: Arquivo pessoal/Serjão

Serjão relata que o gestor revolucionou a educação em Goiânia com as construções dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI), tirando as crianças de uma situação calamitosa e as colocando em um local com dignidade, onde tinham educação e alimentação em tempo integral. “O Pedro demoliu as escolas de placas e construiu 16 escolas consideradas padrão e de qualidade, com quadras e centros de convivência e com material de qualidade, respeitando os alunos e os funcionários. Na saúde, ele colocou o médico que mais entendia de saúde na época.”

Com relação à política de moradias, Serjão conta que o prefeito pensava no melhor para a população. “Ele não pegava as pessoas e mandava para fora da cidade, pelo contrário, construía em locais dentro da cidade, como é o caso da antiga vila Lobó – no Jardim Goiás e no Setor Pedro Ludovico, onde construiu apartamentos e CMEIs para as pessoas de baixa renda”, diz.

Para Serjão, o governo de Pedro Wilson era pautado pela modernidade e feito em parceria com toda a sociedade, sem discriminações. “O servidor público nunca foi tão respeitado como na administração do Pedro, ele é muito humanista e pensa no bem-estar das pessoas o tempo todo”, lembra.

Luis Cesar Bueno era vereador e líder da bancada, presidia a Comissão de Orçamento e Finanças durante a gestão de Pedro Wilson. Ele assegura que em boa parte do mandato, o prefeito tinha apoio praticamente unânime dos vereadores, sendo que, de um total de 33 parlamentares – 31 o apoiavam.

Luis Cesar Bueno participa de reunião com Pedro Wilson l Foto: Arquivo pessoal/Luis Cesar

Luis Cesar Bueno explica que os projetos eram debatidos antecipadamente com todas as bancadas para depois serem encaminhados como pauta do dia. “Havia um entrosamento muito grande dos vereadores com o Orçamento Participativo”, relata.

Luis destaca que o prefeito foi considerado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) como o “prefeito da educação” e assim era reconhecido internacionalmente. “Ele instituiu em Goiânia os CMEIs, inseriu a obrigatoriedade da escola em tempo integral, o que foi muito importante para a inclusão social, principalmente da população mais vulnerável financeiramente falando. O CMEI representou uma revolução na educação infantil do Brasil e Goiânia foi o município pioneiro a implementar esse modelo através do Pedro Wilson.”

Outra questão relevante, segundo o ex-vereador, foi a preocupação com o ordenamento urbano da cidade. “Ele mudou o visual do centro da cidade, tornando-o atrativo, principalmente o centro, onde havia um amontoado de camelôs que foram transferidos para um local com dignidade, e promoveu a revitalização da Avenida Goiás e da Praça Cívica”, lembra.

Apesar de ter uma boa aprovação popular e ter iniciado a gestão com a aprovação da maioria dos vereadores, Luis Cesar Bueno frisa que no final do mandato o quadro já não era o mesmo. E mesmo tendo na presidência da República o amigo e petista Luiz Inácio Lula da Silva, Pedro Wilson não conseguiu a reeleição na disputa com Iris Rezende. “O cenário era todo favorável. Economicamente o país estava bem, mas as questões políticas foram mal administradas e perdemos a eleição para o Iris”, conclui.

Marina Santana foi secretária de Comunicação e atuou na Secretaria de Articulação Institucional durante a administração do professor. Ela destaca as experiências do prefeito como gestor e na política: “Ele já tinha experiência como gestor de universidade, como vereador, como deputado federal e já era uma pessoa pública com bastante conhecimento das demandas da cidade”, avalia.

Marina Santana participa de reunião junto com o prefeito Pedro Wilson l Foto: LeoIran

Marina Santana ressalta as atuações de Pedro Wilson na área da educação e dos direitos humanos: “O Pedro foi presidente do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, ou seja, é uma pessoa com boa articulação e experiente na vida pública. Não foi um aventureiro que chegou à prefeitura”, salienta.

Marina Santana lembra que na primeira parte da administração, o país estava sendo governado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e os recursos ainda eram tímidos e insuficientes. Já na segunda parte, com a eleição de Lula da Silva, é que as coisas começaram a andar da forma que o prefeito planejara, com mais recursos. Nessa época, foi criado o Conselho Municipal de Comunicação com a participação da sociedade.”

O médico Otaliba Libânio foi o secretário de saúde na gestão de Pedro Wilson. Otaliba destaca o prêmio recebido pelo prefeito por ter se preocupado com a saúde da criança. “O Prefeito Pedro Wilson ganhou o Prêmio Prefeito Amigo da Criança pelos programas Nascer Feliz, Crescer Feliz e Viver Feliz com ações para melhorar a saúde da criança nos primeiros anos de vida. Isso levou à redução da mortalidade infantil em Goiânia.”

Outra intervenção importante na área da saúde, de acordo com Otaliba Libânio, foi a reforma, ampliação e construção das Unidades Básicas de Saúde (UBS). “Foram realizadas 16 reformas e ampliações de unidades de saúde, construídas quatro novas unidades básicas, informatização de unidades de saúde com aumento de 12 para 58 UBSs, aumento dos recursos para medicamentos nas farmácias próprias da rede municipal, construção e equipamento da farmácia popular, e confecção e distribuição do Cartão SUS para a população de Goiânia.”

Otaliba Libânio junto com Pedro Wilson entregam PSF l Foto: Arquivo pessoal/Otaliba

Otaliba Libânio informa ainda que o prefeito equipou e colocou em pleno funcionamento a Maternidade Nascer Cidadão; criou o programa de humanização nas Unidades Básicas de Saúde de Goiânia sob a gestão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS); reduziu em 26,6% os óbitos fetais e em 18% a gravidez na adolescência.

Foram realizadas a implantação do projeto de humanização da atenção à saúde do usuário do SUS, com acolhimento e encaminhamento para os serviços adequados para a atenção a cada caso; implantação dos Centros de Atenção Psicossocial em Goiânia; implantação das residências terapêuticas para pacientes com problemas de saúde mental e que não necessitavam ficar internados; aumento da atenção à saúde bucal, com implantação do programa de saúde bucal em mais escolas, passando de 63 em 2000 para 101 em 2002.

Outras ações incluíram a estruturação da rede de atenção a mulheres, crianças e adolescentes em situação de violência; implantação do programa Saúde do Trabalhador; programa de combate à asma e o programa Viver Mais e Melhor voltado para pessoas da terceira idade; e combate e redução da epidemia de dengue em Goiânia, com redução em 42% dos casos de dengue de 2001 para 2004. “Essas foram algumas das ações do prefeito Pedro Wilson na área da saúde em Goiânia”, enumera Otaliba Libânio.

O Engenheiro Civil Argemiro Mendonça foi Diretor na Comurg de 2001 a junho de 2003 e, em seguida, Diretor Presidente do Complexo Dermu/Compav, que existia na época na estrutura da Prefeitura Municipal de Goiânia. “Tive a satisfação de trabalhar com o Professor Pedro Wilson Guimarães na Universidade Católica de Goiás, quando foi Reitor, e posteriormente quando administrou Goiânia”, disse.

“Considero que o Professor, Sociólogo e Advogado Pedro Wilson foi uma das pessoas mais qualificadas que teve a oportunidade de administrar Goiânia. Fiel à sua visão e histórico com a defesa dos Direitos Humanos, Pedro, a meu ver, deu uma enorme atenção à Educação e à criação de canais de diálogo com os Movimentos Sociais e setores organizados da Sociedade. Neste sentido, a instituição de uma estrutura para realizar o Orçamento Participativo, com efetiva discussão com a sociedade de suas necessidades, foi uma realidade.”

Argemiro em reunião com Pedro Wilson l Foto: Arquivo pessoal/Argemiro

Este procedimento, de acordo com o ex-secretário, mostrou que uma das grandes demandas da Prefeitura de Goiânia era a falta de infraestrutura com pavimentação e drenagem; entretanto, a ausência de levantamentos e projetos naquele momento por parte da Prefeitura de Goiânia impediu que estas obras ganhassem maior vulto na sua administração. “Contudo, Pedro, com nosso apoio, contratou os serviços técnicos especializados que levaram à produção de levantamentos, cadastros e projetos de infraestrutura para Goiânia, algo nunca antes realizado na administração municipal da capital.”

Este trabalho realizado, como explica Argemiro, foi fundamental para que o prefeito Iris Resende, que o sucedeu, pudesse realizar um grande programa de pavimentação em Goiânia. “Uma das satisfações profissionais que carrego é ter ouvido isso do então secretário Mauro Miranda, reconhecendo a base que encontrou na Prefeitura de Goiânia para realizar o que foi feito na administração de Goiânia de 2005 a 2008”, recorda.

Argemiro Mendonça destaca ainda que o vanguardismo de Pedro Wilson na Prefeitura de Goiânia permitiu que o Aterro Sanitário à época tivesse instalado um Flare (Reservatório) que coletava e armazenava todo material produzido naquele local, e que permitia que cerca de 95% fosse descontaminado antes de ser lançado na atmosfera.

“Esse que é um dos grandes problemas atuais do mundo foi objeto de atenção daquela administração ao final de 2002; isso era uma realidade em Goiânia. Pena que depois foi desfeito, assim como o processo de coleta de resíduos de saúde que era totalmente descontaminados por autoclave, antes de serem lançados no Aterro Sanitário de Goiânia.”

Na administração de Pedro Wilson, ainda foi iniciada a implantação da Avenida Leste-Oeste, tendo sido executados mais de 10 km de via; a extensão da Avenida Goiás da Avenida Independência até o setor Balneário Meia Ponte. “Vias estas implantadas com diversas obras de arte, como pontes e viadutos. Pedro, ainda em sintonia com o Governo de Estado, viabilizou a integração do Transporte Coletivo na Região Metropolitana de Goiânia, com a criação da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC)”, informa.

“Acho que só o tempo é capaz de mostrar e conferir a ‘César o que é de César’, ou melhor – reconhecer Pedro Wilson por tudo que fez por Goiânia”, defende Argemiro.

Olívia Vieira foi secretária de Desenvolvimento Econômico e Social durante a gestão de Pedro Wilson. Ela destaca que a marca mais importante da administração do professor foi se preocupar com as pessoas. “Ele fez uma gestão humanista e democrática, participativa e transparente, com a participação efetiva da sociedade. O diálogo foi usado para a solução de todos os conflitos.”

Olívia Vieira responsável pela construção do Mercado Aberto l Foto: Arquivo pessoal

Olívia Vieira lembra que o prefeito herdou uma demanda histórica em relação aos ambulantes que ocupam o centro da cidade, mas que com sabedoria resolveu a situação. “Havia no centro 1.995 ambulantes que desenvolviam atividades comerciais sem a menor condição de dignidade de uma pessoa humana. Além disso, conviviam com o descontentamento dos moradores e pedestres, além do conflito com o comércio estabelecido”, afirma.

Neste contexto, foi elaborado o projeto ‘Mercado Aberto’, com a participação dos camelôs e de todo o comércio da região. Várias parcerias foram estabelecidas para viabilizar a construção do espaço na Avenida Paranaíba, que tinha como eixo principal o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento social com inclusão.

Mercado Aberto na Avenida Paranaíba l Foto: Reprodução

“Com um processo transparente, foi possível, por fim, transferir essa quantidade de ambulantes para o mercado aberto, tendo como lema o diálogo e o respeito, sem a necessidade de usar a força policial. Há registro de que a única capital do país que conseguiu esse feito foi Goiânia”, argumenta.

Olívia Vieira frisa que de nada adiantaria realocar os trabalhadores em novo local se não fosse elaborado um projeto de inserção social. Por isso, o programa seguinte seria a alfabetização, qualificação em técnicas gerenciais, formação profissional, educação ambiental e empreendedorismo. “Para isso, já havia convênios com o Sebrae, Senai e Senac para o desenvolvimento dessa parte do projeto. Contudo, infelizmente, chegou o fim do nosso mandato e as administrações posteriores não levaram adiante a proposta, acarretando assim na não conclusão completa do projeto inicial”, lamenta.”

Arlene Carvalho de Assis, professora aposentada e ex-chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Educação (SME), faz uma retrospectiva do que ocorreu na SME no período de 2001 a 2004. Ela destaca que esse período foi marcado por intensa movimentação. Embora tanto a Secretária de Educação da época, Walderês Nunes Loureiro, quanto o Prefeito Pedro Wilson Guimarães não fossem adeptos de propostas mirabolantes.

“Na elaboração de nosso plano de trabalho, partimos da concepção de que nós, seres humanos, ajudamos a construir nossa história, tanto tendo por horizonte nossas perspectivas, como partindo do que já foi construído anteriormente.”

Arlene Carvalho destaca a primeira e crucial medida tomada, que foi a aprovação de uma lei criando o Fundo Municipal de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (FMMDE). Essa lei permitiu que os recursos da educação fossem direcionados diretamente para a conta da SME, com a definição de que esses recursos seriam gastos exclusivamente em educação, sem os artifícios contábeis comumente utilizados para equilibrar as contas da educação.

Pedro Wilson foi responsável pela criação dos CMEIs l Foto: Reprodução

Segundo ela, essa medida foi fundamental para que a SME pudesse planejar e executar suas propostas de forma a garantir que as melhorias pudessem chegar a cada escola. Para isso, foi proposta e aprovada outra lei – Programa de Autonomia Financeira das Instituições Educacionais (Pafie) – que criou um mecanismo de repasse de recursos para cada escola e instituição de educação infantil, permitindo atender às suas necessidades específicas.

Arlene destaca ainda a formação de uma equipe de diretores de departamentos oriundos da própria rede municipal, com ampla experiência em sala de aula e respeitados por seus pares. Além disso, a SME recebeu uma importante assessoria de professores-pesquisadores da UFG e da PUC, convidados devido ao seu compromisso com a escola pública de educação básica.

“Além disso, a metodologia de ouvir o professorado a fim de redefinir as iniciativas da SME, embora tenha causado certa estranheza no início, resultou em maior envolvimento dos professores com as propostas que foram sendo construídas, de modo que ainda hoje muitas pessoas se referem de modo positivo à administração daquele período.”

A professora ressalta ainda o constante diálogo entre o grupo diretivo da SME e os professores, onde foram identificados alguns pontos críticos que necessitavam de atenção, como a autonomia financeira, os desafios da educação infantil, da Educação Fundamental, que incluía o sistema seriado e o de ciclos, e a necessidade de atender à determinação do Plano Nacional de Educação (PNE) para que os demais sistemas de ensino elaborassem seus planos decenais.

Dessa forma, esclarece a professora, a SME teve que ir elegendo algumas prioridades, uma das quais foi a educação infantil. “Assumimos a Prefeitura justamente no momento da transição das creches do âmbito da assistência social para o da educação. Assim, a SME, que até então lidava apenas com a pré-escola para crianças de quatro e cinco anos, em geral funcionando em salas de escolas de ensino fundamental, deparava-se com, no mínimo, cinco grandes questões: concluir a elaboração de uma proposta político-pedagógica para esse nível educacional; receber as creches oriundas da assistência social do estado e da própria prefeitura (Fumdec); definir um padrão arquitetônico para fazer face à crescente necessidade de construção que se avizinhava; equipar todas as creches com brinquedos, mobiliário, vasilhame, biblioteca, além de prover profissionais para as instituições que se multiplicavam a cada ano. Tal esforço contribuiu para que a gestão goianiense recebesse o título de Prefeito Amigo da Criança, no ano de 2004, distinção essa que muito honrou a todos que se empenharam na construção do primeiro projeto para a Educação Infantil Municipal de Goiânia”, lembra com satisfação.

Apartamentos da antiga Vila Lobó construídos na gestão de Pedro Wilson l Foto: Marco Túlio/Jornal Opção

Detalhes dessa epopeia, e de outras mais, encontram-se em um livro elaborado anos mais tarde por ex-integrantes do grupo diretivo – “PARA ALÉM DA ESCOLA, por uma política pública intersetorial”, publicado pela Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE), revela a professora.

Outra importante iniciativa que também resultou em uma premiação – ainda que recebida na administração seguinte – foi a experiência construída pelo Departamento de Alimentação Escolar (DALE). “Além da introdução do “Estudar Sem Fome”, que garantia aos alunos da EAJA uma refeição antes do início das aulas noturnas, buscou-se trabalhar com os profissionais da cozinha, alunos e professores, a perspectiva de que a alimentação, além de fornecer os nutrientes necessários à manutenção da vida e da saúde, também pode ser explorada em uma perspectiva pedagógica, favorecendo a formação de bons hábitos alimentares, incluindo, quando possível, a implantação das hortas escolares.”

“Também de grande importância foi o papel da SME no processo de elaboração do Plano Municipal de Educação, que demandou um grande esforço, tanto da própria Secretaria quanto da administração, no sentido de definir como seria o processo de elaboração e quais entidades participariam”, avalia a professora.

Arlene Carvalho trabalhou na educação sob a gestão de Pedro Wilson l Foto: Arquivo pessoal/Arlene

Dada a impossibilidade de detalhar todas as ações desenvolvidas, Arlene Carvalho enumera algumas das principais:

Esforço para elaborar uma proposta pedagógica para a Educação Infantil, algo que até então não existia na rede pública goianiense; Contratação de uma assessoria para a aquisição de livros de literatura infanto-juvenil que resultou na elaboração do Programa de Bibliotecas da SME de Goiânia – Leia Goiânia.

No caso da Educação Infantil, a introdução das Bibliotecas Circulantes: um carrinho com livros que eram levados a cada sala para uso das crianças; criação de uma equipe destinada a discutir, com as escolas que necessitassem, estratégias para reduzir situações de violência; discussão e construção de uma proposta pedagógica única para o Ensino Fundamental com base na estruturação dos ciclos, até então adotados apenas experimentalmente em algumas escolas; propostas pedagógicas, textos de palestrantes, documentos diversos a serem repassados aos professores e/ou às escolas, cuidadosamente publicados e ilustrados quando necessário; Criação de três núcleos:

  • Inclusão social e universalização da cidadania;
  • Construção de uma gestão pública, democrática e popular;
  • Requalificação da cidade – desenvolvimento econômico urbano e rural. Estes núcleos agregaram diferentes Secretarias e/ou órgãos da estrutura da administração municipal, visando garantir o exercício do poder municipal planejado e participativo, além de uma tentativa de integração de políticas públicas, buscando maior eficiência e melhor uso do recurso público;
  • Integraram o núcleo I as Secretarias de Saúde, Cultura, Esporte e Lazer e Secretaria de Educação. Cabe destacar aqui ações conjuntas com a Secretaria de Cultura, levando teatro à escola e crianças ao cinema, entre outras; introdução das Jornadas Pedagógicas, momento em que os professores se reuniam para trocar experiências, ouvir palestras e participar de debates, resultando em momentos muito valorizados pelo professorado;
  • Criação de um espaço físico para o Centro de Formação (continuada) de professores em um prédio de uma escola municipal desativada; por determinação do prefeito Pedro Wilson, não se construiu mais nenhuma escola com quadra esportiva sem cobertura.