A região da Rua 44, em Goiânia, está se preparando para um fim de ano movimentado, com expectativas de crescimento nas vendas, apesar das dificuldades enfrentadas pelos lojistas. A partir de 1º de dezembro, galerias e shoppings da área funcionarão de segunda a domingo, com horários estendidos para atrair consumidores.

Movimentação da Região da 44 l Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

A Associação Empresarial da Região da Rua 44 (AER44) estima que o setor deve movimentar cerca de R$ 1,2 bilhão até o final de 2024, com um aumento de 8% nas vendas. A principal fonte de otimismo vem do aumento das compras presenciais típicas de dezembro, especialmente entre os consumidores da Grande Goiânia e turistas.

Entretanto, muitos lojistas locais relatam um cenário mais desafiador. Apesar da movimentação de final de ano, as vendas estão aquém das expectativas, com uma queda significativa em comparação com os anos anteriores.

Empresários como Nathana Jéssica e Weder Barbosa destacam que, além das dificuldades econômicas, o aumento das compras online e o comportamento mais cauteloso dos consumidores têm impactado negativamente o comércio físico. “Este ano está sendo atípico. Mesmo com o Natal se aproximando, as vendas não estão como em 2023”, relata Nathana, que vê as vendas digitais como uma tábua de salvação.

No entanto, há quem aposte na recuperação. O Sindicato do Comércio Varejista de Goiás (Sindilojas-GO) projeta um crescimento de 3% nas vendas natalinas em relação a 2023, com destaque para artigos de vestuário, calçados e eletroeletrônicos.

Ônibus de diversos estados que trazem sacoleiros l Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

 A Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL) também compartilha uma visão otimista, com a expectativa de um aumento de 5% nas vendas em comparação ao ano passado. Para o economista Aurélio Troncoso, a recuperação do setor depende não apenas das vendas de fim de ano, mas de um equilíbrio entre taxas de juros, inflação e confiança do consumidor.

De acordo com a Associação Empresarial da Região da Rua 44 (AER44), a partir de 1º de dezembro e até o final do ano, as galerias e shoppings da região, em Goiânia, estarão abertos de segunda a domingo. A mudança ocorre devido à expectativa de aumento no fluxo de público nos próximos dias.

O horário de funcionamento aos domingos será das 8h às 14h. De segunda a quarta-feira, o atendimento será das 8h às 18h; às quintas, sextas e sábados, das 7h às 18h. Durante o último mês do ano, o polo comercial da região deverá movimentar cerca de R$ 1,2 bilhão, conforme informações da AER44.

A previsão da associação é de um aumento de 8% no volume de vendas. Atualmente, cerca de 50% das vendas já são feitas online ao longo do ano, embora no final do ano a maior parte seja presencial devido ao aumento das compras no varejo.

A associação também explica que, nesta época do ano, a maior parte dos clientes vem da Grande Goiânia e do interior do estado. Além disso, há uma quantidade significativa de turistas que visitam parentes em Goiânia e aproveitam para conhecer a região.

Por outro lado, em contraste com as previsões da AER44, lojistas entrevistados pela reportagem relataram que, em comparação com os anos anteriores pós-pandemia, 2024 está se mostrando um dos piores anos. Segundo os empresários, tanto as vendas presenciais quanto as atacadistas diminuíram drasticamente, sendo que o que tem salvado são as vendas online.

Nathana Jéssica e Weder Barbosa, proprietários de duas lojas na região da 44, contam que começaram a investir na área há cerca de cinco anos, antes da pandemia. No entanto, nunca haviam enfrentado uma situação como a de 2024. Nathana destaca que o cenário deste ano está bem diferente: “Estamos vivendo uma situação atípica. Mesmo após a pandemia, nossas vendas no atacado diminuíram muito. Os atacadistas ainda não vieram comprar”, observa.

Nathana Jéssica e Weder Barbosa: “Os atacadistas não estão mais fazendo estoques de mercadorias como antigamente, pois estão receosos com a situação econômica do país” l Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Tanto Nathana quanto Weder afirmam que os clientes estão mais cautelosos na hora de fazer compras. Weder pontua: “Os atacadistas não estão mais fazendo estoques de mercadorias como antigamente, pois estão receosos com a situação econômica do país. Eles estão apenas repondo os produtos”, lamenta.

Nathana, por sua vez, destaca a importância da criatividade em tempos difíceis: “Diante desse cenário, estamos suprindo a falta dos atacadistas com nossas vendas online, que aumentaram consideravelmente. Desde o ano passado, percebi que o mercado digital está favorável e começamos a investir nessa área. Hoje, o lojista precisa ser criativo e usar a internet a seu favor”, explica.

Ela também lembra que, neste dezembro específico, quando as vendas presenciais costumam ser fortes devido às festividades de Natal, a movimentação está abaixo do nível de 2023. “Normalmente, em dezembro, por conta do Natal, as vendas aumentam, mas isso não está acontecendo até agora. No ano passado, em novembro, já estava mais movimentado”, relata.

Nathana, que trabalha com moda fitness e mantém oito prestadores de serviços, incluindo costureiras e atendentes, afirma que, se não fosse pelas vendas online, já teria fechado as portas. “O online realmente foi um divisor de águas”, afirma.

Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Keitilaini Guilherme, que trabalha com roupas camufladas desde 2019 na região da 44, conta que abriu sua loja e, 20 dias depois, ocorreu o fechamento devido à pandemia. Ela destaca que, assim que reabriu, as vendas presenciais voltaram com força, mantendo-se boas até 2023. No entanto, 2024 tem se mostrado atípico. “Neste ano, as vendas estão fracas, tanto de clientes locais quanto de sacoleiros que vêm de outros estados e cidades”, diz.

Keitilaini frisa que, em 2023, na véspera do Natal, já havia vendido o dobro do que conseguiu vender até agora. “A movimentação neste Natal está bem abaixo do ano passado. Até agora, não vendi nem metade do que vendi no mesmo período do ano passado”, conclui. Ela, no entanto, ainda espera que as vendas melhorem. “Espero que, até o dia 25, as vendas me surpreendam.”

Cássio Teixeira, de 30 anos, é vendedor ambulante na 44 há cinco anos, vendendo vestidos indianos, e garante que nunca viu um ano com vendas tão baixas como 2024. “Após a pandemia, até 2023 as vendas estavam ótimas, mas este ano os clientes desapareceram. No ano passado, nesta época, estava uma loucura de tanta gente”, comenta.

Cássio Teixeira: “No ano passado, nesta época, estava uma loucura de tanta gente” l Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Para Raimundo Martins, lojista na 44 há cerca de 20 anos, 2024 é o pior ano que ele já enfrentou. “Em todos esses anos, nunca vi um ano como este. Se continuar assim por mais um ano, muitos lojistas vão quebrar”, avalia. Ele observa que, tanto as vendas online quanto as presenciais, estão caindo, e se preocupa com o futuro. Segundo ele, nem mesmo a Black Friday ajudou a melhorar as vendas.

Para Raimundo Martins: “tanto as vendas online quanto as presenciais, estão caindo” l Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Alex Sandra, de 44 anos, trabalha com moda feminina e fabricação própria. Ela tem uma loja na região há 12 anos e afirma que 2024 tem sido um ano desafiador. “Até 2023, eu tinha uma vendedora me ajudando, mas com a queda de mais de 60% nas vendas em 2024, não tive outra alternativa a não ser dispensá-la. Hoje, mantenho apenas as costureiras, mas não sei até quando, dada a situação econômica”, destaca.

Alex Sandra: “Se fosse nos dois anos anteriores, com certeza eu não estaria conversando com você por conta da movimentação na loja” l Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Ela ainda observa que, neste mesmo período, nos anos anteriores, provavelmente não conseguiria atender a uma reportagem devido à movimentação de clientes. “Se fosse nos dois anos anteriores, com certeza eu não estaria conversando com você por conta da movimentação na loja. Mas veja só, está vazio aqui”, lamenta.

Vendas da Feira Hippie melhoram no final do ano, mas desafios persistem

Para o presidente da Associação dos Feirantes da Feira Hippie, Waldivino da Silva, conhecido como Divininho – as vendas melhoraram na reta final do ano. Ele explica que a feira funciona de sexta-feira, a partir das 5h, até domingo, às 15h. No entanto, devido ao aumento de clientes, o horário foi estendido até as 17h em todos os domingos de dezembro.

Feira Hippie de Goiânia l Foto: Reprodução

Divininho comenta: “A expectativa é boa, pois o que temos observado é que muitos feirantes já esgotaram seus estoques e iniciaram a semana com a necessidade de fabricar mais produtos, além de contratar mais facções para atender à demanda dos clientes.”

Quando questionados sobre como estão as vendas, os feirantes da Feira Hippie apresentam opiniões divergentes.

Márcio Ramos: “As vendas dependem do tipo de mercadoria” l Foto: Arquivo pessoal

Márcio Ramos, feirante há 25 anos e atualmente atuando no setor de enxovais de bebê, destaca que, em sua área, não há do que reclamar. “Minhas vendas melhoraram muito neste final de ano, e tenho esperança de que em 2025 sejam ainda melhores”, diz ele. No entanto, Márcio faz uma observação importante: “As vendas dependem do tipo de mercadoria. Às vezes, o produto do vizinho não tem uma boa saída”, reflete.

Karla Karolliny da Silva, 36 anos, trabalha na Feira Hippie de Goiânia desde os 16, quando começou com sua mãe em uma banca. Hoje, ela fabrica vestidos infantis e percebe uma mudança no comportamento das vendas. Para ela, a movimentação no mercado da região da 44, Praça do Trabalhador, não é mais a mesma. O fluxo de vendas diminuiu consideravelmente, especialmente após a pandemia.

“Antigamente, vendíamos cerca de 10 a 15 mil reais por dia, sendo que a feira funciona de sexta a domingo. Hoje, essas vendas caíram significativamente, principalmente no atacado. Atualmente, 80% das minhas vendas são feitas online, e estamos vendendo mais no varejo do que no atacado”, relata Karla.

Ela acredita que o mercado de vestuário em Goiânia tem perdido força para outras regiões do país, como São Paulo (Brás) e Caruaru (Pernambuco), onde há grandes concorrentes e polos atacadistas. “Penso que perdemos o foco nas vendas no atacado para essas regiões, o que tem prejudicado bastante a nossa cidade. Goiânia tem sofrido com o mercado de vestuários, principalmente devido aos tecidos caros e à mão de obra também cara”, explica.

Maior feira aberta da América Latina – Feira Hippie l Foto: Reprodução

Comparando com o ano anterior, as vendas presenciais no atacado na Feira Hippie caíram consideravelmente, com crescimento apenas no espaço dedicado ao varejo. Para Karla, isso é preocupante, principalmente para as pequenas e médias fábricas de roupas e vestuários da região.

Ela destaca, no entanto, que Goiânia possui grande potencial para crescer, especialmente no setor de vendas no atacado. “A cidade tem uma excelente qualidade nas mercadorias: tecidos de qualidade, fabricação, detalhes de costura, acabamentos e modelagem, que valorizam ainda mais as roupas. Goiânia também está sempre atualizando seus modelos e moldes, seguindo as tendências de moda que os brasileiros tanto apreciam”, conclui Karla.

Região da Avenida Mangalô e Avenida Igualdade

A reportagem visitou a região da Avenida Igualdade, no Setor Garavelo, em Aparecida de Goiânia, e a Avenida Mangalô, na Região Noroeste da capital, locais conhecidos pelo comércio forte que contribui para o crescimento econômico dessas áreas. Em conversas com lojistas e clientes, a situação observada não difere muito da realidade encontrada na região da 44.

Daniele Santana, proprietária de uma papelaria na Avenida Igualdade, conta que, por trabalhar com produtos de necessidade escolar, as vendas aumentaram, mas o impacto econômico ainda é notado. “Nesta época do ano, as vendas sempre são boas, pois os pais compram o material escolar dos filhos. Contudo, ao somar as vendas do ano, poderia ter sido melhor se comparado com os anos anteriores”, avalia.

Daniele Santana: “as vendas aumentaram, mas o impacto econômico ainda é notado” l Foto: Cilas Gontijo/Jornal Opção

Joyce Melo, gerente de uma loja de confecções na Avenida Igualdade, explica que, ao longo do ano, a movimentação da loja foi bem abaixo em comparação a 2023. “Até agora, não percebemos aumento nas vendas, mesmo com a proximidade do Natal”, relata. Ela destaca que, no ano passado, nessa mesma época, os clientes já faziam fila para comprar os presentes.

Joyce Melo: “Até agora, não percebemos aumento nas vendas” l Foto: Cilas Gontijo/Jornal Opção

De acordo com Joyce, os consumidores estão priorizando pagamentos à vista, o que resulta em compras menores. “Antes, os clientes compravam mais no crédito, mas com a atual situação econômica do país, preferem comprar menos e pagar à vista”, explica.

Luzineide Lopes, 56 anos, desempregada e recebendo o auxílio emergencial, estava na loja escolhendo algumas peças de roupas. Ela afirma que “ano após ano, as coisas estão ficando mais difíceis para os mais pobres. Estou aqui porque realmente preciso de uma roupa, mas o dinheiro está apertado, mal dá para comprar alimentos e remédios, que também estão muito caros.”

Luzineide Lopes: “ano após ano, as coisas estão ficando mais difíceis para os mais pobres” l Foto: Cilas Gontijo/Jornal Opção

Jucyelle Lopes, que gerencia uma loja de calçados na Avenida Mangalô há dois anos, comenta que as vendas oscilaram bastante durante o ano, mas no geral, “foram boas”, afirma. Ela observa que, em comparação com o ano passado, 2024 está deixando a desejar. “Confesso que, no ano passado, as vendas de Natal começaram em novembro e se intensificaram em dezembro. Espero que melhore até o dia 25”, ressalta.

Jucyelle Lopes e colegas: “em comparação com o ano passado, 2024 está deixando a desejar” l Foto: Cilas Gontijo/Jornal Opção

Elza Ferreira, 75 anos, aposentada, estava na loja escolhendo um calçado para presentear um neto. Questionada sobre o poder de compra, a aposentada foi enfática: “Para conseguir presentear todos os netos, é preciso pesquisar os preços, porque senão as economias vão embora antes mesmo de terminar”, observa. Ela acrescenta que, embora os preços de alguns produtos, como combustíveis, remédios e alimentos, continuem subindo, os preços dos calçados se mantêm praticamente os mesmos, o que faz os consumidores priorizarem seus gastos.

Elza Ferreira; “Para conseguir presentear todos os netos, é preciso pesquisar” l Foto: Cilas Gontijo/Jornal Opção

Maria Aparecida, encarregada de um estabelecimento comercial de utilidades para o lar na Avenida Mangalô, também comentou sobre o cenário. Ela afirmou que as vendas ainda estão abaixo do esperado para essa época. “Como o brasileiro costuma deixar tudo para a última hora, esperamos que os clientes apareçam até o Natal”, pede. Ela destaca que, em comparação com 2023, este ano precisa ser esquecido.

Maria Aparecida: “em comparação com 2023, este ano precisa ser esquecido” l Foto: Cilas Gontijo/Jornal Opção

Consumidores da Região 44

Vanderson Gomes, 29 anos, morador de Indiara (a cerca de 100 km de Goiânia), casado e pai de dois filhos pequenos, relata que, tradicionalmente, compra roupas para sua família na região da 44 no final do ano. No entanto, em 2024, ele diminuiu suas compras. “Todo ano, nesta época, venho comprar roupas para mim, para os filhos, para a esposa e, às vezes, até para presentear. Mas, este ano, tive que cortar os presentes e comprar menos, pois as condições não estão boas. Nossa renda está mais comprometida com despesas essenciais, como remédios e alimentação, que estão muito caras”, diz.

Vanderson Gomes: “Nossa renda está mais comprometida com despesas essenciais” l Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Amanda de Oliveira, 31 anos, moradora de Bela Vista de Goiás, proprietária de um salão de beleza, aproveita a oportunidade para vender roupas para suas clientes. No entanto, ela explica: “Este ano, infelizmente, terei que comprar menos mercadoria, pois o dinheiro sumiu. No meu salão, as clientes não estão mais comprando, e até minha clientela diminuiu”, ressalta.

Amanda de Oliveira: “Este ano, infelizmente, terei que comprar menos mercadoria” l Foto; Guilherme Alves/Jornal Opção

Jaqueline Correa, 33 anos, dona de casa e moradora de Trindade, assim como Amanda, relata que precisou reduzir as compras por falta de recursos. “Tive que priorizar algumas coisas, já que o dinheiro está curto. Olha o preço da carne, como está caro”, comenta.

Jaqueline Correa: “reduzi as compras por falta de recursos” l Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Reginaldo Gomes, 28 anos, frentista, diz que sempre faz compras na 44 tanto para ele quanto para seus familiares, mas este ano precisou diminuir as compras. “Os preços aumentaram e o nosso salário continua o mesmo. Além disso, os alimentos estão mais caros, e, para mim, que sou pai de um bebê, o leite Ninho subiu muito de preço. Diante desse cenário econômico do país, o jeito é colocar o pé no freio na hora de gastar”, destaca.

Superintendente do Procon Goiás alerta consumidores sobre promoções de fim de ano e riscos de golpes online

O superintendente do Procon Goiás, Marco Palmer, destacou nesta segunda-feira a importância de os consumidores ficarem atentos durante as compras de fim de ano, especialmente nas promoções anunciadas online. Segundo Palmer, verificar a idoneidade das empresas e evitar compras por impulso são medidas essenciais para não cair em golpes.

“É fundamental verificar se aquelas promoções, principalmente as online, acessadas por meio de links patrocinados, são confiáveis. É preciso saber se a empresa realmente existe, se ela é idônea e se os preços não estão muito abaixo do que normalmente vemos no mercado. Promoções de 80% de desconto, por exemplo, podem ser um sinal de alerta”, afirmou.

Palmer orienta os consumidores a analisarem se as lojas possuem selos de verificação, comentários positivos nas redes sociais e se a empresa entrega os produtos corretamente. “Ao comprar por impulso, o consumidor pode não avaliar se o preço é real ou se aquilo é uma fraude. É importante pesquisar e desconfiar de preços muito baixos”, acrescentou.

Marco Palmer: “Para compras online, o alerta é redobrado” l Foto: Arquivo pessoal

O superintendente também lembrou que existe uma lei estadual, em vigor desde 2017, que garante aos consumidores o direito de consultar o histórico de preços de produtos em estabelecimentos comerciais. “Se você vai comprar uma televisão, por exemplo, e ela está por R$ 2 mil em dezembro, pode verificar se, nos meses anteriores, o preço foi alterado para simular descontos. Essa lei permite ao consumidor solicitar o histórico de preços dos últimos 12 meses”, explicou.

Outra recomendação é ficar atento à divergência de preços entre o anunciado e o cobrado no caixa. “O consumidor tem direito ao menor preço. Se o produto está anunciado por R$ 30, mas no caixa aparece R$ 40, a empresa é obrigada a cobrar o valor menor”, pontuou Palmer.

Para compras online, o alerta é redobrado. Palmer destacou a necessidade de verificar se o site possui um cadeado na barra de ferramentas, indicando maior segurança para proteger os dados do consumidor. “Golpistas frequentemente usam sites famosos, mas alteram uma letra ou adicionam um ponto no endereço eletrônico. Isso faz com que o consumidor pense que está comprando de uma loja confiável, quando, na verdade, é um site pirata. Por isso, é essencial conferir atentamente o endereço do site”, alertou.

Por fim, Marco Palmer reforçou que, em caso de problemas, o consumidor pode entrar em contato com o Procon Goiás por meio do telefone 151 ou pelas redes sociais oficiais do órgão.

Economista aponta juros altos e inflação como principais desafios da economia brasileira

Para o professor Aurélio Troncoso, economista e coordenador do Centro de Pesquisa da UNIALFA, a atual situação econômica brasileira, marcada por altas taxas de juros e inflação, está prejudicando severamente o varejo e o poder de compra da população.

“O que estamos vendo na economia hoje é uma taxa de juros de aproximadamente 12,25% ao ano, enquanto a inflação está em torno de 10%. Isso resulta em quase 7 pontos percentuais de taxa real, o que é insustentável. Ninguém aguenta uma taxa real de 7%, mesmo sendo anual”, destacou o economista.

A taxa Selic, que serve como referência para outras taxas de juros no país, tem efeito cascata sobre a economia. “Quando os bancos captam recursos, eles já começam a operar com um spread bancário elevado. O spread, que é a diferença entre o custo de captação do dinheiro e o valor que o banco cobra ao emprestar, é mensal e acaba impactando diretamente toda a economia”, explicou Troncoso.

O impacto no varejo é particularmente grave. “O varejista, ao buscar insumos e produtos, enfrenta custos elevados devido aos juros altos e à carga tributária. Isso força o repasse ao consumidor, que já está com o poder de compra reduzido”, apontou. Troncoso frisou que a inflação atual é predominantemente de custos, não de demanda. “Mesmo com o Banco Central subindo a taxa Selic, não resolve, porque os aumentos de energia, gás de cozinha e combustíveis afetam toda a cadeia produtiva e, consequentemente, os cidadãos.”

Aurélio Troncoso: “O varejista, ao buscar insumos e produtos, enfrenta custos elevados devido aos juros altos e à carga tributária” l Foto: Arquivo pessoal

Ele também chamou a atenção para o impacto nos preços dos alimentos e bens semiduráveis. “Produtos básicos, como arroz, tiveram aumentos expressivos. O preço do arroz, por exemplo, saltou de R$ 14 para quase R$ 50 em alguns casos. Isso penaliza ainda mais as pessoas de baixa renda, que são as mais afetadas pela inflação de alimentos.”

Outro fator que agrava a situação é a falta de confiança no governo. “O governo arrecada bem, mas gasta mal. Temos mais de 40 ministérios, mas não vemos obras ou investimentos significativos. O que percebemos é um corte em programas importantes, como Minha Casa Minha Vida, saúde e educação. A população, vendo essa instabilidade, prefere poupar a arriscar seu dinheiro”, avaliou.

Mesmo com mudanças no comando do Banco Central previstas para o final do ano, Troncoso acredita que o cenário pode permanecer o mesmo. “Reduzir drasticamente a taxa de juros de forma artificial pode gerar um efeito reverso, estimulando um consumo descontrolado e levando a um aumento ainda maior da inflação.”

Para ele, a solução passa por juros baixos e políticas bem estruturadas. “A taxa de juros ideal deveria ser próxima a zero ou, no máximo, 2% ou 3%, como conseguimos no início do governo Jair Bolsonaro. No entanto, isso deve ser feito de maneira cautelosa, considerando o cenário econômico, para evitar desequilíbrios”, concluiu.

Troncoso reforça que o momento exige prudência tanto do governo quanto dos consumidores. “O cidadão está certo em poupar e ser cauteloso. É preciso planejar e esperar por melhores condições econômicas antes de pensar em investimentos ou grandes gastos.”

Comércio de Goiânia aposta em crescimento nas vendas de fim de ano

Em discordância com os lojistas entrevistados, o gerente de negócios e relacionamento da Câmara de Dirigentes Lojistas Goiânia (CDL), Anderson Lima, está otimista quanto às vendas de final de ano no comércio da capital. Segundo ele, a expectativa é que o setor registre um crescimento significativo, em comparação com anos anteriores.

“O Natal e as festas de final de ano sempre trazem muita expectativa. Em 2022, tivemos um crescimento em torno de 1% nas vendas. Para este ano, a projeção é de um aumento de até 5% em relação a 2023”, afirmou Lima.

O gerente destacou o esforço do comércio local em se preparar para o período. “Os empresários contrataram pessoas, ajustaram os estoques e investiram em promoções. Isso ajudou a movimentar a economia, reduzindo o desemprego, que hoje está na menor taxa dos últimos anos”, ressaltou.

Anderson Lima: “É o momento de encantar o cliente e convencê-lo a comprar mais do que inicialmente planejava” l Foto: Arquivo pessoal

Além disso, a contratação de trabalhadores temporários gerou mais renda e receita para o setor, contribuindo para o otimismo em 2024. “A Black Friday foi um termômetro positivo e agora esperamos resultados ainda melhores para o Natal e o ano novo”, pontuou.

Anderson Lima também comentou sobre o comportamento do consumidor goianiense, que valoriza a experiência de compra presencial. “Embora as vendas online tenham crescido, aqui em Goiânia, o consumidor gosta de ir aos shoppings e às lojas de rua. Isso exige que o empresário invista em atendimento de qualidade e experiência do cliente na loja”, explicou.

Segundo Lima, estratégias como o cross-selling, que estimulam o cliente a adquirir produtos adicionais, têm sido fundamentais. “É o momento de encantar o cliente e convencê-lo a comprar mais do que inicialmente planejava.”

Desafios e tecnologia no comércio

Apesar do cenário positivo, o setor enfrenta desafios, como a dificuldade em contratar mão de obra qualificada. Para driblar esse problema, muitos empresários estão investindo em tecnologia para otimizar processos e realocar funcionários para funções mais estratégicas.

“Jamais a tecnologia vem para substituir as pessoas, mas para aprimorar os processos e melhorar os resultados. É uma combinação que acelera as vendas e favorece tanto o empresário quanto os colaboradores”, destacou Lima.

Outro fator que contribui para o crescimento do comércio local é o turismo de compras. “Goiânia, por sua localização estratégica, atrai pessoas de todo o Brasil. Nosso comércio varejista, especialmente nos setores de confecção e vestuário, é muito forte. Muitos turistas vêm, compram e revendem os produtos em suas cidades”, afirmou.

Além disso, eventos e feiras realizados na capital têm fortalecido a economia local. “Esses eventos ajudam Goiânia a se destacar e a movimentar ainda mais a economia, gerando emprego e renda para toda a região”, concluiu.

Comércio de Goiás projeta R$ 1,96 bilhão em vendas no Natal, com aumento de 3%, diz Sindilojas-GO

O comércio varejista de Goiás estima que as vendas neste Natal alcancem R$ 1,96 bilhão, um crescimento de 3% em relação a 2023, quando a projeção foi de R$ 1,90 bilhão. A previsão é do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO), com base em pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Da mesma forma que a CDL, o Sindilojas diverge dos entrevistados para a reportagem

O levantamento aponta que Goiás ocupa o 8º lugar no ranking de estados com maior projeção de vendas no Natal, ficando atrás de São Paulo (R$ 20,9 bilhões), Minas Gerais (R$ 7,12 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 5,86 bilhões), Rio Grande do Sul (R$ 4,77 bilhões), Paraná (R$ 4,08 bilhões), Santa Catarina (R$ 3,55 bilhões) e Bahia (R$ 2,73 bilhões).

De acordo com o Sindilojas-GO, os itens mais procurados neste Natal em Goiás devem seguir a tendência nacional, com destaque para:

  • Artigos de vestuário, calçados e acessórios;
  • Utilidades domésticas e eletroeletrônicos;
  • Produtos de hipermercados e supermercados;
  • Itens de farmácia, perfumaria e cosméticos.

“O clima está favorável para as vendas neste Natal; estamos otimistas. Já vemos as lojas cheias, os estoques sendo repostos rapidamente e os consumidores indo às compras com suas famílias, o que é positivo para movimentar a economia e o comércio varejista”, afirma o presidente do Sindilojas-GO, Cristiano Caixeta.

Ele também dá orientações aos consumidores, recomendando que não deixem para fazer as compras de última hora. “O ideal é pesquisar e comparar os preços com antecedência, verificar as avaliações de outros consumidores sobre os produtos, checar se as parcelas cabem no orçamento e, como sempre, negociar descontos com os vendedores”, aconselha Caixeta.

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